Papers by Licio Caetano do Rego Monteiro
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De Raíz Diversa: Revista Especializada en Estudios Latinoamericanos, 2021
Este artículo tiene como objetivo iniciar una discusión sobre el papel de Abya
Yala/América Latin... more Este artículo tiene como objetivo iniciar una discusión sobre el papel de Abya
Yala/América Latina en el escenario geopolítico contemporáneo. Para ello, busca rastrear la
formación histórica y territorial del continente en sus momentos clave, demostrando la relevancia de la conquista colonial de América para la proyección geopolítica europea en su
relación con Asia (siglos XV-XIX) y el peso de esta de larga duración cuando se observa el
ascenso de China y sus actuales repercusiones continentales y globales. Consideramos que la
visión geopolítica tradicional -en escalas amplias y centrada en el poder de la economía y de
los estados- debe ser confrontada con otras visiones y escalas que busquen reconocer el papel
activo de los grupos/clases sociales en las diferentes relaciones sociales y de poder. sus escalas
que marcan y redefinen los acontecimientos de la geopolítica global. Este artículo se divide
en 3 partes, a saber (1) un análisis de la constitución del sistema mundial y la importancia de
América para comprender este sistema, (2) su colonialidad que sobrevivió al final del colonialismo y (3) el surgimiento político de América Profunda/Abya Yala.
Fundação Heinrich Böll, 2023
A política de segurança fronteiriça brasileira deslocou seu foco do Arco Norte para o Arco Centra... more A política de segurança fronteiriça brasileira deslocou seu foco do Arco Norte para o Arco Central na passagem dos anos 2000 para os anos 2010. Esse deslocamento foi acompanhado por mudanças organizacionais, tecnológicas e políticas ainda pouco analisadas. Buscamos explorar as consequências dessas mudanças através de uma interpretação geográfica e política do deslocamento promovido pelas diferentes formas de atuação do Estado brasileiro em sua fronteira continental.

Fundação Heinrich Boll, 2021
Extermínio e encarceramento em massa de criminosos,
desregulamentação dos registros de armas de f... more Extermínio e encarceramento em massa de criminosos,
desregulamentação dos registros de armas de fogo, desmonte
dos órgãos de defesa de direitos humanos e proteção
da propriedade privada. Tais propostas ocuparam o centro
de campanhas vitoriosas nas eleições de 2018 em todo o
Brasil, como as dos governadores eleitos João Dória (SP) e
Wilson Witzel (RJ, atualmente fora do cargo) e do presidente
Jair Messias Bolsonaro. O medo da criminalidade violenta foi
um dos principais sentimentos mobilizados por essas candidaturas,
evidenciando a crescente importância do tema da
segurança pública na agenda política nacional. A violência
é, sem dúvida, endêmica no Brasil, país que, com 3,6% da
população mundial responde, sozinho, por 18% dos homicídios
no mundo (BID, 2018). No entanto, como mostraremos
adiante, as propostas de Bolsonaro para o controle do crime
e da violência consistem: de um lado, em radicalizar alguns
processos, iniciados há décadas, que violam liberdades civis
e permanecem sem êxito em diminuir a violência, como
o encarceramento em massa e a militarização e; de outro,
em romper com iniciativas passadas de cunho “civilizatório”,
como o desarmamento e o fortalecimento dos controles institucionais
e sociais democráticos.
BIG Review, 2020
This paper discusses the context and the effects of border closures related to the COVID-19 pande... more This paper discusses the context and the effects of border closures related to the COVID-19 pandemic in four border regions between Brazil and its neighbors, namely Venezuela, Colombia, Paraguay, and Argentina, from March to July 2020. The study highlights the low level of coordination among countries, bilateral or regional, in the course of the sanitary emergency. It also analyses the local impacts of the restrictive measures, especially on the twin cities due to their high level of interdependence, in which the inhabitants suffered from the dismantling of supply networks, the precarity of health services, and the economic downturn related to border closures.

Revista Cardinalis, v.8, n.15, 2020
En marzo de 2020 la Organización Mundial de la Salud declaró la pandemia global del coronavirus. ... more En marzo de 2020 la Organización Mundial de la Salud declaró la pandemia global del coronavirus. La repercusión en América Latina/Abya Yala fue inmediata y fueron vistos diferentes medidas de confinamiento y distanciamiento social. ¿Cómo la pandemia puede hacer emerger, evidenciar y producir barreras y controles de poblaciones y territorios que antes parecían adormecidos o latentes? ¿Cómo algunas formas de barreras son hechas no solamente por el Estado, pero también por la iniciativa de las comunidades? La experiencia social de la pandemia y del enfrentamiento comunitario tiene mucho a enseñarnos sobre las dinámicas socio-territoriales y políticas que ocurren hoy en día en diversos rincones del continente. El presente artículo expone las experiencias de barreras comunitarias hechas en dos comunidades tradicionales caiçaras del municipio de Paraty, estado de Río de Janeiro, Brasil. Son las comunidades de Praia do Sono y Trindade que promovieron cierres en defensa de la vida y del territorio, en situaciones de conflicto y de negociación con los poderes del Estado.

Revista Espaço Aberto, 2020
Resumo: A expressão "fazer a fronteira" pretende chamar a atenção para o caráter in-tencional e e... more Resumo: A expressão "fazer a fronteira" pretende chamar a atenção para o caráter in-tencional e estratégico dos diferentes modos de delimitar, demarcar, reforçar, atravessar e usar as fronteiras, que não se restringem a um único ator dominante, o Estado, mas que são aproveitados e desafiados pelas populações. Na América do Sul, iniciativas de abertura e integração se combinam com políticas de controle e inibição de fluxos trans-fronteiriços, configurando as realidades geográficas que têm sido objeto de estudos e pesquisas em diversas áreas, em especial na geografia. Com a intenção de compartilhar um panorama de alguns desses estudos é que apresentamos o dossiê "Fazer a Fronteira: Olhares Sul-americanos". Palavras-chave: Fronteira; Limite; América do Sul. Abstract: The expression "border making" has the intention of highlighting the intentional and strategic character of different ways of delimiting, demarcating, reinforcing, crossing and using borders. Border making is not restricted to a single dominant player such as the State, but is also employed and challenged by specific populations. In South America, openness and integration initiatives compete and combine with policies to control and inhibit cross-border flows, shaping geographical realities that have been the subject of many studies and research in various disciplinary areas, particularly Geography. In order to provide an overview of some of these studies, we present the dossier "Border Making: South American Gazes".

Paraty, 26 de abril de 2020
Pode parecer estranho imaginar as margens do Perequê-Açu vazias, o ce... more Paraty, 26 de abril de 2020
Pode parecer estranho imaginar as margens do Perequê-Açu vazias, o centro histórico silencioso… Vi numa remota imagem de drone. Não é só agora, tempo de quarentena e confinamento. Devemos nos preparar para mudanças mais duradouras em nossa cidade. O turismo internacional vai diminuir, apesar do dólar nas alturas. Os brasileiros estarão com pouco dinheiro para viajar. As aglomerações, mesmo quando não forem mais proibidas, vão continuar não sendo recomendadas. Mesmo com a retomada de eventos e atividades, passaremos por momentos de pouco afluxo de pessoas. Não vamos voltar ao "normal", e precisamos pensar o que fazer. É claro que cada um já deve estar pensando, fazendo seus cálculos, se preparando para o pior, para o menos pior ou para algo diferente. Mas não é só o que cada um vai fazer para resolver, é como a gente vai encarar isso coletivamente. O que vai significar Paraty para a gente e para os que nos veem de fora? Muitos falam que o mundo vai mudar. Mas para nós, aqui é nosso mundo, do tamanho de nosso horizonte cotidiano, nosso espaço comum. Esse pequeno mundo pode ter vários tamanhos, a nossa família, a nossa casa, o nosso bairro, a nossa rua, a nossa comunidade-real ou futura, pois dificilmente conseguiremos deixar de pensar cada lugar a partir de agora como uma comunidade. Mas existe um mundo que se chama Paraty. E quando olharem para nós, em breve, vão nos perguntar: e Paraty, o que fez? Para começar, seria importante encontrarmos uma história comum sobre o que estamos passando. Que história você gostaria de compartilhar com seus filhos e suas filhas, seus companheiros e companheiras, sua mãe, seu pai, seus avós? Um momento em que uma cidade parou e começou a se pensar novamente, o que ia fazer diante de tantas incertezas, ou uma cidade que continuou num fluxo como se nada tivesse acontecido, como se nada pudesse parar?

Rego Monteiro, Licio Caetano; Ribeiro, Letícia Parente. Bolivia-Brazil: Pando. In: Emmanuel Brune... more Rego Monteiro, Licio Caetano; Ribeiro, Letícia Parente. Bolivia-Brazil: Pando. In: Emmanuel Brunet-Jailly. (Org.). Border disputes: a global encyclopedia. 1ed. Santa Barbara: ABC-Clio, 2015, v. 3, pgs. 705-715.
The acquisition of Bolivian lands by immigrants on the border strip between Bolivia and Brazil has resulted in a functional dispute around the occupation of borderlands. This dispute opposes the Bolivian government, with its decision to remove Brazilians from the lands considered illegally occupied, to the Brazilian immigrants, who attempt to remain on the lands that they have acquired.
In 1996, Bolivia instituted the Law of the National Land Reform System that established the need to conduct an extensive process of regularization of land ownership in the country. Among other provisions, the law reiterated the constitutional principle that prohibits foreign ownership of landholdings within the 50 km border strip adjacent to the Bolivian international boundary. In 2006, amidst the conflicts that opposed Morales’ Administration to local governments of the eastern region of the country, the Bolivian central Government sought to create mechanisms to implement this legal principle, particularly in the department of Pando, in the region of the Bolivian Amazon. This decision directly affected Brazilians who had lands on the Bolivian border strip, leading to a situation of conflict which Brazil and Bolivia have tried to avoid by means of a bilateral negotiation established in 2007.

El cambio en la forma de divulgación de los datos del Covid-19 por el Ministerio de Salud de Bras... more El cambio en la forma de divulgación de los datos del Covid-19 por el Ministerio de Salud de Brasil anunciado el 6 de junio fue el episodio más explícito en el intento de ocultamiento y confusión de informaciones que ha ocurrido desde que la pandemia llegó a nuestras tierras. Sin testeos en masa y rastreo de contacto, la capacidad de monitoreo de la propagación del virus estuvo comprometida desde el principio. Son variadas las formas de esconder la realidad y de asumir las responsabilidades que acarrea su constatación. Estamos viviendo en un tiempo condensado, una fisura en el tiempo histórico en que nuestra propia percepción de paso del tiempo está alterada. La monotonía de los días encerrados que tardan en pasar se junta a la sensación de tiempo perdido frente a la curva de evolución de la contaminación y de las muertes, que todavía no paró de apuntar para arriba. En esa fisura en el tiempo que está cumpliendo tres meses es posible mirar para atrás y reconstituir la historia del presente en el intento de no dejar escapar la gravedad del fenómeno social que es la pandemia en Brasil. La normalización de las muertes actualizadas diariamente desvanece el sentido histórico de la evolución de la línea en el gráfico. La dificultad de lidiar con nuestro fracaso social frente al espejo refuerza diferentes formas de negación.
Funciona assim. O Salles disse que era pra aproveitar o foco da imprensa na pandemia e atropelar ... more Funciona assim. O Salles disse que era pra aproveitar o foco da imprensa na pandemia e atropelar a legislação ambiental, passar a boiada. A gente fica espantado com a declaração. Fora Salles, que fdp! Mas aí é uma metanarrativa. Enquanto estávamos de olho na pandemia, não percebemos o Salles. E enquanto estamos de olho no Salles falando m…, não percebemos que o governo decretou no dia 11 de maio de 2020 uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) subordinando por um mês o IBAMA e o ICMBio às Forças Armadas em toda a Amazônia brasileira, com a justificativa de que era uma medida preventiva para o combate às queimadas e ao desmatamento.

A catástrofe da pandemia do COVID-19 no Brasil parece se anunciar no horizonte próximo. Aprendend... more A catástrofe da pandemia do COVID-19 no Brasil parece se anunciar no horizonte próximo. Aprendendo com o que ocorreu em outros países e seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde, desde meados de março diversos estados e cidades no Brasil estabeleceram uma quarentena, que implica a suspensão das atividades não-essenciais e a redução da circulação de pessoas. O objetivo é o já conhecido "achatamento da curva": frear a velocidade da transmissão do vírus num contexto de livre circulação de pessoas e possibilitar que o sistema de saúde ganhe tempo para ampliar a capacidade de atendimento e hospitalização dos pacientes, evitando o colapso do sistema com a falta de leitos, de médicos e de equipamentos médicos.
Apesar de a quarentena ser defendida pela grande maioria dos especialistas e ter demonstrado seus efeitos consistentes nos diversos países que a adotaram de forma preventiva, não se conseguiu consolidá-la como um consenso social e político no Brasil. Desde os primeiros casos surgidos no Brasil, quando o quadro na Europa começava a se agravar, o governo de Bolsonaro alterna entre minimizar os efeitos do COVID-19, acusar os chineses pela sua disseminação e, desde 20 de março, anunciar a solução para o fim de todos os males, com o remédio chamado cloroquina.
A atitude de Bolsonaro frente à epidemia sintetizou um modo próprio de se relacionar com o COVID-19 que já se anunciava de forma difusa na sociedade, com a intenção explícita de se contrapor à estratégia da quarentena e do isolamento físico da população. Ao inaugurar uma polarização e dar legitimidade política a um dos polos, Bolsonaro produz um efeito social imediato, que se verifica no afrouxamento sucessivo do confinamento e no incentivo para que as pessoas saiam às ruas. Mas também projeta um efeito futuro, que tem a ver com a narrativa sobre a própria epidemia. Mesmo que a quarentena seja a estratégia mais confiável e aceita pela população, o importante na posição de Bolsonaro é promover uma cisão na maneira como a sociedade percebe a epidemia, extraindo desta polarização um efeito de longo prazo, que interdita uma percepção comum e compartilhada pelo conjunto da população. É a plantação de uma dúvida e de uma narrativa concorrente capaz de ressignificar os fatos e neutralizar as consequências políticas que poderiam advir de uma análise sobre os problemas estruturais revelados diante da epidemia e suas causas.
Ao transformar as evidências científicas numa questão de opinião e decisão política, as recomendações de quarentena se tornam ela própria uma posição numa guerra de narrativas em que o polo oposto à quarentena é ocupado aqui pelo que vamos generalizar aqui como "cloroquina". "Quarentena" e "cloroquina" se tornam polos que delimitam atitudes opostas diante da epidemia. Inaugura-se uma cismogênese que replica ou captura campos de identidade política e de comportamento social que já vem dividindo a sociedade brasileira há alguns anos. Não bastasse encarar a maior epidemia do último século, o Brasil deve enfrentar a epidemia fragmentado em dois campos de percepção, opostos, que resultam em atitudes distintas que, além de ter um impacto direto no sucesso das estratégias adotadas no período de pico da epidemia, também afetam a interpretação futura da catástrofe epidêmica e suas consequências políticas. E isso justamente diante de um problema que necessitaria de um esforço coletivo e multidimensional, em diversas frentes, convergindo para um objetivo comum.
IELa, 2020
Lembrando dos últimos 16 meses, quantas vezes tivemos a sensação de que o governo estava por um f... more Lembrando dos últimos 16 meses, quantas vezes tivemos a sensação de que o governo estava por um fio, que Bolsonaro era carta fora do baralho, que a crise institucional estava escalando para níveis irreversíveis, que alguma coisa ia acontecer e na hora H... as forças normalizadoras entraram em campo, o jogo voltava para o início do tabuleiro, as partes se acomodavam e se preparavam para a próxima rodada de escalada. "Desta vez passou dos limites", dizia o comentário de algum ex-aliado. E o mesmo comentário se repete todo mês desde 2018. Não há surpresa. A surpresa é perceber como essa dinâmica recorrente, repetida, previsível, não é entendida como tal.
Revista Espaço Aberto, 2020
A expressão “fazer a fronteira” pretende chamar a atenção para o caráter intencional e estratégic... more A expressão “fazer a fronteira” pretende chamar a atenção para o caráter intencional e estratégico dos diferentes modos de delimitar, demarcar, reforçar, atravessar e usar as fronteiras, que não se restringem a um único ator dominante, o Estado, mas que são aproveitados e desafiados pelas populações. Na América do Sul, iniciativas de abertura e integração se combinam com políticas de controle e inibição de fluxos transfronteiriços, configurando as realidades geográficas que têm sido objeto de estudos e pesquisas em diversas áreas, em especial na geografia. Com a intenção de compartilhar um panorama de alguns desses estudos é que apresentamos o dossiê “Fazer a Fronteira: Olhares Sul-americanos”.
Texto introdutório do Dossiê Fazer a Fronteira, da Revista Espaço Aberto, v. 10, n. 1 (2020)

Nuvens geopoliticas CLOUD Act e a privacidade na internet, 2020
Diversos projetos de lei buscam promover o "fechamento do regime", eliminando garantias individua... more Diversos projetos de lei buscam promover o "fechamento do regime", eliminando garantias individuais, ampliando o controle do Estado sobre as atividades políticas dos cidadãos e legalizando práticas repressivas hoje consideradas abusivas. Um Estado securitário está sendo gestado no Congresso Nacional, sob influência de setores militares, num contexto em que a maior parte da oposição se recusa a colocar no centro da pauta política a denúncia às medidas excepcionais que são colocadas para fazer frente a um suposto "terrorismo" emergente. Aqui procuramos avaliar em que medida o Projeto de Lei 2.418/2019-que busca obrigar o monitoramento da internet para casos de terrorismo e crimes hediondos-está associado à iniciativa norte-americana de ampliar o controle sobre a internet através do CLOUD Act, promulgado nos EUA em 2018. Nossa hipótese é a de que o monitoramento do fluxo de dados virtuais, localizados nas "nuvens de dados" aparentemente desterritorializadas, está se tornando, de forma acelerada, um instrumento geopolítico que reforça a posição dos EUA dentro de sua área de influência e, ao mesmo tempo, concentra poderes no interior de certas agências estatais dos países da órbita norte-americana para controlarem e reprimirem seus próprios cidadãos.
Revista Brasileira de Geografia, v. 63, n. 2, 2019
A terceira edição do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Territór... more A terceira edição do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (III CONGEO) consolidou o evento como um espaço privilegiado para a visibilidade e o debate acerca da ampliação temática e teórico-metodológica existente na agenda da Geografia Política que se faz hoje no Brasil. Essa ampliação passa também por diálogos interdisciplinares, diferentes áreas de atuação profissional, bem como por conexões acadêmicas nacionais e internacionais. Este texto de apresentação à edição da Revista Brasileira de Geografia dedicada ao evento tem por objetivo explicitar as interfaces, a pluralidade e o processo de renovação do campo, além de
tecer um balanço preliminar do evento, realizado entre os dias 10 e 14 de setembro de 2018, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Geopolítica(s) - Revista de Estudios sobre Espacio y Poder, 2019
La tercera edición del Congreso Brasileño de Geografía Política, Geopolítica y Gestión de... more La tercera edición del Congreso Brasileño de Geografía Política, Geopolítica y Gestión del Territorio ha debatido sobre la ampliación de la temática teórica y metodológica existente en la agenda de la geografía política que se practica hoy en Brasil. Esta ampliación pasa también por diálogos interdisciplinares, diferentes áreas de actuación profesional, así como por conexiones académicas nacionales e internacionales. Este texto tiene como objetivo explicar las interfases, la pluralidad y el proceso de renovación del campo, más allá de hacer un balance preliminar del evento, realizado entre los días 10 y 14 de septiembre de 2018, en la Universidad Federal Fluminense, en Niteroi.
Les Carnets du Temps, n. 134, 2019

É preciso um bom motivo para escrever sobre tema tantas vezes explorado, como é o caso da distinç... more É preciso um bom motivo para escrever sobre tema tantas vezes explorado, como é o caso da distinção entre geografia política e geopolítica. Aqui se apresentam pelo menos dois motivos.
O primeiro, de ordem metodológica, é a disponibilidade de uma ferramenta bibliométrica inédita que permite analisar a trajetória dos dois termos ao longo de uma série temporal ampla e em diferentes idiomas, oferecida pelo Google Ngram Viewer. O segundo, relacionado ao campo acadêmico-disciplinar, é o balanço contemporâneo que a geografia política brasileira deve fazer em relação à tradição geopolítica que tantos desafios trouxe ao pensamento geográfico ao longo do
século XX.
Este artigo se desdobra, pois, em duas partes. De início, utilizamos a ferramenta do Google Ngram Viewer para situar a trajetória dos termos
“geografia política” e “geopolítica” ao longo do século XX, em quatro línguas: alemão, francês, inglês e castelhano, localizando no período
de cem anos os momentos-chave de aumento e diminuição do uso de cada um dos termos e as diferenças na trajetória em cada língua. Na segunda parte, esse cenário internacional servirá para analisar o desenvolvimento das distinções e aproximações entre geografia política e geopolítica no Brasil dentro do mesmo espectro temporal. Diante da ausência da língua portuguesa na base do Google Ngram Viewer, a hipóteses sobre trajetória dos termos em nosso idioma resultam de uma análise qualitativa, baseada numa vasta revisão bibliográfica do campo.
Revista La Libertad de la Pluma, 2018
En las elecciones del próximo domingo 28 de octubre, Brasil elige mucho más que un candidato a pr... more En las elecciones del próximo domingo 28 de octubre, Brasil elige mucho más que un candidato a presidente. Se elige una visión del mundo, del tipo de humanidad que vamos habitar. En este pequeño artículo debatiremos el proceso político actual en Brasil.
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Papers by Licio Caetano do Rego Monteiro
Yala/América Latina en el escenario geopolítico contemporáneo. Para ello, busca rastrear la
formación histórica y territorial del continente en sus momentos clave, demostrando la relevancia de la conquista colonial de América para la proyección geopolítica europea en su
relación con Asia (siglos XV-XIX) y el peso de esta de larga duración cuando se observa el
ascenso de China y sus actuales repercusiones continentales y globales. Consideramos que la
visión geopolítica tradicional -en escalas amplias y centrada en el poder de la economía y de
los estados- debe ser confrontada con otras visiones y escalas que busquen reconocer el papel
activo de los grupos/clases sociales en las diferentes relaciones sociales y de poder. sus escalas
que marcan y redefinen los acontecimientos de la geopolítica global. Este artículo se divide
en 3 partes, a saber (1) un análisis de la constitución del sistema mundial y la importancia de
América para comprender este sistema, (2) su colonialidad que sobrevivió al final del colonialismo y (3) el surgimiento político de América Profunda/Abya Yala.
desregulamentação dos registros de armas de fogo, desmonte
dos órgãos de defesa de direitos humanos e proteção
da propriedade privada. Tais propostas ocuparam o centro
de campanhas vitoriosas nas eleições de 2018 em todo o
Brasil, como as dos governadores eleitos João Dória (SP) e
Wilson Witzel (RJ, atualmente fora do cargo) e do presidente
Jair Messias Bolsonaro. O medo da criminalidade violenta foi
um dos principais sentimentos mobilizados por essas candidaturas,
evidenciando a crescente importância do tema da
segurança pública na agenda política nacional. A violência
é, sem dúvida, endêmica no Brasil, país que, com 3,6% da
população mundial responde, sozinho, por 18% dos homicídios
no mundo (BID, 2018). No entanto, como mostraremos
adiante, as propostas de Bolsonaro para o controle do crime
e da violência consistem: de um lado, em radicalizar alguns
processos, iniciados há décadas, que violam liberdades civis
e permanecem sem êxito em diminuir a violência, como
o encarceramento em massa e a militarização e; de outro,
em romper com iniciativas passadas de cunho “civilizatório”,
como o desarmamento e o fortalecimento dos controles institucionais
e sociais democráticos.
Pode parecer estranho imaginar as margens do Perequê-Açu vazias, o centro histórico silencioso… Vi numa remota imagem de drone. Não é só agora, tempo de quarentena e confinamento. Devemos nos preparar para mudanças mais duradouras em nossa cidade. O turismo internacional vai diminuir, apesar do dólar nas alturas. Os brasileiros estarão com pouco dinheiro para viajar. As aglomerações, mesmo quando não forem mais proibidas, vão continuar não sendo recomendadas. Mesmo com a retomada de eventos e atividades, passaremos por momentos de pouco afluxo de pessoas. Não vamos voltar ao "normal", e precisamos pensar o que fazer. É claro que cada um já deve estar pensando, fazendo seus cálculos, se preparando para o pior, para o menos pior ou para algo diferente. Mas não é só o que cada um vai fazer para resolver, é como a gente vai encarar isso coletivamente. O que vai significar Paraty para a gente e para os que nos veem de fora? Muitos falam que o mundo vai mudar. Mas para nós, aqui é nosso mundo, do tamanho de nosso horizonte cotidiano, nosso espaço comum. Esse pequeno mundo pode ter vários tamanhos, a nossa família, a nossa casa, o nosso bairro, a nossa rua, a nossa comunidade-real ou futura, pois dificilmente conseguiremos deixar de pensar cada lugar a partir de agora como uma comunidade. Mas existe um mundo que se chama Paraty. E quando olharem para nós, em breve, vão nos perguntar: e Paraty, o que fez? Para começar, seria importante encontrarmos uma história comum sobre o que estamos passando. Que história você gostaria de compartilhar com seus filhos e suas filhas, seus companheiros e companheiras, sua mãe, seu pai, seus avós? Um momento em que uma cidade parou e começou a se pensar novamente, o que ia fazer diante de tantas incertezas, ou uma cidade que continuou num fluxo como se nada tivesse acontecido, como se nada pudesse parar?
The acquisition of Bolivian lands by immigrants on the border strip between Bolivia and Brazil has resulted in a functional dispute around the occupation of borderlands. This dispute opposes the Bolivian government, with its decision to remove Brazilians from the lands considered illegally occupied, to the Brazilian immigrants, who attempt to remain on the lands that they have acquired.
In 1996, Bolivia instituted the Law of the National Land Reform System that established the need to conduct an extensive process of regularization of land ownership in the country. Among other provisions, the law reiterated the constitutional principle that prohibits foreign ownership of landholdings within the 50 km border strip adjacent to the Bolivian international boundary. In 2006, amidst the conflicts that opposed Morales’ Administration to local governments of the eastern region of the country, the Bolivian central Government sought to create mechanisms to implement this legal principle, particularly in the department of Pando, in the region of the Bolivian Amazon. This decision directly affected Brazilians who had lands on the Bolivian border strip, leading to a situation of conflict which Brazil and Bolivia have tried to avoid by means of a bilateral negotiation established in 2007.
Apesar de a quarentena ser defendida pela grande maioria dos especialistas e ter demonstrado seus efeitos consistentes nos diversos países que a adotaram de forma preventiva, não se conseguiu consolidá-la como um consenso social e político no Brasil. Desde os primeiros casos surgidos no Brasil, quando o quadro na Europa começava a se agravar, o governo de Bolsonaro alterna entre minimizar os efeitos do COVID-19, acusar os chineses pela sua disseminação e, desde 20 de março, anunciar a solução para o fim de todos os males, com o remédio chamado cloroquina.
A atitude de Bolsonaro frente à epidemia sintetizou um modo próprio de se relacionar com o COVID-19 que já se anunciava de forma difusa na sociedade, com a intenção explícita de se contrapor à estratégia da quarentena e do isolamento físico da população. Ao inaugurar uma polarização e dar legitimidade política a um dos polos, Bolsonaro produz um efeito social imediato, que se verifica no afrouxamento sucessivo do confinamento e no incentivo para que as pessoas saiam às ruas. Mas também projeta um efeito futuro, que tem a ver com a narrativa sobre a própria epidemia. Mesmo que a quarentena seja a estratégia mais confiável e aceita pela população, o importante na posição de Bolsonaro é promover uma cisão na maneira como a sociedade percebe a epidemia, extraindo desta polarização um efeito de longo prazo, que interdita uma percepção comum e compartilhada pelo conjunto da população. É a plantação de uma dúvida e de uma narrativa concorrente capaz de ressignificar os fatos e neutralizar as consequências políticas que poderiam advir de uma análise sobre os problemas estruturais revelados diante da epidemia e suas causas.
Ao transformar as evidências científicas numa questão de opinião e decisão política, as recomendações de quarentena se tornam ela própria uma posição numa guerra de narrativas em que o polo oposto à quarentena é ocupado aqui pelo que vamos generalizar aqui como "cloroquina". "Quarentena" e "cloroquina" se tornam polos que delimitam atitudes opostas diante da epidemia. Inaugura-se uma cismogênese que replica ou captura campos de identidade política e de comportamento social que já vem dividindo a sociedade brasileira há alguns anos. Não bastasse encarar a maior epidemia do último século, o Brasil deve enfrentar a epidemia fragmentado em dois campos de percepção, opostos, que resultam em atitudes distintas que, além de ter um impacto direto no sucesso das estratégias adotadas no período de pico da epidemia, também afetam a interpretação futura da catástrofe epidêmica e suas consequências políticas. E isso justamente diante de um problema que necessitaria de um esforço coletivo e multidimensional, em diversas frentes, convergindo para um objetivo comum.
Texto introdutório do Dossiê Fazer a Fronteira, da Revista Espaço Aberto, v. 10, n. 1 (2020)
tecer um balanço preliminar do evento, realizado entre os dias 10 e 14 de setembro de 2018, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
O primeiro, de ordem metodológica, é a disponibilidade de uma ferramenta bibliométrica inédita que permite analisar a trajetória dos dois termos ao longo de uma série temporal ampla e em diferentes idiomas, oferecida pelo Google Ngram Viewer. O segundo, relacionado ao campo acadêmico-disciplinar, é o balanço contemporâneo que a geografia política brasileira deve fazer em relação à tradição geopolítica que tantos desafios trouxe ao pensamento geográfico ao longo do
século XX.
Este artigo se desdobra, pois, em duas partes. De início, utilizamos a ferramenta do Google Ngram Viewer para situar a trajetória dos termos
“geografia política” e “geopolítica” ao longo do século XX, em quatro línguas: alemão, francês, inglês e castelhano, localizando no período
de cem anos os momentos-chave de aumento e diminuição do uso de cada um dos termos e as diferenças na trajetória em cada língua. Na segunda parte, esse cenário internacional servirá para analisar o desenvolvimento das distinções e aproximações entre geografia política e geopolítica no Brasil dentro do mesmo espectro temporal. Diante da ausência da língua portuguesa na base do Google Ngram Viewer, a hipóteses sobre trajetória dos termos em nosso idioma resultam de uma análise qualitativa, baseada numa vasta revisão bibliográfica do campo.
Yala/América Latina en el escenario geopolítico contemporáneo. Para ello, busca rastrear la
formación histórica y territorial del continente en sus momentos clave, demostrando la relevancia de la conquista colonial de América para la proyección geopolítica europea en su
relación con Asia (siglos XV-XIX) y el peso de esta de larga duración cuando se observa el
ascenso de China y sus actuales repercusiones continentales y globales. Consideramos que la
visión geopolítica tradicional -en escalas amplias y centrada en el poder de la economía y de
los estados- debe ser confrontada con otras visiones y escalas que busquen reconocer el papel
activo de los grupos/clases sociales en las diferentes relaciones sociales y de poder. sus escalas
que marcan y redefinen los acontecimientos de la geopolítica global. Este artículo se divide
en 3 partes, a saber (1) un análisis de la constitución del sistema mundial y la importancia de
América para comprender este sistema, (2) su colonialidad que sobrevivió al final del colonialismo y (3) el surgimiento político de América Profunda/Abya Yala.
desregulamentação dos registros de armas de fogo, desmonte
dos órgãos de defesa de direitos humanos e proteção
da propriedade privada. Tais propostas ocuparam o centro
de campanhas vitoriosas nas eleições de 2018 em todo o
Brasil, como as dos governadores eleitos João Dória (SP) e
Wilson Witzel (RJ, atualmente fora do cargo) e do presidente
Jair Messias Bolsonaro. O medo da criminalidade violenta foi
um dos principais sentimentos mobilizados por essas candidaturas,
evidenciando a crescente importância do tema da
segurança pública na agenda política nacional. A violência
é, sem dúvida, endêmica no Brasil, país que, com 3,6% da
população mundial responde, sozinho, por 18% dos homicídios
no mundo (BID, 2018). No entanto, como mostraremos
adiante, as propostas de Bolsonaro para o controle do crime
e da violência consistem: de um lado, em radicalizar alguns
processos, iniciados há décadas, que violam liberdades civis
e permanecem sem êxito em diminuir a violência, como
o encarceramento em massa e a militarização e; de outro,
em romper com iniciativas passadas de cunho “civilizatório”,
como o desarmamento e o fortalecimento dos controles institucionais
e sociais democráticos.
Pode parecer estranho imaginar as margens do Perequê-Açu vazias, o centro histórico silencioso… Vi numa remota imagem de drone. Não é só agora, tempo de quarentena e confinamento. Devemos nos preparar para mudanças mais duradouras em nossa cidade. O turismo internacional vai diminuir, apesar do dólar nas alturas. Os brasileiros estarão com pouco dinheiro para viajar. As aglomerações, mesmo quando não forem mais proibidas, vão continuar não sendo recomendadas. Mesmo com a retomada de eventos e atividades, passaremos por momentos de pouco afluxo de pessoas. Não vamos voltar ao "normal", e precisamos pensar o que fazer. É claro que cada um já deve estar pensando, fazendo seus cálculos, se preparando para o pior, para o menos pior ou para algo diferente. Mas não é só o que cada um vai fazer para resolver, é como a gente vai encarar isso coletivamente. O que vai significar Paraty para a gente e para os que nos veem de fora? Muitos falam que o mundo vai mudar. Mas para nós, aqui é nosso mundo, do tamanho de nosso horizonte cotidiano, nosso espaço comum. Esse pequeno mundo pode ter vários tamanhos, a nossa família, a nossa casa, o nosso bairro, a nossa rua, a nossa comunidade-real ou futura, pois dificilmente conseguiremos deixar de pensar cada lugar a partir de agora como uma comunidade. Mas existe um mundo que se chama Paraty. E quando olharem para nós, em breve, vão nos perguntar: e Paraty, o que fez? Para começar, seria importante encontrarmos uma história comum sobre o que estamos passando. Que história você gostaria de compartilhar com seus filhos e suas filhas, seus companheiros e companheiras, sua mãe, seu pai, seus avós? Um momento em que uma cidade parou e começou a se pensar novamente, o que ia fazer diante de tantas incertezas, ou uma cidade que continuou num fluxo como se nada tivesse acontecido, como se nada pudesse parar?
The acquisition of Bolivian lands by immigrants on the border strip between Bolivia and Brazil has resulted in a functional dispute around the occupation of borderlands. This dispute opposes the Bolivian government, with its decision to remove Brazilians from the lands considered illegally occupied, to the Brazilian immigrants, who attempt to remain on the lands that they have acquired.
In 1996, Bolivia instituted the Law of the National Land Reform System that established the need to conduct an extensive process of regularization of land ownership in the country. Among other provisions, the law reiterated the constitutional principle that prohibits foreign ownership of landholdings within the 50 km border strip adjacent to the Bolivian international boundary. In 2006, amidst the conflicts that opposed Morales’ Administration to local governments of the eastern region of the country, the Bolivian central Government sought to create mechanisms to implement this legal principle, particularly in the department of Pando, in the region of the Bolivian Amazon. This decision directly affected Brazilians who had lands on the Bolivian border strip, leading to a situation of conflict which Brazil and Bolivia have tried to avoid by means of a bilateral negotiation established in 2007.
Apesar de a quarentena ser defendida pela grande maioria dos especialistas e ter demonstrado seus efeitos consistentes nos diversos países que a adotaram de forma preventiva, não se conseguiu consolidá-la como um consenso social e político no Brasil. Desde os primeiros casos surgidos no Brasil, quando o quadro na Europa começava a se agravar, o governo de Bolsonaro alterna entre minimizar os efeitos do COVID-19, acusar os chineses pela sua disseminação e, desde 20 de março, anunciar a solução para o fim de todos os males, com o remédio chamado cloroquina.
A atitude de Bolsonaro frente à epidemia sintetizou um modo próprio de se relacionar com o COVID-19 que já se anunciava de forma difusa na sociedade, com a intenção explícita de se contrapor à estratégia da quarentena e do isolamento físico da população. Ao inaugurar uma polarização e dar legitimidade política a um dos polos, Bolsonaro produz um efeito social imediato, que se verifica no afrouxamento sucessivo do confinamento e no incentivo para que as pessoas saiam às ruas. Mas também projeta um efeito futuro, que tem a ver com a narrativa sobre a própria epidemia. Mesmo que a quarentena seja a estratégia mais confiável e aceita pela população, o importante na posição de Bolsonaro é promover uma cisão na maneira como a sociedade percebe a epidemia, extraindo desta polarização um efeito de longo prazo, que interdita uma percepção comum e compartilhada pelo conjunto da população. É a plantação de uma dúvida e de uma narrativa concorrente capaz de ressignificar os fatos e neutralizar as consequências políticas que poderiam advir de uma análise sobre os problemas estruturais revelados diante da epidemia e suas causas.
Ao transformar as evidências científicas numa questão de opinião e decisão política, as recomendações de quarentena se tornam ela própria uma posição numa guerra de narrativas em que o polo oposto à quarentena é ocupado aqui pelo que vamos generalizar aqui como "cloroquina". "Quarentena" e "cloroquina" se tornam polos que delimitam atitudes opostas diante da epidemia. Inaugura-se uma cismogênese que replica ou captura campos de identidade política e de comportamento social que já vem dividindo a sociedade brasileira há alguns anos. Não bastasse encarar a maior epidemia do último século, o Brasil deve enfrentar a epidemia fragmentado em dois campos de percepção, opostos, que resultam em atitudes distintas que, além de ter um impacto direto no sucesso das estratégias adotadas no período de pico da epidemia, também afetam a interpretação futura da catástrofe epidêmica e suas consequências políticas. E isso justamente diante de um problema que necessitaria de um esforço coletivo e multidimensional, em diversas frentes, convergindo para um objetivo comum.
Texto introdutório do Dossiê Fazer a Fronteira, da Revista Espaço Aberto, v. 10, n. 1 (2020)
tecer um balanço preliminar do evento, realizado entre os dias 10 e 14 de setembro de 2018, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
O primeiro, de ordem metodológica, é a disponibilidade de uma ferramenta bibliométrica inédita que permite analisar a trajetória dos dois termos ao longo de uma série temporal ampla e em diferentes idiomas, oferecida pelo Google Ngram Viewer. O segundo, relacionado ao campo acadêmico-disciplinar, é o balanço contemporâneo que a geografia política brasileira deve fazer em relação à tradição geopolítica que tantos desafios trouxe ao pensamento geográfico ao longo do
século XX.
Este artigo se desdobra, pois, em duas partes. De início, utilizamos a ferramenta do Google Ngram Viewer para situar a trajetória dos termos
“geografia política” e “geopolítica” ao longo do século XX, em quatro línguas: alemão, francês, inglês e castelhano, localizando no período
de cem anos os momentos-chave de aumento e diminuição do uso de cada um dos termos e as diferenças na trajetória em cada língua. Na segunda parte, esse cenário internacional servirá para analisar o desenvolvimento das distinções e aproximações entre geografia política e geopolítica no Brasil dentro do mesmo espectro temporal. Diante da ausência da língua portuguesa na base do Google Ngram Viewer, a hipóteses sobre trajetória dos termos em nosso idioma resultam de uma análise qualitativa, baseada numa vasta revisão bibliográfica do campo.
O projeto pedagógico “Uma Outra História de Paraty” é o sexto realizado ao longo dos três primeiros anos, depois dos projetos "Quem sou eu?", "Cultura caiçara", "Guia turístico local", "O mar é nosso" e "Territórios sustentáveis" e antes do atual projeto "Redes e raízes". Toda essa trajetória, que completa quatro anos ao fim de 2019, faz parte de um processo de reorientação curricular em curso nas escolas da Praia do Sono e do Pouso da Cajaíba. O registro aqui apresentado busca contribuir com os professores das redes pública e privada com sugestões de trabalho baseadas numa experiência de currículo diferenciado, intercultural e interdisciplinar pela via da rede temática e da pedagogia de projetos. Os textos foram escritos a partir da interação entre os professores, os parceiros, os palestrantes, os comunitários e a assessoria pedagógica do IEAR/UFF.
"Uma outra história de Paraty" marca a maturidade desse processo iniciado em 2015, quando se conquistou a abertura do segundo segmento na Praia do Sono e no Pouso da Cajaíba. Quando as aulas iniciaram em março de 2016, a conclusão do 9o ano ainda era um horizonte distante. Hoje é uma realidade. Em vez de contar a história da "terra à vista", buscamos mirar o horizonte como um "mar à vista", com o olhar das crianças na beira da praia em busca de ir além, mas com os pés bem firmes em seu território, fortalecidos com os saberes de seus conterrâneos e ancestrais. Recontamos a história escrevendo em tempo real seu último capítulo, as primeiras turmas a se formarem no ensino fundamental completo nas comunidades caiçaras de Paraty, um evento que marca toda uma geração de crianças e jovens que passam a ser exemplos a serem seguidos.
https://www.editoraletra1.com.br/epub/9788563800367/
É preciso um bom motivo para escrever sobre tema tantas vezes explorado, como é o caso da distinção entre geografia política e geopolítica. Aqui se apresentam pelo menos dois motivos. O primeiro, de ordem metodológica, é a disponibilidade de uma ferramenta bibliométrica inédita que permite analisar a trajetória dos dois termos ao longo de uma série temporal ampla e em diferentes idiomas, oferecida pelo Google Ngram Viewer. O segundo, relacionado ao campo acadêmico-disciplinar, é o balanço contemporâneo que a geografia política brasileira deve fazer em relação à tradição geopolítica que tantos desafios trouxe ao pensamento geográfico ao longo do século XX. Este artigo se desdobra, pois, em duas partes. De início, utilizamos a ferramenta do Google Ngram Viewer para situar a trajetória dos termos "geografia política" e "geopolítica" ao longo do século XX, em quatro línguas: alemão, francês, inglês e castelhano, localizando no período de cem anos os momentos-chave de aumento e diminuição do uso de cada um dos termos e as diferenças na trajetória em cada língua. Na segunda parte, esse cenário internacional servirá para analisar o desenvolvimento das distinções e aproximações entre geografia política e geopolítica no Brasil dentro do mesmo espectro temporal. Diante da ausência da língua portuguesa na base do Google Ngram Viewer, a hipóteses sobre trajetória dos termos em nosso idioma resultam de uma análise qualitativa, baseada numa vasta revisão bibliográfica do campo. Esse mesmo tema tem sido objeto de trabalhos anteriores (REGO MONTEIRO, 2013, 2014), que se somam a uma consistente bibliografia sobre o campo da geografia política e da geopolítica brasileira (COSTA, 1991; MIYAMOTO, 1995; VLACH, 2003; COSTA; THÉRY, 2012; KAROL, 2013; NOVAES, 2015). Aqui retomamos alguns argumentos e retificamos outros à luz de novas fontes e metodologias, bem como avançamos especificamente sobre o caso brasileiro.
Ingrid Sarti, Mônica Leite Lessa e Williams Gonçalves, nossos professores, orientadores e nossos maiores incentivadores, que discutem a atualidade das Relações Internacionais no mundo contemporâneo, a integração regional e a busca pela autonomia. São os únicos textos cedidos para a publicação que não passaram pelo blog. A segunda seção “Diálogos sobre Economia Política Internacional” é composta pelos textos de Hélio Farias, Patrícia Nasser de Carvalho e André Saboya que nos ajudam a refletir a complexidade do momento atual internacional através do olhar da EPI. Em seguida apresentamos “Diálogos sobre Desenvolvimento” com os textos de Glauber Cardoso Carvalho, Túlio Sene e Luiza Bizzo Affonso, que nos apresentam os dilemas do desenvolvimento em um contexto neoliberalizante. Em “Diálogos sobre Política Externa”, o leitor encontrará textos relevantes sobre paradiplomacia e a necessidade de pensar a política externa como uma política pública, através das perspectivas de Leonardo Granato, Suellen Lannes e Victor Tibau. Na quinta seção retornamos nosso olhar para os “Diálogos sobre Segurança e Defesa”, com os textos de Larissa Rosevics e de Ricardo Zortéa Vieira. Em seguida, os “Diálogos sobre Geopolítica” são promovidos pelos textos de Hélio Farias, Bernardo Salgado Rodrigues e Marcelo Campello. Na sétima seção estão os “Diálogos sobre Integração Regional” com as contribuições de Luiz Felipe Brandão Osório, Glauber Cardoso Carvalho, Larissa Rosevics e Thauan dos Santos. A oitava seção traz os “Diálogos sobre a América Latina”, com a busca pela desconstrução do senso comum promovido pelos textos de Larissa Rosevics, Bernardo Salgado Rodrigues e Licio Caetano do Rego Monteiro. A nona seção denominada “Diálogos com a História Contemporânea” apresenta as análises de Edilson Nunes dos Santos Junior, Julia Monteath de França e Suellen Lannes.
O consórcio de interesses ainda nebulosos que pretende colocar uma região à venda tem como estratégia gerar uma expectativa excessiva e mentirosa de que a chegada dos “resorts integrados” (leia-se: hotéis + cassinos), a ampliação do aeroporto local e a desregulamentação da proteção ambiental vão trazer a prosperidade para Angra dos Reis. O slogan “Cancún brasileira” parece ser muito atrativo, mas é uma promessa que não pode ser cumprida e que não deveria ser almejada pela população de Angra dos Reis.
La Covid-19 impuso la activación de diferentes fronteras. En primer lugar, la más evidente fue la frontera nacional, los cierres que ocurrieron en todo el mundo y en el continente. Pero una novedad fue la irrupción de barreras y controles en niveles subnacionales, las divisas entre los estados y ciudades, y barreras hechas por comunidades que buscaron su autoaislamiento, hasta en el interior de las ciudades hubo medidas de restricción de accesos y transito de la población local. En febrero, no hace mucho tiempo, el monitoreo del Covid-19 aún no era tan fuerte, era solamente un problema entre otros. Los ministros de la salud del Mercosur se reunieron el 19 de febrero para debatir medidas conjuntas relacionadas a sarampión, dengue y coronavirus, cuando ningún país de la región había reportado casos. Hacia final de febrero los primeros casos surgieron en Ecuador y Brasil, seguidos por Argentina, Chile, Perú, Colombia, Paraguay e Guyana Francesa, en los primeros días de marzo. El 11 de marzo de 2020 la Organización Mundial de la Salud hace la declaración de la pandemia global del coronavirus. La repercusión en Latinoamérica fue inmediata. El día 16 de marzo, una videoconferencia reunió representantes oficiales de la mayoría de los países de Sudamérica, sin la participación de Brasil, y apuntaron la necesidad de medidas restrictivas, como el cierre de fronteras, lo que ha evolucionado muy ligero: Perú, Colombia y Argentina el 16 de marzo, Paraguay el 18 de marzo, Brasil el 19 de marzo, Bolivia el día 20 y Uruguay el día 23. Lo mismo pasaba en Centroamérica. Panamá fue el primero, al cerrar sus fronteras el 11 de marzo, mientras Nicaragua fue el último a tomar medidas. El 16 de marzo Guatemala cerró su frontera con México y demás países. Todos esos cierres afectaron también los vuelos internacionales, con vuelos cancelados, lo que afectó el regreso de ciudadanos que se encontraban fuera del país. Hubo varios grados de cierre. Y las medidas fueran tomadas a partir de las lógicas nacionales o mismo subnacionales, con baja coordinación regional.
temática socioambiental nos âmbitos doméstico e internacional.
Em sua 37ª edição, o Radar Socioambiental apresenta
fragmentos da entrevista realizada com Licio Caetano do Rego
Monteiro, Professor Adjunto de Geografia Humana do
Departamento de Geografia e Políticas Públicas da Universidade
Federal Fluminense, do Instituto de Educação de Angra dos Reis
(UFF/IEAR) e Mestre e Doutor em Geografia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A entrevista, que ocorreu em
julho de 2020 e foi conduzida pela Equipe da Plataforma
Socioambiental, aborda questões como as políticas ambientais
brasileiras e o Conselho da Amazônia. Para escutar a entrevista
na íntegra, é só acessar o Meio Descomplicado, o Podcast da
Plataforma Socioambiental.