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Vera Araújo

  • Doutorada em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (2022) Mestre em História (2017) na... moreedit
(…) beyond the "official'' History. Methodologically speaking, we will focus on artistic situations developed during the Brazilian Military Dictatorship (1964-1985), specifically the situational actions of artists such as Cildo Meireles... more
(…) beyond the "official'' History. Methodologically speaking, we will focus on artistic situations developed during the Brazilian Military Dictatorship (1964-1985), specifically the situational actions of artists such as Cildo Meireles (1948), Anna Maria Maiolino (1942), and Artur Barrio (1945).
Research Interests:
O presente trabalho abordará o processo de institucionalização do campo artístico no Brasil, a partir da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). O objetivo é analisar como se formatou um debate fundamental à história da arte no país, a... more
O presente trabalho abordará o processo de institucionalização do campo artístico
no Brasil, a partir da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). O objetivo é analisar
como se formatou um debate fundamental à história da arte no país, a querela
academismo x reformismo, percebendo as disputas de poder inseridas nesse processo de
autonomização das artes no Brasil. O tempo (1890 – 1930) estudado neste trabalho foi
marcado pelo desejo de ruptura com a tradição e ascensão de um novo modelo para a
sociedade. É tomado como ponto de análise o momento em que se almejou a
modernização do ensino de arte na ENBA, localizada na cidade do Rio de Janeiro,
intuito que teve os seus primeiros passos desde a proclamação da República, com
projetos de reformas datados do ano de 1890 em diante. Foi em meio aos
acontecimentos vinculados a esse “novo” momento político, social e cultural, que viveu
um jovem cearense: Raimundo Brandão Cela. Foi a partir da experiência desse sujeito
que conseguimos visualizar a querela entre o academismo e o reformismo. Sendo assim,
o objetivo deste trabalho é investigar a formatação dessa disputa, tendo como pano de
fundo o processo de institucionalização da arte no Brasil e as questões ligadas à
formação artística acadêmica.
Raimundo Cela: desenhista, pintor e gravador. Na primeira metade do século XX, surge no Brasil uma necessidade de se modernizar, vinculadas ao processo de criação da ideia de nação, do florescimento de um sentimento de pertencimento e a... more
Raimundo Cela: desenhista, pintor e gravador. Na primeira metade do século XX, surge no Brasil uma necessidade de se modernizar, vinculadas ao processo de criação da ideia de nação, do florescimento de um sentimento de pertencimento e a supervalorização do que era próprio daqui. No campo da arte, não foi diferente. Sendo este um momento decisivo, no que concernem às produções artísticas e ao ensino das artes no período, é que encontramos o jovem Raimundo Cela e a sua produção os quais, de fato, são de grande valia para os estudos da arte brasileira, que se encontrava num momento de aparente ruptura com as convenções já existentes para a ascensão de novos padrões estéticos. Para quem não o conhece, Cela foi um artista cearense, nascido em Sobral, no ano de 1890, que viaja para o Rio de Janeiro, em 1910, a fim de adquirir a formação em Engenharia, na Escola Politécnica, e simultaneamente, frequenta a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) como aluno livre. Lá, ele inicia sua carreira, e ganha uma maior visibilidade após obter o primeiro lugar no Prêmio de Viagem ao Estrangeiro 1 , com sua tela o Último Diálogo de Sócrates, em 1917. No ano seguinte, viaja para França, passando por diversas cidades, como Paris e Saint-Agrève, sendo esta última a cidade onde o artista se fixou. Porém, foi acometido por enfermidades, um possível derrame e acabou voltando ao Brasil, onde ficou recluso na cidade de Camocim, para tratá-las no ano de 1923. Já em 1938, volta para Fortaleza e inicia uma série de trabalhos encomendados pelo Governo do Estado, incluindo o famoso quadro Últimos Escravos do Ceará. Na década de 40 do século passado, a produção artística de Cela ganha um grande destaque, pois é nesse período em que volta a produzir fortemente, participando, então, de exposições, e em muitas delas sendo premiado; Em 1944, apoia a fundação da SCAP (Sociedade Cearense de Artes Plásticas). No ano de 1945, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde passa a ensinar gravura em metal na Escola Nacional de Belas Artes, continuando suas atividades artísticas, e em 1954 morre, aos 64 anos, vítima de câncer. Durante sua trajetória, Cela foi desenhista, pintor e gravador. No Ceará, a pintura é o que há de mais marcante, pelo fato de que, as obras mais conhecidas do artista são aquarelas * Graduanda em História pela Universidade Federal do Ceará, bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-MEC/SESU).
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Marc Bloch, um dos célebres historiadores fundadores da Escola dos Annales (1929), elaborou reflexões sobre o conceito de História e evidenciou o seguinte aspecto: "'Ciência dos homens', dissemos. É ainda vago demais. É preciso... more
Marc Bloch, um dos célebres historiadores fundadores da Escola dos Annales (1929), elaborou reflexões sobre o conceito de História e evidenciou o seguinte aspecto: "'Ciência dos homens', dissemos. É ainda vago demais. É preciso acrescentar 'dos homens, no tempo'" (BLOCH, 2002: 55). Trouxe à tona uma série de problemáticas referentes ao ofício do historiador e à ciência histórica como um todo, dando assim, um novo olhar, uma nova forma de pensar os sujeitos e os fatos históricos. Seus escritos são de extrema importância para a Nova História, abrangendo os estudos culturais, sociais e econômicos, que coloca o homem, ou melhor, os homens, no centro da prática historiadora. No que concerne às ciências humanas, grosso modo, podemos questionar que a Antropologia é também uma ciência que possui o homem no centro de suas preocupações, entretanto, o que difere os dois campos do saber é a metodologia: a história analisa o objeto com um olhar externo, crítico, enquanto a antropologia tenta compreendê-lo por um olhar interno, de caráter experimental. Porém, como nos alerta Sandra Jatahy Pesavento, qual seria o domínio ou terreno pertencente às reflexões históricas? "Se o social pertence ao sociólogo; se a economia, ao economista; o político ao cientista político; as sociabilidades ou identidades, ao antropólogo; chegaríamos ao ponto de afunilar este canal de pertencimento aos temas ou objetos [...]" (PESAVENTO, 2003: 108). O que restaria para a História? Pergunta a autora. A resposta traz, mais uma vez, questões referentes ao oficio do historiador, evidenciando o método, ponto de destaque na diferenciação com as outras ciências humanas. Jatahy mostra que o nosso terreno depende da erudição; de um saber-fazer; das relações do texto com o extratexto 1 , que é própria do historiador. É nosso o campo das
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A formação e a prática artística de Raimundo Cela entre o Brasil e a França (1910-30) A história da arte no Brasil está diretamente ligada à dinâmica das relações internacionais franco-brasileiras, que marcaram fortemente o fazer e o saber artístico do país ao longo do século XIX. O início do século XX, por sua vez, observou no campo cultural a marca da chamada Belle Époque, cuja mentalidade foi pautada pelo anseio de modernidade. Nesse período, lança-se o olhar para a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), que objetivava determinar os padrões basilares da arte brasileira a partir da formação de artistas locais e institucionalizar o ensino artístico no país, no que diz respeito às vertentes da pintura, da escultura, da arquitetura e da gravura. Nesse mesmo período, em meio ao processo de instalação da Primeira República, viveu o pintor, gravador e desenhista Raimundo Brandão Cela, nascido em 1890, no estado do Ceará. No ano de 1910, transferiu-se para o Rio de Janeiro a fim de obter a formação em nível superior, matriculando-se na ENBA, como aluno livre. Por pressões familiares, iniciou o curso de Engenharia na Escola Politécnica, no ano de 1911, frequentando, simultaneamente, as duas academias. Durante sua formação na ENBA, ganhou maior notoriedade quando atingiu o primeiro lugar no Prêmio de Viagem ao Estrangeiro com a tela O Último diálogo de Sócrates, em 1917, conseguindo, assim, a oportunidade de viajar para França a fim de complementar seus estudos. Nessa perspectiva, o objetivo da pesquisa é analisar a prática artística de Raimundo Cela, evidenciando os traços do saber institucional disseminado pela ENBA, compreendido no recorte que data da sua formação no Brasil (1910-19); da sua experiência na França (1920-23) e de seu retorno à terra natal (1923-30). Para tanto, será contemplado um universo de 17 pinturas, 39 desenhos e 11 gravuras, estando todos situados na temporalidade proposta, além dos regulamentos da ENBA (1901 e 1911) e das Exposições Gerais. Faz-se necessária, também, a análise de determinados registros, como cartas enviadas pelo artista ao seu pai no período em que residiu no Rio de Janeiro e em sua experiência na França, como também de jornais e catálogos de exposições da época, fontes primárias indispensáveis para entender o momento histórico em que o artista viveu e a realidade no campo das artes, referentes às críticas, aceitação e repercussões de sua produção.
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A primeira metade do século XIX, grosso modo, marcou transformações em termos estruturais na economia e na política do Brasil, caracterizando-se por um período em que se intentou a definição do novo Estado e de seus caracteres culturais.... more
A primeira metade do século XIX, grosso modo, marcou transformações em termos estruturais na economia e na política do Brasil, caracterizando-se por um período em que se intentou a definição do novo Estado e de seus caracteres culturais. Em meio a essa tentativa de construção de uma "unidade" e de uma "identidade" nacional, inúmeros processos históricos fazem do intervalo que vai de 1822 a 1840 um período demasiado confuso. A excessiva centralização do poder durante o Primeiro Reinado, simbolizada pelos atos monárquicos de D. Pedro I e pela Constituição de 1824, e a perigosa relação de autonomia entre as províncias e o poder central durante o Período das Regências, demarcadas pelos movimentos de cunho separatistas eclodidos ao longo do território, pautaram uma condição em que as instituições, apesar de inseridas em um propósito claro (o de construção da nação), não tiveram condições de se desenvolverem ou mesmo estruturarem sua ações de forma efetiva diante à sociedade. Assim, quando se trata do processo de institucionalização do campo artístico no Brasil, ao longo do século XIX, encontram-se pontos de considerável dificuldade de análise abrangendo esse arco temporal de 18 anos. É claro que, tanto no Primeiro Reinado quanto no Período Regencial, ocorreram importantes processos históricos no que diz respeito à estruturação do ensino e ao próprio desenvolvimento da prática artística no país, exemplo disso é a própria criação da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). A AIBA foi inaugurada em 1826-10 anos após a chegada da Missão Artística Francesa-e, a partir daí, buscou-se a constituição de uma vida artística propriamente brasileira, desvinculada das experiências anteriores, acusadas de cunho empírico e não formal, ou seja, desvinculadas de tradições estéticas mais rigorosas. Outra máxima desse período foi a formação de uma elite intelectual e artística, capaz de garantir a inserção do país no panorama cultural internacional II. Nesse intuito, o que se tem é um grande incentivo às práticas intelectuais; além da AIBA, temos a inauguração do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no ano de 1835, centro de pesquisas e estudos responsável, entre outras coisas, por contar a história "oficial" do país. Todavia, é durante o Segundo Reinado (1840-1889) que a relação entre o poder central e a produção artística se estreita cada vez mais, com uma inserção clara e ativa da arte no processo de construção de um sentimento de nacionalidade, e consequentemente, a tentativa pelo estabelecimento de uma unidade nacional. Como aponta a historiadora Lilian Moritz Schwartz em As Barbas do Imperador, a ascensão de D. Pedro II ao poder na monarquia brasileira não representava somente um marco político, bem como um elemento aglutinador do imaginário social e da unidade territorial. A construção da imagem de um rei centralizador, sereno, intelectual e, acima de tudo, comprometido com o futuro da nação, era fator fundamental no projeto de consolidação da emancipação política oficialmente datada no ano de 1822 III. Esperava-se, com a posse do rei e o retorno oficial do governo monárquico, o fim das tensões separatistas e uma união centralizadora do país em torno da figura do monarca. Assim, o que se percebe é a proeminência de um projeto nacionalista durante o Segundo Reinado, com um incentivo considerável à prática das artes, em especial na AIBA.
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A comunicação tem como objetivo discutir de modo introdutório o impacto da teoria feminista e dos estudos feministas das últimas décadas para a conformação de uma nova historiografia da arte, que colocam mulheres artistas num lugar... more
A comunicação tem como objetivo discutir de modo introdutório o impacto da teoria feminista e dos estudos feministas das últimas décadas para a conformação de uma nova historiografia da arte, que colocam mulheres artistas num lugar até então nunca visto. Autoras como Michelle Perrot, Linda Nochlin, Griselda Pollock, Malin Hedlin Hayden, Buseje Bailey, entre outras a nível internacional, tem construído teorias e narrativas para a História e para a História da Arte onde velhos paradigmas positivistas, idealistas e formalistas são deixados de lado. No lugar, uma visão histórica, social e sociológica se coloca, agindo como a linha que tece uma trama complexa e crítica para os desafios enfrentados pelas mulheres em séculos de exclusão, envolvendo pré-conceitos sobre seus trabalhos, motivações e representatividades. O interesse por mapear de maneira teórica essas transformações na historiografia da arte surgiu a partir de minha investigação de Doutorado sobre os usos do corpo por artistas brasileiras e portuguesas, nas décadas de 1960 e 1970, como resistência aos respectivos períodos políticos autoritários que ambos países vivenciaram.
Resumo da comunicação "Controvérsias acerca da institucionalização da história da arte no Brasil: debates sobre a criação de cursos de graduação e perspectivas epistemológicas" (p.32).
Esta dissertação discute a trajetória de Raimundo Cela em sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes entre os anos de 1910 e 1930. Nascido em Camocim, no Ceará, Cela ingressou na ENBA em 1910, matriculando-se como... more
Esta dissertação discute a trajetória de Raimundo Cela em sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes entre os anos de 1910 e 1930. Nascido em Camocim, no Ceará, Cela ingressou na ENBA em 1910, matriculando-se como aluno livre. Em 1917, foi vencedor da 24o Exposição Geral de Belas Artes, com a pintura O Último diálogo de Sócrates, recebendo o prêmio de viagem ao estrangeiro para continuar seus estudos na Europa. Explorarei os caminhos do artista na instituição, analisando a cultura escolar da ENBA à época, compreendendo as relações entre forma escolar, normas, tradições e práticas, tanto da personagem como de seus contemporâneos. O argumento central deste trabalho é que a prática artística de Raimundo Cela dialoga com os diversos elementos da cultura da escola e não se limita às demarcações de estilos ou conceitos estabelecidos previamente para a arte do período republicano. Utilizando de documentação interna da escola, além dos registros pessoais de Raimundo Cela e fontes bibliográficas, construirei a trajetória da personagem no cotidiano escolar da ENBA em meio às transformações e permanências durante as primeiras décadas dos Novecentos, articulando questões e referenciais da História e da História da Arte no Brasil.
Palavras-chave: Raimundo Cela; Cultura escolar; ENBA; formação artística; Primeira República.
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