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Este trabalho se junta ao esforço coletivo da intelectualidade negro-brasileira em produzir um balanço sobre a aplicação da lei 10.639/2003, no contexto em que ela completa vinte anos de promulgação. A lei surge no contexto em que, no... more
Este trabalho se junta ao esforço coletivo da intelectualidade negro-brasileira em produzir um balanço sobre a aplicação da lei 10.639/2003, no contexto em que ela completa vinte anos de promulgação. A lei surge no contexto em que, no Brasil, as
políticas de ações afirmativas ganham espaço no âmbito estatal devido a pressão advinda dos movimentos sociais. A proposição da lei se irmana com uma série de outras conquistas desses movimentos, como as leis de cotas para ingresso da população negra no ensino superior; obrigatoriedade de candidaturas negras nas eleições; e a cota obrigatória para pessoas negras nos concursos públicos, entre outras. As ações afirmativas efetivadas no ambiente educacional, como as cotas e as leis referidas, causaram um abalo nos campos políticos e epistêmicos das universidades brasileiras, como demonstram uma série de pesquisas. Porém, esse impacto visível na universidade pública não é igualmente verificado na educação básica, não houve, nesse nível educacional, a reforma curricular que começa a se forjar em algumas universidades brasileiras. Por isso, há uma lacuna ainda por cumprir, mesmo na universidade, mas sobretudo, na educação básica, e a intensificação das pesquisas que visem identificar a aplicação das leis nesse nível de ensino é um instrumento fundamental para compreendermos se essas mudanças têm reverberado, e se tem chegado à escola pública, e de que forma isso tem acontecido. Buscando esboçar um caminho para essas respostas este trabalho visa apresentar os resultados parciais do projeto Cartografando modos de fazer: aplicação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 em escolas do Município de Itaberaba/BA, aprovado pelo edital nº 136, de 23 de outubro de 2020, é desenvolvido pelo Instituto Federal Baiano, Campus Itaberaba, a partir do NEABI e pelo Perifa.
"Assim, as leituras de suas obras, debates e análises em sala de aula não devem ser mobilizadas por uma vontade de integração desses autores a grade discursivas e estéticas nas quais a cronologia da literatura nacional os localiza, mas... more
"Assim, as leituras de suas obras, debates e análises em sala de
aula não devem ser mobilizadas por uma vontade de integração desses autores a grade discursivas e estéticas nas quais a cronologia da
literatura nacional os localiza, mas antes, pela desintegração dessas
demarcações agenciadas pela presença negra. Com isso, a aparição de
um Augusto dos Anjos não visará, por exemplo, reforçar o conjunto de
aspectos estéticos e discursivos que demarcam o quadro geral do que
se chama pré-modernismo, mas ao contrário sua aparição inviabiliza
a apresentação homogênea, a cronologia linear e as demarcações fixas,
desse próprio pré-moderno, exibindo a incoerência de sua taxonomia."
Pequeno ensaio sobre o livro de Ricardo Aleixo "Diário da Encruza", publicado em 2022 e finalista do Prêmio Oceanos.
A nossa Grécia varia muito e o que nos resta dela são ossos descarnados, insuficientes talvez para recompô-la como foi em vida, e totalmente incapazes para nos mostrar ela viva, a sua alma, as ideias que a animavam, os sonhos que queria... more
A nossa Grécia varia muito e o que nos resta dela são ossos descarnados, insuficientes talvez para recompô-la como foi em vida, e totalmente incapazes para nos mostrar ela viva, a sua alma, as ideias que a animavam, os sonhos que queria ver realizados na Terra, segundo os seus pensamentos. Atermo-nos a eles, assim variável e fugidia, é impedir que realizemos o nosso ideal, aquele que está na nossa consciência, vivo no fundo de nós mesmos, para procurar a beleza em uma carcaça cujos ossos já se fazem pó.
A ideia de apresentar esse texto como um ensaio aberto visa tanto reforçar seu aspecto especulativo, como seu aspecto inconcluso. Nossa ideia é apontar a antinegritude como modo organizador dos mitos fundacionais do... more
A  ideia  de  apresentar  esse  texto  como  um  ensaio  aberto  visa  tanto reforçar seu aspecto especulativo, como seu aspecto inconcluso. Nossa ideia  é  apontar  a  antinegritude  como  modo  organizador  dos  mitos fundacionais  do  Brasil,  buscando  sugerir  que  há  uma  indissociabilidade entre  o  mito  da  democracia  racial  e  os  mitos  de  fundação.  Para  isso apontamos  como  origem  do  mito  da  democracia  racial  o  romance Iracema  de  Alencar,  e  não  as  cenas  modernistas  que,  para  nós, atualizam  os  mitos,  mas  não  os  fundam.  Para  tanto,vamos  discutir questões ligadas ao problema da dependência cultural e da produção da identidade nacional no modernismo brasileiro, buscando conectá-los brevemente  com  a  produção  de  uma  nacionalidade  ligada  a antinegritude.
Entrevista de Luiz Silva - CUTI - à Jorge Augusto e Maria Dolores Sosin Rodriguez, publicada na Revista Paraguaçu, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Março de 2023.
Research Interests:
Catálogo SESC Mogi das Cruzes. Cem anos sem Lima Barreto, 2022.
Research Interests:
Este ensaio tem como objetivo especular sobre as relações entre racismo estrutural, pandemia da covid-19 e educação. Nosso intuito é discutir como o estado pandêmico exacerbou as desigualdades sociais já bastante marcadas na sociedade... more
Este ensaio tem como objetivo especular sobre as relações entre racismo
estrutural, pandemia da covid-19 e educação. Nosso intuito é discutir
como o estado pandêmico exacerbou as desigualdades sociais já
bastante marcadas na sociedade brasileira, buscando investigar, não
apenas, as formas nas quais essa intensifi cação se materializou, mas
também, as consequências desse processo, para o ambiente educacional
brasileiro, e seus diferentes agentes, mas sobretudo os docentes negros
e negras.

Dados bibliográficos:

Educação e pandemia : relatos de experiência, abordagens
críticas e futuros possíveis / Carla Machado, Juliana
Carvalhais, Jorge Augusto [organizadores] – Salvador :
Segundo Selo, 2022.
180 p.

ISBN 978-65-86754-77-3
Nas últimas décadas a literatura negra/afro-brasileira/negro-brasileira tem alargado de forma significativa o alcance, a dimensão e o escopo daquilo que se convencionou chamar de literatura brasileira. Condições de possibilidade inéditas... more
Nas últimas décadas a literatura negra/afro-brasileira/negro-brasileira tem alargado de forma significativa o alcance, a dimensão e o escopo daquilo que se convencionou chamar de literatura brasileira. Condições de possibilidade inéditas permitiram a solidificação do debate e instituição acadêmica de disciplinas e pesquisas que se voltaram à temática da produção textual de pessoas negras.
No centenário de morte do autor de "Triste Fim de Policarpo Quaresma", o crítico literário e pesquisador Jorge Augusto Silva fala sobre o legado de sua obra uma publicação do grupo do
Research Interests:
Texto integra a edição comentada de Triste Fim de Policarpo Quaresma, da Editora Antofágica.
Referência:  BARRETO, LIMA. Triste fim de  Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro. Antofágica, 2021.
Apresentamos um esboço de debate para a ideia de crise da literatura brasileira, com o intuito de abrir os caminhos de leitura para a obra: Literatura em tempos de crise.
No presente ensaio, desde uma perspectiva transdisciplinar, objetivamos refletir sobre as dimensões político-sociais da pandemia de covid-19 no Brasil a partir dos marcadores sociais de diferença. Ao nos debruçarmos sobre os dilemas que... more
No presente ensaio, desde uma perspectiva transdisciplinar, objetivamos refletir sobre as dimensões político-sociais da pandemia de covid-19 no Brasil a partir dos marcadores sociais de diferença. Ao nos debruçarmos sobre os dilemas que envolvem a educação e a democracia no país, por meio da categoria "efeito colateral" e em diálogo com as reflexões de Arendt, Santos, Agamben e Mbembe, chegamos à conclusão de que as discussões sobre a pandemia não se reduzem a uma dimensão epidemiológica e/ou biomédica, antes, estão articuladas a complexas relações de saber-poder que expõem ainda mais a sua face violenta, racista, sexista e autoritária.
"[...]A literatura brasileira, sua história e sua crítica, foram erigidas a partir de uma “vontade de semelhança” que se inscreveu na cultura brasileira a partir da “colonialidade do saber” e do poder. (QUIJANO, 2010). Esse processo... more
"[...]A literatura brasileira, sua história e sua crítica, foram erigidas a partir de uma “vontade de semelhança” que se inscreveu na cultura brasileira a partir da “colonialidade do saber” e do poder. (QUIJANO, 2010). Esse processo duplica, no plano epistêmico, a violência colonial e reproduz, no corpus de uma semiose nacional, a interdição, morte e silenciamento dos sujeitos subalternizados no enredo da nação.
Um conjunto de dispositivos discursivos, conhecido pelo nome de “método”, opera como maquinaria de controle dos enunciados, mantendo a produção da semelhança sempre em funcionamento. Nessa engenharia as disciplinas funcionam, também, como espaços hiperpanópticos de controle epistêmico.[...]
"Talvez tenha sido Gregory Rabassa, em O negro na ficção brasileira, quem primeiro apontou a antecipação estético-discursiva do modernismo brasileiro na obra de Lima Barreto, “De certa forma, mesmo estando completamente divorciado dos... more
"Talvez tenha sido Gregory Rabassa, em O negro na ficção brasileira, quem primeiro apontou a antecipação estético-discursiva do modernismo brasileiro na obra de Lima Barreto, “De certa forma, mesmo estando completamente divorciado dos modernistas, tanto por sua idade quanto por tendências, uma comparação retrospectiva da sua obra e da finalidade daquele movimento literário poderia justificar a afirmativa de que ele foi o único que preencheu os objetivos do modernismo primeiramente postulados na Semana de Arte Moderna em São Paulo.”  (1965. p 365)".
Neste texto buscamos traçar um breve panorama da tradição eurocêntrica das teorias da lite-ratura e da crítica literária, no Brasil, ressaltando o aspecto central de sua formulação discursiva: o grafo-centrismo. Tentaremos mostrar com as... more
Neste texto buscamos traçar um breve panorama da tradição eurocêntrica das teorias da lite-ratura e da crítica literária, no Brasil, ressaltando o aspecto central de sua formulação discursiva: o grafo-centrismo. Tentaremos mostrar com as diversas concepções de crítica literária que circularam no campo das letras brasileiras eram grafocentricas, operando a partir de concepções de língua que não potencializam a apreensão do repertório cultural negro, na cultura brasileira. A partir desse cenário iremos expor como a escrita de Lima Barreto rasura essa engrenagem discursiva na literatura brasileira, operando um devir negro na linguagem literária nacional, através do uso do registro informal da língua no texto literário. Essa operação barretiana, não produz uma estetização da oralidade, mas propõe compreendê-la como base epistemológica de uma cultura negro-brasileira.
Esse texto abre o livro "Contemporaneidades Periféricas", uma reunião de ensaios que busca discutir o uso do conceito de "contemporâneo" pela crítica literária brasileira. O ensaio conversa com o que vem sendo correntemente abordado no... more
Esse texto abre o livro "Contemporaneidades Periféricas", uma reunião de ensaios que busca discutir o uso do conceito de "contemporâneo" pela crítica literária brasileira. O ensaio conversa com o que vem sendo correntemente abordado no âmbito acadêmico  sobre o conceito,  porém esse diálogo é feito sob rasura. Busca-se explicitar as zonas de exclusão produzidas pelo uso do termo como categoria teórica no campo da literatura brasileira.
Resumo: Neste trabalho buscaremos discutir a presença do intelectual negro como agente de letramento. A partir de uma breve genealogia das discussões sobre o intelectual no ocidente, esboçamos uma analise em que a relação desses com o... more
Resumo: Neste trabalho buscaremos discutir a presença do intelectual negro como agente de letramento. A partir de uma breve genealogia das discussões sobre o intelectual no ocidente, esboçamos uma analise em que a relação desses com o poder não poderia ser vivenciada da mesma forma pelo homem negro e pela mulher negra, assim a ideia do negro como intelectual até quase metade do século XX, esteve interditada em boa parte da narrativa sobre o pensador, o intelectual ou o filósofo. O intelectual negro como aquele que se põe, não apenas, contra o poder, mas que agencia uma luta coletiva pelo poder, é figura importante nos processos de letramentos da cultura negra, no intuito de somar esforços para a construção de uma insurgência coletiva. Apontamos, por fim, o Rap como uma dessas agências mobilizadoras do letramento negro para a insurgência. Apontamos, por fim, o Rap como uma dessas agências mobilizadoras do letramento
negro para a insurgência. Nossa discussão estabelece diálogos com: Nilma Lino Gomes (2010), bell hooks (1995), Bobbio (1997), Ana Lucia Souza (2011), entre outrxs.
Research Interests:
[...] A História como violência inscreve-se, portanto, como episteme que legitima a violência colonial nos projetos de nação que se instauraram até o primeiro quarto do século XX. Conforme pontua Tania Pelegrini, ‘é inegável que a... more
[...] A História como violência inscreve-se, portanto, como episteme que legitima a violência colonial nos projetos de nação que se instauraram até o primeiro quarto do século XX. Conforme pontua Tania Pelegrini, ‘é inegável que a violência, por qualquer ângulo que se olhe, surge como constitutiva da cultura brasileira, como elemento fundador, a partir do qual se organiza a própria ordem social’ (2000, p. 134). A violência epistêmica a que nos referimos não se restringe ao campo dos discursos, ela se espraia por meio da relação poder-saber, proposta por Foucault, por isso funcionou, como legitimação de processos de exclusão ao longo da história do Brasil. ‘Nessesentido, a historia brasileira, transposta em temas literários, comporta uma violência em múltiplos matizes, tons e semitons, que podem ser encontradaassim, desde as origens, tanto em prosa quanto em poesia’ (idem). [...]
Research Interests:
O intelectual, como rei ou filósofo, enquanto representante ou sujeito das massas, tem sua atividade sempre relacionada à liberdade e ao poder. Compreender como se operam transformações históricas no papel do intelectual na cultura do... more
O intelectual, como rei ou filósofo, enquanto representante ou sujeito das massas, tem sua atividade sempre relacionada à liberdade e ao poder. Compreender como se operam transformações históricas no papel do intelectual na cultura do Ocidente é, sem dúvidas, um processo importante para entendermos uma série de movimentações ocorridas na sociedade ocidental. Do intelectual como representante, ao intelectual como sujeito de sua representação, são paralelas as mutações entre Estado-Nação e Estado liberal, classe social e minorias. É no cerne deste último grupo que desponta uma série de novas práticas intelectuais reelaboradas a partir do conceito de intelectual orgânico de Gramsci (1995), onde situamos os intelectuais negros e sua presença no campo da literatura afrobrasileira. Para tanto, dialogamos com algumas contribuições de, quando discutem sobre o papel do intelectual na sociedade contemporânea.
Research Interests:
[...]A ruptura com esse modelo de representação do nacional, na crítica e na literatura brasileira, alcança seu momento mais conhecido e estudado a partir do movimento modernista, mais especificamente, na primeira fase do modernismo,... more
[...]A ruptura com esse modelo de representação do nacional,
na crítica e na literatura brasileira, alcança seu momento
mais conhecido e estudado a partir do movimento
modernista, mais especificamente, na primeira fase do
modernismo, quando surge, pela primeira vez, o propósito
de construir uma representação heterogênea do nacional.
Podemos identificar, essa proposta no Pau-Brasil, de Oswald
de Andrade, no Macunaíma de Mário de Andrade e
no Cobra Norato de Raul Bopp, entre diversas outras obras
modernistas. Porém, uma resistência anterior, mas tão poderosa
quanto o modernismo foi a presença solitária de
Lima Barreto, sobretudo, no romance, Triste fim de Policarpo
Quaresma. Nesse livro o pensamento nacional e sua lógica
da semelhança, tributária do pensamento eurocentrado e
colonizado, sofria sua primeira sólida guerrilha.[...]
Research Interests:
[...]O que eu não endosso na pós-modernidade é seu funcionamento como sinônimo de contemporâneo, como se o “pós-moderno fosse o contemporâneo”, isso é visto muito em um senso comum, mas também em discussões acadêmicas com pouco esforço de... more
[...]O que eu não endosso na pós-modernidade é seu funcionamento como sinônimo de contemporâneo, como se o “pós-moderno fosse o contemporâneo”, isso é visto muito em um senso comum, mas também em discussões acadêmicas com pouco esforço de pesquisa. A pós-modernidade é uma nomenclatura que remete a uma proposta epistemológica, comumente filiada ao pós-estruturalismo francês, mas não apenas, que traz no campo da teoria um questionamento e uma ruptura com uma série de propostas epistêmicas que marcaram o pensamento científico até metade do século passado. Mas é apenas uma das propostas vigentes, pois temos a pós-colonialidade, a decolonialidade, o feminismo-negro, entre outras, todas propostas epistêmicas de grande fôlego e que compõem o cenário contemporâneo na produção de conhecimento. Portanto, me incomoda, primeiro, o uso do termo pós-moderno como sinônimo de contemporâneo, o que oblitera, esconde, todas as outras propostas de debate. Segundo, o pós-moderno é marcado por uma “politização da subjetividade”, de uma maneira tal que a individuação de grupos e sujeitos, suas demandas e projetos, passam a ser construídas a partir de pontos de vista específicos no plano histórico, social e político, o que me parece correto, e o é, até a página três. Há nisso, nessa arquitetura que se criou para combater a desigualdade, que é a justa luta pela autorrepresentação e pelo poder, uma esquina que em certa medida a reforça. E essa afirmação é um tanto polêmica, e é justo que seja, mas tentarei explicar. À medida que a micropolítica ocupa o lugar da metanarrativa marxista e os grupos minoritários agenciam suas próprias demandas, a política ganha uma nova potência transformadora que, vimos, deu muitos frutos positivos, nos planos políticos, epistêmicos e subjetivos. Mas eu acredito que esses frutos positivos podem ser, agora, potencializados, se restituirmos a esses discursos minoritários o desejo pela emancipação social, num plano coletivo. E não, isso não pede, em nenhuma instância, a volta da metanarrativa marxista, nem o império da superestrutura, nem o determinismo de classe. Era impossível continuar pensando a partir do marxismo, e tudo o que se fez depois disso mostra que foi uma mudança necessária, porém, igualmente acredito que pensar com o marxismo ainda pode ser útil. Então, pensar a partir de, e pensar com, é muito diferente. Creio que nossa apatia no cenário político contemporâneo, no Brasil, tem como um dos motivos, a falta de conexão, de costura entre as demandas políticas que os grupos minoritários agenciam. Temos, enquanto minorias, muita coisa incomum, mas também, em comum, todos sabemos. A fase de ruptura radical de construção discursiva da singularidade foi e tem sido fundamental. Agora creio que tecer uma rede de demandas comuns é, também, estratégico e potente no nosso atual cenário. A luta contra a violência cometida contra a mulher negra, contra sua solidão, não é apartada da luta contra o genocídio dos jovens negros nas periferias brasileiras, e ambas estão ligadas de forma mais ampla ao completo abandono da educação pública nas periferias do Brasil. O que precisamos hoje é aprender a costurar as demandas sem tirar força e singularidade de nenhuma delas. Esse é o desafio do intelectual hoje. Portanto, paradoxalmente, há uma pretensa universalização do plano epistêmico, operada pela sigla pós-moderno, que me desagrada, e uma fragmentação no plano político, da qual tenho ressalvas.[...]
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O ano de 2022 foi marcado no ambiente acadêmico e cultural brasileiro pelo debate acerca dos duzentos anos de independência, como também, pelo centenário do modernismo brasileiro, tomando como marco a semana de arte moderna de 1922.
Pensar os devires negros da literatura brasileira requer, antes de tudo, uma visada rizomática sobre a produção da literatura negra. A produção literária nacional já entrou em devir, vive seus devires negros desde Maria Firmina dos Reis,
Texto publicado na revista Musa Rara:  https://musarara.com.br/o-mercado-editorial-baiano
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É conhecido o governo antipopular de ACM Neto, são muitos os exemplos, mas podem ser sintetizados no corte das linhas de ônibus que ligavam os bairros ditos periféricos e os bairros "nobres", sobretudo os coletivos que se dirigiam a... more
É conhecido o governo antipopular de ACM Neto, são muitos os exemplos, mas podem ser sintetizados no corte das linhas de ônibus que ligavam os bairros ditos periféricos e os bairros "nobres", sobretudo os coletivos que se dirigiam a Barra/Ondina/Rio Vermelho. [...]
Na história e na crítica literária, tradicionais, há certa expressão comum que defende dois tipos básicos de produção literária, uma voltada para as preocupações formais, a qual é creditada à experimentação e à evolução das linguagens e... more
Na história e na crítica literária, tradicionais, há certa expressão comum que defende dois tipos básicos de produção literária, uma voltada para as preocupações formais, a qual é creditada à experimentação e à evolução das linguagens e formas artísticas. [...]
Texto discute a engrenagem da vontade de morte da prefeitura de Salvador, referente ao projeto apressado e desorganizado de volta as aulas, em plena pandemia de Covido-19.
Sobre a revista de literatura brasileira contemporânea: organismo.
A aparente divergência que tem marcado as falas de alguns dos agentes centrais dos poderes políticos nacionais são, na verdade, apenas diferença de intensidade, a imensa maioria deles está a serviço do mesmo projeto: atender as... more
A aparente divergência que tem marcado as falas de alguns dos agentes centrais dos poderes políticos nacionais são, na verdade, apenas diferença de intensidade, a imensa maioria deles está a serviço do mesmo projeto: atender as reivindicações do mercado. As diferenças se operam no campo das estratégias. Um exemplo radical dessa similaridade está nas figuras de Bolsonaro e Rodrigo Maia. [...]
Algumas vezes a poesia nos chega por um homem, sujeito pelo avesso, que entorta tudo com a rasura de seu corpo esquivo e suas palavras. Foi assim comigo, conheci a poesia por meio do poeta, e não do livro. Não tínhamos muita intimidade... more
Algumas vezes a poesia nos chega por um homem, sujeito pelo avesso, que entorta tudo com a rasura de seu corpo esquivo e suas palavras. Foi assim comigo, conheci a poesia por meio do poeta, e não do livro. Não tínhamos muita intimidade com livros, mas com a vida, sim. O poeta Carlos Arouca, a […]
Sobre a exclusão do MINC e do Ministério da "igualdade": ou sobre o silêncio dos inocentes (por Jorge Augusto) Entendo, concordo e assino embaixo, toda a indignação contra a exclusão do Ministério da Cultura. Isso é indiscutível. Nos... more
Sobre a exclusão do MINC e do Ministério da "igualdade": ou sobre o silêncio dos inocentes (por Jorge Augusto) Entendo, concordo e assino embaixo, toda a indignação contra a exclusão do Ministério da Cultura. Isso é indiscutível. Nos excursamos de discutir, aqui, a importância que tem o MINC para a democratização das representações culturais, o apoio às práticas culturais de comunidades especí�cas, e, sobretudo, para evitar que a diversidade cultural termine sendo representada pela […]
É exaustivamente conhecida a truculência e violência da PM em relação ao corpo negro. São exemplos irrefutáveis dessa afirmação o índice alarmante de assassinatos de homens negros pela PM brasileira, como também, os materiais de... more
É exaustivamente conhecida a truculência e violência da PM em relação ao corpo negro. São exemplos irrefutáveis dessa afirmação o índice alarmante de assassinatos de homens negros pela PM brasileira, como também, os materiais de treinamento militar que vazam vez ou outra, exibindo sempre, em suas cartilhas e manuais, um homem negro como suspeito. Na Revista Exame, numa reportagem que lista a polícia brasileira como a que mais mata no mundo, é mostrada a seguinte estatística: "99,5% das pessoas assassinadas, no Rio de Janeiro, por policiais, entre 2010 e 2013 eram homens, dos quais 80% negros e 75% com idade entre 15 e 29 anos", estatísticas e pesquisas que reafirmam e generalizam esses dados, por todo Brasil, são facilmente encontradas, escuso-me aqui de listá-las. * Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias Poema Pol�cia e Pol�tica: t�picos sobre o poema de L�via Nat�lia e... https://www.bahianoticias.com.br/app/imprime.php?tabela=principal_art...
Dois acontecimentos envolvendo a PM brasileira ganham relevância nos últimos dias: a) a inexplicável, embora já conhecida, truculência da atuação da polícia nas manifestações contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo; b) a... more
Dois acontecimentos envolvendo a PM brasileira ganham relevância nos últimos dias: a) a inexplicável, embora já conhecida, truculência da atuação da polícia nas manifestações contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo; b) a censura, operada pela PM baiana, a um poema exposto num outdoor, como parte do projeto Poesia nas Ruas, sumariamente […]