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O presente artigo tem como objetivo discutir as diferentes figurações utópicas apreensíveis no único romance do autor brasileiro Monteiro Lobato, intitulado O presidente negro e publicado em 1926. Após uma breve exposição da associação do... more
O presente artigo tem como objetivo discutir as diferentes figurações utópicas apreensíveis no único romance do autor brasileiro Monteiro Lobato, intitulado O presidente negro e publicado em 1926. Após uma breve exposição da associação do autor com alguns dos debates socioculturais que marcaram o início do século XX, analisaremos as formas pelas quais o romance evidencia as idealizações e as intolerâncias que permearam esse período, o que demonstra o caráter complexo e, muitas vezes, contraditório não apenas da modernidade, mas também do utopismo como posicionamento crítico diante da realidade. Com isso, pretendemos afirmar a importância da obra que, mesmo tendo completado recentemente noventa anos de sua publicação, ainda problematiza de maneira relevante os tênues limites entre os idílios e os pesadelos sociais.
A Revista Muitas Vozes se junta às comemorações dos 100 anos de nascimento de Clarice Lispector com o lançamento deste Dossiê exclusivamente voltado para a produção da autora. Nesta oportunidade, é importante destacar o caráter monumental... more
A Revista Muitas Vozes se junta às comemorações dos 100 anos de nascimento de Clarice Lispector com o lançamento deste Dossiê exclusivamente voltado para a produção da autora. Nesta oportunidade, é importante destacar o caráter monumental da produção de Clarice Lispector: trata-se de uma dicção única em língua portuguesa, com a invenção de um universo próprio, construído no âmbito de um projeto literário consciente e desafiador.Clarice Lispector foi capaz de pensar a literatura brasileira e o seu lugar nela desde seus primeiros livros, quando se diferencia do que vinha sendo produzido no Brasil por meio da singularidade de um discurso a um só tempo introspectivo e especulativo. O questionamento existencial de base presente na obra de Clarice se anuncia como singularidade no conjunto da produção brasileira na medida em que traz a figura feminina para o centro da enunciação literária, tanto na dinâmica da autoria como na apresentação de uma galeria de múltiplas perso-nagens femininas, todas problematizadas pelas profundas indagações existenciais que movem o discurso clariceano: quem sou eu? eu sou um bicho? o que é Deus? onde está Deus? o que é isso que eu digo?Paralelamente ao tom filosófico e especulativo, Clarice revela a consciência do fazer literário como discurso engendrado em um meio de pré-determinações sociais e culturais, o que a autoriza, em livros fundamentais como A Maça no escuro ou A Hora da Estrela a desafiar o modo de funcionamento da literatura e a propor-se como movimento capaz de juntar vida e palavra, com a honestidade desconcertante de quem diz “Eu acho que quando não escrevo estou morta”, em sua última entrevista.
O presente dossiê temático, intitulado “Teoria e análise linguística: diferentes abordagens”, é fruto de atividades desenvolvidas pelo Laboratório de Teoria e Análise Linguística (LABTAL) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).... more
O presente dossiê temático, intitulado “Teoria e análise linguística: diferentes abordagens”, é fruto de atividades desenvolvidas pelo Laboratório de Teoria e Análise Linguística (LABTAL) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Iniciado em 2017, o LABTAL objetiva reunir pesquisas e propor eventos científicos voltados à área de Linguística Formal, a partir da atuação de quatro docentes vinculados ao Departamento de Estudos da Linguagem (DEEL/UEPG): Prof. Dr. Álvaro Kasuaki Fujihara, Prof.a Dr.a Márcia Cristina do Carmo, Prof. Dr. Marcos Barbosa Carreira e Prof.a Dr.a Marina Chiara Legroski.
De 2017 a 2019, o LABTAL promoveu a realização de dezesseis palestras presenciais, em suas duas edições do Ciclo de Palestras em Teoria e Análise Linguística (CTAL), e de cinco cursos, durante duas edições da Escola de Teoria e Análise Linguística (ETAL). Em 2020, no
âmbito do I Ciclo Virtual de Atividades Complementares (CiVAC), organizou uma semana de palestras remotas com os professores orientadores/supervisores de seus integrantes, dentre os quais o professor Dr. José Borges Neto, que inicia o presente dossiê com o artigo (i) Sobre a noção de palavra.
Embora o LABTAL tenha se originado a partir de um interesse inicial por Linguística Formal, a qual analisa a sistematicidade das estruturas linguísticas, o desenvolvimento das atividades o levou, naturalmente, a um diálogo com pesquisadores funcionalistas, que investigam o uso da língua motivado pelo contexto comunicativo em que se insere.
Diante desse cenário, o presente dossiê reúne não somente textos oriundos das palestras proferidas nas duas edições do CTAL do LABTAL, como também textos que apresentam resultados de pesquisas conduzidas sob perspectiva formal ou funcional, submetidos à revista
Muitas Vozes no período de abril a julho de 2020.
A pluralidade de regiões brasileiras contemplada nas palestras do LABTAL é verificada também no presente dossiê, que é formado por 24 artigos de 47 pesquisadores vinculados a 19 instituições, representativas das cinco regiões do país: UFPA, UFAM, UFPB, UFBA, UESB, UFMS, Ufes, Unicamp, Unesp (campi de Araraquara, Marília e São José do Rio Preto), UFRGS, UFSM, PUCRS, UCS, UFPR, Unioeste, Unicentro, Unespar, UEM e UEPG.
Considerando a importância social dos processos seletivos para ingresso no ensino superior, o Dossiê do v. 8, n. 2 da Revista Muitas Vozes, A linguagem nos processos seletivos para ingresso no ensino superior, reúne artigos cujos objetos... more
Considerando a importância social dos processos seletivos para ingresso no ensino superior, o Dossiê do v. 8, n. 2 da Revista Muitas Vozes, A linguagem nos processos seletivos para ingresso no ensino superior, reúne artigos cujos objetos de análise, recortados a partir de olhares teórico-metodológicos diversificados, se voltam para a linguagem neles empregada.
Nesse contexto, são objeto de estudo documentos norteadores, enunciados e dados que fazem parte das questões das provas – seja no ENEM, em vestibulares ou processos seletivos seriados –, incluindo as respostas dos candidatos, assim como materiais produzidos para cursos preparatórios e/ou atividades realizadas no Ensino Básico.
O VI Colóquio do Centro de Estudos Portugueses da UFPR, ocorrido nos dias 23, 24 e 25 de outubro de 2018, reuniu pesquisadores de instituições brasileiras, em sua maioria ligados à área de Literatura Portuguesa, para lembrar o... more
O VI Colóquio do Centro de Estudos Portugueses da UFPR, ocorrido nos dias 23, 24 e 25 de outubro de 2018, reuniu pesquisadores de instituições brasileiras, em sua maioria ligados à área de Literatura Portuguesa, para lembrar o cinquentenário do Maio de 68, suas implicações políticas e culturais, suas repercussões no ambiente europeu e internacional, bem como a permanência de algumas de suas questões no contexto contemporâneo. O colóquio, em sua conferência de encerramento, pôde contar com a preciosa colaboração do escritor português Amadeu Lopes Sabino, nome dos mais significativos da narrativa contemporânea em seu país.
Além do tema em si, o colóquio, como de hábito nos eventos anteriores do mesmo CEP, abrigou comunicações de variado assunto, de pesquisadores da área de Literatura Portuguesa, uma vez que um dos objetivos de tais encontros, para além da apresentação de trabalhos diretamente ligados ao assunto proposto, é também o de dar a conhecer a pesquisa de professores e pós-graduandos da área, e possibilitar o intercâmbio de ideias entre eles.
Alguns dos textos então apresentados, bem como a conferência referida, foram encaminhados à Comissão Organizadora após o colóquio e, após avaliados, foram reunidos no presente dossiê.
Neste número da Muitas Vozes, a seção Dossiê, em sua proposta original, teve como objetivo principal reunir trabalhos que abordassem diferentes aspectos da história da literatura no Brasil, nos seus mais diversos âmbitos, como... more
Neste número da Muitas Vozes, a seção Dossiê, em sua proposta
original, teve como objetivo principal reunir trabalhos que abordassem diferentes aspectos da história da literatura no Brasil, nos seus mais diversos âmbitos, como historiografia, revisão documental, biográfica e bibliográfica, questões teórico-metodológicas, análise e/ou revisão de casos ou conceitos específicos, considerando um período que vai desde a literatura do descobrimento até o final do século XX.
Também foram aceitos textos que tratam das relações entre literatura e
história em nosso país, nos possíveis intercâmbios e entrecruzamentos entre as duas áreas, como a historiografia e suas relações com as características da escrita literária, obras literárias e suas ligações com os contextos históricos, metaficção historiográfica e mesmo gêneros que se prestam à análise dos dois campos, como a crônica, a biografia e a autobiografia.
Neste número da Muitas Vozes, a seção Dossiê, intitulada Entre hegemonias e saberes subalternos na universidade do século XXI,1 reúne onze artigos que expõem, problematizam e analisam temas ligados às práticas acadêmicas, escolares,... more
Neste número da Muitas Vozes, a seção Dossiê, intitulada Entre
hegemonias e saberes subalternos na universidade do século XXI,1
reúne onze artigos que expõem, problematizam e analisam temas ligados às práticas acadêmicas, escolares, socioculturais e linguísticas com vistas a propor, direta ou indiretamente, reflexões acerca do papel social do intelectual crítico e da universidade pública. As autoras e os autores que contribuem para a discussão que ora se apresenta trazem, entre outros, abordagens que instigam o pensar sobre as emergentes necessidades de revisão de paradigmas hegemônicos de pesquisa, de ensino e de extensão. Levando-se em conta que vivemos atualmente uma intensa crise identitária que não se restringe à sociedade brasileira e desenha um momento sócio-histórico de grande conflito e polarização no qual, de um lado, ocorre o pensar e agir sob a égide do conservadorismo e na outra ponta ecoa a luta para manter em pauta discussões e ações que reconheçam a diversidade, a diferença e as desigualdades, todas as pessoas se vêem impelidas a olhar para este panorama inseguro e preocupante e discuti-lo torna-se imprescindível.
Ademais, em tempos de amplo acesso a redes sociais e a diversos modos de interação, é preciso muito discernimento para lidar com o vasto e intenso volume de informações que nos chega, uma vez que os conteúdos veiculados nem sempre procedem e mesmo quando têm procedência, podem ser entendidos de diferentes formas.
Temos assim um panorama complexo e é difícil situar-se nesse espesso campo de visão, olhar com perspicácia para entender como os diferentes modos de pensar e agir de diferentes atores sociais c um
contexto de alinhavo melindroso e de difícil compreensão.
O dossiê proposto para o número 1 da Revista Muitas Vozes no ano de 2017 representa um esforço no sentido de compreender e ampliar o alcance do que temos chamado de pós-modernidade nos âmbitos da cultura e da produção literária... more
O dossiê proposto para o número 1 da Revista Muitas Vozes no ano
de 2017 representa um esforço no sentido de compreender e ampliar o alcance do que temos chamado de pós-modernidade nos âmbitos da cultura e da produção literária atualmente. A proposta apresentada com o título de Literatura, identidades e pós-modernidade: intervalo e crise buscou problematizar a noção de pós-modernidade por compreendê-la inicialmente como uma designação instável e não consensual.
Pensadores como Zygmunt Bauman, Jean-François Lyotard, Jacques Derrida e seus interlocutores mais próximos, como Michel Foulcault, Gilles Deleuze e Felix Guattari vêm questionando as perspectivas da pós-modernidade na cultura e na literatura na medida em que apontam
para novos caminhos de leitura, interpretação e experimentação dos fenômenos da linguagem, nos vários campos em que estes são expressos, seja em intenção artística ou não. Importa, assim, demonstrar em que medida as produções literárias, artísticas e culturais realizadas ao longo do século XX e início do XXI, em língua portuguesa ou estrangeira, figuram o mundo e a vida em um contexto de questionamentos dos valores sociais e culturais tradicionais, bem como
problematizam os próprios meios de realização da literatura. Acreditamos que a variedade de abordagens apresentadas ao dossiê Literatura, identidades e pós-modernidade: intervalo e crise podem contribuir para o avanço dessas reflexões.
Este volume da Muitas Vozes elege como tema do seu Dossiê Literatura e Ecocrítica: trazendo gaia de volta à vida. Foi organizado por Vinícius Silva de Lima (UEPG/PNPD-Capes), com o objetivo de reunir contribuições que apresentam... more
Este volume da Muitas Vozes elege como tema do seu Dossiê Literatura
e Ecocrítica: trazendo gaia de volta à vida. Foi organizado por Vinícius Silva de Lima (UEPG/PNPD-Capes), com o objetivo de reunir contribuições que apresentam discussões acerca dos temas natureza, paisagem, meio ambiente e ecologia em manifestações literárias diversas. Assunto pouco discutido no Brasil, os estudos da Ecocrítica ganharam força nos últimos anos graças à crescente crise ambiental que assola o mundo. A Ecocrítica pode ser definida de forma abrangente como o estudo das relações entre a literatura e o meio ambiente, conforme define Cheryll Glotfelty na introdução de seu livro The Ecocriticism Reader (1996), até os dias atuais um dos principais e mais completos trabalhos sobre o tema.
Nesta edição da Revista Muitas Vozes, na seção Dossiê, convidamos a comunidade acadêmica a refletir sobre linguagem e literatura e ensino de língua e de literatura a partir da perspectiva da interculturalidade, concebida, entre tantos... more
Nesta edição da Revista Muitas Vozes, na seção Dossiê, convidamos
a comunidade acadêmica a refletir sobre linguagem e literatura e ensino de língua e de literatura a partir da perspectiva da interculturalidade, concebida, entre tantos posicionamentos teórico-metodológicos, como o diálogo entre sujeitos situados em lugares sociais, históricos e culturais distintos (JANZEN, 2005). Dessa perspectiva, fundamentada na obra do Círculo de Bakhtin, o diálogo intercultural pode se efetivar entre sujeitos posicionados tanto no interior de um mesmo contexto nacional, mas não necessariamente nas mesmas práticas culturais, quanto em contextos nacionais distintos.
Alguns dos textos aqui publicados, não adotando exatamente essa visão de interculturalidade, abordam distintas possibilidades de diálogos interculturais. Era nossa proposta conhecer e dialogar (não necessariamente de modo harmônico)
com uma diversidade de perspectivas sobre interculturalidade que
orientam pesquisas e práticas pedagógicas nos estudos de língua/linguagem e de literatura. Sendo assim, para a seção Dossiê, esperávamos contribuições que mobilizassem, para além de diferentes concepções/perspectivas de interculturalidade, diferentes contextos nos quais podem se constituir relações/diálogos/conflitos interculturais. Nosso convite estava inicialmente orientado para os contextos da globalização, de mobilidades dos sujeitos, do ensino de línguas adicionais ou o ensino de literatura nas escolas, das relações nas literaturas. De alguma forma, essa orientação inicial se confirmou
mas também se ampliou.
Esse dossiê se caracteriza ele próprio, portanto, como uma proposta
de diálogo acadêmico e intercultural: distintos modos de pensar língua/
linguagem e literatura, mobilizando diferentes (e às vezes conflitantes)
referenciais teóricos, para refletir sobre produções/práticas culturais diversas, como as teorias e o ensino de línguas estrangeiras, literatura indígena, literatura europeia, literatura latino-americana.
“Assuntos acerca de raça constitui uma emergente área de pesquisa em estudos da linguagem. Afinal, raça, racialização e racismo ainda são tópicos estigmatizados de discussão no dia a dia e em contextos profissionais em países... more
“Assuntos acerca de raça constitui uma emergente área de pesquisa em estudos da linguagem. Afinal, raça, racialização e racismo ainda são tópicos estigmatizados de discussão no dia a dia e em contextos profissionais em países multirraciais e países multiétnicos.” (KUBOTA, 2015, p. 3).
Este volume traz artigos que tratam do tema identidade racial. Estudos que abordem sobre identidades sociais de raça no ensino de línguas, análise de livros didáticos e materiais de ensino. Buscaram-se, igualmente, reflexões em torno de políticas linguisticas e educacionais que tratem do tema, bem como a Lei Federal 10.639/2003.
A presente edição da Revista Muitas Vozes abre espaço para reflexões teórico-analíticas sobre Literatura e cultura em Língua Inglesa, fórum de discussões que, indubitavelmente, ocupa espaço de destaque na esfera sociocultural há várias... more
A presente edição da Revista Muitas Vozes abre espaço para
reflexões teórico-analíticas sobre Literatura e cultura em Língua Inglesa,
fórum de discussões que, indubitavelmente, ocupa espaço de destaque na esfera sociocultural há várias décadas. Isso se dá porque as obras literárias, produtos das línguas e das linguagens, não apenas figuram espaços, identidades e imaginários, mas também compõem o mosaico de múltiplas influências que afetam o processo histórico de desterritorialização de espaços, de rearticulação de identidades e de transformação de imaginários. Nesse sentido, o debate proposto pelos textos desta edição não se esgota na caracterização da influência cultural disseminada e recebida pelas comunidades anglófonas – sejam elas ex-metrópoles ou ex-colônias –, mas se estende para a análise de como as reações a essa influência são absorvidas pela arte literária, definindo posicionamentos, questionamentos e relativizações.
O número 3, volume 1, da Revista Muitas Vozes foi organizado tendo em vista o objetivo proposto pelas organizadoras desta edição: reunir pesquisadores de diferentes instituições do país, com reconhecimento singular nas áreas de... more
O número 3, volume 1, da Revista Muitas Vozes foi organizado tendo em vista o objetivo proposto pelas organizadoras desta edição: reunir pesquisadores de diferentes instituições do país, com reconhecimento singular nas áreas de conhecimento em que atuam e que assumissem o desafio de tratar, discutir, refletir e avaliar a constituição e construção da “Identidade Indígena” em situações de produção também diversificadas. Sob tal perspectiva, os artigos reunidos neste volume ilustram o amplo e complexo cenário brasileiro sobre a questão indígena.
A escolha da temática sob o regime do olhar a contemporaneidade alinhava-se, sobremaneira, ao que nos declaram Bauman (20051), Hall (20062), Mey (19983) e Silva (20004), uma vez que, de acordo com esses teóricos, não se pode fechar os olhos para as consequências do fenômeno da globalização que pressupõe que “[...] a identidade não é imutável, lógica, fixa, mas inconstante, incoerente, instável e incompleta, posto que é estabelecida por pressões sociais” (SILVA, 2000, p. 81). Nessa linha de pensamento, Mayer (1998, p. 116) adverte-nos sobre o “ser índio”, em tempos de mudanças e transformações “líquidas”: pois as transformações constituem "uma construção permanentemente (re)feita a depender da natureza das relações sociais que se estabelecem, ao longo do tempo, entre índio e outros sujeitos sociais e étnicos: tal construção busca a) determinar especificidades que estabeleçam “fronteiras identificatórias” entre ele e um outro e/ou b) obter o reconhecimento dos demais membros do grupo ao qual pertence, da legitimidade de sua pertinência a ele" (MAHER, 1998, p. 1165).
Daí a proposição deste volume da Muitas Vozes, periódico que busca constituir um espaço de reflexão sobre questões de linguagem, identidade e subjetividade em suas múltiplas manifestações.
Neste número, o dossiê da Muitas vozes coloca em pauta a leitura. Assunto controverso, a leitura é aqui pensada por cinco pesquisadores que dedicam muito do seu tempo a estudá-la. Se socialmente podemos dizer que a prática da leitura tem... more
Neste número, o dossiê da Muitas vozes coloca em pauta a leitura.
Assunto controverso, a leitura é aqui pensada por cinco pesquisadores que dedicam muito do seu tempo a estudá-la. Se socialmente podemos dizer que a prática da leitura tem um lugar garantido, já que é difícil imaginar que alguém afirme publicamente que ela não tem importância, do ponto de vista da sua efetiva realização, sabemos que ler é uma atividade carente de adeptos fieis.
Como é possível contribuir para a formação de leitores? Quando
nos referimos a ‘leitores’, de quem estamos falando afinal? Quais as melhores formas de encaminhamento para as aulas de literatura? A formação de professores tem sido efetivada de modo satisfatório? Que obras podemos/devemos selecionar para nossas aulas? Essas são algumas das muitas inquietações que perpassam os textos aqui publicados, são, portanto, a concretização do quanto o assunto está na ordem do dia dos professores e pesquisadores voltados para a área.
A presente edição da revista Muitas Vozes pretende contribuir para a discussão de algumas questões da Educação a Distância, uma modalidade de formação universitária que aumenta a capilaridade do ensino superior em um país com dimensões... more
A presente edição da revista Muitas Vozes pretende contribuir para a
discussão de algumas questões da Educação a Distância, uma modalidade de formação universitária que aumenta a capilaridade do ensino superior em um país com dimensões tão vastas quanto o Brasil. Ao mesmo tempo em que, ao ofertar cursos principalmente de graduação, a universidade está se abrindo a públicos que dificilmente chegariam aos seus bancos, ela está também forçando, no sentido positivo do termo, um relacionamento mais intenso com a internet, tanto por parte dos alunos, intensificando experiências de autonomia de aprendizagem, quanto por parte dos formadores, que se veem diante de novos desafios didáticos.
Este segundo número da revista Muitas Vozes amplia a discussão sobre a diversidade na pesquisa sobre linguagem, uma área que extrapola as questões meramente teóricas e que tem uma preocupação com o não apagamento das identidades várias... more
Este segundo número da revista Muitas Vozes amplia a discussão
sobre a diversidade na pesquisa sobre linguagem, uma área que extrapola as questões meramente teóricas e que tem uma preocupação com o não apagamento das identidades várias que se manifestam fora dos campos de poder hegemônicos.
O dossiê sobre políticas linguísticas apresenta artigos que estudam o
multilinguismo num contexto nacional e internacional, dentro dos espaços de aprendizagem mas também na interação social. A equipe editorial acredita que as questões propostas neste dossiê são extremamente relevantes para romper com crenças arraigadas que não condizem com as compreensões complexas da linguagem e dos contextos dos falantes. O múltiplo no lugar do uno, as linguagens no lugar da noção monolítica de língua. Por trás dessas discussões estão sempre em questão os sujeitos e os lugares e onde eles falam.
A criação do Curso de Pós-Graduação em Linguagem, Identidade e Subjetividade (funcionando a partir de março de 2010), uma proposta temática nascida no âmbito do Curso de Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa, signifi cou pensar... more
A criação do Curso de Pós-Graduação em Linguagem, Identidade e Subjetividade (funcionando a partir de março de 2010), uma proposta temática nascida no âmbito do Curso de Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa, signifi cou pensar os programas de Letras de uma maneira mais integrada. Não se pode dizer, nem se sabe se isso é desejável, que foram superadas as divisões, mas, passados dois anos, é visível que aumentou em muito o diálogo entre as áreas.
Um curso com tais características tinha que fundar um espaço de refl exão condizente com sua proposta, um espaço que criasse pontos de contato entre territórios bem delimitados, promovendo pequenas instabilidades que, por força de uma energia centrífuga, se espalhasse em outras direções, contaminando e se deixando contaminar em contatos múltiplos.
Tal espaço é esta revista, cujo título, além de representar a essência da proposta do curso, homenageia uma das mais importantes fi guras da poesia brasileira de todos os tempos, o poeta maranhense-brasileiro-universal Ferreira Gullar, autor da coletânea Muitas vozes (José Olympio, 1999). Espaço para todas as vozes, tanto para as vozes de pesquisadores e intelectuais quanto para as vozes sociais, pois entre as seções desta revista há uma que prevê a publicação de textos que não sejam necessariamente técnicos, a ela se chamou “Documento”: documento intelectual ou humano, literário ou linguístico.