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O objetivo deste artigo é apresentar apontamentos iniciais do projeto de pesquisa Poéticas da interação: análise interacional de duelos de rimas, que consiste no estudo dos processos de improvisação musical adotados por MCs em duelos de... more
O objetivo deste artigo é apresentar apontamentos iniciais do projeto de pesquisa Poéticas da interação: análise interacional de duelos de rimas, que consiste no estudo dos processos de improvisação musical adotados por MCs em duelos de rimas a partir do referencial de áreas como a microssociologia de E. Goffman, o interacionismo simbólico, os estudos de pragmática e, em especial, a Etnometodologia e a Análise de Conversa - estas duas últimas vertentes sendo o foco da presente discussão. Inicialmente, apresentamos um breve mapeamento das pesquisas brasileiras sobre duelos de rimas (seção 1). Conforme apontamos, há uma tendência clara entre os pesquisadores brasileiros em abordar os duelos de rimas a partir de uma perspectiva socioantropológica (14 pesquisas) em detrimento da discussão da função poética desta prática musical (1 pesquisa). Em seguida, apresentamos apontamentos gerais sobre a Etnometodologia e a Análise de Conversa (seção 2), enfatizando as afinidades destas abordagens com as características musicais dos duelos de rimas. De forma a demonstrar mais claramente tais afinidades, analisamos (seção 3) trechos de uma competição de batalha de rimas ocorrida no ano de 2017 em Belo Horizonte - MG à luz dos pressupostos da Etnometodologia e da Análise de Conversa. Argumentamos que, em analogia ao termo “etnometodologia”, podemos pensar a ideia de uma etnopoética enquanto conjunto de “métodos” (regras, ritos, procedimentos) empregados por performers musicais (MCs) em seus processos de criação musical (improvisos rimados). Concluímos (seção 4) que esta etnopoética, por sua vez, remeteria a uma série de relações sociais que a análise etnomusicológica atenta deverá ser capaz de descrever sem obliterar a função poética dos duelos de rimas.

The objective of this article is to present initial notes of the research project Poetics of Interaction: interactional analysis of battle rap, which consists of the study of the musical improvisation processes adopted by MCs in battle rap performances in dialogue with research areas such as the microsociology of E. Goffman, symbolic interactionism, pragmatic studies and, in particular, Ethnomethodology and Conversation Analysis - these last two being the focus of the present discussion. Initially, we present a brief mapping of Brazilian research on battle rap (section 1). As we have pointed out, there is a clear tendency among Brazilian researchers to approach rhyming duels from a socio-anthropological perspective (14 studies) to the detriment of the discussion of the poetic function of this musical practice (1 research). Then, we present general notes on Ethnomethodology and Conversation Analysis (section 2), emphasizing the affinities of these approaches with the musical characteristics of battle rap. To demonstrate such affinities more clearly, we analyzed (section 3) excerpts from a battle rap contest that took place in 2017 in Belo Horizonte - MG in the light of the assumptions of Ethnomethodology and Conversation Analysis. We argue that, in analogy to the term “ethnomethodology,” we can think of the idea of an ethnopoetics as a set of “methods” (rules, rites, procedures) employed by musical performers (MCs) in their musical creation processes (rhyming improvisations). We conclude (section 4) that such ethnopoetics, in turn, could refer to a series of so cial relations that careful ethnomusicological analysis should be able to describe without obliterating the poetic function of battle rap.
Research Interests:
O objetivo deste trabalho é destacar alguns aspectos relativos à cultura hip-hop e, em particular, às canções de rap como formas de experiência do espaço urbano. As canções de rap de artistas dos EUA e do Brasil, que produzem diferentes... more
O objetivo deste trabalho é destacar alguns aspectos relativos à cultura hip-hop e, em particular, às canções de rap como formas de experiência do espaço urbano. As canções de rap de artistas dos EUA e do Brasil, que produzem diferentes narrativas e figurações do urbano, parecem manifestar uma experiência da cidade como lugar decisivamente marcado pelo signo do mal, ou melhor, dos diferentes males que nela tomam corpo e lugar. Uma tal experiência, por sua vez, implica a produção de interrogações de cunho ético acerca do papel da arte popular e das possibilidades de conduta e ação individual e social na cidade. Desta forma, a cidade, mais que palco para as performances das artes de rua, é também vivida como persona capaz de abrir interpelações éticas.
O presente projeto visa investigar o desenvolvimento da cultura hip-hop e, em específico, do gênero musical rap na cidade de Senador Canedo. Para tal, propomos a realização de entrevistas com organizadores do evento Lado Leste Contra o... more
O presente projeto visa investigar o desenvolvimento da cultura hip-hop e, em específico, do gênero musical rap na cidade de Senador Canedo. Para tal, propomos a realização de entrevistas com organizadores do evento Lado Leste Contra o Crime, realizado desde 1999 na cidade de Senador Canedo, e com MC’s e organizadores do duelo de rimas Batalha da Cria, realizado desde 2012 na Praça Recreativa, no centro da cidade de Senador Canedo. A escolha destes dois eventos justifica-se pela relevância cultural e histórica que estes possuem, uma vez que cada um deles representa um momento histórico bem distinto do desenvolvimento do rap e da cultura hip-hop tanto no cenário nacional quanto no contexto local canedense. A partir de relatos orais obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, pretendemos comparar dois momentos distintos do desenvolvimento da do rap em Senador Canedo, de forma a traçar um panorama histórico do gênero musical neste município.
O presente projeto visa investigar o desenvolvimento da cultura hip-hop e, em específico, do gênero musical rap na cidade de Senador Canedo. Para tal, propomos a realização de entrevistas com organizadores do evento Lado Leste Contra o... more
O presente projeto visa investigar o desenvolvimento da cultura hip-hop e, em específico, do gênero musical rap na cidade de Senador Canedo. Para tal, propomos a realização de entrevistas com organizadores do evento Lado Leste Contra o Crime, realizado desde 1999 na cidade de Senador Canedo, e com MC’s e organizadores do duelo de rimas Batalha da Cria, realizado desde 2012 na Praça Recreativa, no centro da cidade de Senador Canedo. A escolha destes dois eventos justifica-se pela relevância cultural e histórica que estes possuem, uma vez que cada um deles representa um momento histórico bem distinto do desenvolvimento do rap e da cultura hip-hop tanto no cenário nacional quanto no contexto local canedense. A partir de relatos orais obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, pretendemos comparar dois momentos distintos do desenvolvimento da do rap em Senador Canedo, de forma a traçar um panorama histórico do gênero musical neste município.
<<The research project "Rap battles: analysis of formal aspects and musical genre conventions of an expression of rap music" made a series of musical analyzes of rap battles - a practice belonging to the universe of rap and which consists... more
<<The research project "Rap battles: analysis of formal aspects and musical genre conventions of an expression of rap music" made a series of musical analyzes of rap battles - a practice belonging to the universe of rap and which consists of improvising verses elaborated on a rhythmic basis, in a competitive context between two MC's or groups of MC's (duos or trios). Based on documentary research on YouTube, musical analyzes were carried out centered on the description of formal conventions that guide the practice of MC's improvisation. The documentary set analyzed dates back to 2017 and refers to the national stage of "Duelo de MC's", an event based in the city of Belo Horizonte, state of Minas Gerais, Brazil. At the end of the research, it was possible to indicate some more recurrent stylistic and formal trends in the improvisational practices of MC’s of rhyming duels.>>

<<O projeto "Batalhas de rimas: análise de aspectos formais e convenções de gênero musical de uma expressão do rap" realizou uma série de análises musicais de duelos de rimas – prática pertencente ao universo do rap e que consiste na improvisação de versos elaborados sobre uma base rítmica, num contexto competitivo entre dois MC’s ou grupos de MC’s (duos ou trios). A partir de pesquisa documental na plataforma YouTube, foram realizadas de análises musicais centradas na descrição de convenções formais que orientam a prática de improvisação de MC’s. O conjunto documental analisado data de 2017 e se refere à etapa nacional do Duelo de MC’s, evento sediado na cidade de Belo Horizonte. Ao final da pesquisa, foi possível indicar algumas tendências estilísticas e formais mais recorrentes nas práticas improvisatórias de MC’s de duelos de rimas.>>
Entrevista de pesquisa concedida pelo rapper Ananias, do grupo CTS Kamika-Z, em 11 de junho de 2018.
Research Interests:
Esta comunicação traz dois exercícios de análise crítica nascidos em decorrência de dois projetos de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás. À... more
Esta comunicação traz dois exercícios de análise crítica nascidos em decorrência de dois projetos de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás. À primeira vista, são muito díspares. Contudo, no seu desenvolvimento, alguns pontos em comum. Ambos tratam de musealização de objetos e temas não tradicionalmente presentes em instituições museológicas.
O primeiro, aborda o colecionismo de objetos comuns e desprovidos de valor material, além de não relacionados a “heróis” ou personagens ilustres e nobres da história nacional, contrapondo ao conceito de patrimônio, utilizado como base para formação dos acervos dos museus tradicionais, o conceito de fratrimônio, considerado como uma possibilidade de se promover a formação de acervos museais mais democráticos e representativos da diversidade sociocultural brasileira. O pano de fundo para esta discussão são os Museus Casa da Princesa, uma instituição pública federal localizada em Pilar de Goiás-GO, e o Museu do Djhair, instalado no Mercado Central da cidade de Goiás-GO.
O segundo engloba uma reflexão conceitual preliminar sobre a utilização política da categoria de identidade na apresentação de demandas de patrimonialização e musealização dentro do movimento hip-hop em Goiânia. Em ambos os casos, tratam-se de ações com vistas a marcar territórios patrimoniais e de memória, além de conquistar espaço e respeito, ganhar status e garantir a continuidade de suas performances culturais urbanas. As duas narrativas inserem-se em uma realidade social caracterizada por inúmeros problemas oriundos  do crescimento desordenado das cidades, como a gentrificação, a destruição de memórias de significativas parcelas das populações, a localização dos equipamentos culturais em bairros e setores favorecidos da sociedade, em detrimento da periferia, em geral carente desses equipamentos, e a  imposição de padrões estéticos e comportamentais homogeneizadores, que ignoram as diferenças, preferências e, sobretudo as condições de vida das diversas parcelas da sociedade.
As discussões a seguir ilustram dois aspectos, dessa demanda pela participação dos museus no palco de interesses e conflitos do campo patrimonial e da memória. Há alguma relação entre a formação dos acervos, representativos de apenas alguns grupos sociais? Para além dos acervos e das iniciativas de solução de conflitos, como pensar a agência dos sujeitos interessados em obter reconhecimento do poder público e das instituições ligadas à salvaguarda e difusão da memória, das posições sociais contra-hegemônicas e da diversidade cultural? Como compreender movimentos de contestação que ao mesmo tempo percebem nas negociações com as estruturas estatais maneiras de fortalecimento?
Esta comunicação traz dois exercícios de análise crítica nascidos em decorrência de dois projetos de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás. À... more
Esta comunicação traz dois exercícios de análise crítica nascidos em decorrência de dois projetos de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás. À primeira vista, são muito díspares. Contudo, no seu desenvolvimento, alguns pontos em comum. Ambos tratam de musealização de objetos e temas não tradicionalmente presentes em instituições museológicas.
O primeiro, aborda o colecionismo de objetos comuns e desprovidos de valor material, além de não relacionados a “heróis” ou personagens ilustres e nobres da história nacional, contrapondo ao conceito de patrimônio, utilizado como base para formação dos acervos dos museus tradicionais, o conceito de fratrimônio, considerado como uma possibilidade de se promover a formação de acervos museais mais democráticos e representativos da diversidade sociocultural brasileira. O
pano de fundo para esta discussão são os Museus Casa da Princesa, uma instituição pública federal localizada em Pilar de Goiás-GO, e o Museu do Djhair, instalado no Mercado Central da cidade de Goiás-GO.
O segundo engloba uma reflexão conceitual preliminar sobre a utilização política da categoria de identidade na apresentação de demandas de patrimonialização e musealização dentro do movimento hip-hop em Goiânia. Em ambos os casos,
tratam-se de ações com vistas a marcar territórios patrimoniais e de memória, além de conquistar espaço e respeito, ganhar status e garantir a continuidade de suas performances culturais urbanas. As duas narrativas inserem-se em uma realidade social caracterizada por inúmeros problemas oriundos  do crescimento desordenado das cidades, como a gentrificação, a destruição de memórias de significativas parcelas das populações, a localização dos equipamentos culturais em bairros e setores favorecidos da sociedade, em detrimento da periferia, em geral carente desses equipamentos, e a  imposição de padrões estéticos e comportamentais homogeneizadores, que ignoram as diferenças, preferências e, sobretudo as condições de vida das diversas parcelas da sociedade.
As discussões a seguir ilustram dois aspectos, dessa demanda pela participação dos museus no palco de interesses e conflitos do campo patrimonial e da memória. Há alguma relação entre a formação dos acervos, representativos de apenas alguns grupos sociais? Para além dos acervos e das iniciativas de solução de conflitos, como pensar a agência dos sujeitos interessados em obter reconhecimento do poder público e das instituições ligadas à salvaguarda e difusão da memória, das posições sociais contra-hegemônicas e da diversidade cultural? Como compreender movimentos de contestação que ao mesmo tempo percebem nas negociações com as estruturas estatais maneiras de fortalecimento?
Esta comunicação tem por objetivo apresentar questionamentos em torno da ideia geral de que determinados gêneros de música popular representam realidades sociais. Como exemplo, tomarei aqui o caso do rap, gênero musical surgido na década... more
Esta comunicação tem por objetivo apresentar questionamentos em torno da ideia geral de que determinados gêneros de música popular representam realidades sociais. Como exemplo, tomarei aqui o caso do rap, gênero musical surgido na década de 1970 no gueto nova-iorquino do South Bronx num contexto de grandes reconfigurações sociais, econômicas, políticas e culturais por que a cidade de Nova York então passou. 
Tendo chegado ao Brasil na década seguinte ao seu surgimento, o rap incorporou elementos e temáticas locais, sem que deixasse de compartilhar com sua contraparte estadunidense uma característica comum, qual seja, a de ser um elemento importante da cultura negra, juvenil e das periferias urbanas contemporâneas, sobretudo em grandes cidades. Provavelmente por seu vínculo com contextos marcados por criminalização da juventude, por diversos problemas envolvidos nos processos de urbanização das grandes urbes e pela estrutura racista do Brasil e dos Estados Unidos (em que pesem suas diferenças), o rap tenha se constituído publicamente como uma forma artística que tem como característica a representação, narração ou construção de crônicas da realidade. Esta caracterização se institui ao menos de duas formas.
Em primeiro lugar, uma parcela da literatura especializada sobre o rap no Brasil (fazendo coro tanto ao imaginário forjado pela indústria da música e pelos meios de comunicação quanto à imagem do rap produzida no seio da própria cultura hip-hop) trata o rap como retrato ou documento da realidade, o que pode se verificar a partir de algumas premissas realistas em termos teóricos ou metodológicos. Em segundo lugar, alguns autores têm se empenhado em discutir o uso de certos recursos poéticos e vocais enquanto formas de introdução de elementos reais na estrutura poética, sonora e performática das canções de rap.
Pretendo questionar o estatuto ontológico de realidade implicado nestas duas vertentes de discussão do rap a partir da retomada do conceito de efeito de real/idade, empregado aqui para pensar aspectos do tratamento estético dispensado por MC’s e DJ’s aos materiais musicais e poéticos das canções que executam.
A partir deste conceito, tentarei recuperar para o rap uma dimensão sua eminentemente estética que visa contornar não só os problemas analíticos anteriormente levantados, mas, sobretudo, abrir um caminho de argumentação mais consistente para pensar o rap como recurso cultural utilizado em contextos de disputa política e produção de identidades.
Esta comunicação tem por objetivo apresentar questionamentos em torno da ideia geral de que determinados gêneros de música popular representam realidades sociais. Como exemplo, tomarei aqui o caso do rap, gênero musical surgido na década... more
Esta comunicação tem por objetivo apresentar questionamentos em torno da ideia geral de que determinados gêneros de música popular representam realidades sociais. Como exemplo, tomarei aqui o caso do rap, gênero musical surgido na década de 1970 no gueto nova-iorquino do South Bronx num contexto de grandes reconfigurações sociais, econômicas, políticas e culturais por que a cidade de Nova York então passou. 
Tendo chegado ao Brasil na década seguinte ao seu surgimento, o rap incorporou elementos e temáticas locais, sem que deixasse de compartilhar com sua contraparte estadunidense uma característica comum, qual seja, a de ser um elemento importante da cultura negra, juvenil e das periferias urbanas contemporâneas, sobretudo em grandes cidades. Provavelmente por seu vínculo com contextos marcados por criminalização da juventude, por diversos problemas envolvidos nos processos de urbanização das grandes urbes e pela estrutura racista do Brasil e dos Estados Unidos (em que pesem suas diferenças), o rap tenha se constituído publicamente como uma forma artística que tem como característica a representação, narração ou construção de crônicas da realidade. Esta caracterização se institui ao menos de duas formas.
Em primeiro lugar, uma parcela da literatura especializada sobre o rap no Brasil (fazendo coro tanto ao imaginário forjado pela indústria da música e pelos meios de comunicação quanto à imagem do rap produzida no seio da própria cultura hip-hop) trata o rap como retrato ou documento da realidade, o que pode se verificar a partir de algumas premissas realistas em termos teóricos ou metodológicos. Em segundo lugar, alguns autores têm se empenhado em discutir o uso de certos recursos poéticos e vocais enquanto formas de introdução de elementos reais na estrutura poética, sonora e performática das canções de rap.
Pretendo questionar o estatuto ontológico de realidade implicado nestas duas vertentes de discussão do rap a partir da retomada do conceito de efeito de real/idade, empregado aqui para pensar aspectos do tratamento estético dispensado por MC’s e DJ’s aos materiais musicais e poéticos das canções que executam.
A partir deste conceito, tentarei recuperar para o rap uma dimensão sua eminentemente estética que visa contornar não só os problemas analíticos anteriormente levantados, mas, sobretudo, abrir um caminho de argumentação mais consistente para pensar o rap como recurso cultural utilizado em contextos de disputa política e produção de identidades.
O objetivo deste trabalho é destacar alguns aspectos relativos à cultura hip-hop e, em particular, às canções de rap como formas de experiência do espaço urbano. As canções de rap de artistas dos EUA e do Brasil, que produzem diferentes... more
O objetivo deste trabalho é destacar alguns aspectos relativos à cultura hip-hop e, em particular, às canções de rap como formas de experiência do espaço urbano. As canções de rap de artistas dos EUA e do Brasil, que produzem diferentes narrativas e figurações do urbano, parecem manifestar uma experiência da cidade como lugar decisivamente marcado pelo signo do mal, ou melhor, dos diferentes males que nela tomam corpo e lugar. Uma tal experiência, por sua vez, implica a produção de interrogações de cunho ético acerca do papel da arte popular e das possibilidades de conduta e ação individual e social na cidade. Desta forma, a cidade, mais que palco para as performances das artes de rua, é também vivida como persona capaz de abrir interpelações éticas.
The aim of this work is to unfold a suggestion given by Michel Foucault, which indicates the possibility of applying the archeological method to a philosophical approach to the arts, literature and – as we tried to do throughout this... more
The aim of this work is to unfold a suggestion given by Michel Foucault, which indicates the possibility of applying the archeological method to a philosophical approach to the arts, literature and – as we tried to do throughout this research – to music as well. For this purpose, have been taken not only the works in which Foucault have described or developed his archeology (e.g. L’archeologie du savoir, L’ordre du discourse), but also some texts that Deleuze, Merleau-Ponty and Foucault himself wrote about literature, cinema and the arts. Theses texts, I argue, could point out some decisive and distinctive features of Musical Modernity. Therefore, they could serve to establish the philosophical boundaries into which an archeological description of music should move; consequently, they should show the differences between an archeological and some musicological approaches to become helpful to the comprehension of the very interest of a History of Music.
Research Interests:
In this paper, I briefly discuss the possible relationships between life and poetry of Manuel Bandeira taking in account how Merleau-Ponty treats the problem concerning the relations between work and life of Claudel. Would the facts... more
In this paper, I briefly discuss the possible relationships between life and poetry of Manuel Bandeira taking in account how Merleau-Ponty treats the problem concerning the relations between work and life of Claudel. Would the facts determine in an absolut fashion what artists do, or, on the contrary, should we understand artists' works as a consequences of a total liberty? Is short Merleau-Ponty argues that freedom and life situating artists must be taken both together in comprehending how artists create.
No encalço da obra "A memória, a história, o esquecimento" de Paul Ricoeur (2007),propus-me a discutir algumas relações entre esquecimento, memória e a atividade historiográfica de narrativização do passado. A bem da verdade, a discussão... more
No encalço da obra "A memória, a história, o esquecimento" de Paul Ricoeur (2007),propus-me a discutir algumas relações entre esquecimento, memória e a atividade historiográfica de narrativização do passado. A bem da verdade, a discussão de Ricoeur traz em seu decurso, como pano de fundo, a questão acerca do esquecimento e de suas relações com a memória. É a partir deste último elemento, o esquecimento, que me proponho a começar, traçando um contraponto-negativo (no
sentido em que nos referimos a um negativo de filme fotográfico, e não no de um contraponto negativo) com a obra de Ricoeur: partindo dos problemas acerca do esquecimento, discuto a atividade historiográfica com foco principal no estabelecimento da narrativa escrita. Inevitavelmente, sou levado a tocar na questão dos rastros que constituem a matéria-prima do trabalho do historiador, bem como no papel da escrita historiográfica na construção da compreensão do passado.
A discussão segue seu curso a partir de três eixos. Primeiro me concentro em duas acepções de esquecimento trabalhada por Nietzsche (2006[?]) e Ricoeur (2007). Nessa direção, resgato a personagem Martim, do romance "A maçã
no escuro" de Clarice Lispector, em sua tentativa desordenada de apagar o passado, tentativa, como se verá, dupla: apagar o passado através de um acontecimento, no
sentido de ato súbito e irrepetível, e apagar o passado através de seu esquecimento (denegação). As tentativas de Martim, no fundo, mostram a tentativa de calar o passado,
de fazer uma nova história (que, no sentido da tentativa frustrada de ficcionalização do presente e do futuro, poderia ser chamada também de estória) a partir do silenciamento
da vida pregressa. É uma tentativa, a meu ver, de construir uma nova forma de contar e encenar a própria vida, o que adianta a discussão sobre o papel da narrativização dos acontecimentos[1] do passado. Martim se verá, em certo momento, privado de toda (a) linguagem para nomear seu ato de rompimento. Esquecer o passado é, por isso, esquecer como se pode falar do passado. É um trabalho ativo de esquecimento. A este sentido de esquecimento como atividade, porém, oponho outro, o de esquecimento de
reserva, seguindo o texto de Ricoeur.
O segundo impulso da discussão das relações entre esquecimento, memória e história é especificamente o do trabalho historiográfico. Neste contexto, coube levantar os
pontos cardeais que orientam o trabalho do historiador em meio aos labirintos da memória e do esquecimento. Partindo dos textos de Arendt (2005) e Gagnebin (2006), levanto rapidamente algumas questões relativas aos conceitos de história e da tarefa do historiador e da historiografia. Feito isso, chegaremos à fase escrita dos testemunhos dados por aqueles que estiveram lá. Veremos quais os problemas  relativos aos testemunhos para a historiografia; nesse sentido, remeto à possibilidade ou impossibilidade de se tomar o testemunho como juízo. Aqui serão importantes as
figuras do ressentimento, segundo Kehl (2004), e da testemunha, segundo Agamben (2008). Neste contexto, o protagonista da obra de Lispector retorna à cena mostrando
a impossibilidade de ele mesmo, como testemunha, decidir sobre o sentido público de seu ato. É pela intervenção do terceiro, o testis (AGAMBEN, 2008, p. 27), que se podem
emitir juízos. Aqui devemos ultrapassar o dolo individual, que traz a marca insistente do ressentimento, para entrar na esfera pública de discussão, também jurídica.
Por fim, trato da tarefa da narrativa histórica como o que chamo de enterramento do passado e em que sentido a narrativa institui a nomeação do que fora, algumas vezes mais que anônimo ou inominado, anonimado, e como ela preserva a memória daqueles e daquilo que não tiveram visibilidade enquanto viventes.
Tópicos do debate "Atividades de pesquisa de nível médio: desafios conceituais e metodológicos da área de Códigos e Linguagens no contexto EBTT", com os professores Maria Eugênia Sebba Ferreira de Andrade, Fernando Henrique Silva Carneiro... more
Tópicos do debate "Atividades de pesquisa de nível médio: desafios conceituais e metodológicos da área de Códigos e Linguagens no contexto EBTT", com os professores Maria Eugênia Sebba Ferreira de Andrade, Fernando Henrique Silva Carneiro e Thiago Cazarim (IFG - Senador Canedo). O debate ocorreu no dia dia 27 de maio de 2020 via webconferência e foi promovido pelo curso de Especialização em Docência na Educação Profissional, Técnica e Tecnológica (modalidade presencial) do IFG - campus Senador Canedo.
Research Interests:
Comunicação realizada na mesa "Censura e cerceamento da arte no IFG" do Encontro de Arte do Instituto Federal de Goiás - Transpiração, no dia 31 de outubro de 2018, às 09:00h no Cine Teatro São Joaquim, Cidade de Goiás - Goiás - Brasil.
Speech given during "Encontro de Arte do IFG - Transpiração" .
October 31st, 2018 -- 09:00 a.m.
Cine Teatro São Joaquim
Cidade de Goiás - Goiás - Brazil
Research Interests:
Research Interests:
Fala para a III Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária (JURA) – 09 de maio de 2016, 14:00h, no auditório do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás Mesa-redonda: "A luta é de quem? Temas... more
Fala para a III Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária (JURA) – 09 de maio de 2016, 14:00h, no auditório do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás

Mesa-redonda: "A luta é de quem? Temas transversais na busca por transformações sociais"
Research Interests:
A partir das categorias de criminalização, criminação e incriminação, propomos a realização de um estudo comparativo entre eventos envolvendo dois artistas brasileiros que, em tempos recentes, sofreram processos judiciais penais em... more
A partir das categorias de criminalização, criminação e incriminação, propomos a realização de um estudo comparativo entre eventos envolvendo dois artistas brasileiros que, em tempos recentes, sofreram processos judiciais penais em decorrência de algumas de suas obras. Interessa-nos aqui descrever não apenas o enquadramento penal das obras, mas principalmente analisar a lógica que permitiu o atrelamento de tipos penais existentes a condutas artísticas concretas – um processo que, como estudos sobre violência e crime alertam, não é automático nem se aplica igualmente a todas as condutas consideradas ilegais ou transgressoras sendo, consequentemente, fruto de intensas disputas e negociações sociais e políticas. O objetivo deste estudo, portanto, é apresentar um panorama da trajetória que conduz, social e politicamente, três gêneros artisticamente transgressores ao domínio do enquadramento penal.
Este texto foi apresentado no dia 06 de novembro de 2018 durante o IV Seminário do Núcleo de Pesquisas em Filosofia do Instituto Federal de Goiás - Câmpus Goiânia. Trata-se de uma versão preliminar de um artigo acadêmico no qual,... more
Este texto foi apresentado no dia 06 de novembro de 2018 durante o IV Seminário do Núcleo de Pesquisas em Filosofia do Instituto Federal de Goiás - Câmpus Goiânia. Trata-se de uma versão preliminar de um artigo acadêmico no qual, valendo-me de conceitos de Roland Barthes, John L. Austin e Teresa Pires do Rio Caldeira, tento situar a relação entre canções de rap, crime, direito e estatuto filosófico das linguagens artísticas. Meu argumento é que o chamado poder de "representar" do rap -- no sentido duplo de representação do real e de representação política de demandas sociais --, embora não deva ser descartado, produz ambiguidades arriscadas para o gênero musical, incluindo aquela que apaga completamente toda a diferença entre ficção e realidade, convertendo tematizações da violência e do crime com uma incitação à prática real de violência e crime. Ao questionar a categoria de representação, proponho uma ideia performativa de fala do crime (performativo no sentido de Austin e da própria categoria de Caldeira) que o toma como um efeito, por um lado, escritural e ficcional, e, por outro, necessário para reorganizar o campo do real.
Research Interests:
Plano de ensino da disciplina "Relações étnico-raciais" para o curso de bacharelado em Engenharia de Produção, Instituto Federal de Goiás - Campus Senador Canedo, 2020/1
Sumário das aulas ministradas no curso de Licenciatura em Música do Instituto Federal de Goiás - Campus Goiânia
Research Interests:
Programa da sessão "Poéticas do rap: tecnologias da palavra, do som e do corpo", integrante do minicurso organizado e co-ministrado por Patrícia Ricarte na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (14 e 15 de março de 2019)
Research Interests:
In this book, I sketch an Archaelogy of Musical Knowledge, following the path opened by Michel Foucault at the end of his "Archéologie du Savoir" regarding the possibility of making an archaeology of arts.
"O objetivo do presente texto é abordar algumas questões que perpassam processos variados de criminalização do rap. Tomando como ponto de partida os atos de fala que John L. Austin chama de comissivos, problematizo limites da ideia de que... more
"O objetivo do presente texto é abordar algumas questões que perpassam processos variados de criminalização do rap. Tomando como ponto de partida os atos de fala que John L. Austin chama de comissivos, problematizo limites da ideia de que canções de rap seriam performativas. Este problema está relacionado tanto ao famoso verso do rapper Sabotage (supracitado) quanto a disputas públicas em torno do alegado estatuto violento de certos subgêneros de rap – em especial do chamado gangsta rap norte-americano e da drill music britânica, nos quais certas formas de tematização da violência se tornam objetos de criminalização e preocupação pública.

[...]

Para dar um quadro das disputas sociais em torno do estatuto de performatividade do rap, analiso alguns casos de tentativas de criminalização do rap ao redor do mundo ao lado das reivindicações dos rappers de que o rap não é mera ficção e que, positivamente, produz efeitos performativos políticos. Em tal situação, penso que é necessário mostrar de que modo a ideia de compromisso – no sentido dos commissives de Austin – poderia representar, ao mesmo tempo, um perigo e uma necessidade vital para os rappers. Defendo que a complexidade deste tema está ligada diretamente ao efeito de implicação entre sujeitos e suas realidades que as canções de rap podem, ou não, efetuar. É esta a noção que permite articular a problemática jurídica, estética e política que atravessa as disputas sociais em torno do rap sem cessar "
Resumo: Esta tese se caracteriza como um ensaio filosófico sobre uma questão que atravessa diferentes produções musicais, discursos e práticas que tem no rap sua razão de ser. Trata-se do que chamo de clamor performativo do rap – isto é,... more
Resumo: Esta tese se caracteriza como um ensaio filosófico sobre uma questão que atravessa diferentes produções musicais, discursos e práticas que tem no rap sua razão de ser. Trata-se do
que chamo de clamor performativo do rap – isto é, a ideia de que este é um gênero musical dotado de diferentes “poderes de fazer”. No entanto, se esta performatividade assume, para os artistas, atores culturais e fãs ligados ao rap feições positivas – como o poder de transformar a realidade, de conscientizar socialmente ou de se fazer um instrumento de luta –, é também por um clamor performativo que autoridades estatais e discursos midiáticos muitas vezes atrelam ao rap o poder de incitar ao crime e à desordem pública, ou ainda de ameaçar valores estruturantes de uma convivência social pacífica e até mesmo a integridade física de pessoas reais. Assim, a formação de cadeias metafóricas performativas parece ser central para a apreciação, aceitação, rejeição e, eventualmente, assimilação sociocultural e econômica deste gênero. O ensaio aqui apresentado tenta pensar sobre os impactos, a necessidade e os riscos envolvidos na metaforização performativa do rap como gênero musical no qual estética e
política articulam e tensionam os limites entre o cotidiano e a ficção.

Abstract: This dissertation is a philosophical essay on an issue related to musical productions, speeches and practices that do not have rap as their raison d'être. It is what I call rap's performative claim – the idea that it is a musical genre endowed with different “powers of doing”. However, if this performativity assumes for artists, cultural actors and rap-related fans positive features – such as the power to transform reality, to become socially aware or to turn rap music an instrument of struggle – it is also through a performative claim that state officials and media speeches often harness to rap music a power to incite crime and public disorder, to uphold the structuring values of peaceful social coexistence and even the physical integrity of an individual. Thus, a formation of performative metaphorical chains seems to be central to the
appreciation, acceptance, rejection and, eventually, sociocultural and ecological assimilation of such music genre. This essay tries to think over the impact, the need, and the risks encompassed
in rap’s performative metaphorization as music genre, in which aesthetics and politics articulate and stress the boundaries between everyday life and fiction.

Resumen: Esta tesis se caracteriza por ser un ensayo filosófico sobre un tema que cruza diferentes producciones musicales, discursos y prácticas que tienen su razón de ser en el rap. Esto es lo que llamo el clamor performativo del rap, es decir, la idea de que el rap es un género musical dotado de diferentes “poderes de hacer”. Sin embargo, si esta performatividad asume, para artistas, actores culturales y aficionados rasgos positivos al rap – como el poder de transformar la realidad, sensibilizar socialmente o hacerse instrumento de lucha – también es por medio de un clamor performativo que las autoridades estatales y los discursos de los medios de comunicación a menudo imputan al rap un poder para incitar el crimen y el desorden público, para amenazar la estructuración de los valores de la convivencia social pacífica e incluso la integridad física de personas reales. Por lo tanto, la formación de cadenas metafóricas performativas parece ser central para la apreciación, la aceptación, el rechazo y, finalmente, la asimilación sociocultural y económica de este género. El ensayo presentado aquí intenta pensar sobre los impactos, la necesidad y los riesgos involucrados en la metaforización performativa del rap como género musical en el que la estética y la política articulan y tensan los límites entre la vida cotidiana y la ficción.
Resenha de:

SANTOS, D. S. Como fabricar um gangsta: masculinidades negras nos videoclipes de Jay-Z e 50 Cent. Salvador: Devires, 2019.

ISSN: 2526-5970
v. 4 n. 7 (2020): Black Mirror e Educação

Thiago Cazarim (IFG)
Jadson Chagas (IFG)
Resenha de: BACURAU. Direção de Kleber Mendonça Filho; Juliano Dornelles. Brasil/França: Vitrines Filmes, 2019. (131 min.), son., color. Dados bibliográficos: CAZARIM DA SILVA, T. Ironias sertanejas: sobre os arbítrios e... more
Resenha de: BACURAU.  Direção  de  Kleber  Mendonça  Filho;  Juliano  Dornelles. Brasil/França:  Vitrines  Filmes,  2019.  (131  min.),  son.,  color.

Dados bibliográficos:

CAZARIM DA SILVA, T. Ironias sertanejas: sobre os arbítrios e vazios de "Bacurau". Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 05, N. 03, 2019. Disponível em: <https://portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv 235>