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Guilherme Scotti
  • FACULDADE DE DIREITO - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
    Campus Universitário Darcy Ribeiro
    Brasíila-DF - Brasil
    CEP 70919-970

    +55 (61) 3107-0710/3107-0723 (Secretaria de Graduação)

    +55 (61) 3107-0724/3107-0713 (Secretaria de Pós-Graduação)
Obra coletiva organizada por Cristiano Paixão e Claudia Paiva Carvalho. O livro, composto por 20 artigos escritos por experientes e destacadas(os) pesquisadoras e pesquisadores pertencentes a diversas instituições de ensino, abarca toda a... more
Obra coletiva organizada por Cristiano Paixão e Claudia Paiva Carvalho. O livro, composto por 20 artigos escritos por experientes e destacadas(os) pesquisadoras e pesquisadores pertencentes a diversas instituições de ensino, abarca toda a história constitucional republicana brasileira, e está assim dividido: (I) Metodologia da História Constitucional; (II) História Constitucional na Primeira República; (III) História Constitucional Brasileira da Revolução de 1930 ao Golpe de 1964; (IV) História Constitucional no Período da Ditadura Militar; (V) História Constitucional no Período da Transição e da Redemocratização.
Research Interests:
As iniquidades que assolam o país atingem diversas dimensões de direitos, tanto as pertencentes à esfera individual quanto à coletiva. Em ambos os casos, o resultado é perceptível e medido a partir de parâmetros e metodologias que aferem... more
As iniquidades que assolam o país atingem diversas dimensões de direitos, tanto as pertencentes à esfera individual quanto à coletiva. Em ambos os casos, o resultado é perceptível e medido a partir de parâmetros e metodologias que aferem o nível de desigualdade no país. Uma sociedade que objetiva combater as desigualdades sociais deve fazê-lo também a partir de questões ambientais e climáticas, já que o clima exclui e mata pessoas vulnerabilizadas pelas ações de exploração dos bens naturais.
Questionar quem precisa de justiça climática se torna uma possibilidade de discutir desigualdades e formas de diminuir injustiças climáticas.
De que forma as iniquidades advindas das questões climáticas amplificam as desigualdades sociais que atravessam a sociedade brasileira? Como a negação de direitos presenciada em casos de desastres ambientais... more
De  que  forma  as iniquidades  advindas  das  questões  climáticas amplificam  as desigualdades sociais  que  atravessam  a  sociedade  brasileira?  Como  a  negação  de  direitos  presenciada  em  casos  de desastres  ambientais  corresponde  a  um  tipo  de  violência? Por  que  discutir  meio  ambiente  passou  a ressignificar  a  própria  ideia  de  democracia  e Estado  de Direito? São esses  os questionamentos  que conduzem a escrita do presente artigo que, tracejando o significado de justiça climática como oriunda da justiça ambiental, chama ao debate os direitos humanos em busca da diminuição de vulnerabilidades das mais  variadas  espécies. Assim, apresenta-se  como  objeto  de estudo  a análise  da injustiça  agravada  pela questão climática que, na contemporaneidade, implica violação de um rol de garantias previstas no texto constitucional  pátrio. Nesse  sentido,  o objetivo principal deste artigo  é  apontar  como a justiça  climática pode evitar o fomento de desigualdades. Para tanto, elege-se a análise de recorrentes desastres ambientais advindos da ação humana, no Brasil, como espectro de análise das desigualdades que atingem determinadas vítimas em um cenário de mudanças climáticas. Para isso, partimos de conceitos caros ao debate da justiça no país, como violência, desigualdade e garantias de direitos
The axiological theory of fundamental rights reached in the last decades great academic and institutional repercussion in Latin America, including Brazil. It is commonly called a ‘post-positivist’ theory but, by rejecting Dworkin's thesis... more
The axiological theory of fundamental rights reached in the last decades great academic and institutional repercussion in Latin America, including Brazil. It is commonly called a ‘post-positivist’ theory but, by rejecting Dworkin's thesis of ‘the one right answer’ it maintains elements that, as we argue, are typical of legal positivism. We herein discuss if, in light of a deontological theory of rights a correct decision would be possible, even if based on axiological terms of value-weighting. The rationale for a decision expressed in terms of conflicts of rights reduces the indispensability of fundamental rights. We argue, however, that this does not, of itself, prevent the decision taken from being correct. We use as an example the decision in which the Brazilian Supreme Court discussed whether the constitutional provision that no statute of limitations applies to the crime of racism could be extended to the publication of anti-Semitic hate speeches. Referring to the ideas of balancing and proportionality the court concluded that, under Brazilian law, anti-Semitic hate speech constitutes the crime of racism. We maintain that such a decision proves to be the only correct one under Brazilian Law in the deontological sense. Despite the argumentative damage brought to the internal debate of the courts on the role of fundamental rights, such decisions can nevertheless be able to discern, in the concrete cases, the legitimate from the abusive claims, so as to enable the Law to consistently confront the tendency to abusive and merely instrumental use of the Law itself.
O artigo analisa decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o direito dos povos indígenas à propriedade coletiva a partir do caso Xukuru vs. Brasil. Para tanto, identifica a proteção transnacional desses direitos no... more
O artigo analisa decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o direito dos povos indígenas à propriedade coletiva a partir do caso Xukuru vs. Brasil. Para tanto, identifica a proteção transnacional desses direitos no paradigma democrático e os fluxos comunicativos entre a Sentença e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Conclui, assim, que a emergência de normas cosmopolitas de justiça possibilita iterações democráticas aptas a fornecer maior segurança aos direitos dos povos indígenas.
O artigo busca realizar uma aproximação entre teoria constitucional e pensamento pós-colonial, objetivando uma hermenêutica jurídica responsável perante a permanência da violência colonial. Neste sentido, primeiramente os direitos... more
O artigo busca realizar uma aproximação entre teoria constitucional e pensamento pós-colonial, objetivando uma hermenêutica jurídica responsável perante a permanência da violência colonial. Neste sentido, primeiramente os direitos fundamentais na modernidade são caracterizados, especialmente a partir da teoria de Ronald Dworkin, como porta de entrada da moral e, consequentemente, da história no âmbito do sistema jurídico. Seguindo a esteira do teórico estadunidense, trabalham-se as consequências dessa relação íntima entre moral e direito para a hermenêutica constitucional. Em um segundo momento, define-se o pós-colonial e quais contribuições ele pode oferecer para deslocar as narrativas hegemônicas sobre a modernidade. A partir desse movimento, pós-colonial e constitucionalismo são cotejados no sentido de fornecer elementos para uma imaginação moral expandida e mais democrática dos direitos fundamentais. Retomando o pensamento de Dworkin, conclui-se com considerações sobre que tipo de responsabilidade moral temos na escrita do romance jurídico quando o sofrimento injusto e as lutas silenciadas por liberdade e igualdade são alçados ao palco da história constitucional.
El presente artículo busca discutir sintéticamente los argumentos del debate sobre el sistema de cuotas para negros en la enseñanza universitaria, objeto de un intenso debate en la última década y de la decisión de la Suprema Corte... more
El presente artículo busca discutir sintéticamente los argumentos del debate sobre el sistema de cuotas para negros en la enseñanza universitaria, objeto de un intenso debate en la última década y de la decisión de la Suprema Corte Brasileña en la Acción de In-cumplimiento de Precepto Fundamental n. 186. Examina de qué modo la referida decisión judicial, al declarar la constitucionalidad del Plano de Metas de Inclusión Étnico-Racial, instituido por la Universidad de Brasilia, recurrió a argumentos sobre la historia brasileña y la identidad nacional. Examina cómo la igualdad y la diferencia fueron articuladas a la narrativa sobre el pasado de las instituciones jurídicas y sociales, y de qué modo la decisión pretendió revisar las presuposiciones de una identidad nacional homogeneizada cuyo paradigma fue construido, sobre todo, en la década de 1930. La decisión puede ser identificada como un nuevo momento de la retórica identitaria por aceptar la existencia de espacios de conflicto en la comunidad nacional que se expresan no sólo en demandas por una distribución equitativa de los recursos públicos destinados a la educación, sino también por la construcción de la memoria colectiva. La decisión propone el debate sobre el modo en que las instituciones jurídicas redimensionan las identidades nacionales, teniendo en vista las demandas por la tutela de los derechos fundamentales.
The author presents and discusses the debate on indigenous infanticide in Brazil, an issue that has become the subject of several bills in the Brazilian Congress. Moreover, the analysis takes into account other cases regarding traditional... more
The author presents and discusses the debate on indigenous infanticide in Brazil, an issue that has become the subject of several bills in the Brazilian Congress. Moreover, the analysis takes into account other cases regarding traditional practices that conflict with human rights, such as female genital mutilation. The comparison illustrates the possibility of realizing human rights within traditional communities in a dialogical, democratic and unconstrained way. Thus, both individual rights and the collective value of ethical identities are simultaneously protected. Finally, the argument clarifies, in theoretical and practical terms, the alleged impasse between universal human rights and cultural relativism so commonly raised in the public sphere.
RESUMO: O presente artigo explora o incidente conhecido como “A Queima dos Arquivos da Escravidão por Ruy Barbosa”. Todavia, não pretende estabelecer uma verdade sobre qual seria o autor da decisão que levou a queima das matrículas dos... more
RESUMO:
O presente artigo explora o incidente conhecido como “A Queima dos Arquivos da Escravidão por Ruy Barbosa”. Todavia, não pretende estabelecer uma verdade sobre qual seria o autor da decisão que levou a queima das matrículas dos escravos. Ao invés disso, a partir do debate surgido na decisão do Habeas Corpus n° 82.424/RS do Supremo Tribunal Federal sobre a Imprescritibilidade do Crime de Racismo e da recente criação da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil pela OAB (2015), intenta compreender como os discursos sobre a escravidão se inserem na retórica dos juristas sobre as demandas por reconhecimento dos negros (afrodescendentes). A importância desse debate decorre do fato de que as demandas por reconhecimento propõem, à grosso modo, construções sobre fatos no presente (recurso à apresentação empírica e à interpretação sociológica) e no passado (recurso à historiografia e às interpretações sobre a constituição das relações raciais). O “episódio” sinaliza um primeiro problema estrutural das demandas dos negros: o modo como a historiografia oficial sobre a construção da nacionalidade inseriu sua presença e suas lutas por reconhecimento. E, em segundo lugar, as razões pelas quais a ideia de “apagamento da memória” constitui-se como um elemento decisivo dos padrões de desrespeito para com esse grupo.

ABSTRACT:
This article explores the incident known as “The Burning of the Slavery Archives by Ruy Barbosa.” However, establishing the truth about who is the author of the decision which led to the burning of slaves enrollment documents is not intended. Instead, from the debate that emerged in the Habeas Corpus decision n ° 82.424/RS of the brazilian Supreme Court about the imprescriptibility of the crime of racism and the recent creation of the Truth Commission for the Black Slavery in Brazil by the Brazilian Bar Association (2015), it tries to understand how the discourses about slavery fall into the rhetoric of lawyers on the demands for recognition of black people (of African descent).  The importance of this debate stems from the fact that demands for recognition propose, roughly, the reconstruction of present (use of empirical presentation and sociological interpretation) and past (use of historiography and interpretations of the constitution of race relations ) facts. Firstly, the “episode” signals a structural problem of the demands of black people: the ways official historiography on the construction of nationality inserted their presence and their struggles for recognition. And, secondly, the reasons why the notion of “memory erasure” was established as a key element of the patterns of disrespect toward this group.
Julgamentos como o da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no 54 colocam em evidência argumentos morais de alta complexidade, quase sempre perpassados por questões religiosas. Assim, a legitimidade democrática de... more
Julgamentos como o da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no 54 colocam em evidência argumentos morais de alta complexidade, quase sempre perpassados por questões religiosas. Assim, a legitimidade democrática de decisões de nosso Supremo Tribunal Federal é questionada, uma vez que grupos – não tão minoritários – defensores de crenças religiosas particulares sentem-se excluídos do discurso jurídico. Por outro lado, a Constituição brasileira determina que o Estado e o Judiciário devam ser laicos. Portanto, tendo tal complexidade em mente, o presente artigo pretendeu estudar o relacionamento entre o discurso jurídico-constitucional e o discurso religioso no âmbito da mais alta Corte brasileira. O aprofundamento no discurso constitucional, especialmente pelo viés hermenêutico, permitiu uma melhor compreensão e tematização desse relacionamento que, por vezes harmonioso e em outras oportunidades de forma antagônica, nem sempre é devidamente explicitado em uma decisão judicial, fazendo parte dos fundamentos ocultos dessa decisão. A identidade constitucional brasileira depende do resgate de valores pré- constitucionais muitas vezes representados por narrativas religiosas para a garantia de uma mínima coesão política. No entanto, não se pode abrir mão daquilo que a Modernidade e o constitucionalismo representam: pluralismo.
O artigo busca discutir sinteticamente os argumentos do debate sobre sistema de vagas reservadas para negros no ensino universitário, objeto de intenso debate na última década e de decisão da Suprema Corte Brasileira na Ação de... more
O artigo busca discutir sinteticamente os argumentos do debate sobre sistema de vagas reservadas para negros no ensino universitário, objeto de intenso debate na última década e de decisão da Suprema Corte Brasileira na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 186. Examina de que modo referida decisão judicial, ao declarar a constitucionalidade do Plano de Metas de Inclusão Étnico-Racial instituído pela Universidade de Brasília, recorreu a argumentos sobre a história brasileira e a identidade nacional. Examina como igualdade e diferença foram articuladas à narrativa sobre o passado das instituições jurídicas e sociais, e de que modo a decisão pretendeu rever os pressupostos de uma identidade nacional homogeneizada cujo paradigma foi construído, sobretudo, nos anos de 1930. A decisão pode ser identificada como um novo momento da retórica identitária por aceitar a existência de espaços de conflito na comunidade nacional que se expressam não apenas em demandas por uma distribuição equitativa dos recursos públicos destinados à educação, mas também pela valorização da diferença, cujo cerne é, em grande parte, vinculada à disputa pela construção da memória coletiva. A decisão propõe o debate sobre o modo como as instituições jurídicas redimensionam as identidades nacionais, tendo em vista as demandas por tutela de direitos fundamentais.
Resumo: O artigo busca apresentar e discutir sinteticamente os argumentos centrais do debate sobre o chamado infanticídio indígena no Brasil, objeto de propostas legislativas em tramitação no Congresso Nacional. A experiência... more
Resumo: O artigo busca apresentar e discutir sinteticamente os argumentos centrais do debate sobre o chamado infanticídio indígena no Brasil, objeto de propostas legislativas em tramitação no Congresso Nacional. A experiência internacional no tratamento de práticas tradicionais que conflitem com os Direitos Humanos, em especial a mutilação genital feminina, é explorada como exemplo da possibilidade de efetivação dos Direitos Humanos em comunidades tradicionais, de forma dialógica, democrática e não impositiva, procurando-se resguardar, ao mesmo tempo, os direitos individuais e o valor coletivo das identidades éticas. Busca-se, assim, desfazer, teórica e praticamente, o suposto impasse entre Direitos Humanos universais e relativismo cultural, comumente suscitado na esfera pública.


Palavras-chave: Direitos Humanos; Multiculturalismo; Infanticídio.



Human rights and multiculturalism: the debate on indigenous infanticide in Brazil


Abstract:The article shortly presents and discusses the main arguments of the debate on indigenous infanticide in Brazil, an issue that has become the subject of several bills in the Brazilian Congress. The international experience in the treatment of traditional practices that conflict with human rights, such as the female genital mutilation, is explored as an example of possible effectiveness of human rights in traditional communities in a dialogical, democratic and unconstrained way, pretending to protect, at the same time, both individual rights and the collective value of ethical identities. Therefore, the intent is to undo, on theoretical and practical terms, the alleged impasse between universal human rights and cultural relativism so commonly raised in the public sphere.


Keywords: Human Rights; Multiculturalism; Infanticide.
Texto do livro coletivo dedicado ao pensamento de Menelick de Carvalho Netto por ocasião dos 30 anos da Constituição de 1988
Research Interests:
La Constitución brasileña de 1988 representa un hito en la lucha por el reconocimiento de los derechos de los pueblos indígenas y quilombolas, provocando una redefinición de la identidad constitucional. Se inserta en un contexto global de... more
La Constitución brasileña de 1988 representa un hito en la lucha por el reconocimiento de los derechos de los pueblos indígenas y quilombolas, provocando una redefinición de la identidad constitucional. Se inserta en un contexto global de ruptura paradigmática en el constitucionalismo, donde el derecho a la igualdad pasa a ser leído como exigencia del respeto a las diferencias. En el contexto actual de retrocesos políticos en la garantía de derechos de indígenas y quilombolas, la reapropiación del sentido de constitución por parte de los movimientos sociales ofrece potencialidades para una apertura hermenéutica de los derechos humanos y fundamentales.
Research Interests:
A questão a ser enfrentada pelo trabalho é o do papel do constitucionalismo na conciliação entre a pluralidade de formas de vida culturais e o respeito pelos direitos fundamentais. A partir dos debates sobre o chamado infanticídio... more
A questão a ser enfrentada pelo trabalho é o do papel do constitucionalismo na conciliação entre a pluralidade de formas de vida culturais e o respeito pelos direitos fundamentais. A partir dos debates sobre o chamado infanticídio indígena no Brasil, buscamos demonstrar os problemas e potenciais inclusivos presentes nos discursos correntes na esfera pública, em especial em torno das propostas legislativas que buscam enfrentar a questão. A inadequação da maioria das proposições é debatida, especialmente em confronto com experiências internacionais que buscaram lidar com problemas análogos por meio de ações pautadas pelo diálogo e pelo respeito às formas internas de deliberação. Sustenta-se a centralidade da categoria dos direitos fundamentais para o enfrentamento dos desafios multiculturais. Igualdade e liberdade caracterizam-se hoje por significarem, grosso modo, e em permanente tensão respectivamente constitutiva entre si, quais diferenças não podem fazer diferença social e o respeito a essas diferenças enquanto liberdade. Assim, direitos fundamentais individuais revelam-se de imediato como coletivos e difusos. Ou, em outros termos, os direitos fundamentais fornecem a base móvel adequada a uma sociedade moderna que incorpora os riscos com os quais se defronta mediante permanente mutação. Desse modo, com a complexidade que hoje assumem os princípios jurídicos, sua universalidade requer contextualização e sensibilidade para as situações concretas e únicas de aplicação. Para tanto, as discussões feministas sobre o papel dos direitos e sua relação com o multiculturalismo nos fornecem uma chave de leitura relevante. Entende-se que as garantias constitucionais em relação à cultura visam preservar não uma suposta pureza cultural, mas o direito às condições de possibilidade de auto-estima, do orgulho de pertencimento a uma identidade digna de valor. Nesses termos, se por um lado os direitos fundamentais podem ser vistos como limites a práticas tradicionais, operam ao mesmo tempo como condição de possibilidade para a existência e preservação dessas mesmas formas de vida – enquanto autocompreensão ética acerca de sua própria história. Os direitos fundamentais, nesse sentido, assumem o papel de elemento desestabilizador de usos, costumes e tradições naturalizados, a exigir que as eticidades se tornem reflexivas para que possam manter sua força enquanto elemento simbólico de reprodução social, e para que as posturas comunitárias ético-políticas não percam seus potenciais inclusivos e emancipatórios.


The role of constitutionalism in reconciling the plurality of cultural forms of life and respect for basic rights is the subject addressed by the present thesis. From the debates on the so-called indigenous infanticide in Brazil, we seek to demonstrate the problems and inclusive potentialities present in the public sphere discourses, particularly around legislative proposals, bills, that seek to address the issues. The inadequacy of most of the proposals is debated, especially in comparison with international experiences that sought to deal with similar problems through actions guided by dialogue and respect for internal forms of deliberation. The basic rights prove themselves as central tools to deal, in a constitutionally productive way, with the multicultural challenges. Equality and freedom are characterized today for meaning, roughly, and respectively constituting a permanent tension between them, which differences cannot make social difference and freedom as the respect due to these differences. Thus, fundamental rights, although individual rights, reveal themselves at the same time as collective and diffuse guarantees. In other words, the basic rights provide the mobile foundations suitable to the modern society, which incorporates the risks faced through permanent mutation. Today’s legal principles complexity, thus, implies in a kind of universality that requires contextuality and sensitivity to the concrete and unique situations of application. The feminist discussions about the role of rights and its relation to multiculturalism give us an interpretation key to face this issue. Constitutional guarantees regarding cultures are not aimed at preserving a supposed purity of a culture, but the right to the very possibility of individual self-esteem, of the pride of belonging to a collective identity worth of value. In these terms, if fundamental rights might be seen as limits to traditional practices, they operate at the same time as a condition for the existence and preservation of these lifeforms – understood as the ethical self-understanding towards its own history. The fundamental rights assume the role of destabilizing naturalized uses, customs and traditions, to demand that ethics become reflexive in order to maintain its strength as a symbolic element of social reproduction, in a way that ethical-political communitarian attitudes retain its inclusive and emancipatory potentials.
Workshop realizado na UnB, no âmbito da cooperação com a Università degli Studi di Macerata, sobre Inovação e Transição no Direito: experiências e configurações teóricas
Research Interests: