Papers by Lúcia Isabel Silva
Momento, Mar 21, 2022
Resumo: O debate sobre as juventudes negras e periféricas vem se impondo no cenário acadêmico e p... more Resumo: O debate sobre as juventudes negras e periféricas vem se impondo no cenário acadêmico e político, com variado número de produções sobre violências diversas, racismos, exclusões e desigualdades, e sobre processos de organização, de arte, cultura e outros gestados por jovens, como estratégias importantes de viver as periferias, denunciar e lutar por direitos. Compreender estes processos é fundamental para pensar o papel dos jovens no enfrentamento de desigualdades e opressões estruturais, cidadania e defesa da democracia. Este artigo visa contribuir com o debate analisando o significado dos cursinhos populares como uma proposta de educação popular e organização política das/com as juventudes, assumindo a luta pelo direito à educação e suas relações com as lutas por outros direitos. A metodologia é um estudo de caso da Rede Emancipa Belém de Educação Popular, um projeto de extensão UFPA articulado à Rede Nacional Emancipa. O projeto atua com sete unidades em bairros periféricos, envolvendo, aproximadamente 100 estudantes de graduação e 400 jovens que se preparam para o Enem. Discutem-se os princípios e estratégias da proposta com base no pensamento freireano e as percepções dos jovens envolvidos/as sobre suas condições de vida, direitos e expectativas e o papel do cursinho. Os dados são oriundos de documentos, rodas de conversas, formulários aplicados e observação participante. Os resultados mostram a vulnerabilidade dos jovens, suas expectativas sobre a educação e sua contribuição e sentidos de oportunidade e inserção social. Conclui-se que as estratégias do projeto têm importância na construção da consciência coletiva e politização das desigualdades e violações e também na construção de sentidos de luta e de valores coletivos da liberdade, solidariedade, mobilização, igualdade, direito, justiça social etc., demonstrando o potencial do trabalho na formação política das juventudes.
Este ensaio reflete sobre as contradições existentes entre o pensamento liberal e a sua corporifi... more Este ensaio reflete sobre as contradições existentes entre o pensamento liberal e a sua corporificação na conflituosa realidade brasileira, sobretudo amazônida. Ao mesmo tempo, procura pensar em uma alternativa epistêmica apostando no pensamento decolonial como um importante caminho para dissolver o mito da narrativa salvacionista que está no cerne das pedagogias liberais, racistas e patriarcais, com base na crise de paradigmas. Realizamos um breve um diálogo com as teorias críticas, a pós-modernidade, a transmodernidade e a interculturalidade com o objetivo de compreendermos como o pensamento decolonial foi se consolidando, ao se constituir uma energia, em conjunto com os movimentos sociais, contra as opressões sofridas pelos povos colonizados por parte do capitalismo, do racismo e do patriarcado.
II Simpósio Nacional de Epistemologia Qualitativa e Subjetividade, 2019
No Brasil existe um racismo que é velado, esta é a pior das formas de racismo, pois o enfrentamen... more No Brasil existe um racismo que é velado, esta é a pior das formas de racismo, pois o enfrentamento à questão demanda um esforço ainda maior por parte da população negra que além de lutar todos os dias contra uma estrutura racista, ainda precisa provar a sua existência. A produção do discurso de negação do racismo é um dos mecanismos utilizados para estabelecer e/ou manter as relações de poder no mundo. Os discursos, que hora pregam uma superioridade de uma raça sobre outra hora pregam a negação de uma estrutura racial, produzem subjetividades para justificar políticas autoritárias, segregacionistas, excludentes e altamente nocivas à maioria da população. A produção de subjetividades no sistema neoliberal em favor do capital nos faz legitimar a violência, o racismo e o extermínio da população negra. Analisar as implicações do racismo na constituição de subjetividades de jovens é o objetivo desse estudo, em andamento. Portanto, parte-se da construção teórica de González Rey que compreende a subjetividade como um processo dialógico, dialético e complexo, não coisificada em uma entidade ou uma invariante universal da natureza humana, mas um sistema complexo que está em constante mudança. O sujeito nesse processo é concreto, constitui-se e é constituído por ela permanentemente, por meio da produção constante de sentidos e significados que existem nos diferentes sistemas da subjetividade social em que desenvolve suas ações (GONZALEZ REY, 2005). Partindo do pressuposto que nos tornamos o que somos num processo histórico, cultural e subjetivo, acreditamos ser importante entender como o racismo enquanto processo de dominação e de exclusão de direitos afeta a construção das subjetividades de jovens, mas também como o processo de autoconhecimento e de conscientização desse processo de
Revista Thema, 2020
A pandemia de COVID-19 constitui-se um desafio para a população mundial, mas pode ter efeitos div... more A pandemia de COVID-19 constitui-se um desafio para a população mundial, mas pode ter efeitos diversos em grupos e contextos específicos, devido a fatores como desigualdades socioeconômicas ou racismo estrutural. Este estudo visa analisar o cenário da pandemia no Brasil, com foco na população negra e as desigualdades relacionadas. É um estudo documental e exploratório, cuja fonte são 17 (dezessete) Boletins Epidemiológicos (BE) emitidos pelo COE COVID-19, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, no período de 03 de abril a 25 de maio de 2020. Os resultados indicam que de início, há maior hospitalização da população branca, com queda gradual até a quase equiparação no último boletim, a mesma relação se repete nos óbitos, com a relação se modificando até que negros passam a ser a maioria. Mostram ainda que mesmo brancos sendo maioria de internações, o maior número de mortes é entre negros, mostrando a Pandemia da COVID-19 como a expressão concreta da polí...
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universid... more Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para obtenção do título de doutora.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2017
RESUMO: Este estudo investigou a violência intrafamiliar como fator de risco no desenvolvimento d... more RESUMO: Este estudo investigou a violência intrafamiliar como fator de risco no desenvolvimento dos jovens, identificando os principais agressores e os tipos de violência. Participaram 658 jovens de 13 a 24 anos, de ambos os sexos, que cursavam entre a 7ª série do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio de 10 escolas públicas de Belém. As violências verbais e físicas foram as mais identificadas. Mãe e pai apareceram como principais perpetradores da violência física, madrastas e avós da violência psicológica e da categoria outros e o padrasto da violência sexual. Os resultados apontam para compreensão da dinâmica familiar e para a proposição de políticas públicas de proteção às famílias.
Os estudos sobre adolescencia e juventude no Brasil, ganham ampla visibilidade a partir dos anos ... more Os estudos sobre adolescencia e juventude no Brasil, ganham ampla visibilidade a partir dos anos 90, sendo este um de avancos na discussao teorico academica, mobilizacao dos movimentos sociais e avancos nos marcos de garantia de direitos: Estatuto da Crianca e do Adolescente; aprovacao da Politica Nacional de Juventude; da PEC e Estatuto da Juventude. (BRASIL. CF / 1988; ECA. BRASIL. 1990; BRASIL. BRASIL. Lei 12.852 / 2013. Estatuto da Juventude). Apesar disso, os estudos apontam que adolescentes e jovens sao os principais vulneraveis a negacao e exclusao de direitos que marcam a sociedade brasileira contemporânea. As novas geracoes sao especialmente vulneraveis as violacoes de direitos, a pobreza e a iniquidade por todo o Pais, com algumas grandes diferencas entre regioes (SILVA, 2014; 2016). Nesse contexto a violencia, em suas mais diversas formas e manifestacoes, aparece como um dos principais indicadores de risco. Esta apresentacao pretende discutir dados empiricos sobre adolescencia e juventude, identificando relacoes entre risco e protecao ao desenvolvimento como um conjunto de caracteristicas que marcam o desenvolvimento destes em diferentes contextos. Serao apresentados dois conjuntos de dados: um cenario do macrocontexto amazonico e brasileiro sobre a adolescencia e juventude (politicas de desenvolvimento, conflitos de terra e impactos na populacao amazonica) e, outro, de dados empiricos de amostras de adolescentes e jovens que buscam identificar variaveis sociodemograficas e caracteristicas pessoais dos sujeitos. A metodologia do trabalho e de natureza e quantitativa, cujos procedimentos combinam pesquisa documental e de campo, com aplicacao de formulario a uma amostra de 658 adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, estudantes de escolas publicas da cidade de Belem na norte do Brasil. Serao discutidos resultados referentes a: exposicao a violencia em geral, exterminio da Juventude Negra, acesso a direitos sociais, presenca de rede de apoio e as formas como estas vulnerabilidades sao marcadas pela raca, genero, situacao e contexto de moradia, escolarizacao, dentre outros. Os dados sao discutidos a partir do conceito de Rede, o qual permite identificar as diferentes condicoes nos quais os adolescentes e jovens participam das redes socais, as quais os posicionam e atua na configuracao das trajetorias de desenvolvimento. Esta confronto de dados permite identificar as caracteristicas dos contextos e a forca e a qualidade dos processos de desenvolvimento que os marcam, determinando a vida e as possibilidades de desenvolvimento dos adolescentes e jovens no Brasil e na Amazonia. Os dados apontam para a existencia de uma rede social de risco, onde a forca destes parece ser absurdamente maior do que as possibilidades de enfrentamento pessoais ou mesmo contextuais que possam gerar protecao, o que leva a demonstrar a sociedade brasileira como rede social de risco aos seus adolescentes e jovens e, ao mesmo tempo, apontando a necessidade de olhar elementos macros da rede social como indicadores do desenvolvimento pessoal, de forma a se comprometer com a transformacao desses indicadores – com uma nova configuracao de rede, portanto.
Revista Interdisciplinar Da Mobilidade Humana, Sep 30, 2010
Psicologia: Reflexão e Crítica, 2006
JOVEM, ADOLESCENTE E CRIANÇA EM CONTEXTOS DE PROTEÇÃO E DE RISCO NO BRASIL. , 2014
A intenção deste capítulo é apresentar um cenário sobre a juventude da periferia da cidade de Bel... more A intenção deste capítulo é apresentar um cenário sobre a juventude da periferia da cidade de Belém (Pará). Os dados fazem parte de um estudo realizado com 762 jovens, que objetivou realizar um diagnóstico sobre a situação da juventude e suas percepções sobre os problemas enfrentados na vivência desta etapa da vida. O texto traz informações sobre o acesso a direitos básicos como renda, educação, trabalho, informação, cultura e lazer e sobre as percepções dos jovens a respeito dos problemas que enfrentam no bairro e na cidade, discutindo o lugar que eles têm ocupado na política pública e na dinâmica social neste contexto brasileiro e amazônico.
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