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Research briefing with the main results of my doctoral thesis on right-wing LGBTIQ+ activism in Brazil.
O artigo busca mapear a emergência de um ativismo gay à direita no Brasil nos últimos anos, particularmente a partir de 2013, quando se multiplicaram nas redes sociais iniciativas de ativismo online baseadas em uma identidade gay... more
O artigo busca mapear a emergência de um ativismo gay à direita no Brasil nos últimos anos, particularmente a partir de 2013, quando se multiplicaram nas redes sociais iniciativas de ativismo online baseadas em uma identidade gay orgulhosamente de direita. Em um primeiro momento, busca-se analisar as variáveis do ambiente político que favoreceram esse tipo de engajamento. Em seguida, a emergência deste “ator coletivo” é reconstituída em duas arenas (redes sociais online e meios de comunicação social), a partir de uma triangulação de dados empíricos (etnografia virtual, pesquisa documental na imprensa e entrevistas com ativistas). Ao final, são analisados os diferentes estilos de ativismo que parecem emergir deste processo, bem como alguns dos desafios que este fenômeno representa para a continuidade da luta pelos direitos LGBTQI+ no Brasil.
The article seeks to map the emergence of right-wing gay activism in Brazil in recent years, particularly since 2013 when online activism initiatives based on a proudly right-wing gay identity started to spread on social media. Firstly,... more
The article seeks to map the emergence of right-wing gay activism in Brazil in recent years, particularly since 2013 when online activism initiatives based on a proudly right-wing gay identity started to spread on social media. Firstly, it seeks to identify the elements of the political environment that favoured this type of engagement. Then the emergence of this collective actor is analysed in two arenas (online social media and press) based on a triangulation of empirical data (virtual ethnography, documentary research in the press, and interviews with activists). Finally, the different styles of activism that appear to emerge from this process are analysed, thus identifying some challenges the phenomenon represents for the future of the LGBTQI+ struggle in Brazil.
O artigo analisa a relação entre o movimento homossexual brasileiro e a política institucional no período da transição, focalizando as campanhas em defesa da causa homossexual lançadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de... more
O artigo analisa a relação entre o movimento homossexual brasileiro e a
política institucional no período da transição, focalizando as campanhas em defesa da causa homossexual lançadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 1982. O argumento é o de que o movimento homossexual, ao final do ciclo de protestos pela democratização, não entrou em descenso, mas se manteve mobilizado nas arenas partidária e eleitoral. O trânsito em direção à política institucional foi favorecido pelas oportunidades políticas abertas pelo processo de transição brasileiro: a Reforma Partidária de 1979, a renovação das esquerdas, a fundação do PT, as eleições de 1982 e a circulação de ativistas, tanto em redes transnacionais quanto entre o movimento social e os partidos políticos. Por fim, este trabalho defende que a experiência acumulada nas eleições de 1982 favoreceu a adoção, pelo movimento, de quadros interpretativos e repertórios de ação mais institucionalizados.
Esta tese busca compreender o processo de constituição pública dos ativismos LGBTQIA+ à direita no Brasil entre os anos de 2013 e 2020. Indo ao encontro das essencializações comuns ao debate público, que tendem a tomar estes ativistas... more
Esta tese busca compreender o processo de constituição pública dos ativismos LGBTQIA+ à direita no Brasil entre os anos de 2013 e 2020. Indo ao encontro das essencializações comuns ao debate público, que tendem a tomar estes ativistas como portadores de uma “falsa consciência” de si mesmos, optei por uma abordagem compreensiva preocupada em reconstituir os pontos de vista dos atores. Teoricamente orientado pela Sociologia da ação coletiva e dos movimentos sociais, em especial pela abordagem do Confronto Político, em articulação com uma Sociologia de tradição disposicionalista e com teorias e conceitos dos estudos de gênero e sexualidade, adotei uma perspectiva multinível com o objetivo de: identificar as variáveis do ambiente político e cultural que ofereceram incentivos a estas mobilizações (nível macro); examinar as dinâmicas relacionais que atravessam a ação coletiva (offline) e conectiva (online) dos atores e seus agrupamentos, com ênfase nas formas de organização, ação e produção de sentido (nível meso); e analisar as contribuições de ordem biográfica (na forma de disposições individuais, valores e crenças incorporadas ao longo de suas trajetórias) que são mobilizadas para dar forma e sentido a estes ativismos (nível micro). Para atingir estes objetivos, recorri a uma triangulação de dados empíricos produzidos a partir de uma pesquisa documental nos meios de comunicação social, imersão etnográfica online e entrevistas compreensivas com 18 ativistas (homens cis e trans auto identificados como homossexuais, bissexuais e assexuais) associados a diferentes grupos políticos à direita e residentes em diferentes regiões do Brasil. Os resultados sugerem que o contexto de oportunidades políticas e culturais aberto pela crise dos governos do Partido dos Trabalhadores, o ciclo de protestos de junho de 2013 e a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2015/2016 provocou deslocamentos relevantes no campo do confronto político. Este cenário favoreceu o recrutamento de novas gerações de ativistas por parte de antigas e novas organizações liberais e conservadoras, criando um ambiente permeável à circulação de novas ideias e comportamentos que ofereceu estímulos à ruptura do armário político. Estes ativistas encontraram-se uns aos outros nos espaços de socialização política à direita na internet (fanpages, canais, grupos privados de discussão), formando agrupamentos específicos para pessoas LGBTQIA+ e dando forma a dois estilos de ativismo distintos, mas com algum grau de semelhança: um de cariz liberal e outro de feição conservadora. Do ponto de vista das trajetórias individuais, o engajamento político à direita permitiu que os atores pudessem: tentar compatibilizar as várias identidades (ex.: “gay”, “católico”, “negro”, “conservador”, “patriota”) e papeis sociais (ex.: “filho”, “marido”, “fiel” e “trabalhador”), acumulados ao longo dos seus percursos de vida; expressar a rejeição às esquerdas e aos movimentos e espaços de sociabilidade LGBTQIA+; criar uma autoimagem positiva e ressignificar e negociar suas identidades sexuais nos meios sociais considerados significativos para as suas existências, nomeadamente a família, a igreja e os espaços de ativismo.
Research Interests:
Nos últimos anos, a expressiva mobilização em torno de temas relacionados às questões de gênero, sexualidade e reprodução tem contribuído para reavivar o interesse dos cientistas sociais pelo estudo das direitas, das contramobilizações... more
Nos últimos anos, a expressiva mobilização em torno de temas relacionados às questões de gênero, sexualidade e reprodução tem contribuído para reavivar o interesse dos cientistas sociais pelo estudo das direitas, das contramobilizações (BANASZAK e ONDERCIN, 2010) e dos protestos morais (JASPER, 1997). Entre os muitos desafios teóricos e metodológicos desta agenda de pesquisa está a tarefa de identificar analiticamente a pluralidade de pautas e atores que compõem estas mobilizações. Embora parte da literatura tenha optado por falar em "mobilizações conservadoras" ou "movimentos conservadores", (por exemplo DIDES, 2013; MACHADO, 2017) o fenômeno quase sempre extrapola o campo conservador propriamente dito, mobilizando também setores liberais, intelectuais laicos e mesmo atores com trajetória política à esquerda. Tomando como exemplo o caso das mobilizações antiaborto e dos recentes protestos contra a chamada "ideologia de gênero" no Brasil, este artigo adota uma abordagem relacional para discutir os limites do uso da categoria "conservadorismo" para a análise das chamadas mobilizações e anti-gênero (KUHAR e PATERNOTTE, 2018). Embora a oposição aos direitos sexuais e reprodutivos constitua uma pauta de viés conservador, compreendemos que as mobilizações em torno de temas relacionados à sexualidade e reprodução têm aglutinado uma variedade mais ampla de atores sociais, movidos por interesses distintos e às vezes antagônicos. Sendo assim, sugerimos uma abordagem menos focada no agenciamento de categorias políticas consagradas e mais concentrada na análise do contexto político e nas dinâmicas de deslocamentos, alianças, sínteses e sobreposições que se estabelecem entre os atores ao longo do processo político.
O artigo investiga, por meio de matérias jornalísticas, entrevistas e artigos publicados ao longo das 55 edições da revista Sui Generis, os diversos significados políticos das Paradas do Orgulho no Brasil entre os anos de 1995 e 2000. A... more
O artigo investiga, por meio de matérias jornalísticas, entrevistas e artigos publicados ao longo das 55 edições da revista Sui Generis, os diversos significados políticos das Paradas do Orgulho no Brasil entre os anos de 1995 e 2000. A revista Sui Generis apresentava a cultura gay como nova forma de fazer política. Seu conteúdo buscava afirmar uma comunidade que produz cultura, que possui identidade, aliados, história e orgulho próprio. Na análise dos significados políticos das Paradas nas páginas da Sui Generis, alguns vocabulários políticos dão corpo a essa política comunitária gay dos anos 90: visibilidade, orgulho e multidão.
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RESUMO Este artigo pretende traçar um perfil dos freqüentadores dos chamados " Bailes da Saudade " , um tipo de festa cada vez mais popular na periferia de Belém, onde boleros, sambas-canção, merengues e temas de seresta são reproduzidos... more
RESUMO Este artigo pretende traçar um perfil dos freqüentadores dos chamados " Bailes da Saudade " , um tipo de festa cada vez mais popular na periferia de Belém, onde boleros, sambas-canção, merengues e temas de seresta são reproduzidos por aparelhagens sonoras. Em tempos de uma cultura profundamente midiática, na qual cabe aos meios de comunicação definir o que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido, os bailes da saudade se constituem como um legítimo espaço de utilização da cultura enquanto modo de resistência ao império do hype e a memória hegemônica institucionalizada pela mídia, sem, no entanto, deixar de reproduzir a lógica de mercado capitalista.
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RESUMO Este artigo pretende mostrar como videoclipe é uma das expressões narrativas mais exemplares da pós-modernidade. Partindo do pressuposto de que as grandes narrativas da modernidade decaíram juntamente com o declínio da experiência,... more
RESUMO Este artigo pretende mostrar como videoclipe é uma das expressões narrativas mais exemplares da pós-modernidade. Partindo do pressuposto de que as grandes narrativas da modernidade decaíram juntamente com o declínio da experiência, propõe-se que novas formas de narrar ascenderam, já que toda atividade humana traz marcas de sua cultura e identidade, definidas em um determinado espaço-tempo. A pós-modernidade subverte a lógica narrativa bem definida da modernidade e, em seu lugar, instaura uma forma de narrar fragmentada, ao tornar patentes elementos como o pastiche e a hibridização cultural. O videoclipe, para Néstor Canclini, é o produto mais bem acabado das chamadas culturas híbridas e o que melhor representa a época contemporânea. Este artigo abordará o histórico e a linguagem dessa manifestação cultural, e a análise de cinco videoclipes, dirigidos pelo diretor francês Michel Gondry.
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A partir de uma perspectiva geopolítica, o texto propõe uma reflexão acerca do lugar dos corpos das pessoas LGBTQIA+ nos discursos imperialistas, fundamentalistas e conservadores contemporâneos, problematizando algumas questões centrais... more
A partir de uma perspectiva geopolítica, o texto propõe uma reflexão acerca do lugar dos corpos das pessoas LGBTQIA+ nos discursos imperialistas, fundamentalistas e conservadores contemporâneos, problematizando algumas questões centrais como os processos de institucionalização dos movimentos, o reconhecimento de direitos por parte dos Estados nacionais e as tendências identitárias assimilacionistas.
Manifestantes protestam contra a abertura da mostra QueerMuseu no Parque Lage, Rio de Janeiro. Foto-Thomaz Silva, Agência Brasil O contexto político brasileiro pós 2013 tem reavivado o interesse de pesquisadores de diversas tradições... more
Manifestantes protestam contra a abertura da mostra QueerMuseu no Parque Lage, Rio de Janeiro. Foto-Thomaz Silva, Agência Brasil O contexto político brasileiro pós 2013 tem reavivado o interesse de pesquisadores de diversas tradições disciplinares e campos do conhecimento pelo estudo das direitas, das contramobilizações e dos protestos morais. Entre os muitos desafios teóricos e metodológicos desta agenda de pesquisa está a tarefa de identificar analiticamente as várias pautas e atores políticos implicados no campo sem cair na armadilha de enquadrá-los sob uma mesma moldura "conservadora". Isso porque, como tem apontado a literatura sobre mobilização política, esses grupos e suas pautas estão longe de ser um bloco homogêneo. Ao contrário, constituem um campo político bastante plural. Tomando como exemplo o caso das mobilizações anti-aborto e dos recentes protestos contra a chamada "ideologia de gênero" no Brasil, propomos neste artigo uma abordagem relacional para a análise das mobilizações antigênero. Em outras palavras, sugerimos que o foco do debate seja a análise do contexto político e das dinâmicas de deslocamentos, alianças e antagonismos, sínteses e justaposições que se estabelecem nas disputas políticas. Na literatura sobre mobilização política, o conservadorismo vem sendo enquadrado como uma tradição originalmente à direita (LO, 1982; BLEE e CREASAP, 2010). Seriam conservadores grupos e movimentos que buscam a manutenção de determinado status quo, fazendo pouco uso de violência e tomando como base o patriotismo, livre capitalismo, normas tradicionais e H o r i z o n t e s a o S u l
O capítulo aborda as primeiras incursões do movimento homossexual brasileiro e seus aliados na arena eleitoral durante as eleições de 1982, a primeira após o fim do sistema bipartidário que deu sustentação ao regime militar (1964-1985).