Skip to main content
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega,... more
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega, Pierre Webó e Mouctar Diakhaby, entre 2020 e 2021. Opta-se por uma metodologia qualitativa, com a análise formal e textual de um corpus selecionado das primeiras páginas de periódicos generalistas e desportivos. Através deste estudo de caso, conclui-se que o corpus, na generalidade, representa uma condenação das alegadas atitudes racistas enquanto crime público, quer através do discurso linguístico quer através das imagens selecionadas, gerando uma narrativa de solidariedade para com os futebolistas envolvidos.
Entre abril de 1913 e maio de 1916, Júlio Dantas publicou 129 crónicas na 2ª série da Ilustração Portuguesa. Iniciada em fevereiro 1906, a 2ª série assumia-se como “Revista semanal dos acontecimentos da vida portuguesa – vida social, vida... more
Entre abril de 1913 e maio de 1916, Júlio Dantas publicou 129 crónicas na 2ª série da Ilustração Portuguesa. Iniciada em fevereiro 1906, a 2ª série assumia-se como “Revista semanal dos acontecimentos da vida portuguesa – vida social, vida política, vida artística, vida literária, vida mundana, vida sportiva, vida doméstica” e não incluiu até ao nº 374 qualquer crónica, ao invés do que sucedera em toda a 1ª série (1903-1906). Recuperando a crónica, o diretor Silva Graça entregou a responsabilidade da sua escrita a Júlio Dantas, num formato diverso do anterior que era de temática única; agora a crónica surge, “sob uma nova forma, a do comentário impressivo a idéas e factos, precedido do enunciado rápido desses factos ou d’essas idéas” porque “O leitor moderno lê ‘à la minute’: vinte linhas são suficientes para encontrar um aspecto novo, marcar uma figura, comentar uma iniciativa ou fixar um acontecimento” (Dantas 1913ª, p. 487). Dantas respeitou estes ditames: nas crónicas palpita a r...
O termo «colonial» desenterra fantasmas relacionados com leituras conexas a memórias, sentimentos de culpa e mágoas ainda incómodas. As narrativas coloniais são sobretudo um louvor à «missão» e à ação colonizadoras, assim como às gentes... more
O termo «colonial» desenterra fantasmas relacionados com leituras conexas a memórias, sentimentos de culpa e mágoas ainda incómodas. As narrativas coloniais são sobretudo um louvor à «missão» e à ação colonizadoras, assim como às gentes da metrópole e do território colonial, numa perspetiva de uma «natural» superioridade branca. Este artigo pretende cartografar preconceitos culturais do passado colonial através da análise de narrativas ficcionais sobre Angola e Moçambique, datadas entre os anos 20-60, que permitem um entendimento mais circunstanciado do pensamento e da representação do mundo colonial português do século XX.
No atual panorama cultural lusófono (2010–2020), vários artistas da geração da pós-memória (Hirsch, 2016), herdeiros do trauma colonial, têm vindo a desconstruir ou a reparar equívocos, injustiças e desigualdades consequentes do sistema... more
No atual panorama cultural lusófono (2010–2020), vários artistas da geração da pós-memória (Hirsch, 2016), herdeiros do trauma colonial, têm vindo a desconstruir ou a reparar equívocos, injustiças e desigualdades consequentes do sistema colonial, assim como há um conjunto de investigadores que lutam por políticas da memória mais justas, de modo a reparar a Europa na forma como pensou, classificou e imaginou os mundos distantes. A partir do romance de estreia de Yara Monteiro (1979–), Essa Dama Bate Bué! (2018), este artigo pretende analisar a forma como a condição pós-colonial e mestiça da “geração da pós-memória” lusófona é perspetivada. As memórias permitem indagar sobre o passado colonial e sobre as raízes e heranças culturais das gerações seguintes situadas “entre-lugares” (Bhabha, 1994/1998), como é exemplo o mestiço. Yara Monteiro enceta a discussão sobre o trauma, a mestiçagem, a humanidade, e ainda sobre uma possível universalidade ou uma possível reparação histórica, procur...
Neste artigo, pretende-se indagar sobre a representação do excecionalismo lusotropicalista do “modo de estar português no mundo”, assente na teoria do lusotropicalismo de Gilberto Freyre, na visão da escritora portuguesa Maria da Graça... more
Neste artigo, pretende-se indagar sobre a representação do excecionalismo lusotropicalista do “modo de estar português no mundo”, assente na teoria do lusotropicalismo de Gilberto Freyre, na visão da escritora portuguesa Maria da Graça Freire (1918–1993), em particular nas obras A primeira viagem, de 1953 e A terra foi-lhe negada, de 1958, onde se verifica uma oposição dúbia à “exceção” advogada pela retórica lusotropicalista das políticas do império colonial português. Por um lado, confirma-se uma oposição ao lusotropicalismo, isto é, a aptidão “inata” do homem português em se adaptar aos trópicos, em termos humanos, sociais e físicos, cultivando uma “harmoniosa” miscigenação entre as diferentes raças; por outro, verifica-se “uma mixórdia colonial-fascista”, num discurso amenamente politizado e integrado na ideolo-gia colonial do regime do Estado Novo.
The figure of Queen Nzinga Mbandi continues to be appreciated in fictional and/or historical narratives as a myth of postcolonial Angolan identity, allowing a continuous approach as to what concerns the modes of cultural representation.... more
The figure of Queen Nzinga Mbandi continues to be appreciated in fictional and/or historical narratives as a myth of postcolonial Angolan identity, allowing a continuous approach as to what concerns the modes of cultural representation. In this article, the works of Manuel Pedro Pacavira, Nzinga Mbandi (1975), Pepetela, A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997) and José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga e de como os africanos inventaram o mundo (2014) will be analyzed, as these authors, in different moments of the recent Angolan history, look at this emblematic figure, drawing on historical information produced by Cavazzi, Cadornega or Jean Louis Castilhon, among others. The works now in analysis reiterate the mythical figure of resistance to the European invaders, which was Nzinga Mbandi, or a strong orientation towards the nationalist exaltation supported by it, an evident strategy which, by the rescue of figures and cultural practices, is defined as a means to affirm negrit...
Reis Ventura, escritor e jornalista residente em Luanda nos anos 50-70 do seculo XX, redige obras de tematica colonial, nomeadamente sobre a comunidade branca em Angola, numa visao eurocentrica e lusotropical. No pos-independencia de... more
Reis Ventura, escritor e jornalista residente em Luanda nos anos 50-70 do seculo XX, redige obras de tematica colonial, nomeadamente sobre a comunidade branca em Angola, numa visao eurocentrica e lusotropical. No pos-independencia de Angola, lanca a obra Os dias da vergonha, que visa relatar os acontecimentos ocorridos desde a revolucao de abril de 1974 ate 11 de novembro de 1975. Mais de 40 anos depois do 25 de abril, Dulce Maria Cardoso recorda o “retorno” daquela mesma comunidade branca, no momento da descolonizacao. Havera consonâncias entre estas memorias vividas apesar de atores sociais diferentes? Numa leitura das obras de Reis Ventura e Dulce Maria Cardoso, sob a otica dos conceitos de memoria e vestigio, entre o cânone e arquivo, “desmemoria” ou esquecimento (Assmann 2016), indaga-se sobre a importância dos testemunhos para a construcao da memoria coletiva.
Henrique Teixeira de Sousa desenvolve na obra Ó mar de túrbidas vagas uma história de regressos cujo pano de fundo é a emigração cabo-verdiana para os Estados Unidos da América. De forma subtil, o autor reflete sobre aspetos da identidade... more
Henrique Teixeira de Sousa desenvolve na obra Ó mar de túrbidas vagas uma história de regressos cujo pano de fundo é a emigração cabo-verdiana para os Estados Unidos da América. De forma subtil, o autor reflete sobre aspetos da identidade cabo-verdiana num cruzamento bem-sucedido entre a sua escrita e os versos do poeta Eugénio Tavares, que cita de modo recorrente, e cujas palavras enformam esta história de regressos. Refletir sobre a obra de Henrique Teixeira de Sousa, a sua visão sobre a cabo-verdianidade e, em particular, sobre a emigração e os efeitos socioculturais consequentes tomando como ponto de partida o romance Ó mar de túrbidas vagas é o objeto de estudo que se propõe.
Henrique Teixeira de Sousa desenvolve na obra Ó mar de túrbidas vagas uma história de regressos cujo pano de fundo é a emigração cabo-verdiana para os Estados Unidos da América. De forma subtil, o autor reflete sobre aspetos da identidade... more
Henrique Teixeira de Sousa desenvolve na obra Ó mar de túrbidas vagas uma história de regressos cujo pano de fundo é a emigração cabo-verdiana para os Estados Unidos da América. De forma subtil, o autor reflete sobre aspetos da identidade cabo-verdiana num cruzamento bem-sucedido entre a sua escrita e os versos do poeta Eugénio Tavares, que cita de modo recorrente, e cujas palavras enformam esta história de regressos. Refletir sobre a obra de Henrique Teixeira de Sousa, a sua visão sobre a cabo-verdianidade e, em particular, sobre a emigração e os efeitos socioculturais consequentes tomando como ponto de partida o romance Ó mar de túrbidas vagas é o objeto de estudo que se propõe.
Resumo: Neste artigo, pretende-se indagar sobre a representação do excecionalismo lusotropicalista do "modo de estar português no mundo", assente na teoria do lusotropicalismo de Gilberto Freyre, na visão da escritora portuguesa Maria da... more
Resumo: Neste artigo, pretende-se indagar sobre a representação do excecionalismo lusotropicalista do "modo de estar português no mundo", assente na teoria do lusotropicalismo de Gilberto Freyre, na visão da escritora portuguesa Maria da Graça Freire (1918-1993), em particular nas obras A primeira viagem, de 1953 e A terra foi-lhe negada, de 1958, onde se verifica uma oposição dúbia à "exceção" advogada pela retórica lusotropicalista das políticas do império colonial português. Por um lado, confirma-se uma oposição ao lusotropicalismo, isto é, a aptidão "inata" do homem português em se adaptar aos trópicos, em termos humanos, sociais e físicos, cultivando uma "harmoniosa" miscigenação entre as diferentes raças; por outro, verifica-se "uma mixórdia colonial-fascista", num discurso amenamente politizado e integrado na ideolo-gia colonial do regime do Estado Novo. Palavras-chave: Lusotropicalismo, identidade, colonialismo, Maria da Graça Freire. Abstract: This article aims to inquire about the representation of the lusotropicalist exceptionalism of the "Portuguese way of being in the world", based on Gilberto Freyre's theory of lusotropi-calism, according to the interpretation of the Portuguese writer Maria da Graça Freire (1918-1993), in particular in the works A primeira viagem (1953) and A terra foi-lhe negada (1958), where there is dubious opposition to the "exception" advocated by the lusotropicalist rhetoric of the policies of the Portuguese colonial empire. On the one hand, an opposition to Lusotropicalism is confirmed, that is, the 'innate' aptitude of the Portuguese man to adapt to the tropics, in human, social and physical terms, cultivating a 'harmonious' miscegenation between the different races; on the other hand, there is 'a colonial-fascist mix', in a mildly politicised discourse integrated into the colonial ideology of the regime of the Estado Novo. Introdução Por forma a combater os resquícios de colonialidade que ainda possam sobreviver nos discursos sociais e políticos da atualidade em Portugal, considera-se pertinente a revi-sitação das narrativas coloniais, uma vez que são fontes fundamentais para a História, para a memória e para o entendimento do passado colonial português em África, pois, tal como afirma Ansgar Nünning, "as ficções literárias da memória não só fornecem um laboratório que torna observáveis os processos complexos, dinâmicos e recíprocos da recordação e do esquecimento, como geram conhecimento sobre a relação entre memória e esquecimento" (Nünning 241).
The figure of Queen Nzinga Mbandi continues to be appreciated in fictional and/or historical narratives as a myth of postcolonial Angolan identity, allowing a continuous approach as to what concerns the modes of cultural representation.... more
The figure of Queen Nzinga Mbandi continues to be appreciated in fictional and/or historical narratives as a myth of postcolonial Angolan identity, allowing a continuous approach as to what concerns the modes of cultural representation. In this article, the works of Manuel Pedro Pacavira, Nzinga Mbandi (1975), Pepetela, A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997) and José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga e de como os africanos inventaram o mundo (2014) will be analyzed, as these authors, in different moments of the recent Angolan history, look at this emblematic figure, drawing on historical information produced by Cavazzi, Cadornega or Jean Louis Castilhon, among others. The works now in analysis reiterate the mythical figure of resistance to the European invaders, which was Nzinga Mbandi, or a strong orientation towards the nationalist exaltation supported by it, an evident strategy which, by the rescue of figures and cultural practices, is defined as a means to affirm negritude.
[Recensão a] Blanchard, Pascal, Bancel, Nicolas, Boëtsch, Gilles, Taraud, Christelle, Thomas, Dominique org. (2018). Sexe, race & colonies. La domination des corps du XVe siècle à nos jours. Paris: La Découverte, 544 páginas, ISBN:... more
[Recensão a] Blanchard, Pascal, Bancel, Nicolas, Boëtsch, Gilles, Taraud, Christelle, Thomas, Dominique org. (2018). Sexe, race & colonies. La domination des corps du XVe siècle à nos jours. Paris: La Découverte, 544 páginas, ISBN: 978-2-348-03600-2
[Recensão]Lilian Thuram: La Pensée Blanche. Editora Philippe Rey, 2020, 318 pp
Research Interests:
Entre mulheres: representação da condição feminina em Gente feita de terra (2021), de Carla M. Soares
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega,... more
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega, Pierre Webó e Mouctar Diakhaby, entre 2020 e 2021. Opta-se por uma metodologia qualitativa, com a análise formal e textual de um corpus selecionado das primeiras páginas de periódicos generalistas e desportivos. Através deste estudo de caso, conclui-se que o corpus, na generalidade, representa uma condenação das alegadas atitudes racistas enquanto crime público, quer através do discurso linguístico quer através das imagens selecionadas, gerando uma narrativa de solidariedade para com os futebolistas envolvidos.