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Esse artigo propoe evidenciar as influencias e os fundamentos conceituais da elaboracao conceitual de Hans Ulrich Gumbrecht em torno de um campo nao hermeneutico, elaboracao conceitual que nas ultimas tres decadas vem se concentrando... more
Esse artigo propoe evidenciar as influencias e os fundamentos conceituais da elaboracao conceitual de Hans Ulrich Gumbrecht em torno de um campo nao hermeneutico, elaboracao conceitual que nas ultimas tres decadas vem se concentrando sobre termos como efeitos de presenca, presentificacao e presente amplo. Para tanto, o trabalho lanca luz sobre pensadores e referencias historicas que exercem influencia determinante sobre o desenvolvimento gradual de seu pensamento, em especial, Paul Zumthor e Martin Heidegger, a epoca medieval e a serenidade como postura existencial. Destacando essas referencias, analisa-se o movimento de retomada do corpo como origem e veiculo de um sentido que a interpretacao nao alcanca ou nao abarca. Por fim, busca-se demonstrar a relevância da teoria de Gumbrecht para as pesquisas da Estetica e da Filosofia da Arte contemporâneas.
A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polemica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de genero ao confiar em uma metodologia original, que nao rejeita as armadilhas de uma cultura viciada... more
A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polemica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de genero ao confiar em uma metodologia original, que nao rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociencia, tampouco simplesmente as abraca; mas, ao contrario, desenvolve uma metodologia que habita as ditas posicoes criticas por meio da ironia, da hiperbole e da iconoclastia. Essa abordagem e batizada aqui de hiperordenamento [ hypercommandeering ]: um neologismo que combina a afinidade hiperativa do excesso, da decadencia e da superproducao na pos-modernidade com as conotacoes politicas de ordenacoes do  blitzkrieg , necessarias a sobrevivencia num contexto como esse. Assim sendo, este projeto danca e se desvia entre figuras de linguagem na medida em que, dada a ontologia subjacente do  trickster , o ato de exagerar e inverter significados revela mais a respeito da verdade do que um argumento linear, desmentindo uma metalinguagem fingida...
Este trabalho propoe contrapor o conceito de jogo a certa vertente da arte contemporânea, discutindo dois tipos distintos de experiencias esteticas, tendo como metafora de analise uma propaganda da Nike divulgada por ocasiao da abertura... more
Este trabalho propoe contrapor o conceito de jogo a certa vertente da arte contemporânea, discutindo dois tipos distintos de experiencias esteticas, tendo como metafora de analise uma propaganda da Nike divulgada por ocasiao da abertura da Copa do Mundo de Futebol da Fifa, no Brasil, em 2014 . Essa contraposicao propoe pensar em que medida existe espaco, no pensamento estetico e na producao contemporânea, para o contingente e o prazer, e em que medida o artificio de argumentos e explanacoes teoricas serve para tornar a arte um jogo demasiadamente serio. O presente artigo tambem se pergunta se o jogo seria um modo possivel de pensar a ausencia de artificio na arte de hoje. PALAVRAS-CHAVE: jogo; arte contemporânea; experiencia estetica; Gumbrecht; Zumthor
O artigo propõe pensar e problematizar características e implicações de uma estética do performativo a partir dos trabalhos de Erika Fischer-Lichte e Paul Zumthor, se debruçando, em especial, sobre a duração situacional da performance... more
O artigo propõe pensar e problematizar características e implicações de uma estética do performativo a partir dos trabalhos de Erika Fischer-Lichte e Paul Zumthor, se debruçando, em especial, sobre a duração situacional da performance como poética artística e a evanescência de sua forma artística-estética, a qual se apresenta como contexto-dependente e contingente ao encontro com o público presente. Também levanta questões sobre a percepção da performance e sua presentificação, para, por fim, tecer comentários sobre crítica de arte de performances artísticas.
O presente artigo trabalha com a perspectiva da arte como espelho transformador das consciências, como defendido por Arthur Danto, em diálogo com a análise de Jacques Leenhardt sobre a obra “Etant Donnés”, de Marcel Duchamp, a fim de... more
O presente artigo trabalha com a perspectiva da arte como espelho transformador das consciências, como defendido por Arthur Danto, em diálogo com a análise de Jacques Leenhardt sobre a obra “Etant Donnés”, de Marcel Duchamp, a fim de pensar, em última instância, se a própria realidade poderia funcionar como um espelho, uma vez que habitamos um momento histórico em que a distinção entre arte e realidade perdeu sua evidência e em que estamos submersos em reflexos (selfies e black mirrors) e imagens clichês (imagens readymades) em excesso.
Este artigo propõe pensar as implicações filosóficas do fim da arte como objeto material estável para a percepção e recepção estéticas. Nesse sentido, toma como referências propostas artísticas contraculturais de fins da década de 1950... more
Este artigo propõe pensar as implicações filosóficas do fim da arte como objeto material estável para a percepção e recepção estéticas. Nesse sentido, toma como referências propostas artísticas contraculturais de fins da década de 1950 aos anos 1970 que se realizam como ação de um corpo que compartilha o espaço e o tempo com seu público. Assim esse trabalho se apoia nas proposições de Paul Zumthor e Erika Fischer-Lichte a fim de pensar o que poderíamos chamar de Estética do performativo, vertente que aborda a arte como ação e acontecimento, além de compartilhar reflexes iniciais sobre as possibilidades da crítica de performance e a experiência estética como parte constitutiva das obras performáticas
Esse artigo é uma réplica ao texto de Pedro Hussak intitulado “A memória do que não passou: Leila Danziger e a elaboração da memória da ditadura brasileira na artes visuais”.
Sob a regência dos valores modernos de racionalidade e objetividade, o cotidiano e a cultura em torno do conhecimento científico parecem embotar nosso raciocínio em significados prontos e discursos pretensamente verdadeiros. Por outro... more
Sob a regência dos valores modernos de racionalidade e objetividade, o cotidiano e a cultura em torno do conhecimento científico parecem embotar nosso raciocínio em significados prontos e discursos pretensamente verdadeiros. Por outro lado, em uma dimensão artística que foge às sistematizações imanentes a esse contexto, podemos nos ver diante de uma experiência diferenciada – a da plurivocidade, da oscilação entre significações, no trânsito entre camadas de sentido que não se pretendem unívocas. Nesta perspectiva, este artigo objetiva estabelecer um diálogo entre a obra de Martin Heidegger e Paul Zumthor no que concerne à investigação da poesia enquanto um campo privilegiado de manifestação da linguagem. Para tanto, será localizado o lugar e a importância do discurso poético no pensamento de cada um deles, e, por fim, será realizada uma análise, pautada sobretudo em uma possível relação entre o conceito de movência em Zumthor e a noção heideggeriana de velamento/desvelamento do Ser.
Traduzido para o português por Mariana Lage e Matheus de Simone. RESUMO: A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma... more
Traduzido para o português por Mariana Lage e Matheus de Simone. RESUMO: A pesquisa de Donna Haraway realiza uma dura polêmica contra a perspectiva essencialista presente nas teorias feministas e nos estudos de gênero ao confiar em uma metodologia original, que não rejeita as armadilhas de uma cultura viciada em tecnociência, tampouco simplesmente as abraça; mas, ao contrário, desenvolve uma metodologia que habita as ditas posições críticas por meio da ironia, da hipérbole e da iconoclastia. Essa abordagem é batizada aqui de hiperordenamento [hypercommandeering]: um neologismo que combina a afinidade hiperativa do excesso, da decadência e da superprodução na pós-modernidade com as conotações políticas de ordenações do blitzkrieg, necessárias à sobrevivência num contexto como esse. Assim sendo, este projeto dança e se desvia entre figuras de linguagem na medida em que, dada a ontologia subjacente do trickster, 5 o ato de exagerar e inverter significados revela mais a respeito da verdade do que um argumento linear, desmentindo uma metalinguagem fingida e, portanto, imperialista. Esse é o caminho da geratividade, e não de objetivos finais-de ser capaz de falar todas as línguas possíveis por meio da heteroglossia metodológica, a partir da qual se origina uma instância política que não é a de anarquismo nem a de imperialismo, mas a de uma cabeça de Janus. As estratégias do trickster podem atacar os flancos da cortina de ferro da metonímia e violá-la por meio do artifício. Um exemplo de hiperordenamento é dado por meio de uma leitura do desfile VOSS de primavera/verão de 2011 do estilista Alexander McQueen. Matheus de Simone é artista e mestrando em Artes, Culturas e Linguagens, no Instituto de Artes e Design na UFJF. 5 Optou-se por manter a palavra em inglês devido à sua riqueza semântica, incapaz de ser contida em apenas uma palavra em português. Arquétipo de uma entidade ao mesmo tempo divina e mortal/animal, o trickster é aquele que inverte hierarquias, subverte regras e comportamentos sociais, atravessa fronteiras a partir de uma postura inteligente, algumas vezes tola, brincalhona, mas sobretudo ardilosa e inesperada. Apenas quando, em poucos momentos deste artigo, a palavra trickster aparece como adjetivo de determinados atos e posturas, optou-se por traduzir por ardiloso (N. T.).
Esta entrevista foi realizada por ocasião da visita de Gumbrecht a Belo Horizonte em março de 2015. À época, conversávamos sobre as relações de tangências entre seu conceito de produção de presença e as obras de Paul Zumthor e Martin... more
Esta entrevista foi realizada por ocasião da visita de Gumbrecht a Belo Horizonte em março de 2015. À época, conversávamos sobre as relações de tangências entre seu conceito de produção de presença e as obras de Paul Zumthor e Martin Heidegger, além de temas mais recentes em suas aulas na Universidade de Stanford, como presente amplo, contingência, latência e “Explosões do Esclarecimento”. No ano seguinte, com a organização de uma publicação em português de artigos em torno da produção de presença, a entrevista foi expandida e publicada como parte do livro “Serenidade, presença e poesia”, lançado pela editora Relicário (Belo Horizonte, 2016).
Resumo: Este artigo propõe pensar as implicações filosóficas do fim da arte como objeto material estável para a percepção e recepção estéticas. Nesse sentido, toma como referências propostas artísticas contraculturais de fins da década de... more
Resumo: Este artigo propõe pensar as implicações filosóficas do fim da arte como objeto material estável para a percepção e recepção estéticas. Nesse sentido, toma como referências propostas artísticas contraculturais de fins da década de 1950 aos anos 1970 que se realizam como ação de um corpo que compartilha o espaço e o tempo com seu público. Assim esse trabalho se apoia nas proposições de Paul Zumthor e Erika Fischer-Lichte a fim de pensar o que poderíamos chamar de Estética do performativo, vertente que aborda a arte como ação e acontecimento, além de compartilhar reflexes iniciais sobre as possibilidades da crítica de performance e a experiência estética como parte constitutiva das obras performáticas. Palavras-Chave: performance, performativo, arte da ação, movência, forma artística. Abstract: This article proposes to think the philosophical implications of the end of art as a stable material object for aesthetic perception and reception. Thus, it takes as its references countercultural artistic proposals, such as those from the late 1950s to the 1970s, that take place as an action that shares space, time and physical presence with the audience. Thus, based on the propositions of Paul Zumthor and Erika Fischer-Lichte this article thinks about what could call as performative aesthetic, which deals with art as action and event, as well as shares initial reflections on the possibilities of performance criticism and aesthetic experience as a constituent part of performance works. Muitas foram e são as ocasiões em que se disserta sobre a morte da arte ou o fim de um determinado tipo de produção artística. A grande discussão em torno do fim da arte entendida como objeto estável e/ ou permanente, transformando-se em algo relacional, imaterial e evanescente, acontece com as poéticas contemporâneas em seus começos contraculturais em fins da década de 1950, com artistas como John Cage e Allan Kaprow. As proposições Fluxus, os happenings e as performances evidenciavam naquele período o advento de um fazer artístico entendido como determinantemente relacional-portanto, fadado a desaparecer, ou a permanecer apenas como registro e memória. As discussões e o impulso artístico da época muitas vezes eram reconhecidamente contra a possibilidade de a obra se tornar mais um bem material, uma comodity sobre a qual se especula no mercado financeiro. O impulso se concentrava, portanto, sobre a dissolução da obra como objeto, transformando-a num acontecimento, numa ação, numa experiência. No presente artigo, me debruço sobre as implicações filosóficas da performance, me apoiando, em especial, em autores como Paul Zumthor (1993; 2007; 2009) e Erika Fischer-Lichte (2008), a fim de pensar o que se
Este artigo propõe evidenciar as influências e os fundamentos próprios à elaboração conceitual de Hans Ulrich Gumbrecht em torno de um campo não hermenêutico, elaboração conceitual que nas últimas três décadas vem se concentrando sobre... more
Este artigo propõe evidenciar as influências e os fundamentos próprios à elaboração conceitual de Hans Ulrich Gumbrecht em torno de um campo não hermenêutico, elaboração conceitual que nas últimas três décadas vem se concentrando sobre termos como “efeitos de presença”, “presentificação” e “presente amplo”. Para tanto, o trabalho lança luz sobre
pensadores e referências históricas que exercem influência determinante sobre o desenvolvimento gradual de seu pensamento, em especial Paul Zumthor e Martin Heidegger, a época medieval e a serenidade como postura existencial. Destacando essas referências, analisa-se o movimento de retomada do corpo como origem e veículo de um sentido que a
interpretação não alcança ou não abarca. Por fim, busca-se demonstrar a relevância da teoria de Gumbrecht para as pesquisas da estética e da filosofia da arte contemporâneas.
Palavras-chave: Presença; Corpo; Sentido; Experiência estética; Gelassenheit
Esse artigo é uma réplica ao texto de Pedro Hussak intitulado “A memória do que não passou: Leila Danziger e a elaboração da memória da ditadura brasileira na artes visuais”.
Palavras-chave: Leila Danziger – Hiatus – estética brasileira
Research Interests:
Sob a regência dos valores modernos de racionalidade e objetividade, o cotidiano e a cultura em torno do conhecimento científico parecem embotar nosso raciocínio em significados prontos e discursos pretensamente verdadeiros. Por outro... more
Sob a regência dos valores modernos de racionalidade e objetividade, o cotidiano e a cultura em torno do conhecimento científico parecem embotar nosso raciocínio em significados prontos e discursos pretensamente verdadeiros. Por outro lado, em uma dimensão artística que foge às sistematizações imanentes a esse contexto, podemos nos ver diante de uma experiência diferenciada – a da plurivocidade, da oscilação entre significações, no trânsito entre camadas de sentido que não se pretendem unívocas. Nesta perspectiva, este artigo objetiva estabelecer um diálogo entre a obra de Martin Heidegger e Paul Zumthor no que concerne à investigação da poesia enquanto um campo privilegiado de manifestação da linguagem. Para tanto, será localizado o lugar e a importância do discurso poético no pensamento de cada um deles, e, por fim, será realizada uma análise, pautada sobretudo em uma possível relação entre o conceito de movência em Zumthor e a noção heideggeriana de velamento/desvelamento do Ser.
"Não podemos esperar que só assembleias e protestos produzam mudanças". Judith Butler tem se mostrado uma pensadora cada vez mais relevante não só nos Estudos de Gênero, mas também na Ética e na Filosofia Política. Nesta entrevista para o... more
"Não podemos esperar que só assembleias e protestos produzam mudanças". Judith Butler tem se mostrado uma pensadora cada vez mais relevante não só nos Estudos de Gênero, mas também na Ética e na Filosofia Política. Nesta entrevista para o tradutor Rogério Bettoni e a pesquisadora Mariana Lage, Butler fala sobre seus livros mais recentes, o aumento da intolerância no mundo, mobilizações políticas, Palestina e identidades de gênero. As questões que propõe – e as ideias que desenvolve sobre elas em sua obra – são muito precisas como retrato da contemporaneidade, e seu papel tem sido mais o de propor saídas aos problemas pelo viés do olhar inclusivo do que se munir de constatações datadas. Sua fala se mostra relevante para um contínuo debate político e social, especialmente no momento em que obras e exposições de arte são vetadas ou canceladas (vide " Queermuseu " , em Porto Alegre), espetáculos de teatro são proibidos pela Justiça (vide a peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, de Jo Clifford, em Jundiaí), e a Câmara dos Deputados abre margem mais uma vez para que homossexuais sejam tratados como doentes.

www.revistacult.uol.com.br/home/judith-butler-nao-podemos-esperar-que-so-assembleias-e-protestos-produzam-mudanca/
Research Interests:
Artigo ensaístico sobre a "Resiliência: Residência Artística", residência artística em performance e arte sonoroa, ocorrida em fevereiro de 2017, na Area de Proteção Ambiental da Serrinha do Alambari, no Rio de Janeiro, de curadoria de... more
Artigo ensaístico sobre a "Resiliência: Residência Artística", residência artística em performance e arte sonoroa, ocorrida em fevereiro de 2017, na Area de Proteção Ambiental da Serrinha do Alambari, no Rio de Janeiro, de curadoria de Cinthia Mendonça e Andreas Trobollowitsch
Research Interests:
Texto crítico sobre as apresentações finais realizadas na residência artística.
Este artigo pretende realizar um exercício de análise estético-queer, propondo relações entre as desconstruções de gênero (artístico) da biografia nas obras Orlando, uma biografia, de Virginia Woolf, e Sergio e Simone, de Virginia de... more
Este artigo pretende realizar um exercício de análise estético-queer, propondo relações entre as desconstruções de gênero (artístico) da biografia nas obras Orlando, uma biografia, de Virginia Woolf, e Sergio e Simone, de Virginia de Medeiros, e de gênero (masculino, feminino) nas teorias de Judith Butler e Paul-Beatriz Preciado. Pretende-se evidenciar, na interseção entre a arte, a estética e os estudos queer, as diversas formas de desconstrução de binarismos, a partir, em especial, da evidenciação de sujeitos desviantes.

PALAVRAS-CHAVE: Estética; Queer; Pós-biografias; Arte; Gênero.
Research Interests:
Em torno do final da década de 1970, o filólogo suíço Paul Zumthor alterou a direção metodológica de suas pesquisas em torno da poesia oral medieval: de uma perspectiva estruturalista e semiótica a uma abordagem mais diversificada e... more
Em torno do final da década de 1970, o filólogo suíço Paul Zumthor alterou a direção metodológica de suas pesquisas em torno da poesia oral medieval: de uma perspectiva estruturalista e semiótica a uma abordagem mais diversificada e abrangente, que incluía contribuições da antropologia, etnografia, da linguística, da fenomenologia e da estética. Ao analisar diversas formas contemporâneas e arcaicas de comunicação poética oral em redor do mundo, ele compreendeu o caráter essencialmente corporal, dinâmico e movente da forma poética. Tendo como objeto de pesquisa poesias da Idade Média secular, da África Ocidental, do sertão brasileiro, do folk norte-americano, dos nômades do Saara aos maori da Nova Zelândia, Zumthor reconhece que, mais do que oralidade, tratava-se de falar em vocalidade, assumindo o aspecto de ação e engajamento corporal envolvidos na comunicação poética. Ao destacar, deste modo, a corporeidade da produção, transmissão e recepção da poesia vocal, Zumthor utiliza a noção de performance para compreender um fenômeno sobretudo fugidio, evanescente, reiterante e sempre movente: a poeticidade como corporeidade, ou ainda,  o fato de que a forma da poesia somente surge no momento aqui agora de uma percepção. O aparecimento deste conceito em Zumthor marca também a ousadia do autor em propor que a teoria literária, a análise estética e a filologia tratem de seus objetos de pesquisa de forma mais aberta e sobretudo menos totalizante, permitindo, deste modo, que as ciências humanas exercessem, como dizia, um pouco mais de “imaginação crítica”. Embora para Zumthor a performance advenha das pesquisas etnográficas e do folclore, é possível perceber contribuições da performance como poética artística contemporânea, demonstrando que uma abordagem performativa da arte e da literatura, essencialmente corporal e contingente, se situa para além das dicotomias, tais como real e representação, arte e vida, significado e superfície, forma e conteúdo. Nesta perspectiva, a forma estética/poética, entendida como performance, somente vem a ser enquanto um instante – dependente da contingência aqui e agora de um corpo (copresente ao performer e ao poeta) que percebe. Em outras palavras, a forma estética e/ou poética é um acontecimento; um acontecimento que se forma e/ou conforma no mesmo instante em que se retira e desvanece, permanecendo como forma estética-poética para uma percepção e uma experiência. Desta forma, o trabalho não só analisa o papel preponderante da performance nas pesquisas de Zumthor, como destaca as contribuições recíprocas entre uma estética do performativo (tanto na Estética quanto na teoria literária) e as artes contemporâneas. Em última instância, visa-se apreender, com o conceito de performance de Zumthor, a qualidade mesma do estético como acontecimento, instante e movência.
Research Interests:
O presente artigo trabalha com a perspectiva da arte como espelho transformador das consciências, como defendido por Arthur Danto, em diálogo com a análise de Jacques Leenhardt sobre a obra “Etant Donnés”, de Marcel Duchamp, a fim de... more
O presente artigo trabalha com a perspectiva da arte como espelho transformador das consciências, como defendido por Arthur Danto, em diálogo com a análise de Jacques Leenhardt sobre a obra “Etant Donnés”, de Marcel Duchamp, a fim de pensar, em última instância, se a própria realidade poderia funcionar como um espelho, uma vez que habitamos um momento histórico em que a distinção entre arte e realidade perdeu sua evidência e em que estamos submersos em reflexos (selfies e black mirrors) e imagens clichês (imagens readymades) em excesso.

Palavras-chave: imagem readymade – arte contemporânea – Arthur Danto – Jacques Leenhardt – espelho
Research Interests:
Apresentação à coletânea de ensaios traduzidos para o português "Serenidade, presença e poesia", de Hans Ulrich Gumbrecht (Relicário Edições, 2016)
Research Interests:
Este trabalho contrapõe o conceito de jogo a certa vertente da arte contemporânea, discutindo dois tipos distintos de experiências estéticas, tendo como metáfora de análise uma propaganda da Nike divulgada por ocasião da abertura da Copa... more
Este trabalho contrapõe o conceito de jogo a certa vertente da arte contemporânea, discutindo dois tipos distintos de experiências estéticas, tendo como metáfora de análise uma propaganda da Nike divulgada por ocasião da abertura da Copa do Mundo de Futebol da Fifa, no Brasil, em 2014. Esta contraposição propõe pensar em que medida existe espaço, no pensamento estético e na produção contemporânea, para o contingente e o prazer, e em que medida o artifício de argumentos e ex-planações teóricas serve para tornar a arte um jogo demasiadamente sério. O presente artigo tam-bém se pergunta se o jogo seria um modo possível de pensar a ausência de artifício na arte de hoje. PALAVRAS-CHAVE: Jogo; arte contemporânea; experiência estética; Gumbrecht; Zumthor.

Having as analysis metaphor a Nike's advertisement, launched during the opening of 2014 Brazilian World Coup, this paper opposes the concept of play to a certain aspect of contemporary art, discussing two types of aesthetic experience. This contraposition of terms intends to shed light on the possibilities of making space for pleasure and contingency in contemporary production and theory of art, as much as putting the question whether the artifice of theoretical arguments could turn art into an excessively serious play. The present paper puts as an open question if play could be a way of thinking a lack of artifice in the production and reception of art nowadays. ABSTRACT ARRISQUE TUDO OU NADA-MARIANA LAGE MIRANDA | www.pos.eco.ufrj.br
Research Interests:
Esta tese investiga a natureza da experiência estética contemporânea e propõe uma constelação de conceitos a fim de direcionar a abordagem filosófica da arte para uma perspectiva aberta ao contingente, ao jogo, ao acontecimento, à... more
Esta tese investiga a natureza da experiência estética contemporânea e propõe uma constelação de conceitos a fim de direcionar a abordagem filosófica da arte para uma perspectiva aberta ao contingente, ao jogo, ao acontecimento, à performance, à vivência sensorial e ao prazer epifânico.
No lugar de uma Estética que se concentra sobre as noções de obra de arte, mundo da arte, ficção ou que acredita que o papel da arte contemporânea é colocar reiteradamente a pergunta “isso é arte?” e “por que isso é arte?”, defendo a primazia da experiência estética enquanto vivência [Erlebnis], engajamento do corpo e como tônus da presença. Discutindo os conceitos de performance de Paul Zumthor e de presença de Hans Ulrich Gumbrecht, relaciono-os a inúmeros exemplos de arte contemporânea, de John Cage (1952) a Marina Abramovic (2014), propondo que a experiência aconteça menos como apreensão de um sentido estável e mais como uma epifania, como uma forma contingente, como um prazer efêmero e incomunicável. Dos escritos sobre presença de Gumbrecht, herdamos a importância da Gelassenheit de Heidegger para a fundação de um tônus da presença: um estar disponível, relaxado e com os sentidos em vigília, para o aqui agora de uma presença.
Numa época em que vivemos a fissura do tempo cronólogico histórico, em que emerge uma cronofobia e a sensação de um eterno agora e um presente amplo, o tônus da presença chama a atenção para uma experiência estética mais corporal e espacial, mais entregue ao presente.
Research Interests:
Dissertação de mestrado que examina a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss como alternativa teórica para a arte e a experiência estética contemporânea. Analisa-se a proposta de Jauss sobre a arte contemporânea sendo um objeto... more
Dissertação de mestrado que examina a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss como alternativa teórica para a arte e a experiência estética contemporânea. Analisa-se a proposta de Jauss sobre a arte contemporânea sendo um objeto ambíguo e indeterminado no qual poiesis e aisthesis estão numa espécie de confusão e intercâmbio constante de papeis.
Research Interests:
Ensaio sobre escrita e o queer, a partir do livro "Argonautas", de Maggie Nelson
Research Interests:
Entrevista com Hans Ulrich Gumbrecht. Desde pelo menos os anos 1980, o historiador, crítico literário, professor da Universidade de Stanford, Hans Ulrich Gumbrecht, tem trabalhado com conceitos que fomentam o que ele chama de “campo não... more
Entrevista com Hans Ulrich Gumbrecht.
Desde pelo menos os anos 1980, o historiador, crítico literário, professor da Universidade de Stanford, Hans Ulrich Gumbrecht, tem trabalhado com conceitos que fomentam o que ele chama de “campo não hermenêutico”. A busca por uma abordagem menos interpretativa e mais aberta tanto para as coisas do mundo quanto para vivências e experiências estéticas impregnam seu trabalho intelectual e sua postura como professor. Circundando constantemente os temas da presença e Stimmung (atmosfera, humor, tonalidade afetiva), seu pensamento opera guiado e contaminado, principalmente, por afetos, intuições, estesias e pela intensidade com que as coisas do mundo impressionam nossos
corpos.
Entrevista com Mariana Lage, professora de Filosofia e Kundalini
Yoga, pesquisadora de Estética, tradutora, jornalista, poeta, romancista e artista plástica.