Skip to main content
O presente artigo aborda as histórias em quadrinhos como forma de arte. A partir de uma concepção não elitista de arte e de uma discussão teórica e conceitual sobre o significado da arte, entendida como expressão figurativa da realidade,... more
O presente artigo aborda as histórias em quadrinhos como forma de arte. A partir de uma concepção não elitista de arte e de uma discussão teórica e conceitual sobre o significado da arte, entendida como expressão figurativa da realidade, o autor demonstra que as histórias em quadrinhos possuem o mesmo caráter que as demais produções artísticas, o que se revela em seu universo ficcional, bem como discute questões derivadas. A conclusão final é de que as histórias em quadrinhos são uma forma de arte específica e que somente numa concepção elitista o seu caráter artístico seria questionado.

Palavras-chave: arte; histórias em quadrinhos; forma de arte; universo ficcional; expressão figurativa da realidade.

ABSTRACT
This article discusses the comics as an art form. From a non-elitist conception of art and a theoretical and conceptual discussion about the meaning of art, understood as figurative expression of reality, the author demonstrates that the comics have the same character as other artistic productions, which reveals itself in its fictional universe, as well as discuss matters arising. The final conclusion is that comics are a specific form of art and that only an elitist conception its artistic character would be
questioned.

Keywords: art; comics; art form; fictional universe; figurative expression of reality.
Resumo As pesquisas sobre valores se desenvolvem em várias ciências humanas e a reflexão teórica sobre esse tema é realizada pela filosofia, sociologia e psicologia, entre outras disciplinas. Os valores se manifestam em todas as... more
Resumo
As pesquisas sobre valores se desenvolvem em várias ciências humanas e a reflexão teórica sobre esse tema é realizada pela filosofia, sociologia e psicologia, entre outras disciplinas. Os valores se manifestam em todas as produções culturais e artísticas e, por conseguinte, também se manifestam nas histórias em quadrinhos. O objetivo do artigo é apresentar uma reflexão sobre a técnica de análise dos valores, mostrando  os  seus  procedimentos  analíticos.  Para  tanto,  efetiva-se  uma  discussão  sobre  as  regras analíticas da análise de valores e, posteriormente, uma utilização de tal técnica no caso de algumas tiras de histórias em quadrinhos.

Palavras-chaves: Análise  dos  Valores.  Histórias  em  Quadrinhos.  Regras  Analíticas.  Valores. Predominância Valorativa.

Abstract
Researches on values develop in several human sciences and the theoretical reflection on this theme is carried out by philosophy, sociology and psychology, among other disciplines. Values are manifested in all cultural and artistic productions and, therefore, are also manifested in comic books. The objective of the article  is  to  present  a  reflection  on  the  technique  of  analysis  of  values,  showing  their  analytical procedures. For that, a discussion about the analytical rules of the analysis of values is carried out and, later, a use of such technique in the case of some comic strip.

Keywords:
Values Analysis; Comics. Analytical Rules. Values. Valuation Predominance.

Revista Interdisciplinar sobre Arte Sequencial, Mídias e Cultura Pop, São Leopoldo, v. 1, n.1, p. 52-66, jul./2021.
RESUMO: A questão da cultura é fundamental para a compreensão das sociedades humanas. E por isso é um fenômeno que necessita ser incluído no desenvolvimento da concepção marxista e vários autores esboçaram ou desenvolveram teses sobre a... more
RESUMO: A questão da cultura é fundamental para a compreensão das sociedades
humanas. E por isso é um fenômeno que necessita ser incluído no desenvolvimento da concepção marxista e vários autores esboçaram ou desenvolveram teses sobre a questão cultural. O presente artigo visa expor, sinteticamente, a concepção marxista de cultura. Isso remete ao problema do conceito de cultura, bem como o da relação entre cultura e sociedade, cultura e indivíduo, entre diversos outros temas relacionados ou derivados. O ponto de partida é a apresentação de um conceito de cultura coerente com a concepção materialista da história. O passo seguinte desenvolvido foi a análise da cultura em sua relação com a sociedade, modo de produção, indivíduo. Isso culminou com a análise do fenômeno cultural na sociedade capitalista, mostrando a sua heterogeneidade, os processos de hegemonia e luta cultural, até chegar ao problema do fetichismo da cultura.

PALAVRAS-CHAVE: Marxismo, Cultura, Hegemonia, Luta Cultural, Formas Sociais.

ABSTRACT: The question of culture is fundamental to the understanding of human
societies. And so it is a phenomenon that needs to be included in the development of the Marxist conception and several authors have sketched or developed theses on the cultural question. The present article aims to expose, in a synthetical way, the Marxist conception of culture. This refers to the problem of the concept of culture, as well as that of the relationship between culture and society, culture and individual, among several other related or derived themes. The starting point is the presentation of a concept of culture consistent with the materialist conception of history. The next step developed was the analysis of culture in its relationship with society, mode of production, individual. This culminated in the analysis of the cultural phenomenon in capitalist society, showing its heterogeneity, the processes of hegemony and cultural struggle, to the problem of the fetishism of culture.

KEYWORDS: Marxism, Culture, Hegemony, Cultural Struggle, Social Forms.
A palavra alienação possui vários sentidos. O artigo visa recuperar o conceito marxista de alienação. A partir das contribuições de Marx e outros autores, a alienação é compreendida como sendo fundamentalmente uma relação social de... more
A palavra alienação possui vários sentidos. O artigo visa recuperar o conceito marxista de alienação. A partir das contribuições de Marx e outros autores, a alienação é compreendida como sendo fundamentalmente uma relação social de heterogestão, ou seja, ela remete a uma situação de controle por outro. A alienação, por sua vez, gera o alheamento, que é a perda da posse ou propriedade, e o fetichismo (ou estranhamento). O elemento fundamental para entender a alienação e sua generalização é o conceito de trabalho alienado. No capitalismo, o trabalho alienado assume forma específica, através da produção capitalista de mercadorias via extração de mais-valor, o que gera o fetichismo da mercadoria e generalização de ambos na sociedade moderna.
Resumo O presente artigo aborda a relação entre Estado e movimentos sociais, analisando tanto os efeitos colaterais das políticas estatais sobre os movimentos sociais quanto sua dinâmica relacional direta. No primeiro caso, é destacado o... more
Resumo O presente artigo aborda a relação entre Estado e movimentos sociais, analisando tanto os efeitos colaterais das políticas estatais sobre os movimentos sociais quanto sua dinâmica relacional direta. No primeiro caso, é destacado o processo de desenvolvimento capitalista e as mudanças na forma do estado, com a consequente reordenação das políticas estatais e como isso atinge, indiretamente, os movimentos sociais. No segundo caso, é abordado a relação direta entre Estado e movimentos sociais, mostrando sua dinâmica relacional tanto por iniciativa estatal quanto por iniciativa civil. A conclusão geral do artigo é a de que as mudanças nas formas de Estado (que faz parte da sucessão de regimes de acumulação) atingem os movimentos sociais, de forma direta ou indireta. Em cada forma estatal, alguns movimentos sociais e ramificações são fortalecidos, outros são enfraquecidos, seja por incentivo das políticas estatais, seja por problemas das ações estatais em sua relação com a sociedade civil. Da mesma forma, as formas assumidas pelo Estado capitalista atingem os grupos sociais de base dos movimentos sociais e por isso também podem fortalecer ou enfraquecer um determinado movimento social. Outra conclusão foi a de que as várias formas assumidas pela iniciativa estatal voltada diretamente para os movimentos sociais, tais como a cooptação, a burocratização, a repressão e a omissão variam de acordo com o país, a época, a correlação de forças do bloco dominante, entre outras determinações. O mesmo ocorre com os movimentos sociais e o que denominamos iniciativa civil. Palavras-chave: Estado, Movimentos Sociais, Iniciativa Estatal, Iniciativa Civil, Ramificações. STATE AND SOCIAL MOVEMENTS: side effects and relational dynamics Abstract This article discusses the relationship between State and social movements, analyzing both the side effects of state policies on social movements and their direct relational dynamics. In the first case, the process of capitalist development and changes in the form of the state are highlighted, with the consequent reordering of state policies and how this indirectly affects social movements. The general conclusion of the article is that changes in the forms of state (which is part of the succession of accumulation regimes) affect social movements, directly or indirectly. In each state form, some
This paper discusses the relationship between social movements and urban space. To do so, it briefly discusses the concepts of social movements and urban space to subsequently provide an analysis of the relationship between them. Starting... more
This paper discusses the relationship between social movements and urban space. To do so, it briefly discusses the concepts of social movements and urban space to subsequently provide an analysis of the relationship between them. Starting from the view that the urban space is a place of social division that ends up creating inequalities and social problems, it is possible to understand what are commonly known as urban social movements and urban popular movements as being characterized by its constitution of underprivileged social classes and that their claims ask for improvements in a part of the urban space, which creates a certain relationship with the state. In this process, there is a class conflict where we have the underprivileged classes in one side and on the other the state apparatus, representative of the ruling class.
O artigo analisa três das principais abordagens sociológicas dos movimentos sociais: a abordagem institucionalista, a abordagem neoinstitucionalista, a abordagem culturalista, mais conhecidas como "teoria da mobilização de recursos",... more
O artigo analisa três das principais abordagens sociológicas dos movimentos sociais: a abordagem institucionalista, a abordagem neoinstitucionalista, a abordagem culturalista, mais conhecidas como "teoria da mobilização de recursos", "teoria do processo político", "teoria dos novos movimentos sociais". A partir de uma breve exposição do contexto histórico e das principais teses apresentadas por estas três abordagens, há uma breve análise crítica e das contribuições de cada uma.
Os movimentos sociais emergiram como tema de pesquisa e reflexões acadêmicas de forma mais desenvolvida a partir dos anos 1950. Antes disso, era um tema pouco abordado e raramente aparecia como questão central. A produção nascente sobre movimentos sociais, bem como a posterior, é predominantemente ideológica, no sentido marxista do termo. Assim, temos a constituição de ideologias que abordam os movimentos sociais e busca explicá-los, mas, no fundo, invertem a realidade e geram mais confusão do que esclarecimento. Essa é uma das formas de relação dos movimentos sociais e as ideologias, que é quando estas se debruçam sobre esse fenômeno social. Outra forma é a influência das ideologias sobre os movimentos sociais. Uma terceira forma é a criação de ideologias pelos próprios movimentos sociais. O nosso objetivo será tratar apenas das interpretações ideológicas
dos movimentos sociais, deixando a questão da influência
das ideologias sobre eles e a produção de ideologias por
intelectuais autóctones ou alóctones, para outra
oportunidade.
Karl Jensen é um dos raros autores marxistas que busca desenvolver elementos para uma teoria dos movimentos sociais. Qual sua real contribuição para uma abordagem marxista dos movimentos sociais? Em suas Teses sobre os Movimentos Sociais,... more
Karl Jensen é um dos raros autores marxistas que busca desenvolver elementos para uma teoria dos movimentos sociais. Qual sua real contribuição para uma abordagem marxista dos movimentos sociais? Em suas Teses sobre os Movimentos Sociais, apresenta uma discussão teórico-conceitual que, embora breve, bastante interessante para compreender a análise marxista dos movimentos sociais. O autor apresenta uma compreensão desenvolvida do marxismo e usa tal domínio teórico para poder analisar os movimentos sociais. O resultado disso é um esboço de teoria dos movimentos sociais numa perspectiva marxista. Contudo, o estágio de “teses” de sua produção mostra que não se trata de uma obra desenvolvida e completa, fundamentada em pesquisas consolidadas. Não constituem uma teoria e sim alguns elementos que, uma vez desenvolvidos, se tornam uma teoria. Isso explica alguns pontos problemáticos em sua análise e que é preciso explicitar e analisar.
Resumo O presente artigo analisa o processo de criminalização dos movimentos sociais, suas determinações e consequências. Para tanto apresenta alguns conceitos importantes para o desenvolvimento da análise e esclarece o significado do... more
Resumo O presente artigo analisa o processo de criminalização dos movimentos sociais, suas determinações e consequências. Para tanto apresenta alguns conceitos importantes para o desenvolvimento da análise e esclarece o significado do conceito de criminalização, bem como suas formas de manifestação. A explicação da criminalização ocorre através de sua relação com a repressão estatal. A criminalização é entendida como uma forma de legitimação da repressão estatal, mas que é insuficiente e por isso é abordado também o processo complementar de deslegitimação e incriminação dos movimentos sociais. Palavras-chave: Repressão; Crime; Ação coletiva; Deslegitimação; Incriminação. Abstract This article analyzes the process of criminalization of social movements, their determinations and consequences. In order to do so, it presents some important concepts for the development of the analysis and clarifies the meaning of the concept of criminalization, as well as its forms of manifestation. The explanation of the criminalization occurs through its relation with the state repression. Criminalization is understood as a form of legitimation of state repression, but it is insufficient and therefore the complementary process of delegitimation and incrimination of social movements is also addressed.
RESUMO: O presente artigo discute o processo de mercantilização dos movimentos sociais. Para tanto, realiza uma análise da mercantilização das relações sociais em geral e após isso observa como isso atinge os movimentos sociais. Nesse... more
RESUMO: O presente artigo discute o processo de mercantilização dos movimentos sociais. Para tanto, realiza uma análise da mercantilização das relações sociais em geral e após isso observa como isso atinge os movimentos sociais. Nesse processo analítico, é apresentado uma análise das ondas e escalas de mercantilização dos movimentos sociais. Após a realização da análise desses processos, se observa o efeito da mercantilização nos movimentos sociais, concluindo que se principal efeito é o da moderação. PALAVRAS-CHAVE: Mercantilização. Movimentos Sociais. Ondas. Escalas. Moderação. Os movimentos sociais ganharam destaque e se tornaram um dos temas mais debatidos nas ciências humanas. Esse fenômeno ganhou espaço e impor-tância especial a partir dos anos 1960. Os movimentos sociais são complexos, pois trazem uma gama enorme de questões teóricas, políticas, entre outras, e estão entrelaçados com diversos outros fenômenos sociais, como Estado, cultura, partidos políticos, classes sociais, entre outros. O nosso objetivo é discutir uma questão mais específica sobre os movimentos sociais: o processo de mercantili-zação que os atinge. Isso é fundamental e aponta para a necessidade de compreender a his-toricidade dos movimentos sociais e sua inseparabilidade da historicidade do capitalismo. Os movimentos sociais, tal como alguns autores apontam 2 , surgem 1 Universidade Federal de Goiás (UFG). Goiânia-GO-Brasil. Professor da Faculdade de Ciências Sociais. Universidade de Brasília (UnB). Brasília-DF-Brasil. Doutorado em Sociologia. nildoviana@ymail.com. 2 Autores distintos, com concepções distintas, defendem a ideia de que os movimentos sociais surgem como o capitalismo ou com a sociedade moderna. Esse é o caso dos representantes da abordagem neoinstitucionalista, também conhecida como "teoria do processo político" (TARROW, 2009; VIANA, 2017a), de algumas abordagens marxistas (JENSEN, 2016; VIANA, 2016a; SILVA, 2018; TELES, 2017). Há também um conjunto de autores que não tratam desta questão da origem histórica dos movimentos sociais e outros que consideram que eles surgiram antes do capitalismo (FRANK; FUENTES, 1989). Essa última abordagem, no entanto, peca pela falta de um maior
A compreensão das organizações mobilizadoras como ramificações dos movimentos sociais é importante para evitar confusões e avançar na compreensão destes fenômenos sociais. Da mesma forma, analisar as formas organizacionais, as formas... more
A compreensão das organizações mobilizadoras como ramificações dos movimentos sociais é importante para evitar confusões e avançar na compreensão destes fenômenos sociais. Da mesma forma, analisar as formas organizacionais, as formas desenvolvidas pelas organizações mobilizadoras, a sua dinâmica e significado, são fundamentais. Esse foi o objetivo que nos propomos. O nosso ponto de partida foi a conceituação de movimentos sociais e organizações mobilizadoras. Depois, realizamos, a partir das abordagens de Marx, Weber, Michels, Etzioni e outros autores, uma discussão sobre as formas de organização e as organizações mobilizadoras, seus objetivos e mutações. A formação, desenvolvimento e declínio das organizações mobilizadoras são explicadas a partir de sua inserção na totalidade da sociedade e em sua relação com os movimentos sociais dos quais fazem parte. A tendência é a de transformação das organizações mobilizadoras em organizações burocráticas, abandonando, assim, o seu caráter de ramificação de um movimento social.

As organizações mobilizadoras são aqui compreendidas como ramificações dos movimentos sociais. Os movimentos sociais são movimentos de grupos sociais e que geram diversas tendências, organizações, etc. A análise dos movimentos sociais necessita incorporar uma discussão que diferencie o movimento de suas organizações e abordar mais profundamente a questão das organizações mobilizadoras. Assim, uma teoria dos movimentos sociais deve contemplar o significado e a dinâmica das organizações mobilizadoras. O nosso objetivo é esclarecer o que são as organizações mobilizadoras, qual sua relação e importância para os movimentos sociais, e, ainda, qual sua dinâmica e tendência real. Para tanto, abordaremos a relação entre movimentos sociais e organizações mobilizadoras, bem como a inserção destas numa discussão sobre as formas organizacionais e a análise de sua dinâmica e significado. Movimentos Sociais e Organizações Mobilizadoras Existe uma tendência, nos estudos sociológicos, em confundir movimentos sociais e organizações mobilizadoras. A análise do significado e dinâmica das organizações mobilizadoras pressupõe, portanto, uma distinção entre estes dois fenômenos e um conceito de organizações mobilizadoras. Para tanto, um esclarecimento conceitual acerca destes dois termos se torna fundamental para evitar confusões. Os movimentos sociais já foram definidos sob inúmeras formas e não cabe aqui retomar as diversas definições existentes. Utilizaremos a concepção de movimentos sociais que julgamos a mais adequada. Consideramos que o conceito elaborado por Jensen (2014) e desenvolvido por Viana (2016) é suficiente para nossos propósitos. Segundo Jensen, os movimentos sociais são "movimentos de grupos sociais" e, segundo Viana, os movimentos sociais são movimentos de grupos sociais que geram mobilizações oriundas de determinada situação e insatisfação sociais que promovem um senso de pertencimento e objetivo (VIANA, 2016). Não poderemos desenvolver detalhadamente cada elemento constitutivo dos movimentos sociais e presente neste conceito, mas apenas destacar que os elementos que julgamos fundamentais para nossa discussão. Esses elementos são a ideia de que os movimentos * Professor da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia pela UnB e Pós-Doutor pela USP.
Os movimentos sociais não podem ser compreendidos fora da totalidade da sociedade capitalista. A sua compreensão pressupõe compreender o seu processo de formação e suas relações e determinações. Os movimentos sociais possuem múltiplas... more
Os movimentos sociais não podem ser compreendidos fora da totalidade da sociedade capitalista. A sua compreensão pressupõe compreender o seu processo de formação e suas relações e determinações. Os movimentos sociais possuem múltiplas relações na sociedade civil e uma das mais importantes, no sentido de lhe fornecer explicação, é a sua relação com os partidos políticos. Este é um tema pouco analisado numa perspectiva teórica. O nosso objetivo é abordar a relação entre partidos políticos e movimentos sociais e analisar um dos seus elementos fundamentais, que é o aparelhamento. A dinâmica do aparelhamento é algo a ser tematizado e que traz vários elementos para a compreensão da história dos movimentos sociais. Partidos Políticos, Interesses e Movimentos Sociais A análise da relação de dois fenômenos sociais pressupõe uma compreensão de ambos em sua especificidade. Nesse sentido, discutir a relação entre partidos políticos e movimentos sociais pressupõe uma compreensão do significado desses fenômenos sociais. Os partidos políticos surgem no século 19 e os movimentos sociais começam a se esboçar no final desse século. Ambos são fenômenos que nascem com a sociedade moderna. Os partidos políticos receberam inúmeras abordagens e pesquisas. Diversos autores, no âmbito das ciências humanas, tal como a sociologia, ciência política, história, entre outras, abordaram os partidos ou determinadas organizações partidárias (MICHELS, 1981; DUVERGER, 1982; VIANA, 2014; CERRONI, 1982; WEBER, 1993) 1. O surgimento dos partidos políticos ocorreu na sociedade civil burguesa incipiente do século 19, tendo duas fontes básicas: os clubes formados principalmente por indivíduos da classe burguesa e as associações operárias. A origem dos partidos conservadores (conservantistas, republicanos, liberais, etc.) se encontra na primeira forma organizativa acima citada e a dos
O fenômeno dos movimentos sociais encontra sérios obstáculos analíticos e isso prejudica a possibilidade de uma compreensão mais ampla do mesmo. Um dos problemas mais graves no processo analítico dos movimentos sociais é sua confusão com... more
O fenômeno dos movimentos sociais encontra sérios obstáculos analíticos e isso prejudica a possibilidade de uma compreensão mais ampla do mesmo. Um dos problemas mais graves no processo analítico dos movimentos sociais é sua confusão com os movimentos de classes sociais (movimento operário, movimento camponês, etc.). Nesse sentido, é necessário superar tal confusão. A palavra confusão significa, exatamente, a fusão de coisas distintas, gerando um desentendimento ao misturar dois fenômenos diferentes. A confusão entre movimentos sociais e movimentos de classe deve, portanto, ser superada. Essa superação remete a um problema real e a um problema metodológico. O problema real é a confusão entre dois fenômenos distintos e o problema metodológico é o processo analítico que permite tal confusão. Nesse sentido, é necessário esclarecer tal confusão, tanto no plano metodológico quanto teórico (real). Este é o objetivo do presente artigo. Semelhanças e Diferenças: Questão Metodológica Semelhança e diferença são duas categorias do pensamento que facilita o processo de compreensão da realidade. No entanto, essas categorias, no plano das representações cotidianas, assumem uma forma elementar. A sua forma desenvolvida só aparece depois de um longo processo histórico, no qual o saber noosférico (ou seja, com maior grau de complexidade) vai se desenvolvendo através das reflexões filosóficas e científicas, até chegar a sua forma mais desenvolvida e completa, no método dialético, ou seja, na totalidade que é o pensamento marxista 1. No entanto, as categorias do pensamento não se desenvolvem de forma unilinear, pois elas estão no olho do furacão da luta cultural entre as classes sociais. Se assim fosse, as categorias do pensamento evoluiriam automaticamente para categorias da dialética (inclusive nem sequer precisaria denominá-las com tal referência a um método específico).
Resumo O presente artigo aborda a questão da unidade e diversidade dos movimentos sociais. O objetivo foi apresentar a diferença entre movimentos sociais em geral e movimentos sociais específicos. Para concretizar esse objetivo, lançamos... more
Resumo O presente artigo aborda a questão da unidade e diversidade dos movimentos sociais. O objetivo foi apresentar a diferença entre movimentos sociais em geral e movimentos sociais específicos. Para concretizar esse objetivo, lançamos mão do método dialético e suas categorias analíticas. A análise da unidade dos movimentos sociais remeteu para a reflexão sobre o seu conceito, pois este é o elemento que permite entender a essência dos mesmos. O passo seguinte foi mostrar que existe uma diversidade no interior dessa unidade e que ela se manifesta através do movimento específico de cada grupo social em sua relação com a totalidade da sociedade moderna. Esse processo analítico foi complementado pela análise crítica de algumas definições e problemas nas abordagens dos movimentos sociais em geral e específicos. A conclusão geral é a de que é necessário um conceito de movimentos sociais que consiga dar conta da unidade e diversidade desse fenômeno, tal como o que foi apresentado no artigo, e que este momento precisa ser complementado pela análise da diversidade, o que remente para o caso dos movimentos sociais específicos. Palavras-chave: Unidade. Diversidade. Movimentos Sociais. Movimentos Sociais Específicos. Dialética. SOCIAL MOVEMENTS: unity and diversity Abstract This article addresses the issue of the unity and diversity of social movements. The objective was to present the difference between social movements in general and specific social movements. To achieve this goal, we have used the dialectical method and its analytical categories. The analysis of the unity of social movements referred to the reflection on its concept, because this is the element that allows to understand the essence of them. The next step was to show that there is a diversity within this unity and that it manifests itself through the specific movement of each social group
O presente artigo visa discutir a questão da integração dos movimentos sociais no capitalismo contemporâneo 1. Sem dúvida, os movimentos sociais sempre estiveram integrados no capitalismo e isso não é novidade e nem um fenômeno... more
O presente artigo visa discutir a questão da integração dos movimentos sociais no capitalismo contemporâneo 1. Sem dúvida, os movimentos sociais sempre estiveram integrados no capitalismo e isso não é novidade e nem um fenômeno contemporâneo. No entanto, em certas épocas, a integração pode ser maior ou menor, mais intensa ou menos intensa, bem como podem existir dissidências mais fortes ou mais fracas. Além disso, existem formas distintas de integração. Uma das formas de integração foi a que existiu durante o capitalismo oligopolista transnacional, no qual o estado integracionista gerou uma modalidade de política estatal correspondente ao regime de acumulação vigente. A modalidade de política estatal integracionista é substituída pela modalidade neoliberal. Essa nova modalidade de política estatal vai gerar uma nova forma de integração dos movimentos sociais na sociedade capitalista e os conceitos de vantagens competitivas, microrreformismo e imaginário conveniente assumem grande importância para explicar tal dinâmica integrativa. Os movimentos sociais se destacaram no final dos anos 1960 pelo seu fortalecimento, pela radicalização de alguns dos seus setores e por isso se tornaram alvos da nova política integradora do Estado capitalista. Mas esse processo só se torna compreensível analisando as mutações do capitalismo a partir desse momento. O capitalismo possui mutações que denominamos regimes de acumulação. Não vamos discutir aqui a sucessão de regimes de acumulação e sim explicar que a cada regime de acumulação ocorre um conjunto de mudanças sociais derivadas 2. O nosso foco aqui é o regime de acumulação integral e a nova * Professor da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia pela UnB e Pós-Doutor pela USP. 1 É preciso alertar que nunca o movimento social como um todo é integrado ou cooptado. São setores dos movimentos sociais que são integrados e cooptados, embora sejam geralmente hegemônicos e majoritários quantitativamente. Assim, quando colocarmos "integração" dos movimentos sociais no capitalismo, entenda-se que tratamos de setores hegemônicos no interior dos mesmos, embora em algumas passagens, para manter maior exatidão, deixaremos claro que são setores e não a totalidade do movimento. 2 Sobre regimes de acumulação em geral existe uma produção bibliográfica específica (VIANA, 2015a; VIANA, 2009; ÓRIO, 2014) e sobre regime de acumulação integral também (VIANA, 2015a; VIANA, 2009; BRAGA, 2013). Existem outras concepções de regimes de acumulação e do atual regime de acumulação (HARVEY, 1992; LIPIETZ, 1991; CHESNAIS, 2002), mas consideramos que a concepção aqui apresentada é mais adequada e explicar melhor a realidade contemporânea.
Research Interests:
Research Interests:
A sociedade brasileira, a partir de 2013, entrou num processo de crescentes conflitos sociais. Sem dúvida, esse processo se inicia antes, mas é a partir desse ano que os conflitos sociais se tornam mais visíveis e profundos. O nosso... more
A sociedade brasileira, a partir de 2013, entrou num processo de crescentes conflitos sociais. Sem dúvida, esse processo se inicia antes, mas é a partir desse ano que os conflitos sociais se tornam mais visíveis e profundos. O nosso objetivo é analisar a luta de classes no Brasil a partir desse momento até a atualidade, no sentido de explicar sua dinâmica e tendências. Nesse sentido, vamos realizar uma breve contextualização da sociedade brasileira, focalizando principalmente o Governo Dilma, tendo em vista sua importância no processo de constituição da situação atual. A sociedade brasileira vive, desde 1990, sob o governo Collor, época em que emerge no Brasil o regime de acumulação integral subordinado. A reestruturação produtiva começava a avançar e o Estado Neoliberal, representado pelo Governo Collor, realiza as primeiras políticas neoliberais. A crise de governabilidade e o Impeachment geraram o Governo Itamar Franco, que deu continuidade moderada ao neoliberalismo. A consolidação do neoliberalismo ocorre com o Governo Fernando Henrique Cardoso, em seus dois mandatos. No plano político institucional, a disputa principal era entre o bloco dominante, representado pelo governo, partidos aliados e setores da burguesia mais consolidados, e o bloco reformista, hegemonizado pelo Partido dos Trabalhadores e aglutinando burocracias partidárias e sindicais, entre outros setores. A vitória de Luís Inácio Lula da Silva, nas eleições presidenciais de 2002, altera o quadro político nacional. O que ocorre é que o bloco reformista é desintegrado, sendo que sua maior parte e mais forte se torna parte do bloco dominante. O aparato estatal não muda em nada substancialmente, continuando neoliberal. Isso vale para o Governo Lula, com seus dois mandatos, bem como para o Governo Dilma, também em ambos os mandatos, sendo que o segundo mandato, nesse caso, está no início. O que caracteriza os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula e Dilma) é o neoliberalismo neopopulista.
Resumo: As relações entre direito do trabalho, legislação trabalhista e inspeção do trabalho são complexas e somente sua análise pode explicar a constituição e a razão de ser da inspeção do trabalho. O direito do trabalho surge com a... more
Resumo: As relações entre direito do trabalho, legislação trabalhista e inspeção do trabalho são complexas e somente sua análise pode explicar a constituição e a razão de ser da inspeção do trabalho. O direito do trabalho surge com a ampliação da divisão social do trabalho e criação das relações de trabalho da sociedade capitalista, proporcionando não somente um material específico para atuação do direito, como envolvendo este nesse processo de expansão da especialização na sociedade moderna. A legislação trabalhista é o conjunto de leis que buscam regularizar as relações de trabalho e tem sua origem na luta operária pela diminuição do processo de exploração. A inspeção do trabalho tem como pré-condição a existência da legislação trabalhista e do direito do trabalho. A instituição da inspeção do trabalho é produto da luta de classes, bem como os elementos que são sua pré-condição, o direito do trabalho e a legislação trabalhista. Palavras-chave: Direito do trabalho; Legislação trabalhista; Inspeção do trabalho; Estado; Luta de classes. Abstract: The relationships among right of the work, labor legislation and inspection of the work are complex and only your analysis can explain the constitution and the reason of being of the inspection of the work. The right of the work appears with the amplification of the social division of the work and creation of the relationships of work of the capitalist society, providing not only a specific material for performance of the right, as involving this in this process of expansion of the specialization in the modern society. The labor legislation is the group of laws that your look for to regularize the work relationships and was your origin in the labor fight for the decrease of the exploration process. The inspection of the work has as pré-condition the existence of the labor legislation and of the right of the work. The institution of the inspection of the work is product of the fight of classes, as well as the elements that are your precondition , the right of the work and the labor legislation. Word-keys: Right of the work; Labor legislation; Inspection of the work; Stat; Fight of classes. * Professor da UEG-Universidade Estadual de Goiás e Doutor em Sociologia/UnB. Nosso objetivo no presente artigo é discutir as relações entre direito do trabalho, legislação trabalhista e inspeção do trabalho. As relações entre essas três esferas são extremamente complexas e a sua compreensão envolve uma gama de questões que nos fazem abordar vários outros aspectos relacionados numa totalidade ampla de fenômenos, o que significa que iremos trabalhar esta GUANICUNS III 2006 24
A greve já foi considerada ilegal e depois foi legalizada com ressalvas. Ela se tornou um "direito subjetivo do trabalhador" e por isso pode ser deflagrada em diversas situações. As greves, além dos limites legais (pois a legalização não... more
A greve já foi considerada ilegal e depois foi legalizada com ressalvas. Ela se tornou um "direito subjetivo do trabalhador" e por isso pode ser deflagrada em diversas situações. As greves, além dos limites legais (pois a legalização não significa liberalização e sim regulamentação), também passam a ser vítimas das ideologias jurídicas e do legalismo que busca atrelar o direito, a legitimidade, a possibilidade, ou pelo menos a legalidade, ao Estado ou outras organizações burocráticas, especialmente os sindicatos. Esse processo se torna tão forte que até setores da esquerda ou da pseudoesquerda assumem esse discurso. O nosso objetivo aqui é distinguir a perspectiva proletária da perspectiva burguesa da greve e revelar o caráter ideológico e conservador expresso no legalismo e na própria ideia da greve como direito subjetivo do trabalhador. As ideologias jurídicas e o legalismo são expressões da perspectiva burguesa, revelando, por conseguinte, os valores, concepções, sentimentos, interesses, da classe capitalista (e, geralmente, de suas classes auxiliares, especialmente a burocracia). No caso dos movimentos grevistas, é isso que ocorre contemporaneamente, com a tese de que a greve é um direito subjetivo do trabalhador. Não vamos entrar aqui no debate e nas diversas discussões sobre direito objetivo e direitos subjetivos e nem apresentar seu caráter ideológico. Desde já fica entendido que tal distinção é uma produção do direito burguês e expresso por ideologias jurídicas burguesas 1. Apenas partiremos de algumas definições para desenvolver nossa análise, sem grandes reflexões sobre elas. Partimos da definição de direito objetivo como o direito
Myth and ideology Nildo Viana-UFG RESUMO O artigo apresenta quatro das principais concepções ideológicas do mito e realiza sua crítica, visando mostrar a necessidade de uma nova conceituação e abordagem do mito. As concepções de Mircea... more
Myth and ideology Nildo Viana-UFG RESUMO O artigo apresenta quatro das principais concepções ideológicas do mito e realiza sua crítica, visando mostrar a necessidade de uma nova conceituação e abordagem do mito. As concepções de Mircea Eliade, Claude Lévi-Strauss, Ernst Cassirer e Maurice Godelier são apresentadas e posteriormente são analisadas criticamente. Um problema comum nestas abordagens reside no formalismo e na criação de modelos que se afastam da realidade histórica e social, que é onde se pode perceber as determinações e características do mito. Palavras-chave: Mito. Ideologia. Estruturalismo. Kantismo. História das Religiões. Antropologia. ABSTRACT The paper presents four major ideological conceptions of myth and performs its critical in order to show the need for an approach to the conceptualization and myth. The views of Mircea Eliade, Claude Lévi-Strauss, Ernst Cassirer and Maurice Godelier is presented and subsequently are analyzed critically. A common problem in these approaches lies in the formalism and the creation of models that deviate from the historical and social reality, which is where we can see the determination and characteristics of myth. Keywords: Myth. Ideology. Structuralism. Kantianism. History of Religions. Anthropology. O mito tem sido definido e interpretado pelas mais variadas correntes e abordagens: natu-ralismo (Max Müller), animismo (Edward P. Tylor), Escola Mito e Ritual (Robertson Smith), Fun-cionalismo (Bronislaw Malinowski), antropologia filosófica (Ernst Cassirer, Leslew Kolakowski), Estruturalismo (Claude Lévi-Strauss, Roland Barthes), "Marxismo" estruturalista (Maurice Godelier), Psicanálise (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Erich Fromm) e muitas outras. Seria improfícuo ana-lisar todas as correntes que buscam apresentar uma explicação do mito. Por isso, trataremos apenas das quatro abordagens que consideramos mais importantes: a história das religiões de Mircea Eliade, a antropologia filosófica de Ernst Cassirer, o estruturalismo de Claude Lévi-Strauss e o "marxismo" estruturalista de Maurice Godelier. As demais abordagens poderão aparecer no decorrer da expo-sição, seja devido sua influência em relação às abordagens aqui analisadas ou às suas descobertas que julgamos válidas para a explicação do mito.
A história da consciência humana é marcada por um conjunto de mudanças que só podem ser compreendidas se inseridas no interior da história das sociedades humanas. A consciência pode ser entendida, tal como no pensamento de Marx, como... more
A história da consciência humana é marcada por um conjunto de mudanças que só podem ser compreendidas se inseridas no interior da história das sociedades humanas. A consciência pode ser entendida, tal como no pensamento de Marx, como "real" ou "ilusória". O nosso foco aqui será aquilo que Marx denominou "representações ilusórias" da realidade, o que, obviamente, nos faz remeter às "representações reais", pois a discussão de uma gera a necessidade, inevitavelmente, de abordar a outra. A discussão sobre as ilusões numa sociedade em que essas predominam na mente humana é algo fundamental e que remete à questão das suas raízes sociais, ou seja, ao processo de constituição social das ilusões. O objetivo aqui, no entanto, é apenas observar as relações entre duas formas fundamentais de ilusões, o imaginário e a ideologia, no sentido de perceber o processo de transformação de uma em outra e assim avançar na compreensão desse fenômeno onipresente na sociedade contemporânea. A história da consciência humana é, predominantemente, uma história de ilusões. As ilusões sempre existiram, mas sob formas e por razões distintas. A palavra ilusão tem vários sentidos, tal como "esperanças improváveis", mas aqui utilizamos no sentido de distorção da realidade, uma consciência falsa, equivocada, da realidade. Assim, a consciência pode ser ilusória ou verdadeira, o que significa que pode expressar a realidade tal como ela é ou distorcer a mesma. Essa primeira possibilidade, no entanto, é marginal, sendo que o que predomina na história da humanidade é a consciência ilusória. A história das ilusões começa com os mitos antigos e chega até os dias de hoje sob a forma de ciência, filosofia, etc. O mito enquanto forma de explicação do mundo se revela ilusório, assim como as explicações do mito também podem e na maioria das vezes são ilusórias (VIANA, 2011). Contudo, as raízes das ilusões em geral são variadas, embora a determinação fundamental, no caso da nossa sociedade, seja social. Nas sociedades simples, o que temos são relações dos seres humanos com o meio ambiente marcadas pela dependência e por uma cultura ainda demasiadamente marcada por formas de reflexão cujo movimento de retorno a si mesmo do ser pensante é
The discussion of the illusions in a society where these predominate in the human mind is fundamental and refers to the question of their social roots, that is, the process of social constitution of illusions. The objective here, however,... more
The discussion of the illusions in a society where these predominate in the human mind is fundamental and refers to the question of their social roots, that is, the process of social constitution of illusions. The objective here, however, is only to observe the relationship between two fundamental forms of illusions, the imaginary and the ideology, to realize the process of transforming from one into another and so to advance the understanding of this ubiquitous phenomenon in contemporary society. So we analyze the illusory forms of everyday representations and ideology in order to observe their relationships. The complexification of the simple (imaginary passage to ideology) and the simplification of the complex (ideology passage to imaginary).
A teoria das representações cotidianas aponta para uma distinção fundamental entre convicção e opinião 1. Essa distinção gera inúmeras outras questões derivadas, tal como o aprofundamento da análise desses dois elementos que são... more
A teoria das representações cotidianas aponta para uma distinção fundamental entre convicção e opinião 1. Essa distinção gera inúmeras outras questões derivadas, tal como o aprofundamento da análise desses dois elementos que são componentes das representações cotidianas. O nosso objetivo aqui é contribuir com a análise da formação das opiniões, inclusive devido sua importância na sociedade contemporânea, fundada num processo no qual as opiniões são mobilizadoras e muitas vezes se transformam em convicções, ganhando um significado ainda mais relevante. Conceito e Formas de Opinião O nosso ponto de partida necessário consiste em apresentar o conceito de opinião. O filósofo Platão (1974) opunha a doxa ao logos, ou seja, opinião e razão. Essa oposição serve para colocar um elemento presente nas opiniões: elas não possuem um embasamento racional mais profundo. No entanto, há algo mais no mundo das opiniões que Platão não percebeu. Sem dúvida, a razão é pouco desenvolvida no mundo das opiniões, mas existe algo mais além disso. As opiniões são superficiais, não revelam os elementos mais profundos da mente dos indivíduos. Essa superficialidade mostra sua diferença em relação às convicções, que possuem uma fundamentação que as tornam muito mais arraigadas. O caráter infundado das opiniões mostra sua fragilidade. No entanto, há algo mais no mundo das opiniões que Platão não percebeu. As convicções podem ser fundadas na razão, mas também em crenças, valores, sentimentos, interesses. As convicções fundamentadas racionalmente são as mais sólidas no plano racional e em correspondência com a realidade, mas as fundadas em crenças, valores, sentimentos, interesses, são mais fortes ainda, mesmo em desacordo com a realidade. A falta de fundamento no mundo das opiniões não é apenas racional, como se afirma nas concepções racionalistas. As opiniões não possuem uma base racional, sentimental, valorativa, etc. Ou seja,
Resumen: En este artículo se aborda la cuestión de la historicidad de los regímenes de acumulación, trabajando la idea de ciclos. Los ciclos de los regímenes de acumulación son fundamentales para comprender la dinámica del desarrollo... more
Resumen: En este artículo se aborda la cuestión de la historicidad de los regímenes de acumulación, trabajando la idea de ciclos. Los ciclos de los regímenes de acumulación son fundamentales para comprender la dinámica del desarrollo capitalista. Desde el método dialéctico y el materialismo histórico tiene por objeto analizar los procesos de emergencia y de muerte de los regímenes de acumulación a través de los ciclos del constitución, consolidación y disolución. El ejemplo del régimen de acumulación conjugado muestra cómo este proceso se desarrolla concretamente. Palabras clave: Regímenes de acumulación, ciclos, capitalismo, régimen de acumulación conjugado, régimen de acumulación integral, constitución, consolidación, disolución. Abstract: This article addresses the question of the historicity of the regimes of accumulation, working the idea of cycles. The cycles of regimes of accumulation are fundamental to understand the dynamics of capitalist development. From the dialectical method and historical materialism seeks to analyze the emergence and death processes of regimes of accumulation through the cycles of constitution, consolidation and dissolution. The example of the conjugate regime of accumulation shows how this process develops concretely. Uno de los elementos clave de la dialéctica materialista es la categoría de la historicidad. De acuerdo con el método dialéctico, se puede decir que todo es histórico. Esta idea, al parecer, fue desarrollada por primera vez, por Heráclito. Marx no sólo desarrolló una nueva concepción de la dialéctica, más allá de los intentos anteriores (Heráclito a Hegel), sino que también contribuyó al desarrollo de las ideas de historicidad y especificidad histórica 1. También analizó el desarrollo histórico de la humanidad desde esta concepción, más tarde conocida como materialismo histórico 2. La deformación del marxismo y la proliferación de ideologías burguesas opacaron la percepción de la historicidad del capitalismo. La teoría de los regímenes de acumulación surge con la finalidad de explicar el desarrollo capitalista, que permite recuperar un aspecto fundamental del materialismo histórico-dialéctico que había sido eclipsado por el predominio de un conjunto de ideologías, incluyendo algunas declaradas "marxistas". La historicidad del capitalismo se revela a través de una sucesión de regímenes de acumulación. Pero, contrariamente a lo que pudiera pensarse, esto no es un proceso ad infinitum. Cada nuevo régimen de acumulación, mayor será dificultad de la reproducción capitalista. La historicidad del capitalismo se revela no sólo en la sucesión de regímenes de acumulación, sino también en su finitud. La ideología burguesa, de Hegel (1980) y Comte (1976), a la postestructuralista (ideológicamente llamado "posmoderna") y neoliberal, como Francis Fukuyama (1992), declara el fin de la historia. Este compromiso ideológico con la tranquilidad desde una inmutabilidad histórica siempre se sustituye por la desesperación provocada por la dura realidad de las crisis, rebeliones e intento de revolución. Ante esta situación, es muy importante entender la historia de regímenes de acumulación. Los regímenes de acumulación no son estáticos, y suponen ciertas concepciones ideológicas. Los regímenes de acumulación surgen, se desarrollan y se perecen. En sus momentos de crisis, los regímenes de acumulación se superan, sustituido por otro, o de lo contrario, posibilidad siempre existente, se convierten en una crisis del capitalismo y generan revoluciones, la cual, si victoriosas, marcan el fin del capitalismo y el establecimiento de un nueva sociedad. La concepción dialéctica de la historia, a diferencia de la concepción metafísica (incluyendo pseudomarxista) no postula, sin embargo, un movimiento perpetuo y sin fin de las cosas (Viana, 2007). Los procesos históricos están marcados por continuidades y discontinuidades. Algunos fenómenos son más duraderas, otros menos. Algunos se convierten por completo, otros sólo parcialmente o formalmente. El universo, por ejemplo, es infinito. La
Resumo O presente artigo aborda a relação entre capitalismo e destruição ambiental, numa perspectiva crítica. O objetivo foi demonstrar a relação específica entre ser humano e natureza instituída na sociedade capitalista e seus efeitos... more
Resumo O presente artigo aborda a relação entre capitalismo e destruição ambiental, numa perspectiva crítica. O objetivo foi demonstrar a relação específica entre ser humano e natureza instituída na sociedade capitalista e seus efeitos destrutivos, relação com as demais contradições do capitalismo e as possibilidades futuras. O modo de produção capitalista é o elemento fundamental para compreender o processo de destruição ambiental na sociedade moderna, especialmente em sua dinâmica marcada pela reprodução ampliada do capital. As ideologias que visam resolver o problema ambiental dentro do capitalismo são descartadas por causa dessa característica específica do capitalismo. A destruição ambiental é uma das contradições do capitalismo e pode se tornar a mais importante, promovendo o fim do capitalismo ou da humanidade. No entanto, o fim do capitalismo não ocorre sem ação humana e é essa que determina o que o substituirá. Isso coloca em evidência nossa responsabilidade na definição do futuro da humanidade. Palavras-chave: modo de produção capitalista, meio ambiente, destruição ambiental, tendências. Abstract This article discusses the relationship between capitalism and environmental destruction, a critical perspective. The objective was to demonstrate the specific relationship between human beings and nature established in capitalist society and its destructive effects, compared with other contradictions of capitalism and the future possibilities.
Research Interests:
Research Interests:
Research Interests:
A posição de Antonio Labriola (1843-1904) no interior marxismo é bastante complexa, embora ele tenha atuado no interior da social-democracia, ele não fazia parte de sua ala reformista, bem como não se aliou às suas incipientes tendências... more
A posição de Antonio Labriola (1843-1904) no interior marxismo é bastante complexa, embora ele tenha atuado no interior da social-democracia, ele não fazia parte de sua ala reformista, bem como não se aliou às suas incipientes tendências de esquerda (representada por Rosa Luxemburgo na Alemanha, Pannekoek e os tribunistas na Holanda, entre outros). A sua morte antes de se clarear a divisão entre as posições reformistas e revolucionárias acabou dificultando a identificação de seu posicionamento político. A sua crítica à Bernstein e outros representantes do reformismo são um indício de que certamente ele se aliaria ao bloco anti-reformista 1 , sendo que seria difícil delimitar qual corrente no interior deste ele acabaria aderindo. O processo de adesão de Labriola ao marxismo foi, segundo dizem, lento e reflexivo. A sua correspondência com Engels demonstra suas dúvidas e hesitações. Isto demonstra o caráter reflexivo de tal adesão, bem ao contrário de seu trajeto anterior, período em que seria "muito influenciável pelas modas * Professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia pela UnB. 1 Um indício disto, além das críticas a Bernstein e outros, é sua crítica ao "socialismo de Estado"; "É melhor empregar a expressão socialização democrática dos meios de produção do que propriedade coletiva, pois esta implica um certo erro teórico e por isso que, de princípio, esta põe em lugar do fato real econômico a sua representação jurídica e ademais por que no espírito de mais de um, ela se confunde com o aumento dos monopólios, com a estatização crescente dos serviços públicos, e com todas as outras fantasmagorias do socialismo de Estado, sempre renascente, cujo único efeito é aumentar os meios econômicos de opressão nas mãos da classe de opressores" (Labriola, s/d, p. 15).
Otto Rühle (1874-1943) foi um dos principais representantes do chamado “comunismo de conselhos”. Suas obras são relativamente pouco conhecidas. Dentro os chamados comunistas de conselhos, Anton Pannekoek, Karl Korsch e Paul Mattick foram... more
Otto Rühle (1874-1943) foi um dos principais representantes do
chamado “comunismo de conselhos”. Suas obras são relativamente
pouco conhecidas. Dentro os chamados comunistas de conselhos, Anton
Pannekoek, Karl Korsch e Paul Mattick foram os que tiveram maior número
de obras publicadas e divulgação, embora ainda de forma precária e hoje
começam a ser retomados de acordo com as novas tendências das lutas
sociais que fazem os indivíduos buscarem nas antigas ideias, respostas
17
para as necessidades presentes . Um dos motivos disso se deve ao período
de vida de Rühle, pois morreu em 1943, enquanto que os demais morreram
em torno dos anos 1960. Rühle publicou livros sobre Marx, psicologia
infantil, lutas operárias. O nosso objetivo aqui é apenas apresentar
sinteticamente sua teoria da revolução proletária, que é distinta da
revolução burguesa, segundo a análise que ele faz e que assume grande
importância para explicar suas concepções.
A esfera científica é uma das esferas sociais existentes, que manifestam determinada divisão do trabalho intelectual na sociedade capitalista, e é constituída pelos cientistas, uma fração da classe intelectual. A teoria da esfera... more
A esfera científica é uma das esferas sociais existentes, que manifestam determinada divisão do trabalho intelectual na sociedade capitalista, e é constituída pelos cientistas, uma fração da classe intelectual. A teoria da esfera científica resgata elementos das obras de Weber (1971) e Bourdieu (1994), e, ao mesmo tempo, realiza sua crítica e superação, tendo no pensamento de Marx a sua base teórico-metodológica. Contudo, além da contribuição teórico-metodológica de Marx, expressa no método dialético, materialismo histórico, teoria do capitalismo, teoria da ideologia, etc., existem textos em que este autor trata diretamente de questões relativas à esfera científica, sem mencionar este conceito e trabalhar uma teoria completa sobre o assunto. Nesse sentido, resgatar as referências de Marx a respeito do que denominamos esfera científica se torna fundamental e ajuda a esclarecer suas contribuições diretas para a reconstituição mental desse fenômeno e seu pioneirismo intelectual ao já abordar elementos fundamentais para sua compreensão. Essas referências diretas estão em diversas obras, em algumas mais desenvolvidas, e abrem amplas perspectivas críticas e analíticas que já apontam para uma presciência da esfera científica. O conceito de esfera científica remete a uma teoria das esferas sociais 1 que expressam elementos da sociedade capitalista derivados da ampliação da divisão social do trabalho. As esferas sociais são partes do que Marx denominou "superestrutura", ou formas sociais, que derivam do modo de produção capitalista e se caracterizam por expressar um processo de especialização (geração de atividades especializadas, constituindo os especialistas na produção cultural e subdivisões internas). Essa especialização gera a classe intelectual, enquanto responsáveis pela produção cultural na sociedade moderna, e suas subdivisões, novas formas de especialização, gerando as esferas sociais 2 , tais como a  Professor da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFG-Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia (UnB). 1 Sobre esses conceitos e teorias, é possível consultar, em breve, as obras no prelo As Esferas Sociais e A Esfera Científica, na qual são desenvolvidos de forma detalhada e aprofundada. 2 Nesse sentido, aqui fica claro uma das distinções entre nossa abordagem e as de Weber e Bourdieu, que pensam as "esferas" ou "campos" como divisões especializadas dentro da sociedade que não são apenas delimitadas às formas sociais (superestrutura), e por isso podem falar em "esfera econômica" e "campo econômico", respectivamente, o que é um equívoco, pois de acordo com as "leis gerais" que eles atribuem às esferas ou campos, certas relações sociais, tais como as existentes no modo de produção capitalista, não se encaixam e são radicalmente distintas. O mesmo vale, inclusive, para outros elementos da divisão social do trabalho, como o chamado "campo esportivo", na expressão de Bourdieu, que realmente se localiza nas formas sociais e não no modo de produção capitalista, mas não expressa produção intelectual, não sendo uma
The purpose of this paper is to discuss the issue of gender ideology in a critical and Marxist perspective. Criticism of the gender ideology is now a must, as well as present their social roots and their relationship to a particular... more
The purpose of this paper is to discuss the issue of gender ideology in a critical and Marxist perspective. Criticism of the gender ideology is now a must, as well as present their social roots and their relationship to a particular historical period. Based on the critical analysis of the work of Joan Scott and his inspiring sources, especially Bourdieu, it seeks to show the ideological roots of gender conception. The present paper aims to discuss the issue of gender ideology. We won't do an archeology of genre term, as some have done 1 ,nor will pursue its etymological roots, nor its past uses, but only its recent use and its ideological character. The critique of gender ideology is, nowadays, a necessity as well as present its social roots and its bond with a certain historical period. Before we begin, let's clarify what we mean by ideology, since this is a polysemic term. Here we use the Marxist conception of ideology 2 , according to which it is a systematization of false consciousness, that is, a illusory thinking system. Ideology is a systematic way of false consciousness produced by the ideologists.What we term as gender ideology is the conception that places the construct 3 "gender" as a fundamental term of the analysis of the issue of women and even of society as a whole. We won't present here the most diverse works that discuss and use the construct "gender".We will elect one of the most cited and influential works on this issue for analysis, although other references are made throughout this text. It is the text of the historian Joan Scott 4 , Gender: A Usefull Category of Historical Analysis. Joan Scott presents in her text an overview of different conceptions of feminist thought and of the use of the construct (which she denominated category) genre. The various concepts are presented descriptively, with superficial observations, and the author's point of view is presented peripherally, with a minimum contribution to the discussion around the issue that is proposed to treat.In fact, this defect to take long descriptions of feminist conceptions, consisting of all or almost all of the text, is quite common and is repeated in Scott's article. She states that the term gender in its most recent use occurred among American feminists, "who wanted to insist on the fundamentally social quality of distinctions based on sex". This use was aiming to reject biological determinism that would be implicit in the use of the terms "sex" and "sexual difference". The term gender would present a relational view and would present men and women in reciprocal terms, preventing the separate study of both. But the author points out that more important than that is that gender "was a term offered by those who claimed that women's scholarship would fundamentally transform disciplinary paradigms" 5. A new methodology and epistemology would be with the term gender, giving it meaning. However, this position did not come right away: For the most part, the attempts of historians to theorize about gender have remained within tradicional social scientific frameworks, using longstanding formulations that provide universal causal explanations. These theories have been limited at best because they tend to 1 Stolke, 2004.
Research Interests:
Research Interests:
O presente artigo visa abordar o processo histórico de formação e consolidação da esfera artística que ocorre concomitantemente com o desenvolvimento capitalista e a alteração dos regimes de acumulação. Para tanto será necessário,... more
O presente artigo visa abordar o processo histórico de formação e consolidação da esfera artística que ocorre concomitantemente com o desenvolvimento capitalista e a alteração dos regimes de acumulação. Para tanto será necessário, preliminarmente, definir os conceitos de arte e esfera artística e, posteriormente, analisar o processo de constituição desta esfera em sua relação com a evolução dos regimes de acumulação.
O artigo apresenta uma exposição e crítica da sociologia do filme de Dieter Prokop. A partir da idéia de indústria cultural desenvolvida pela Escola de Frankfurt, o sociólogo alemão discute o cinema a partir da idéia de “condições... more
O artigo apresenta uma exposição e crítica da sociologia do filme de Dieter Prokop. A partir da idéia de indústria cultural desenvolvida pela Escola de Frankfurt, o sociólogo alemão discute o cinema a partir da idéia de “condições estruturais”, principalmente a indústria cinematográfica, para analisar a história do cinema, e realiza interpretações e análises de filmes. A sua crítica de Kracauer e da escola funcionalista é bem fundamentada. A contribuição de Prokop, no entanto, não está isenta de limites e pontos problemáticos, o que também é analisado, mostrando suas contradições e aspectos questionáveis. Neste sentido, é questionado as bases de sua análise, cujo esquema analítico não consegue perceber as contradições e brechas do capital cinematográfico, o problema de sua conceituação de esfera pública e sua concepção de “consciência de massa”. A sua interpretação de Griffith também é questionada, devido ao fetichismo da técnica e outros problemas.
Research Interests:
RESUMO As histórias em quadrinhos são analisadas por distintos métodos. Alguns dos métodos mais utilizados são a semiótica e a análise circular. Em ambos os casos existem sugestões interessantes e pontos problemáticos. Uma terceira opção,... more
RESUMO As histórias em quadrinhos são analisadas por distintos métodos. Alguns dos métodos mais utilizados são a semiótica e a análise circular. Em ambos os casos existem sugestões interessantes e pontos problemáticos. Uma terceira opção, entre outras, é a análise dialética. Este caminho metodológico possui alguns recursos interessantes e que se diferenciam dos dois anteriores, embora possa englobar alguns aspectos das demais formas de análise. Uma breve comparação entre as três formas de análise ajuda a compreender as semelhanças e diferenças entre elas. O uso do método dialético na análise das histórias em quadrinhos aponta para três aspectos essenciais: totalidade, historicidade, determinação fundamental. O corpus de estudo deve ser compreendido, nessa abordagem, como uma totalidade inserida em outra totalidade mais ampla. Também deve ser considerada uma totalidade constituída, por uma determinação fundamental e outras múltiplas determinações, o que também demonstra sua historicidade, sendo produto social e histórico. É nesse contexto que a diferença com as demais abordagens emerge, pois estes elementos ficam ausentes no processo analítico semiótico e circular. A análise circular trabalha com relações mecânicas de homologia e a análise semiótica fica no nível formal. A análise dialética, por conseguinte, pode integrar essas duas formas analíticas e propiciar um recurso metodológico mais amplo para o processo analítico das histórias em quadrinhos. PALAVRAS-CHAVE: Histórias em quadrinhos; método; método dialético; semiótica; análise circular. ABSTRACT The comics are analyzed by different methods. Some of the most used methods are semioticsand circular analysis. In both cases there are interesting suggestion sandtrouble spots. A third option, among others, is the dialectic analysis. This methodological approach has some interesting features which differ from the previous two, although it may include some aspects of other form so fanalysis. A brief comparison between the three form sofanalysis helps ouunderstandt he similarities and differences between them. The use of thedialectical method in the analysis of comics points to three key aspects: totality, historicity, fundamental determination. The study corpus should be understood in this approach as a whole placed in another larger whole. It should also beconsidered a composed entirely of a fundamental determination and other multipledeterminations, which also shows its historicity, and social and historical product. In this context, the difference with other approaches emerge as these elements are absent in the semiotic analytical process and circular. The circular analysis works with mechanical relationships homology and semiotic analysis is the formal level. The dialectical analys is therefore can integrate these two analytical forms and provide a broader methodological resource for the analytical process of comics. Our goal here is to briefly present the two methodological conceptions in order to present their analytical processes and in more detail the dialectical method and subsequently perform a brief comparis on from an empirical case.
As histórias em quadrinhos repassam mensagens (concepções, valores, etc.) e estas podem ser apreendidas a partir da análise do seu universo ficcional e seu processo de constituição. O universo ficcional, no caso das histórias em... more
As histórias em quadrinhos repassam mensagens (concepções, valores, etc.) e estas podem ser apreendidas a partir da análise do seu universo ficcional e seu processo de constituição. O universo ficcional, no caso das histórias em quadrinhos, é composto por um conjunto de textos e recursos simbólicos, entre os quais as imagens. A função das imagens numa história em quadrinhos varia de acordo com seus produtores, sendo que em alguns casos ganham importância primordial. É possível produzir uma história em quadrinhos apenas com imagens, tal como no caso de algumas tiras de Maurício de Souza, por exemplo. A mensagem, nesse caso, se encontra no movimento das imagens. Nesse sentido, a análise pictórica, que busca analisar o significado das imagens, é parte da análise do universo ficcional e, por conseguinte, ganha importância e sua relevância aumenta dependendo da função da imagem em determinada história em quadrinhos. Por isso é importante realizar uma discussão sobre o processo analítico das imagens. A imagem, para ser compreendida, deve ser inserida na totalidade do universo ficcional e no seu processo de constituição, o que remete ao extraficcional. A imagem, em si, pode expressar um significado imediato, mas para ter certeza disso é necessária a análise do seu processo de constituição e do conjunto do universo ficcional. Uma mesma imagem em contextos diferentes pode possuir significado não só distinto, mas

And 64 more

Aparentemente, linguagem e discurso são fenômenos bem distantes das relações de poder. Esta obra busca justamente desfazer essa aparência. No fundo, o que colocamos é que no nosso cotidiano o poder se manifesta, tal como na relação pais e... more
Aparentemente, linguagem e discurso são fenômenos bem distantes das relações de poder. Esta obra busca justamente desfazer essa aparência. No fundo, o que colocamos é que no nosso cotidiano o poder se manifesta, tal como na relação pais e filhos, nos textos jornalísticos, no discurso científico, etc. A linguagem e o poder perpassam o cotidiano e pouco nos percebemos disso. O conjunto de ensaios aqui reunidos tematizam a questão da linguagem e do discurso em sua relação com o poder, em diversas instâncias, principalmente na esfera educacional e das relações internacionais. O desenvolvimento da linguística, da análise do discurso, da sociologia da linguagem, entre outras formas de abordagem da linguagem e do discurso, permite pensarmos uma visão sintética e global do fenômeno linguístico e textual.
Como citar: BODART, Cristiano das Neves. Sociologia e Educação: Debates necessários, vol.1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2019. SUMÁRIO Apresentação Cristiano das Neves Bodart . CAPÍTULO 1 A Sociologia da Educação e alguns... more
Como citar:
BODART, Cristiano das Neves. Sociologia e Educação: Debates necessários, vol.1. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2019.


SUMÁRIO

Apresentação
Cristiano das Neves Bodart
.
CAPÍTULO 1
A Sociologia da Educação e alguns caminhos para a pesquisa contemporânea: a escola desigual e a escola democrática
Gustavo Cravo de Azevedo, Paula Britto Agliardi e Sara Esther Dias Zarucki Tabac
.
CAPÍTULO 2
Marxismo e Escola
Nildo Viana
.
CAPÍTULO 3
Paulo Freire e a Sociologia Política da Educação
Thiago Ingrassia Pereira e Carine Marcon
.
CAPÍTULO 4
“Programa Escola sem Partido”: reflexões sobre a cidadania e o trabalho docente
Tatiele Pereira de Souza, Beatriz Brandão e Thiago Gabriel Silva Gameiro
.
CAPÍTULO 5
Preocupações didáticas em compêndios de Sociologia dos anos de 1930
Cristiano Bodart e Elizandra Rodrigues da Silva
.
CAPÍTULO 6
Escola e formação docente: narrativas plurais
Joana Rower, Maria Alda de Sousa Alves e João Paulo Freitas Gomes
.
CAPÍTULO 7
Ser jovem é diferente de ser aluno: uma leitura sobre escola e juventude a partir da Sociologia da Experiência
Eduarda Bonora Kern
.
CAPÍTULO 8
Você deseja ser professor? Motivação e renuncia à profissão docente
Pércia Alves Silva, Andréa Giordanna Araujo e Elizabete Amorim de Almeida Melo
.
Coletânea, em idioma inglês, sobre neoliberalismo e capitalismo na contemporaneidade, contando com um capítulo de minha autoria sobre o capitalismo e a dinâmica e contradições do regime de acumulação integral.
O livro organizado por Nildo Viana e que conta com artigos de André de Melo Santos, Erisvaldo Pereira de Souza, Maria Angélica Peixoto e Veralúcia Pinheiro, com prefácio de Flávio Sofiatti, aborda a relação entre religião e capital... more
O livro organizado por Nildo Viana e que conta com artigos de André de Melo Santos, Erisvaldo Pereira de Souza, Maria Angélica Peixoto e Veralúcia Pinheiro, com prefácio de Flávio Sofiatti, aborda a relação entre religião e capital comunicacional. Abaixo o texto da contracapa dessa obra e o sumário da obra.

A igreja e a religião foram, no passado, tal como na sociedade feudal, as grandes influências das representações e formas de consciência da população. Na sociedade moderna, ela perde parte de sua influência e novas formas de pensamento e reprodução do mesmo ganham espaço, tais como a ciência, a escola e o capital comunicacional. O capital comunicacional (“indústria cultural”), por sua vez, emerge na sociedade capitalista e passa a ser uma das maiores forças de formação de opinião e consciência. Ao lado disso, as relações sociais na sociedade moderna são marcadas pela mercantilização, na qual tudo vai se transformando em mercadoria ou assumindo a forma de mercadoria. O próprio capital comunicacional é expressão da mercantilização da comunicação e dos meios tecnológicos de comunicação. A religião não fica imune a esse processo.

Nesse contexto, a mutação da religião e de algumas igrejas se torna visível. O seu vínculo com a mercantilização se torna cada vez mais explícito e o uso do capital comunicacional é uma das formas de aliar a antiga influência com sua forma mais contemporânea. O vínculo da religião e o capital comunicacional se torna um dos fenômenos sociais mais importantes na sociedade moderna, especialmente na sociedade brasileira. O presente livro ganha importância nesse contexto, ao abordar essas “ligações perigosas”, pois revela um processo de mercantilização da religião. A relação entre capital comunicacional e religião é analisada sob vários aspectos, abordando a questão da mercantilização, do capital comunicacional, da mutação religiosa, bem como de casos específicos, tal como o uso de determinadas igrejas pelo capital comunicacional. Logo, a temática desse livro se torna fundamental para compreender a dinâmica religiosa contemporânea e sua relação com o capital comunicacional.
O problema da organização sempre acompanhou o movimento revolucionário do proletariado e suas expressões teórico-políticas. Como os trabalhadores devem ser organizar? Como os militantes revolucionários se organizam? Duas questões,... more
O problema da organização sempre acompanhou o movimento revolucionário do proletariado e suas expressões teórico-políticas. Como os trabalhadores devem ser organizar? Como os militantes revolucionários se organizam? Duas questões, complementares e que são fundamentais para se pensar a práxis revolucionária. Assim, o propósito que nos colocamos aqui é discutir e colocar algumas questões e posicionamentos que abre espaço para se pensar a organização revolucionária, ou seja, a organização dos militantes revolucionários. Organizamos o texto da seguinte forma. Inicialmente fazemos uma breve discussão sobre algumas das principais teorias da organização revolucionária. Neste contexto, resgatamos alguns elementos do pensamento de Marx, Rosa Luxemburgo, Gorter, Rühle, Pannekoek, sem o objetivo de retomar a totalidade de suas ideias sobre organização, mas selecionando apenas os aspectos que nos interessam com mais intensidade para nossa discussão posterior. Posteriormente, apresentamos uma breve discussão sobre as organizações burocráticas e sua recusa, entrando tanto no processo de constituição das ideologias que nascem a partir delas quanto de suas práticas e consequências sociais. A partir daí passamos a analisar as organizações proletárias, elemento importante por ser referência para pensarmos a organização revolucionária e também para discutirmos a necessidade de dupla organização ou organização unitária. O passo seguinte é analisar a organização revolucionária e destacar um determinado modo de concebê-la, como expressão política do proletariado e, portanto, em seu processo social e histórico e ligação indissolúvel com o movimento revolucionário do proletariado, o que significa descartar sua autonomização e separação do movimento revolucionário do proletariado. Isto permite passar para a discussão seguinte, que é a questão da organização interna, o que remete para a questão da decisão coletiva e autodisciplina, entrando em questões como a da liberdade individual e compromisso coletivo. Uma vez estabelecido estas reflexões, falta discutir a relação da organização revolucionária com o proletariado e a sociedade civil (movimentos sociais, etc.). Aqui reside uma questão importante, que remete ao momento da ação da organização revolucionária sobre as lutas sociais existentes.
A obra apresenta uma discussão sobre a sociedade em que vivemos, caracterizada como desumanizada, e sobre a necessidade de humanização da sociedade, através da transformação radical e total das relações sociais.
A relação entre capitalismo e racismo é relegada a segundo plano por alguns e silenciada por outros. A presente obra cumpre o papel de retomar essa discussão visando responder aos problemas gerados por tal relação. Assim, partindo de... more
A relação entre capitalismo e racismo é relegada a segundo plano por alguns e silenciada por outros. A presente obra cumpre o papel de retomar essa discussão visando responder aos problemas gerados por tal relação. Assim, partindo de análises teóricas, conceituais, históricas e abordando distintos momentos do capitalismo, a presente resgata aquilo que foi esquecido e que é fundamental para compreender o fenômeno do racismo, tanto em suas origens como em suas manifestações contemporâneas. Os autores, sociólogos e historiadores, destrinchar a complexa relação entre capitalismo e racismo, na história e no presente. Portanto, é uma obra fundamental para quem quer uma abordagem ampla e profunda da questão racial e suas origens e determinações.
O presente livro apresenta um conjunto de contribuições sobre a questão rural em nossa sociedade. Não se trata de um tratado de sociologia rural e sim alguns temas debatidos no âmbito da sociologia rural que aqui são abordados, inclusive... more
O presente livro apresenta um conjunto de contribuições sobre a questão rural em nossa sociedade. Não se trata de um tratado de sociologia rural e sim alguns temas debatidos no âmbito da sociologia rural que aqui são abordados, inclusive por pesquisadores de outras áreas. O objetivo é analisar a questão rural, tanto como objeto de estudo (os dois primeiros artigos, “O Rural como domínio temático” e “Kautsky e Lênin como Precursores da Sociologia da Agricultura”) quanto seus temas mais concretos e fundamentais. Neste último caso, temos vários textos dedicados a uma das questões fundamentais da sociologia rural, a questão camponesa, abordada nos textos “Marx e o Modo de Produção Camponês”; “O Conceito de Camponês”, “O Campesinato no Brasil” e outros textos dedicados a outros temas clássicos, o da reforma agrária e movimentos sociais no campo (“A Reforma Agrária em Questão” e “A Comissão Pastoral da Terra e a Luta dos Trabalhadores Rurais em Goiás”). Desta forma, o conjunto de textos contribui com reflexões no âmbito da temática da sociologia rural. Apesar de possuir uma base teórica e metodológica semelhante, isto não cria uma homogeneidade total nas abordagens, tal como se vê nas posições diferenciadas sobre a existência ou não de um modo de produção camponês. Independente disso, as abordagens apresentadas mostram o processo de relações sociais no campo e como ela é abordada pela sociologia rural, fornecendo um quadro geral de temas que contribuem com a ampliação da percepção da questão agrária no Brasil, seja através de referências diretas, como em alguns textos, seja na contribuição teórica, tal como em outros.
A liberdade é um sonho que acompanhou a história da humanidade. Não se trata de um sonho eterno e que sempre existiu, pois a luta pela liberdade só surge quando ela fica ausente. O surgimento da sociedade de classes marca o nascimento da... more
A liberdade é um sonho que acompanhou a história da humanidade. Não se trata de um sonho eterno e que sempre existiu, pois a luta pela liberdade só surge quando ela fica ausente. O surgimento da sociedade de classes marca o nascimento da exploração e dominação que enclausuram os seres humanos em suas próprias criações sociais. Os seres humanos criam deuses, mercado, dinheiro, propriedade privada, estado, igrejas, partidos políticos, instituições, para suprimir sua própria liberdade. Alguns se sentem à vontade na prisão social instaurada, tal como a classe dominante e suas classes auxiliares. A emergência da sociedade capitalista significa uma nova forma de prisão, escura e asfixiante. A classe capitalista e a burocracia se sentem à vontade nessa prisão, pois é dela que vem sua força e eles assumem o papel de carrascos e carcereiros. Assim como uma prisão traz doenças e destruição, o domínio do capital traz graves desequilíbrios psíquicos, miséria, destruição ambiental, entre diversos outros efeitos que marcam um capítulo nefasto da história da humanidade, no qual nunca se produziu tantos bens materiais e nunca se destruiu de forma tão avassaladora; nunca o desenvolvimento tecnológico foi tão intenso e nunca seu uso foi tão egoísta e limitado. O capitalismo é uma sociedade fundada na exploração e na dominação, cujo objetivo da produção é o lucro e não a satisfação das necessidades humanas. A dinâmica da acumulação capitalista mostra o caráter destrutivo do capitalismo, sempre ávido em cada vez mais acumular, sugando o sangue dos trabalhadores, esgotando as energias psíquicas dos indivíduos, degradando o meio ambiente com um processo de extração sem fim para a produção de bens supérfluos que geram lucro e com o lixo dos produtos descartáveis produzidos. Porém, isto tudo gera sua negação. A negação do capitalismo é expressa principalmente no proletariado, bem como em outras classes exploradas e setores da sociedade. A luta operária promove um avanço no sentido da auto-organização e autoformação, preparando os trabalhadores para a revolução proletária e a libertação humana das garras do capitalismo. A autogestão das lutas é a prefiguração da autogestão social. A utopia autogestionária é um sonho realizável, possível, cuja possibilidade está dada, faltando apenas este processo de luta para desencadear sua realização. Neste sentido, todos devem lutar, em todos os lugares. A luta é uma necessidade para aqueles que entenderam a exigência humana de uma transformação radical da sociedade e que a autogestão social é a única alternativa viável para a humanidade. Esta luta é ampla e radical, tal como seu objetivo, no sentido da liberdade. É, inclusive, uma luta contra si mesmo, contra a cultura, valores, mentalidade, sentimentos, todos herdados da sociedade capitalista, fundada na competição, mercantilização e burocratização. Assim, o que importa não é o que o indivíduo faz de si e sim o que faz daquilo que fizeram dele, tal como já dizia Sartre. A sociedade autogerida é uma forma radicalmente diferente de viver e daí muitos possuem dificuldade até de pensá-la. As experiências históricas já mostraram sua possibilidade e algumas de suas características, bem como a teoria revolucionária produzida por alguns pensadores, inclusive se baseando em tais experiências, como Marx, Pannekoek e outros. O Manifesto Autogestionário aborda estas questões, mostrando a dinâmica do capitalismo e suas contradições, a ameaça da contrarrevolução burocrática, a autogestão das lutas operárias, o papel dos militantes autogestionários e algumas características da futura sociedade autogerida. Sendo assim, é uma arma de luta, que, juntamente com milhares de outras, empunhadas por seres humanos que querem a libertação humana, deve contribuir para a realização da autogestão social.
O marxismo revela-se como a mais importante teoria do século 20. Ele surgiu no século 19 e vem se desenvolvendo até os dias de hoje, no início do século 21 e, ao que tudo indica, apesar das proclamadas “crises do marxismo”, permanecerá... more
O marxismo revela-se como a mais importante
teoria do século 20. Ele surgiu no século 19 e vem se
desenvolvendo até os dias de hoje, no início do século 21 e,
ao que tudo indica, apesar das proclamadas “crises do
marxismo”, permanecerá vivo e atuante neste século. A
importância desta teoria é facilmente reconhecida quando se
observa a sua influência sobre as sociedades
contemporâneas, a filosofia, as lutas políticas, as artes e as
ciências humanas em geral. A famosa afirmação de Jean-
Paul Sartre nos parece correta (Sartre, 1967): o marxismo é a
filosofia do nosso século (seria melhor dizer: da nossa
época). Isto revela a importância que possui o estudo do
marxismo e da obra de Marx.
A questão que buscamos responder aqui é: o que é o
marxismo? O marxismo sempre foi definido de formas
diferentes pelas várias correntes políticas, científicas e
filosóficas que se reivindicam dele. Pode-se dizer, também,
que não existe um consenso entre os não-marxistas sobre a
definição de marxismo. O nosso objetivo aqui é apresentar
uma definição do marxismo que dê conta de explicar,
inclusive, o motivo da existência de vários “marxismos”.
Nildo Viana, neste livro, remonta grande parte dos textos que abordam a crise do Marxismo, desde o início do século XX até recentemente. Discute as teses de Rosa Luxemburgo, Karl Korsch, Isaac Deutscher, Perry Anderson, Agnes Heller,... more
Nildo Viana, neste livro, remonta grande parte dos textos que abordam a crise do Marxismo, desde o início do século XX até recentemente. Discute as teses de Rosa Luxemburgo, Karl Korsch, Isaac Deutscher, Perry Anderson, Agnes Heller, Ernest Laclau, André Gorz, entre outros, mostrando seus equívocos e encerrando com a tese polêmica segundo a qual o Marxismo não está em crise, pois o que ocorre é que ele está chegando ao seu fim. Além deste ensaio polêmico, 'O fim do Marxismo e outros ensaios' apresenta também textos sobre o Jovem Marx, Karel Kosik e Mão Tse-Tung.


O conjunto de ensaios que compõem o presente livro possui como temática o marxismo. O marxismo surge no século 19 e se desenvolve no século 20. Em toda sua história se escreve sobre sua crise. Porém, sustentamos que o marxismo não está em crise e sim se aproxima do seu fim. O século 21 será o século do fim do marxismo. Assim, já que o marxismo está próximo de deixar de existir, então nada mais necessário do que analisar e perceber o significado deste acontecimento. Além disso, refletir sobre a histó-ria do marxismo e de suas deformações durante o século 20, bem como resgatar a sua unicidade, que muitos epígonos de Marx buscaram desfazer, se torna necessário. Sendo assim, o conjunto de ensaios aqui reunidos é necessário para se repensar o marxismo nu-ma época que o seu fim se aproxima.
VIANA, Nildo. TESES SOBRE O CAPITAL COMUNICACIONAL Para além da Crítica dos Meios de Comunicação. Rio de Janeiro: Edições Pirata, 2019.
RESUMO O presente texto aborda o problema do discurso. O objetivo é esboçar uma nova teoria do discurso. Por se tratar de um esboço e não de uma teoria acabada, apresentamos alguns elementos para o desenvolvimento de uma teoria do... more
RESUMO O presente texto aborda o problema do discurso. O objetivo é esboçar uma nova teoria do discurso. Por se tratar de um esboço e não de uma teoria acabada, apresentamos alguns elementos para o desenvolvimento de uma teoria do discurso. O pressuposto dessa nova teoria é o método dialético. Através desse método e seus procedimentos, especialmente o uso da categoria totalidade, torna-se possível uma análise crítica das abordagens do discurso e a constituição de uma nova teoria do discurso. O primeiro elemento para se constituir tal teoria é a elaboração de um conceito de discurso. A partir da constatação de que as várias definições de discurso são limitadas e problemáticas, apresentamos uma nova definição, que é o desenvolvimento e ampliação de uma definição anterior apresentada por nós em outra obra. Definimos discurso como uma relação social na qual um autor apresenta, sob forma falada ou escrita, um conjunto de enunciados que expressa uma mensagem complexa sobre algo e para algum destinatário. Essa definição é uma síntese do conceito, que desenvolvemos no decorrer do texto. O passo seguinte foi aprofundar a discussão sobre o discurso concebendo-o como totalidade e, para tanto, analisamos os seus elementos constitutivos. Assim, abordamos os signos, enunciados, proposições e argumentos, bem como a questão da estrutura, conjuntura, tema e outros que formam os elementos constitutivos de um discurso. O último elemento abordado para fundamentar uma nova teoria do discurso é a questão de sua constituição social. Esse aspecto é bastante discutido em outras abordagens, mas aqui ele é apresentado sob forma diferente, abordando a questão da autoria, da motivação, da função, entre outras. Em síntese, esse foi o trajeto no qual apresentamos os elementos básicos para o desenvolvimento de uma teoria do discurso. Palavras-chave: Discurso, Teoria, Enunciado, Autor, Destinatário.
O artigo tematiza a questão da evasão, um dos maiores problemas da sociedade contemporânea. A evasão é um problema individual e simultaneamente social e por isso é analisado, mesmo que usando diversos termos diferenciados para tratar do... more
O artigo tematiza a questão da evasão, um dos maiores problemas da sociedade contemporânea. A evasão é um problema individual e simultaneamente social e por isso é analisado, mesmo que usando diversos termos diferenciados para tratar do fenômeno, pela psicologia, psicologia social, filosofia, sociologia, entre outras áreas do saber. O nosso propósito é realizar uma análise introdutória sobre este fenômeno, colocando algumas questões sobre seu significado na sociedade contemporânea. A partir de uma definição do conceito de evasão e de reflexões sobre suas formas de manifestação, apontamos as formas de manifestação, algumas das relações e consequências desse fenômeno.
A questão do relativismo e do comparativismo está entre as mais relevantes do pensamento antropológico. O relativismo se tornou um elemento que acompanha a antropologia desde a sua consolidação como ciência particular e o comparativismo a... more
A questão do relativismo e do comparativismo está entre as mais relevantes do pensamento antropológico. O relativismo se tornou um elemento que acompanha a antropologia desde a sua consolidação como ciência particular e o comparativismo a acompanha desde o seu nascimento. Nesse contexto, convergências e divergências emergiram na relação entre ambas as concepções. O tema de nossa pesquisa é a relação entre relativismo e comparativismo e nosso objetivo é entender esses dois elementos no interior do pensamento antropológico. O problema de pesquisa que apresentamos é qual dessas concepções é mais adequada para a pesquisa das sociedades tribais? Para tanto, partimos de algumas posições no interior da antropologia nesse debate para, posteriormente, apresentar as críticas que elas recebem e, em conclusão, nos posicionarmos diante de ambas. O resultado de nossa pesquisa é a conclusão de que as formas valorativas de relativismo e comparativismo são problemáticas e, no plano metodológico, o relativismo e o comparativismo são insuficientes, pois o primeiro apenas alerta contra os preconceitos e o segundo é apenas uma técnica de pesquisa. Nesse sentido, seria necessário um método que trouxesse a capacidade analítica das diferenças e semelhanças e a dialética supre essa necessidade.
RESUMO O presente artigo trata da mutação valorativa que ocorre na sociedade contemporânea. Para entender esse processo, realiza uma discussão teórica sobre valores e mudanças sociais, bem como elementos correlatos. A partir dessa base... more
RESUMO
O presente artigo trata da mutação valorativa que ocorre na sociedade contemporânea. Para entender esse processo, realiza uma discussão teórica sobre valores e mudanças sociais, bem como elementos correlatos. A partir dessa base teórica, analisa a relação entre as mudanças sociais e culturais e a mutação valorativa que ocorre a partir dos anos 1980 e se amplia nas décadas posteriores. A conclusão é de que as mudanças de valores na contemporaneidade são inseparáveis das mudanças sociais e culturais, especialmente a instauração de um novo regime de acumulação (o integral) e suas consequências.

PALAVRAS-CHAVE: Valores; Mudanças Sociais, Regime de Acumulação Integral,
Paradigma Subjetivista, Renovação Valorativa.
A relação entre intelectuais e instituições é bastante complexa e passou por diversas mutações históricas. O nosso objetivo aqui é apenas mostrar um panorama geral dessa relação, destacando a instituição central de produção e reprodução... more
A relação entre intelectuais e instituições é bastante complexa e passou por diversas mutações históricas. O nosso objetivo aqui é apenas mostrar um panorama geral dessa relação, destacando a instituição central de produção e reprodução dos intelectuais, a universidade. No entanto, é necessário analisar sua relação com outras instituições, principalmente tendo em vista que algumas frações e setores da intelectualidade possuem relações mais fortes e permanentes fora da universidade. Desta forma, vamos, num primeiro momento, apresentar uma breve digressão histórica sobre as instituições que antecederam as que se tornam locus de produção e reprodução dos intelectuais. Num segundo momento, desenvolveremos uma discussão a respeito algumas instituições e posteriormente sobre a universidade, principal instância de formação e reprodução dos intelectuais. O passo seguinte será analisar a questão do trabalho intelectual no interior da universidade e o papel do intelectual engajado nesse processo.
Capital dominates modern society and takes various forms. The historical mutation of capital takes the form of the accumulation regimes. Our objective is precisely to analyze the contemporary form assumed by the capital, understood as a... more
Capital dominates modern society and takes various forms. The historical mutation
of capital takes the form of the accumulation regimes. Our objective is
precisely to analyze the contemporary form assumed by the capital, understood
as a social relation, in its entirety, that is, as contemporary capitalism.
Thus, the theme approached here is the integral accumulation regime, the current
phase of capitalism, and its historical dynamics. Our interest was centered
on the historical dynamics of integral accumulation and related issues. We
briefly address the theoretical assumptions necessary for understanding the
analytical process, and we carry out an analysis of the characteristics of the
integral accumulation regime and its cultural effects, as well as its historical
dynamics of formation, development and crisis trend. The conclusion is that
the integral accumulation regime, like all other accumulation regimes, tends
to collapse and be replaced by something new, which may be in the positive
sense, human emancipation, or in the negative sense, the return of barbarism.
O presente artigo visa trabalhar com a abordagem marxista da escola, mostrando os seus principais aspectos. Assim, desde a análise de Marx sobre a escola, passando por outros que deram continuidade e aprofundaram a discussão específica... more
O presente artigo visa trabalhar com a abordagem marxista da escola, mostrando os seus principais aspectos. Assim, desde a análise de Marx sobre a escola, passando por outros que deram continuidade e aprofundaram a discussão específica sobre educação escolar, o marxismo promoveu um forte impacto na Sociologia da Educação, bem como em áreas correlatas.  Para efetivar essa análise da concepção marxista da escola, optamos por apresentar brevemente a contribuição original de Karl Marx, por ser a fonte de todas as demais abordagens da escola que se pretendem marxistas, e depois apresentar as principais características da escola.
A obra de Michel Foucault é amplamente conhecida mundialmente e exerce uma grande influência nos acadêmicos e diversos movimentos sociais. Nesse sentido, é interessante abordar sua tese sobre os intelectuais, que, em sua obra, está... more
A obra de Michel Foucault é amplamente conhecida mundialmente e exerce uma grande influência nos acadêmicos e diversos movimentos sociais. Nesse sentido, é interessante abordar sua tese sobre os intelectuais, que, em sua obra, está intimamente ligada à questão do poder. Assim, vamos analisar as proposições básicas da concepção foucaultiana sobre os intelectuais e sua relação com o poder, para demonstrar a nossa tese de que elas não se sustentam. Sem dúvida, a obra de Foucault já recebeu várias críticas, algumas mais profundas e elaboradas, outras menos. Porém, no geral, partiam de uma perspectiva que mereceria também ser criticada. Desde aqueles que questionaram Foucault apenas como pretexto para defender suas ideias indefensáveis (Baudrillard, 1984), até aqueles que esboçaram uma análise mais ampla e totalizante, mas que não saiu do esboço (Mandosio, 2011), temos um conjunto de questões sobre seu pensamento que mereceria uma análise crítica. Aqui o nosso foco é apenas sua concepção de intelectuais, e, secundariamente, sua relação com o poder, o que está bem unido no pensamento de Foucault. Obviamente, que, em determinados momentos, isso envia para outras questões, o que será ocasional e de acordo com as necessidades do desenvolvimento da reflexão e da crítica. Foucault e o Intelectual Específico O principal elemento do pensamento de Foucault sobre os intelectuais é a criação da figura do "intelectual específico". Essa figura misteriosa, criação imaginativa e inovadora, no fundo, retirando a carcaça ideológica oferecida por Foucault, é algo bem comum e corriqueiro. No entanto, é necessário primeiro mostrar a inversão para realizar a reinversão da realidade. Foucault cria a figura do intelectual específico em oposição ao "intelectual universal": "Esta figura nova tem uma outra significação política: permitiu senão soldar, pelo menos rearticular categorias bastante vizinhas, até então separadas. O intelectual era por excelência o escritor: consciência universal, sujeito livre, opunha-se àqueles que eram apenas competências a serviço o Estado ou do Capital (engenheiros, magistrados, professores). Do momento em que a politização se realizar a partir da atividade específica de cada um, o limiar da escritura como marca sacralisante do intelectual desaparece, e então podem
Research Interests:
Os movimentos sociais sofrem mutações com o processo de mudanças sociais. A sociedade contemporânea vem sofrendo mudanças desde a década de 1980 e marca uma nova fase do capitalismo mundial. Um dos elementos dessa mudança social é o uso... more
Os movimentos sociais sofrem mutações com o processo de mudanças sociais. A sociedade contemporânea vem sofrendo mudanças desde a década de 1980 e marca uma nova fase do capitalismo mundial. Um dos elementos dessa mudança social é o uso do computador e da internet, a rede mundial de computadores. A internet permite formas mais ágeis de comunicação, além de maior horizontalidade e possibilidades de participação, com um custo menor. Esse processo vem chamando a atenção de pesquisadores que iniciam estudos sobre a relação entre internet e sociedade (SLEVIN, 2002). Nesse campo de pesquisa, ganha destaque a que busca estabelecer a relação entre internet e movimentos sociais (MARTÍNEZ et al., 2006; CASTELLS, 2013; GOHN, 2013). Tendo em vista esse processo e o impacto da internet e das redes sociais sobre os movimentos sociais e a sociedade civil em geral, pretendemos analisar a relação estabelecida entre esses dois fenômenos e descobrir qual é sua ressonância nas lutas sociais contemporâneas. A análise da relação entre movimentos sociais e internet pressupõe, além de algumas definições conceituais, a começar pelo conceito de movimentos sociais, uma reflexão mais ampla sobre internet e sociedade. Sendo assim, vamos iniciar com uma análise da internet e sua relação com a sociedade, para, num segundo momento, definir e relacionar movimentos sociais e internet.
A investigação nas ciências humanas se depara, constantemente, com o problema dos métodos e das técnicas de pesquisa. No último caso, há uma grande extensão de técnicas de pesquisa e uma variedade grande de formas assumidas por algumas... more
A investigação nas ciências humanas se depara, constantemente, com o problema dos métodos e das técnicas de pesquisa. No último caso, há uma grande extensão de técnicas de pesquisa e uma variedade grande de formas assumidas por algumas delas, como a entrevista, por exemplo. Nesse sentido, é importante a produção de reflexões sobre as mais variadas técnicas de pesquisa e suas variações. O nosso objetivo aqui é apresentar uma reflexão sobre a observação relacional, que pode ser considerada uma variação da técnica de pesquisa chamada "observação". Neste contexto, pretendemos colocar que a observação relacional é distinta de outras formas de observação e sua forma específica, bem como explicitar como ela pode contribuir com a investigação no âmbito das ciências humanas. Os Pressupostos da Observação Relacional A observação relacional é uma técnica de pesquisa pouco discutida, por ser bastante recente (VIANA, 2015). A razão de ser da observação relacional se origina nas debilidades e limites das demais formas de observação. Isso se deve ao fato de que a observação relacional ser intimamente vinculada ao método dialético e ao materialismo histórico, o que torna as demais formas de observação inapropriadas sem alterações e adaptações. Contudo, a observação relacional não é apenas uma alteração e adaptação das demais formas de observação, pois sua base teórico-metodológica é distinta e é o que gera as demais diferenças. Nesse sentido, antes de definir o que é observação relacional é útil explicitar o seu vínculo com o método dialético e materialismo histórico. A observação relacional se difere, inicialmente, por seus pressupostos, que são antagônicos ao objetivismo e ao subjetivismo, bem como sua teoria da realidade e teoria da consciência, além do seu vínculo analítico com a radicalidade, historicidade e totalidade. O objetivismo, em sua definição mais simples, é a concepção segundo a qual existe uma realidade objetiva, independentemente do observador, e que, se este for "objetivo", poderá captá-la exatamente como ela é. Para o método dialético, existe uma realidade que é independente da vontade e consciência do observador, mas que o acesso a ela é mediado pelas relações sociais e pela cultura, bem como é dependente do indivíduo
Rousseau é um dos grandes nomes da filosofia política. Sua obra O Contrato Social, ao lado de outras de valor filosófico semelhante, apresenta um dos momentos mais importantes da filosofia de sua época e se encontra no bojo das concepções... more
Rousseau é um dos grandes nomes da filosofia política. Sua obra O Contrato Social, ao lado de outras de valor filosófico semelhante, apresenta um dos momentos mais importantes da filosofia de sua época e se encontra no bojo das concepções iluministas que exerceram influência no processo da Revolução Francesa. Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, a 28 de julho de 1712. De origem humilde, teve dificuldades para se manter durante grande parte de sua vida. Encontrou alguns auxílios e conseguiu a partir dos prêmios com as obras Discurso Sobre as Ciências e as Artes (1971), de 1750, e Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens (1989), de 1753, certo sucesso e estabilidade. Mas o lançamento de O Contrato Social provocou a sua perseguição e expulsão da França. Já no final de sua vida consegue novamente uma certa estabilidade e morre em 1778. A obra de Rousseau é produzida num período pré-revolucionário. Sem dúvida, Rousseau contribuiu para o desencadeamento da Revolução Burguesa na França, mesmo que, do ponto de vista dele, a contragosto. Ele, inclusive, pode ser considerado um representante do que Pernoud denominou "burguesia filosófica": "A burguesia exerceu naturalmente uma influência muito grande sobre o movimento ideológico desde o século 16 ao século 18. Não só pelo lugar preponderante que então ocupa na vida do país, como pela sua instrução, está inteiramente indicada para se tornar a classe dirigente no domínio do pensamento, como o era na vida econômica. O seu apogeu situa-se, na segunda metade do século 18, com o desenvolvimento de uma filosofia original de que se descobrem com facilidade as origens e a evolução nas épocas anteriores e na qual se manifestam os traços característicos e as preocupações do burguês francês" (Pernoud, 1986, p. 109). O iluminismo expressa a formação de uma nova filosofia, que recupera da filosofia antiga o fôlego para elaborar uma nova concepção de mundo, adequada à nova * Professor da Universidade Estadual de Goiás; Doutor em Sociologia/UnB.
ABSTRACT A prática do ensino de enfermagem em saúde coletiva representa o desafio de formar enfermeiros capazes de uma prática social que considere os determinantes sociais no processo saúde-doença na transformação do objeto do trabalho... more
ABSTRACT A prática do ensino de enfermagem em saúde coletiva representa o desafio de formar enfermeiros capazes de uma prática social que considere os determinantes sociais no processo saúde-doença na transformação do objeto do trabalho em saúde. O ensino da saúde coletiva busca o desenvolvimento de políticas de transformação das condições de saúde e de atenção à saúde no Brasil. Este livro procura organizar os conteúdos da disciplina Saúde Coletiva de maneira didática e abrangente, com o objetivo de fornecer ao aluno a base teórica necessária para conhecer as necessidades das populações das áreas de abrangência das Unidades Básicas de Saúde e, com isso, problematizar a realidade encontrada e desenvolver projetos que possam tanto responder em alguma medida às necessidades de saúde quanto servir como instrumento no processo de ensino-aprendizagem, possibilitanto a elaboração de práticas condizentes com essas necessidades e superando práticas estabelecidas em serviços primordialmente verticalizados.
Já foram escritos diversos livros sobre globalização. Apesar disso, ainda paira uma grande dúvida sobre o que é globalização e quais são suas características. O livro de Alexandre Barbosa, "O Mundo Globalizado. Política, Sociedade e... more
Já foram escritos diversos livros sobre globalização. Apesar disso, ainda paira uma grande dúvida sobre o que é globalização e quais são suas características. O livro de Alexandre Barbosa, "O Mundo Globalizado. Política, Sociedade e Economia 1 " visa responder a estas questões e fornecer uma análise global do fenômeno. Porém, se o objetivo é interessante e revela uma necessidade de ampliar a consciência sobre tal fenômeno, o resultado deixa a desejar, como mostraremos a seguir. O autor busca explicar o que é a globalização, e afirma que é uma realidade presente, tanto econômica quanto política e cultural, sendo o resultado do aceleramento do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações, ideias, de diversos países, diminuindo as fronteiras geográficas. Ela se caracteriza pela expansão dos fluxos de informações, em nível mundial; pela aceleração das transações econômicas, em nível internacional, e pela difusão mundial de valores políticos e morais universais. A internet permite acesso a notícias de todo o mundo em tempo real, as mercadorias se tornam internacionais, determinadas empresas produzem mercadorias em outras nações (Nokia, Nike, entre outras), o turismo internacional e migração aumentaram, além de fusões e aquisições de diversas empresas. A globalização atinge tudo, o mundo da cultura e dos esportes, os direitos humanos e os movimentos sociais. Esse primeiro aspecto é bastante problemático. Na verdade, não ultrapassa o mundo da pseudoconcreticidade, da aparência, das mudanças superficiais. Se a globalização é isso, então ela é nada, pois desde o surgimento do capitalismo se amplia a velocidade das trocas comerciais, informacionais, entre outras e desde o final da Segunda Guerra Mundial já era em nível elevado, inclusive a produção de mercadorias em outros países data dessa época, que é marcado pela expansão do capital oligopolista transnacional. Nessa época, a expansão da televisão cumpriu papel análogo a expansão da internet hoje. A globalização atinge tudo, mas o que é definido como globalização é apenas consequência do capitalismo e em sua percepção superficial. Falta realmente mostrar o que de novo há no capitalismo e o que justificaria chamar isso de
Resenha do livro: ORIO, Mateus. O Capital Recreativo: A Apropriação Capitalista do Lazer. Curitiba: CRV, 2019. O lazer é um fenômeno amplamente pesquisado, sob variadas perspectivas, e recebe uma nova contribuição com a obra de Mateus... more
Resenha do livro: ORIO, Mateus. O Capital Recreativo: A Apropriação Capitalista do Lazer. Curitiba: CRV, 2019. O lazer é um fenômeno amplamente pesquisado, sob variadas perspectivas, e recebe uma nova contribuição com a obra de Mateus Vieira Orio, doutor em sociologia pela Universidade Federal de Goiás. O autor, com base em uma pers-pectiva crítica, retoma o debate teórico e conceitual sobre o fenômeno do lazer. Assim, além da concepção funcionalista, descritivista, entre outras já antigas na pesquisa sociológica, Orio contribui ao apresentar uma concepção crítica do lazer, sob o prisma da mercantilização. A mercantilização do lazer é o foco da obra, mas, assim como os demais pesquisadores que partem dessa perspectiva, o fenômeno e a análise não se reduzem a apenas isso. Ao seu lado, outros processos ocorrem, como a buro-cratização, a alienação, entre outros, bem como é percebido que se trata de um processo perpassado por contradições, mudanças, variações. Orio destaca, nes-se contexto, a questão do capital recreativo. A originalidade da obra emerge justamente a partir desse conceito, que é o título da obra. O autor aponta que os parques floridos, piscinas, casas de praia, clubes, es-portes, tacos e raquetes, dados, discos, galerias, vitrines, entre diversos outros exemplos apresentados, são "alegorias do lazer". Por um lado, podem signifi-car "curtir a vida", mas, por outro, é possibilidade de investimento, meios para
Research Interests:
A memoria social se manifesta sob multiplas formas, oferecendo ao pesquisador diversas possibilidade de recuperacao da mesma. A partir da contribuicao dos autores que desenvolveram reflexoes teoricas sobre memoria social, buscamos, no... more
A memoria social se manifesta sob multiplas formas, oferecendo ao pesquisador diversas possibilidade de recuperacao da mesma. A partir da contribuicao dos autores que desenvolveram reflexoes teoricas sobre memoria social, buscamos, no presente artigo, compreender as recordacoes do bairro Fundinho e da cidade de Uberlândia atraves do material publicado, especialmente as cronicas, no Jornal Fundinho Cultural. A partir da analise pudemos compreender a relacao entre o processo de modernizacao e a constituicao de “lugares de memoria”, dentre os quais, alguns permanecem na paisagem urbana da cidade. A luta pela memoria se manifesta sob diversas formas e a analise empreendida permitiu perceber algumas de suas principais formas de manifestacao. Uma dessas formas e a existente entre o processo de modernizacao e a resistencia revelando uma luta cultural tendo como palco o espaco urbano, o lugar de reproducao da vida cotidiana e suas recordacoes.
This article presents an analysis of the Jungian conception about the development of personality and a brief consideration about this process and the social formation of the individual as understood by other authors. Thus, after a... more
This article presents an analysis of the Jungian conception about the development of personality and a brief consideration about this process and the social formation of the individual as understood by other authors. Thus, after a synthesis of the conception of Carl Gustav Jung, which refers to the problem of individuation, we compare it with the conception coming from sociology and other approaches that deal with the phenomenon of socialization. This results in a critical perspective of the Jungian analysis, without discarding the set of its contributions. The major problem of Jung's analysis is, at the same time, his great merit: the analysis of the mind as a psychic totality. This conception has as its problem the autonomization of the human psyche, which disconnects it from the social, which is the determinant of the human mind. The merit was to have focused the psychic universe of the human being, provided we understand not how he did it, as autonomization, but as focus. In...
Para Adorno, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social global,... more
Para Adorno, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social global, deixa de lado uma compreensão da totalidade da sociedade repressiva e realiza um isolamento do processo educacional, atribuindo a ele um papel transformador que dificilmente pode realizar isoladamente.
A Comuna de Paris foi uma revolução proletária inacabada que teve como grande significado político a manifestação de uma política proletária. Essa política proletária ficou manifesta na essência autogestionária da mesma. A negação... more
A Comuna de Paris foi uma revolução proletária inacabada que teve como grande significado político a manifestação de uma política proletária. Essa política proletária ficou manifesta na essência autogestionária da mesma. A negação proletária das instituições burguesas conviveu com o esboço de afirmação proletária da autogestão social. Assim, é fundamental perceber as ações efetivadas pelos proletários de Paris e a reação burguesa, nas quais se colocam frente a frente duas formas de efetivar a luta política de classe. A luta proletária saiu derrotada, mas deixou germinar a percepção do seu significado político, cujo reconhecimento também depende da luta de classes. O que está em jogo na revolução proletária são duas concepções e práticas políticas radicalmente diferentes e antagônicas. Palavras-chave: Comuna de Paris. Política Proletária. Autogestão Social. Marxismo. Revolução Proletária.
Resumo: Para Adorno, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social... more
Resumo: Para Adorno, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social global, deixa de lado uma ...
ResumoO presente artigo aborda a relação entre capitalismo e destruição ambiental, numa perspectiva crítica. O objetivo foi demonstrar a relação específica entre ser humano e natureza instituída na sociedade capitalista e seus efeitos... more
ResumoO presente artigo aborda a relação entre capitalismo e destruição ambiental, numa perspectiva crítica. O objetivo foi demonstrar a relação específica entre ser humano e natureza instituída na sociedade capitalista e seus efeitos destrutivos, relação com as demais contradições do capitalismo e as possibilidades futuras. O modo de produção capitalista é o elemento fundamental para compreender o processo de destruição ambiental na sociedade moderna, especialmente em sua dinâmica marcada pela reprodução ampliada do capital. As ideologias que visam resolver o problema ambiental dentro do capitalismo são descartadas por causa dessa característica específica do capitalismo. A destruição ambiental é uma das contradições do capitalismo e pode se tornar a mais importante, promovendo o fim do capitalismo ou da humanidade. No entanto, o fim do capitalismo não ocorre sem ação humana e é essa que determina o que o substituirá. Isso coloca em evidência nossa responsabilidade na definição do ...
Prefácio de Gilson Dantas ao livro "Cérebro e Ideologia - Uma Crítica do Determinismo Cerebral", de Nildo Viana, e a apresentação do autor.
Enkonduka artikolo pri la sociologio de komiksoj.