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A partir dos estudos do discurso, analisamos a obra Água viva (1973), de Clarice Lispector, considerando o desvio estético-temático que ocorre na obra diante do embate com o código linguístico durante a enunciação. Apontamos estratégias... more
A partir dos estudos do discurso, analisamos a obra Água viva (1973), de Clarice Lispector, considerando o desvio estético-temático que ocorre na obra diante do embate com o código linguístico durante a enunciação. Apontamos estratégias enunciativas usadas no discurso para moldar e [re]formar a substância por meio do questionamento de formas e figuras sem, contudo, que haja o abandono destas ou daquelas. Observamos que o paroxismo da experiência transfiguradora no livro se constitui de uma
miríade de instâncias atuando de modo a tornar o resultado dessa experiência iconoclasta, em consonância com o movimento modernista do período em que foi escrito e, ao mesmo tempo, destacando-se de
maneira definitiva na literatura e no que tange aos estudos discursivos.
O trabalho traça um paralelo estrutural entre raízes históricas e ideológicas de colonialismos, a partir das Ciências Sociais, e sua manifestação resultante nos discursos e nos modos de existência, sendo o jornalismo uma instância dessas... more
O trabalho traça um paralelo estrutural entre raízes históricas e ideológicas de colonialismos, a partir das Ciências Sociais, e sua
manifestação resultante nos discursos e nos modos de existência, sendo o jornalismo uma instância dessas formas manifestadas. A partir
desse contexto, propomos um novo construto, um locus enunciativo mais inclusivo e menos verticalizado, resultando, assim, em diálogos
midiáticos com a sociedade, um existir-com, evitando o monologismo estereotipado. A tiragem impressa do livro foi realizada pela EDUFU-Editora da Universidade Federal de Uberlândia e GráficaUFU, financiada pelo Programa Institucional de Apoio à Cultura-PIAC-Estudantil de 2021, conforme o EDITAL PROEXC Nº 38/2021 da Universidade Federal de Uberlândia. Com corpo editorial da Revista F(r)icções-Ensaios de cinema.
Resumo: Partindo da abordagem que coaduna as investigações sobre o contínuo e o descontínuo nos mais recentes estudos discursivos, valemo-nos de Claude Zilberberg e de Luiz Tatit para nos acercar do andamento que tece um ritmo... more
Resumo: Partindo  da  abordagem  que  coaduna  as  investigações  sobre  o contínuo e o descontínuo nos mais recentes estudos discursivos, valemo-nos de Claude Zilberberg e de Luiz Tatit para nos acercar do andamento que tece um ritmo entoativo no discurso lispectoriano em Água viva. A obra, publicada em 1973, trata de esboços e de um ensaio sobre o instante exemplar contido em  cada  instante  trivial.  Como  se  manipulasse  um  caleidoscópio  de  temas atemáticos, a enunciação os reúne em uma espécie de diário afetivo, que lhes confere  ordenamento,  sensibilidade  e  ampliação  de  sentidos.  O  discurso-entoação revela a cifra tensiva e, em última instância, inscreve o éthos e o estar-no-mundo  do  referido  enunciador,  posicionando-o  a  partir  da  presença marcante  de  um  ser  em  construção  e em  busca  de  perguntas  em  lugar  de respostas.
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Palavras-chave: andamento tensivo; Lispector; Água viva; Semiótica; literatura brasileira.
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Abstract: Based  on  the  approach  of  research  on  the  continuous  and  the discontinuous in the most recent discourse studies, we were inspired by Claude Zilberberg  and  by  Luiz  Tatit  to  discuss  about  tempo  that  constitutes  an intonative rhythm in Lispector's Água viva. The book, published in 1973, deals with  sketches  and  the  essay  about  the  exemplary  instant  contained  in  every trivial  instant.  As  if  manipulating  a  kaleidoscope  of  athematic  themes,  the enunciation  brings  them  together  in  a  kind  of  affective  diary  that  gives  them order, sensitivity, and an expansion of meaning. The discourse-intonation reveals the tense cipher and, eventually, inscribes the ethos and the being-in-the-world of  the  mentioned  enunciator,  positioning  him  from  the  striking  presence  of  a being under construction and in search of questions rather than answers.

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Keywords: tensive tempo; Lispector; Água viva; Semiotics; Brazilian Literature
Plastic and Intersemiotic Confluences in Lispector's Água viva Resumo Água viva [1973], de Clarice Lispector, pode ser lido como um projeto de ressignificação linguística. Para isso, é preciso entender o contexto em que se insere, a... more
Plastic and Intersemiotic Confluences in Lispector's Água viva Resumo Água viva [1973], de Clarice Lispector, pode ser lido como um projeto de ressignificação linguística. Para isso, é preciso entender o contexto em que se insere, a terceira fase do Modernismo literário no Brasil. O movimento, não apenas em seu segmento literário, influenciado por vanguardas europeias tais quais o abstracionismo (e a negação, também, da figura discursiva no texto), o surrealismo etc., encontrou em solos latino-americanos novas incorporações, resultando em produções genuínas que se consolidaram rompendo com o Romantismo mimético e instaurando a marca de uma produção que incorporava elementos da brasilidade. Em Água viva, a enunciação pincela efeitos de entoação musical e plasticidade iconográfica para abordar a forma e a não-forma, no limiar entre elas, em um construto desse projeto iconoclasta permeado por momentos ora de abstração, ora de figuratividade. Apresentamos algumas chaves para essa leitura do livro neste trabalho.
Neste artigo, desenvolvemos uma observação crítica sobre a representatividade identitária da alteridade na mídia a partir de uma abordagem transdisciplinar. Partindo de uma análise sociológica e cultural do sistema de produção de... more
Neste artigo, desenvolvemos uma observação crítica sobre
a representatividade identitária da alteridade na mídia a partir de uma
abordagem transdisciplinar. Partindo de uma análise sociológica e cultural do sistema de produção de consensos em que se insere o fazer jornalístico, buscamos identificar estruturas subjacentes a ele. Metodologicamente, portanto, optamos pelo paradigma do estruturalismo. Em seguida, comparamos o tratamento e a construção do éthos do sujeito do enunciado em duas reportagens: a primeira, um desdobramento do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, mostrando como as vítimas da mineradora foram retratadas na narrativa; a segunda, um perfil de Ricardo Corrêa da Silva, pejorativamente chamado de Fofão da Augusta, por suas características físicas e pelo hábito de frequentar a famosa rua paulistana. Por fim, propomos uma discussão sobre as possibilidades de inclusão do sujeito que estava à margem, o outro, mostrando que sua individualização é possível e evita estereotipagens preconceituosas.
We draw a structural parallel between historical and ideological roots of colonialism, based on the Social Sciences, and their resulting manifestation in discourses and modes of existence, with the journalism being one of those manifested... more
We draw a structural parallel between historical and ideological roots of colonialism, based on the Social Sciences, and their resulting manifestation in discourses and modes of existence, with the journalism being one of those manifested forms. From this context, we propose a new construct, a more inclusive and less verticalized enunciative locus, thus resulting in media dialogues with society, an existing-with, avoiding stereotyped monologism.
KEYWORDS: Inclusion;  Media  discourse; Blackness; Colonialism;Diversity
Fazemos um paralelo estrutural entre raízes históricas e ideológicas de colonialismos, a partir das Ciências Sociais, e sua manifestação resultante nos discursos e nos modos de existência, sendo o jornalismo uma dessas formas... more
Fazemos um paralelo estrutural entre raízes históricas e ideológicas de colonialismos, a partir das Ciências Sociais, e sua manifestação resultante nos discursos e nos modos de existência, sendo o jornalismo uma dessas formas manifestadas. A partir desse contexto, propomos um novo construto, um locus enunciativo mais inclusivo e menos verticalizado, resultando, assim, em diálogos midiáticos com a sociedade, um existir-com, evitando o monologismo estereotipado. Valemo-nos dos exemplos de Yasmin Santos e sua reportagem-depoimento sobre a ausência de diversidade racial em uma revista conhecida por suas pautas progressistas, piauí, relato corajosamente publicado pela mesma revista; e do exemplo de Diana Zurco, primeira transexual a apresentar um telejornal na Argentina.
O artigo discute o tempo linguístico em Água viva, de Clarice Lispector, à luz da Semiótica de matriz europeia. Tempo esse, o lispectoriano, que pode ser quanto dura um pensamento, como a própria autora escreveu. A narrativa se interessa... more
O artigo discute o tempo linguístico em Água viva, de Clarice Lispector, à luz da Semiótica de matriz europeia. Tempo esse, o lispectoriano, que pode ser quanto dura um pensamento, como a própria autora escreveu. A narrativa se interessa por tudo que é, pelo ser daquilo que ela descreve como it, que não é a coisa ontológica. É, por assim dizê-lo, o Deus, o mistério, o primeiro. A ela, parece-nos, importam as relações, um projeto geral, abstrato e sensivelmente poético que garante à língua a possibilidade de ultrapassagem semântica de quaisquer limites, mostrando a força das construções sintagmáticas no percurso da significação.
Palavras-chave: Afetos. Água Viva. Zilberberg. Greimas. Lispector.
Edição completa (Full Dossier). Colaborações especiais: Dominique Maingueneau (Paris IV-Sorbonne), Jacques Fontanille (Université de Limoges), Diana Luz Pessoa de Barros (USP / Mackenzie), Per Aage Brandt (Case Western Reserve... more
Edição completa (Full Dossier).

Colaborações especiais: Dominique Maingueneau (Paris IV-Sorbonne), Jacques Fontanille (Université de Limoges), Diana Luz Pessoa de Barros (USP / Mackenzie), Per Aage Brandt (Case Western Reserve University), Marcia Tiburi (Université Paris 8), embaixador Rubens Ricupero (ex-Ministro e Diplomata), Sara Lagi (Universidade de Turim), Zdzisław Wasik (Philological School of Higher Education, Wrocław).


Autores dossiê/ trabalhos técnicos: Duílio Fabbri Jr.; Fabiano Ormaneze; Alessandra Guimarães Soares; Catharina Libório Ribeiro Simões; Thiago Giovani Romero; Natália Silva Giarola de Resende; Conrado Moreira Mendes; Alexandre Marcelo Bueno; Fernando Caetano; Renan Souza; Mariana dos Santos Faciulli; Elizabeth Christina de Andrade Lima; Isabelly Cristiany Chaves Lima; Renato Albuquerque de Oliveira; César Santos; Ana Julia Bonzanini Bernardi; Andressa Liegi Vieira Costa, Joyce Lopes, Kati Caetano.
RESUMO: Expoente da Semiótica de orientação francesa no Brasil, Diana Luz Pessoa de Barros analisa, nesta entrevista a Fernando Moreira e a Joyce Lopes, estratégias enunciativas da nova extrema direita que passaram a marcar os discursos... more
RESUMO: Expoente da Semiótica de orientação francesa no Brasil, Diana Luz Pessoa de Barros analisa, nesta entrevista a Fernando Moreira e a Joyce Lopes, estratégias enunciativas da nova extrema direita que passaram a marcar os discursos políticos e sociais ao redor do mundo em demonstrações explícitas odiosas à alteridade.
Esta é a versão, em português, do artigo escrito por Jacques Fontanille intitulado "Populisme: le grand chambardement sémiotique?" e publicado originalmente na revista Actes Sémiotiques, no dia 28 de fevereiro de 2020. A atual versão tem... more
Esta é a versão, em português, do artigo escrito por Jacques Fontanille intitulado "Populisme: le grand chambardement sémiotique?" e publicado originalmente na revista Actes Sémiotiques, no dia 28 de fevereiro de 2020. A atual versão tem tradução de Fontanille, profa. Dra. Kati Caetano e Fernando Moreira e foi publicada na "Cadernos de campo: revista de ciências sociais" no dia 17 de setembro de 2020.
Apresentamos os trabalhos presentes neste dossiê por nós organizado. Colaborações especiais: Dominique Maingueneau (Paris IV-Sorbonne), Jacques Fontanille (Université de Limoges), Diana Luz Pessoa de Barros (USP / Mackenzie), Per Aage... more
Apresentamos os trabalhos presentes neste dossiê por nós organizado.

Colaborações especiais: Dominique Maingueneau (Paris IV-Sorbonne), Jacques Fontanille (Université de Limoges), Diana Luz Pessoa de Barros (USP / Mackenzie), Per Aage Brandt (Case Western Reserve University), Marcia Tiburi (Université Paris 8), embaixador Rubens Ricupero (ex-Ministro e Diplomata), Sara Lagi (Universidade de Turim), Zdzisław Wasik (Philological School of Higher Education, Wrocław).
Autores dossiê: Duílio Fabbri Jr.; Fabiano Ormaneze; Alessandra Guimarães Soares; Catharina Libório Ribeiro Simões; Thiago Giovani Romero; Natália Silva Giarola de Resende; Conrado Moreira Mendes; Alexandre Marcelo Bueno; Fernando Caetano; Renan Souza; Mariana dos Santos Faciulli; Elizabeth Christina de Andrade Lima; Isabelly Cristiany Chaves Lima; Renato Albuquerque de Oliveira; César Santos; Ana Julia Bonzanini Bernardi; Andressa Liegi Vieira Costa, Joyce Lopes, Kati Caetano.
Abstract: The article discusses the linguistic abstraction in Lis-pector’s ÁguaViva, according to European semiotics. It is based onthe author’s strategy of inserting, in the enunciation-enunciated, themarks of a creative process that... more
Abstract:
The article discusses the linguistic abstraction in Lis-pector’s ÁguaViva, according to European semiotics. It is based onthe author’s strategy of inserting, in the enunciation-enunciated, themarks of a creative process that resulted in a continuous reading grid,without divisions in chapters. A simulacrum of enunciation beingenunciated. The author does this by writing by sketching: creating amore opened meaning effects to interpretations, surrounding them bydenying the shared crystallization erected by the dictionary’s tradi-tion – that relegates words to closure. In the book, the fundamentalsemantic opposition between life and death ceases to exist. Bothare merged into a single object with status of subject – which takesthe actor of enunciation in a metaphor of the new signification of thewords. The narrative is interested in what is described as it, whichis not ontological and cannot be named. In this paper, Lispector’sbook is taken as a rich source of semiotic reflection on a general andabstract project that guarantees to the language the possibilities ofsemantic overcoming of any limits, showing the strength of syntag-matic constructions of discourse in the course of signification in whichaffection is underlying the categorization of the lexeme.
Keywords:Água Viva; Lispector; affections; semiotics; figurativity.


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Resumo:
O artigo discute a abstração linguística em Água Viva, de Clarice Lispector, à luz da semiótica de orientação francesa. Parte-se da estratégia da autora de deixar, na enunciação-enunciada, as marcas de um processo criativo que resultou em uma grade de leitura contínua, sem divisões em capítulos. Um simulacro da enunciação sendo enunciada. A autora faz isso ao escrever por esboços: criando efeitos de sentido mais abertos a interpretações, circundando-os, ao negar a cristalização compartilhada erigida pela tradição dicionarista que relega as palavras à clausura. A oposição semântica fundamental entre vida e morte deixa de existir. Ambos se fundem em um só objeto com estatuto de sujeito-que toma o ator do enunciado numa metáfora da ressignificação das palavras. A narrativa interessa-se por tudo que é, pelo ser daquilo que ela descreve como it, que não é a coisa ontológica e não pode ser nomeado. A obra é tomada, neste trabalho, como rica fonte de reflexão semiótica acerca de um projeto geral e abstrato que garante à língua possibilidades de ultrapassagem semântica de quaisquer limites, mostrando a força das construções sintagmáticas do discurso no percurso da significação no qual o afeto é subjacente, em face da categorização do lexema.
Palavras-chave: Água Viva; Lispector; semiótica; afetos; figuratividade.
Abstract: The sketchy writing, composed of fragments, in A Paixão Segundo GH, motivated the discussion, from the point of view of Peirce’s theory, about the expansion of meaning in Lispector’s by what she called the ‘Crossing of the... more
Abstract: The sketchy writing, composed of fragments, in A Paixão Segundo GH, motivated the discussion, from the point of view of Peirce’s theory, about the expansion of meaning in Lispector’s by what she called the ‘Crossing of the Opposite’. By becoming more abstract linguistically, the author is able to reach out and describe sensations in order to intimately touch her interlocutor. The semiotics explains the approaches of the Brazilian writer to the quality of the objects, putting in prominence the dense problem that is to describe the phenomena, due to its own nature. It’s the case of the concept of firstness, linked to the instance of sensations. In order to do this, we walk the path of a simulacrum from the concrete to the abstract, prioritizing the dimensional expansion of what is liable to make sense.
Keywords: Lispector; Peirce; Semiotics; Passion; Firstness.


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Resumo: A partir de um mergulho na escrita esboçada, composta por fragmentos, em A Paixão Segundo G.H., discutimos, sob o ponto de vista da semiótica peirciana, a expansão de sentido em Lispector por meio do que ela mesma chamou de Travessia do Oposto. Ao tornar-se mais abstrata linguisticamente, a autora consegue atingir e descrever sensações de forma a tocar intimamente seu interlocutor. A base semiótica explica, teoricamente, as aproximações da escritora à qualidade dos objetos, colocando em protagonismo fenômenos densos e difíceis de serem descritos, por sua própria natureza, como é o caso do conceito de primeiridade, ligado à instância das sensações. Para isso, percorre-se o caminho de um simulacro do concreto ao abstrato, priorizando, assim, a expansão dimensional do que é passível de fazer sentido.
Palavras-chave: Lispector; Peirce; Semiótica; Paixão; Primeiridade.
O artigo, para o tradicional Observatório da Imprensa, discute a importância, a responsabilidade e as práticas jornalísticas diante da pandemia mundial do novo coronavírus SARS-CoV2. As redações devem manter os mesmos processos... more
O artigo, para o tradicional Observatório da Imprensa, discute a importância, a responsabilidade e as práticas jornalísticas diante da pandemia mundial do novo coronavírus SARS-CoV2. As redações devem manter os mesmos processos produtivos? Esses processos deveriam se repetir durante e após o crescimento da curva de números de casos?
Tratamos de extensões de emergência do sentido em Água viva, de Clarice Lispector, à luz da Semiótica discursiva. Parte-se da estratégia enunciativa de deixar, na enunciação-enunciada, lampejos do processo criativo que resultou em uma... more
Tratamos de extensões de emergência do sentido em Água viva, de Clarice Lispector, à luz da Semiótica discursiva. Parte-se da estratégia enunciativa de deixar, na enunciação-enunciada, lampejos do processo criativo que resultou em uma grade de leitura contínua, sem divisões em capítulos, um simulacro da enunciação sendo enunciada. O sujeito da enunciação escreve por esboços, como que a pinceladas: cria efeitos de sentido mais abertos a interpretações ao negar a cristalização compartilhada erigida pela tradição ditada pela doxa que relega o discurso à clausura, promovendo um deslimite e uma dismorfização. A oposição semântica fundamental entre vida e morte deixa de existir. Ambas se fundem em um só objeto com estatuto de sujeito - que toma o ator do enunciado numa metáfora da ressignificação das palavras em relação com outras. A narrativa se interessa por tudo que é, pelo ser daquilo que é descrito como it, que não é a coisa ontológica e não pode ser nomeado. A obra é tomada, neste trabalho, como rica fonte de reflexão semiótica acerca de um projeto geral e abstrato que garante à língua possibilidades de ultrapassagem de limites de sentido, mostrando a força das construções sintagmáticas do discurso no percurso da significação no qual o afeto é subjacente, em face à categorização do lexema. Procurou-se responder à pergunta: diante do confronto com a linguagem, como se dá a tensão e o alargamento dos sentidos em Água viva? Chegou-se à conclusão, a partir do ferramental teórico, de que a grade de leitura proposta pelo enunciador se aproxima do que é da ordem da iconicidade, ou figural, para, em seguida, ultrapassar-lhe reconstruindo sentidos. Ao longo da pesquisa, demonstramos como o enunciador de Água viva promove esses efeitos analisáveis semioticamente, lutando contra o abreviamento redutor de significações que caracteriza nossa sociedade. Tais descobertas científicas foram ao encontro do ponto nevrálgico de nosso trabalho, que trata do devir, da expansão do sentido pela lentificação, da negação da aceleração - que gera uma perda de sentido - além de discutir a semiose na literatura de Lispector sob uma perspectiva diferente, aos moldes do que ocorre na iconografia, devolvendo ao plano da expressão seu estatuto de presença, ao lado do plano do conteúdo por meio do afeto e da tensão sem, contudo, deixarmos de reconhecer que tratamos de fenômenos graduais do conteúdo. A perspectiva do enunciador, da travessia do oposto, de aproximar-se pela negação ou distanciamento daquilo que se diz correntemente sobre algo é um percurso semelhante ao do que faz emergir o sentido no plano da expressão, método coerente para pensarmos a significação diante do projeto transfigurador libertador em nosso objeto de análise.
Resumo: Com o intuito de incentivar a reflexão sobre práticas docentes que instrumentalizam os estudantes a decifrarem os textos presentes em seu cotidiano, apresenta-se uma abordagem semiótica para a análise de alguns objetos... more
Resumo: Com o intuito de incentivar a reflexão sobre práticas docentes que instrumentalizam os estudantes a decifrarem os textos presentes em seu cotidiano, apresenta-se uma abordagem semiótica
para a análise de alguns objetos significantes – anúncios publicitários, contos e filmes. Metodologicamente, os conceitos da teoria serão apresentados, seguidos de sua aplicação a análises
possíveis de serem feitas em sala de aula. Acredita-se que essa gramática do sentido tem potencialidades analíticas que auxiliarão no processo de ensino-aprendizado, alargando os horizontes textuais de quem aprende e de quem ensina a interpretação de textos, primando por uma significação ainda mais abrangente, a compreensão de mundo. Livro publicado por meio do 7º Edital Santander/USP/FUSP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão.

Palavras-chave: Semiótica; ensino-aprendizagem; Semiótica na sala de aula; Semiótica aplicada, BNCC.