- Centro de Estudos Sociais
Universidade de Coimbra
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Reimaginar a Europa
University of Coimbra, CES - Centro de estudos sociais, Faculty Member
- noneedit
- MEMOIRS offers a radical vision of contemporary European history, interrogating the crucial role of its multiple colo... moreMEMOIRS offers a radical vision of contemporary European history, interrogating the crucial role of its multiple colonial heritages. These legacies are a common factor in the identities of individual nation states across the continent. Among the different European colonial models, MEMOIRS analyses the overseas model of Portugal, Belgium and France, as crucial for an understanding of the modern-day continent.
The innovative character of the project expresses itself in its fundamental research question: what is the impact on the continent today of transferred memories of the twilight of European colonialism?
MEMOIRS aims to map out a new cartography of European memory, by reconceptualising the colonial heritage as a part of European identity and not as something to be ignored. We assume that the memories of those affected by the end of Europe’s empires and of those whom colonialism othered are a constitutive part of Europe, which implies an epistemic shift in the way we view the continent’s history and a reversal of historical and narrative paradigms.
MEMOIRS intends to contribute to promoting a greater sense of collective responsibility toward the past and the present.
MEMOIRS focuses on the intergenerational memories of the children and grandchildren of those involved in and affected by the decolonization processes in France’s, Portugal’s and Belgium’s colonies in Africa – Democratic Republic of Congo (RDC), Algeria, Angola, Mozambique, Guinea-Bissau, Cape Verde and São Tomé and Príncipe. Through interviews and comparative analysis of the cultures influenced by the postmemory of colonial wars and the end of empires, we interrogate Europe's postcolonial heritage. At the heart of the project is a desire to understand the challenge of living in postcolonial Europe, a multicultural society marked by strong, although often latent, residues of apparently forgotten empires.
MEMOIRS is funded by the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 research and innovation programme (no. 648624) and is hosted at the Centre for Social Studies (CES), University of Coimbra.edit
MEMOIRS - Children of Empires and European Postmemories (648624
Research Interests:
MEMOIRS - Children of Empires and European Postmemories (648624
Research Interests:
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma... more
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma escritora, Isabela Figueiredo, com o Cadernos de Memórias Coloniais (2009), uma cineasta, Filipa César, e a performer Grada Kilomba, com Conakry (2017) e uma artista visual, Ana Vidigal, com Penélope (2000). Na minha leitura estes trabalhos constituem-se cartas ao pai/ pátria. O contexto histórico e o quadro teórico de análise é dado no início do artigo.
Research Interests:
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma... more
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma escritora, Isabela Figueiredo, com o Cadernos de Memórias Coloniais (2009), uma cineasta, Filipa César, e a performer Grada Kilomba, com Conakry (2017) e uma artista visual, Ana Vidigal, com Penélope (2000). Na minha leitura estes trabalhos constituem-se cartas ao pai/ pátria. O contexto histórico e o quadro teórico de análise é dado no início do artigo.
Research Interests:
En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée... more
En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée fédéral originellement appelé Musée du Congo. Il fut créé en 1898 par le roi Léopold II dans le sillage de la tenue de l’Exposition universelle de Bruxelles de 1897. À cette occasion, un premier bâtiment fut édifié à Tervuren, qui était d’abord conçu comme une construction temporaire, mais qui devint permanente en raison de son caractère grandiose. Cette exposition universelle devait favoriser le rayonnement de la Belgique dans le monde et avait notamment pour objectif de glorifier la figure de Léopold II en tant que roi des Belges et propriétaire de l’État indépendant du Congo. Dans ce musée du Congo, il s’agissait de mettre en valeur les ressources naturelles de ce territoire africain et de promouvoir la recherche sur ces terres par le biais de la sci...
Research Interests:
En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée... more
En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée fédéral originellement appelé Musée du Congo. Il fut créé en 1898 par le roi Léopold II dans le sillage de la tenue de l’Exposition universelle de Bruxelles de 1897. À cette occasion, un premier bâtiment fut édifié à Tervuren, qui était d’abord conçu comme une construction temporaire, mais qui devint permanente en raison de son caractère grandiose. Cette exposition universelle devait favoriser le rayonnement de la Belgique dans le monde et avait notamment pour objectif de glorifier la figure de Léopold II en tant que roi des Belges et propriétaire de l’État indépendant du Congo. Dans ce musée du Congo, il s’agissait de mettre en valeur les ressources naturelles de ce territoire africain et de promouvoir la recherche sur ces terres par le biais de la sci...
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Num texto em que Manuel António Pina se detém nos sinuosos caminhos da memória, repreende o espelho: "Deveria lembrar-me de lembranças minhas, mas lembro-me de lembranças alheias" (Pina:1999). Estamos, é certo, fadados a... more
Num texto em que Manuel António Pina se detém nos sinuosos caminhos da memória, repreende o espelho: "Deveria lembrar-me de lembranças minhas, mas lembro-me de lembranças alheias" (Pina:1999). Estamos, é certo, fadados a dividir o passado entre as memórias que nos pertencem e Fábrica de Carboneto abandonada, Bhopal | 2014 | Giles Clarke
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Nas últimas semanas, Lilian Thuram, futebolista campeão do mundo pela França em 1998, voltou ao centro das notícias e debates na Europa quando se pronunciou em defesa de um jogador negro vítima de racismo de torcedores. Thuram teve a... more
Nas últimas semanas, Lilian Thuram, futebolista campeão do mundo pela França em 1998, voltou ao centro das notícias e debates na Europa quando se pronunciou em defesa de um jogador negro vítima de racismo de torcedores. Thuram teve a coragem de dizer que os brancos pensam ser superiores e acreditam nisso, pois o racismo é uma construção de séculos e muito difícil de ser mudada.
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Between 1961 and 1974 Portugal sustained a long-term colonial war, that was not public acknowledge, with Angola, Mozambique and Guinea-Bissau. After this conflict, a sudden process of decolonization occurred, following the revolution of... more
Between 1961 and 1974 Portugal sustained a long-term colonial war, that was not public acknowledge, with Angola, Mozambique and Guinea-Bissau. After this conflict, a sudden process of decolonization occurred, following the revolution of 25 th of April 1974, which ended the long-term dictatorship of the fascist regime and also the colonial war. This essay focuses on the reasons of this process of decolonization, its frames and reconfigurations and its impact in the Portuguese identity. The second part of this essay focuses on Portugal as a postcolonial European nation in direct confrontation and dialogue with other countries in the European Community that share a similar past, which affect Europe as a continent haunted by its colonial issues.
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Monolinguismo, línguas nacionais, literatura em línguas minoritárias, o sindroma de Babel
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Num livro clássico dos estudos da memória, The Ethics of Memory, de Avishai Margalit, observa-se que, na memória, muitas vezes não há moralidade. Por isso, é necessário refletir sobre uma ética, individual e coletiva, dos seus usos. Este... more
Num livro clássico dos estudos da memória, The Ethics of Memory, de Avishai Margalit, observa-se que, na memória, muitas vezes não há moralidade. Por isso, é necessário refletir sobre uma ética, individual e coletiva, dos seus usos. Este traço da memória torna-se evidente em contextos históricos de guerras de memória, deflagradas e em curso. Trata-se dos conflitos que surgem quando o uso do passado não cria elos comunitários. Estamos perante essa situação quando, a partir de uma dialética de salvação s/t (Rádio), da série Escuta os Bárbaros em Primeiro Lugar, Planalto Norte, Santo Antão | 2016 | Diogo Bento (cortesia do artista)
Domus della Nave Europa Il nome di questa domus deriva dal graffito di uma nave de carico presente sulla parte a sinistra del porticato. È raffigurata una nave, «Europa», che rimorchia uma barchetta di salvataggio: è l’immagine più... more
Domus della Nave Europa Il nome di questa domus deriva dal graffito di uma nave de carico presente sulla parte a sinistra del porticato. È raffigurata una nave, «Europa», che rimorchia uma barchetta di salvataggio: è l’immagine più imponente ed elegante di imbarcazione ritrovata in área vesuviana. La casa è caratterizzata da un porticato posto al centro della struttura e delimitato sui tre lati da un colonato dórico. Sono state rinvenute un grande numero di anfore, probabilmente legate all’attività commerciale della domus. La vasche presenti a destra del porticato servivano verosimilmente a pulire le anfore stesse (apresentação da Domus della Nave Europa, em Pompeia)
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Quando a literatura busca transmitir a experiência da violência, o resultado está determinado pela distância entre quem escreve e a realidade traumática referida. Existem, no entanto, constantes entre as representações artísticas da... more
Quando a literatura busca transmitir a experiência da violência, o resultado está determinado pela distância entre quem escreve e a realidade traumática referida. Existem, no entanto, constantes entre as representações artísticas da memória feitas pelas testemunhas directas dos acontecimentos e aquelas reelaboradas pelos seus descendentes (as chamadas pós-memórias). Os casos de António Lobo Antunes, nas crónicas, e de Paulo Faria, no texto Estranha Guerra de Uso Comum (2016), apontam para algumas semelhanças no que diz respeito à escrita da guerra no contexto português. Luanda | 2018 | Tatiana Macedo (cortesia da artista)
Research Interests: Art and Posmemoria
Very few topics mobilize both the "Portuguese thought" -just to use a porous category of difficult definition- and the Portuguese decolonization in the mid-70s, after the Carnation Revolution. Multiple imaginations were... more
Very few topics mobilize both the "Portuguese thought" -just to use a porous category of difficult definition- and the Portuguese decolonization in the mid-70s, after the Carnation Revolution. Multiple imaginations were elaborated from this event that fractured an expansion and a secular colonial theory. However, as Eduardo Lourenco fully shows ( Do colonialismo como nosso impensado , 2014) the dereliction of the Atlantic history produces a multitude of ontological and symbolic specters and critical problems for the country called to articulate a new inscription outside of the Atlantic-Europe dialectics, exclusively turned to the European mythologies and destiny. The article deals especially with the conceptual plan of the Portuguese decolonization, in particular deepening the topic in terms of conceptual history, connected to two involved categories: negation and belonging. A reflection on the temporal tangle of decolonization in particular valorizes the messianic aspe...
Research Interests:
Research Interests:
Neste artigo e realizada uma leitura critica da rececao e do desenvolvimento do pos-colonialismo em Portugal, na sua vertente academica, artistica e na programacao cultural. E realizada uma analise detalhada do Programa Proximo Futuro da... more
Neste artigo e realizada uma leitura critica da rececao e do desenvolvimento do pos-colonialismo em Portugal, na sua vertente academica, artistica e na programacao cultural. E realizada uma analise detalhada do Programa Proximo Futuro da Fundacao Calouste Gulbenkian, decisivo para a ampliacao do cânone do pos-colonial em Portugal e na Europa.
Research Interests:
O que são memórias pós-imperiais e até que ponto pode uma reflexão sobre os dois termos em causa, "pós-império" e "memória" - e aquilo que está silenciosamente implícito, ou seja, a "pós-memória"... more
O que são memórias pós-imperiais e até que ponto pode uma reflexão sobre os dois termos em causa, "pós-império" e "memória" - e aquilo que está silenciosamente implícito, ou seja, a "pós-memória" e a sua relação com os legados fantasmagóricos imperiais - nos ajudar a compreender o papel da resistência na literatura anticolonial e pós-colonial? Este ensaio aborda esta questão através do conjunto de narrativas de Luandino Vieira de 1963, Luuanda, e dois romances recentes de Djaimilia Pereira de Almeida, Esse Cabelo, de 2015 e, principalmente, Luanda, Lisboa, Paraíso, de 2018. Como conclusão sugere-se uma consideração da memória pós-imperial como uma forma de assombramento, inevitavelmente e irredutivelmente ligada à história da escravidão.
Research Interests:
Este texto analisa, numa perspectiva comparada, uma seleção de obras literárias de Portugal, França e Bélgica, em que o tema da pós-memória no âmbito pós-colonial europeu se apresenta como fulcral para compreender a transmissão do passado... more
Este texto analisa, numa perspectiva comparada, uma seleção de obras literárias de Portugal, França e Bélgica, em que o tema da pós-memória no âmbito pós-colonial europeu se apresenta como fulcral para compreender a transmissão do passado colonial. O nosso ponto de partida é um corpus que tem vindo a ser analisado no âmbito do projecto europeu MEMOIRS—Filhos do Império e pós-memórias europeias (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra), financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC). O nosso objectivo é o de comentar as diferentes estratégias textuais utilizadas pelos herdeiros destas memórias coloniais para dar conta da apropriação, pela ficção, da experiência traumática. Serão abordadas obras do Português Paulo Faria, do Belga Laurent Demoulin, e dos Franceses Thierry Crouzet e Éric Vuillard.
Research Interests: Art and Memory Studies
Após o fim do Império Colonial português, o termo de lusofonia veio marcar um espaço de influência que Portugal não desejava perder. Entretanto, as dinâmicas geopolíticas do mundo permitem que os países lusófonos utilizem a Comunidade dos... more
Após o fim do Império Colonial português, o termo de lusofonia veio marcar um espaço de influência que Portugal não desejava perder. Entretanto, as dinâmicas geopolíticas do mundo permitem que os países lusófonos utilizem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como uma ferramenta de afirmação e posicionamento no mundo. Dessa maneira, como entender a literatura produzida na África dos PALOP e sua relação com o cânone lusófono e mundial? A partir de interrogações da literatura anglófona e do exemplo de manifesto por uma literatura mundo feita pelos escritores francófonos, buscamos interrogar o espaço da produção literária africana lusófona.
Research Interests:
Resumo Este trabalho visa analisar a relação entre literatura e pobreza, por meio de sua forma simbólica, no conto de Roniwalter Jatobá intitulado Insônia, presente em Contos Antológicos de Roniwalter Jatobá, organizado por Luis Ruffato.... more
Resumo Este trabalho visa analisar a relação entre literatura e pobreza, por meio de sua forma simbólica, no conto de Roniwalter Jatobá intitulado Insônia, presente em Contos Antológicos de Roniwalter Jatobá, organizado por Luis Ruffato. Para isso, trabalha-se com diversos conceitos que servem como aporte teórico e, posteriormente, como categorias críticas de análise. Neste estudo, etimologias, metáforas e conceitos de Giorgio Agamben, de Hans Blumenberg e de outros teóricos, que servem como figuras de pensamento, são implicados para refletir sobre a representação da pobreza, da miséria e do trabalho dentro da literatura e cultura brasileira.
Research Interests:
Resumo Este artigo trata, de maneira comparada, da prática de poesia performática slam presente nas periferias de alguns países da Europa e o Brasil. Observam-se as preocupações contíguas das comunidades marginalizadas e como exprimem de... more
Resumo Este artigo trata, de maneira comparada, da prática de poesia performática slam presente nas periferias de alguns países da Europa e o Brasil. Observam-se as preocupações contíguas das comunidades marginalizadas e como exprimem de modo poético sua forma de ocupar um lugar no mundo. Apoiado em conceitos como terceira diáspora (Guerreiro, 2010) e artivismo (Debord, 1997), entre outros, o artigo busca entender como essas comunidades afirmam suas alteridades nas dinâmicas das migrações e pós-colonizações, assim como reclamam versões alternativas à narrativa oficial e sua inscrição no presente.
Research Interests:
L’écriture de Sony Labou Tansi engage une réflexion historique, politico-sociale et idéologique par l’emploi d’un mode de langage qui bouleverse les normes. Par l’analyse de deux de ses romans, La vie et demie et Les sept solitudes de... more
L’écriture de Sony Labou Tansi engage une réflexion historique, politico-sociale et idéologique par l’emploi d’un mode de langage qui bouleverse les normes. Par l’analyse de deux de ses romans, La vie et demie et Les sept solitudes de Lorsa Lopez nous voulons montrer comment il s’approprie de la langue française pour faire de l’hybridation un troisième espace habité et habitable par la différence, une différence créatrice de nouvelles possibilités de comprendre le divers.
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Lusophony is a neo-colonial concept that only emerges once the Empire is irrevocably dissolved. Whereas Lusophony cannot escape its neo-colonial entanglements, Lusotopy, on the contrary, strives precisely not only to go beyond, but... more
Lusophony is a neo-colonial concept that only emerges once the Empire is irrevocably dissolved. Whereas Lusophony cannot escape its neo-colonial entanglements, Lusotopy, on the contrary, strives precisely not only to go beyond, but against them. This article reflects on the ways in which literature, film, or ‘tuga’ hip-hop music, strive to advance transnational forms of resistance to unending and ever renewed kinds of oppression. Focusing on Lusotopy one can hope to work towards constructing a different future that builds on all the riches and all the wounds, many not yet healed, of the intersections derived from Portuguese colonialism.
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The article discusses the concept of postmemory, demonstrating its productivity through an analysis of the memorialization of the Colonial War in the contemporary Portuguese context. Drawing on the results of two research projects carried... more
The article discusses the concept of postmemory, demonstrating its productivity through an analysis of the memorialization of the Colonial War in the contemporary Portuguese context. Drawing on the results of two research projects carried out at the Centre for Social Studies of the University of Coimbra, different aspects of the production of postmemory by members of the second generation are presented, with particular, but not exclusive, emphasis on the domain of the arts.
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ResumoO termo lusofonia tem sido aceite e até proclamado como estratégia de entendimento entre as comunidades de Portugal e dos PALOPs como um facto inquestionável. Para que tal aconteça o termo tem sido mascarado como sendo uma emanação... more
ResumoO termo lusofonia tem sido aceite e até proclamado como estratégia de entendimento entre as comunidades de Portugal e dos PALOPs como um facto inquestionável. Para que tal aconteça o termo tem sido mascarado como sendo uma emanação do português como língua oficial destes países. No entanto isto é uma falácia. A sustentar este termo está a ideia de que todas as culturas dos PALOPs se inspiram na matriz de uma cultura portuguesa essencialista associada ao luso-tropicalismo teorizado por Gilberto Freyre. Conclui-se que a lusofonia na verdade é uma forma de neo-colonialismo de Portugal ao qual não são indiferentes os vários interesses dos negócios entre as elites destes países.
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En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée... more
En Belgique, c’est dans les murs de l’ancien Musée royal d’Afrique centrale, définitivement fermé le 7 décembre 2018, qu’a récemment vu le jour une nouvelle institution baptisée AfricaMuseum. L’ancien Musée royal belge était un musée fédéral originellement appelé Musée du Congo. Il fut créé en 1898 par le roi Léopold II dans le sillage de la tenue de l’Exposition universelle de Bruxelles de 1897. À cette occasion, un premier bâtiment fut édifié à Tervuren, qui était d’abord conçu comme une construction temporaire, mais qui devint permanente en raison de son caractère grandiose. Cette exposition universelle devait favoriser le rayonnement de la Belgique dans le monde et avait notamment pour objectif de glorifier la figure de Léopold II en tant que roi des Belges et propriétaire de l’État indépendant du Congo. Dans ce musée du Congo, il s’agissait de mettre en valeur les ressources naturelles de ce territoire africain et de promouvoir la recherche sur ces terres par le biais de la science, tout en exaltant l’action coloniale de la Belgique. Or, cet espace se révéla trop exigu pour accueillir les collections et pour permettre l’accueil des nombreux visiteurs. En conséquence, avec les revenus de l’exploitation de l’État indépendant du Congo, un nouveau bâtiment majestueux fut construit et inauguré officiellement par le roi Albert Ier en 1910, quatre mois après la mort de Léopold II. C’est dans ce second bâtiment qu’étaient présentées, jusqu’au 7 décembre dernier, les collections du Musée royal d’Afrique centrale de Tervuren. Ces collections se composaient d’œuvres en provenance du Congo, du Burundi et du Rwanda ; la plupart d’entre elles étaient des objets de culte, d’artisanat, des minéraux, des espèces animales et végétales (dont certains animaux de grande taille, empaillés), et incluaient une grande partie des objets exposés à l’occasion de l’Exposition universelle. Seuls étaient exclus de cette collection les deux cent soixante-sept Congolais qui avaient été, eux, exposés en 1897, dans des villages préfabriqués construits en plein air à Bruxelles et que la Belgique a maintenus lors des expositions internationales jusqu’en 1958, date de la première exposition universelle à être organisée depuis la Seconde Guerre mondiale, et qui fut aussi la dernière de ce genre à exhiber des humains.
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma... more
Neste artigo abordo a relação entre arte e pós-memória a partir das heranças coloniais ligadas à ditadura portuguesa, à guerra colonial em África e à descolonização expressas no trabalho de quatro mulheres artistas portuguesas: uma escritora, Isabela Figueiredo, com o Cadernos de Memórias Coloniais (2009), uma cineasta, Filipa César, e a performer Grada Kilomba, com Conakry (2017) e uma artista visual, Ana Vidigal, com Penélope (2000). Na minha leitura estes trabalhos constituem-se cartas ao pai/ pátria. O contexto histórico e o quadro teórico de análise é dado no início do artigo.
In this article, I approach the relationship between art and post-memory based on the colonial legacies linked to the dictatorship regime in Portugal, the colonial wars in Africa, and the decolonization expressed in the work of four Portuguese women artists: Isabela Figueiredo with Cadernos de Memórias Coloniais (2009), Filipa César, Grada Kilomba, with Conakry (2013), and Ana Vidigal with Penélope (2000). In my reading, these works are letters to the father/motherland. The historical context and the theoretical frame are developed in the first part of the article.
In this article, I approach the relationship between art and post-memory based on the colonial legacies linked to the dictatorship regime in Portugal, the colonial wars in Africa, and the decolonization expressed in the work of four Portuguese women artists: Isabela Figueiredo with Cadernos de Memórias Coloniais (2009), Filipa César, Grada Kilomba, with Conakry (2013), and Ana Vidigal with Penélope (2000). In my reading, these works are letters to the father/motherland. The historical context and the theoretical frame are developed in the first part of the article.
Ist nicht das Gedächtnis unabtrennbar von der Liebe, die bewahren will, was doch vergeht? Theodor W. Adorno (Minima Moralia, 79) Todos os romances de Lídia Jorge são romances políticos. Mas isso em si pouco ou nada significa. Em primeiro... more
Ist nicht das Gedächtnis unabtrennbar von der Liebe, die bewahren will, was doch vergeht? Theodor W. Adorno (Minima Moralia, 79) Todos os romances de Lídia Jorge são romances políticos. Mas isso em si pouco ou nada significa. Em primeiro lugar porque os romances de Lídia Jorge não são de modo algum o que se poderia convencionar como arte política, com todas as limitações que tal designação invariavelmente acarreta. São, antes de mais, grandes obras literárias que combinam uma experimentação radical da forma do romance com uma beleza e um poder emotivo perturbantes. Os Memoráveis (2014) representa uma intervenção direta na sociedade por-tuguesa contemporânea, ao mesmo tempo que proporciona aos seus leitores uma reflexão crítica metaliterária sobre o processo de escrita, sobre as condi-ções da memória, sobre opções pessoais e condicionamentos históricos, que nos interpela a todos quer como portugueses quer como agentes responsáveis pelas nossas escolhas e atos. A receção crítica deste romance de Lídia Jorge tem salientado prioritariamente a questão da memória-tema central da obra da autora-assim como o foco na revolução de 19741. Sem dúvida serão esses dois eixos fundamentais para qualquer leitura do romance, a que irei também recorrer. Neste momento, porém, penso ser necessário contemplar o romance através de uma perspetiva ligeiramente diferente, ou complementar, com recurso ao questionamento sobre pós-memória que o romance gera, com todas as implicações éticas assim suscitadas. E também a questão da responsa-bilidade, individual e coletiva, em relação quer à revolução, ou melhor, à sua memória, quer ao presente na sua imediata intensidade. Tal como Adorno nos lembra na passagem de Minima Moralia que uso como epígrafe, «não é a memória inseparável do amor, que quer guardar aquilo que sempre passa?» Um dos grandes valores da literatura em geral, e deste romance em particular, é exatamente o de colocar questões essenciais,
RESUMO: Neste artigo é realizada uma leitura crítica da receção e do desenvolvimento do pós-colonialismo em Portugal, na sua vertente académica, artística e na programação cultural. E realizada uma análise detalhada do Programa Próximo... more
RESUMO: Neste artigo é realizada uma leitura crítica da receção e do desenvolvimento do pós-colonialismo em Portugal, na sua vertente académica, artística e na programação cultural. E realizada uma análise detalhada do Programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian, decisivo para a ampliação do cânone do pós-colonial em Portugal e na Europa. ABSTRACT: This article presents a critical analysis of the reception and development of post-colonialism in Portugal in its academic, artistic, and cultural programming aspects. This critical analysis is achieved through the detailed evaluation of the Calouste Gulbenkian Foundation's Próximo Futuro Program, decisive for the expansion of the post-colonial canon in Portugal and Europe. RESUMEN: Este artículo efectúa una lectura crítica de la recepción y del desarrollo del postcolonialismo en Portugal, en sus aspectos académicos, artísticos y en la programación cultural. Se realiza un análisis detallado del Programa Próximo Futuro, de la Fundación Calouste Gulbenkian, decisivo para la ampliación del canon de los estudios postcoloniales en Portugal y en Europa PALABRAS CLAVE: Portugal, postcolonialismo, programación cultural, cosmopolitismo.
Research Interests:
Do Colonialismo como o nosso impensado, de 2014", reúne a maioria dos textos publicados e inéditos de Eduardo Lourenço relativos à análise da questão colonial portuguesa em toda a sua complexidade e escritos ao longo de mais de 50 anos.... more
Do Colonialismo como o nosso impensado, de 2014", reúne a maioria dos textos publicados e inéditos de Eduardo Lourenço relativos à análise da questão colonial portuguesa em toda a sua complexidade e escritos ao longo de mais de 50 anos. Muitos destes textos foram escritos na solidão da distância do auto-exílio, sem perspetiva de publicação, em particular, no Portugal ditatorial de Salazar. Transformaram-se em monólogos ou diálogos impossíveis com o ditador ou com os portugueses até verem a luz neste livro. Alguns são de facto premonições de alguém que não só analisa subtilmente a essência de Portugal, mas que também o estava a ver de fora e num contexto em que a referência europeia da liberdade na Europa, a França, se comprometia e dissolvia nas terras ensanguentadas da Guerra da Argélia. O fim de “une certaine idée de la France” estava ali anunciado, bem como o mito da pátria da liberdade e da democracia, pois bastava atravessar o Mediterrâneo para ver a liberdade e a democracia suspensas pelas ações da “terra da liberdade” contra a luta pela liberdade e a emancipação dos “outros”.
Research Interests:
António Pinto Ribeiro
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 215-216.
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 215-216.
Roberto Vecchi
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 201-211.
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 201-211.
Margarida Calafate Ribeiro
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 37-61.
Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo
Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 37-61.
Margarida Calafate Ribeiro
Heranças Pós-Coloniais nas literaturas em língua portuguesa
Margarida Calafate Ribeiro | Phillip Rothwell (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 291-307.
Heranças Pós-Coloniais nas literaturas em língua portuguesa
Margarida Calafate Ribeiro | Phillip Rothwell (org.)
2019, Porto: Afrontamento, pp. 291-307.
Roberto Vecchi
José Saramago: Nascido para isto
Carlos Reis (org.)
2020, Fundação José Saramago, pp. 199-217.
José Saramago: Nascido para isto
Carlos Reis (org.)
2020, Fundação José Saramago, pp. 199-217.
Research Interests:
Research Interests:
O desconhecido entra na sala onde eu já me encontro sentado à mesa, um cubículo triangular sem janelas num centro comercial da Costa da Caparica. Aqui se vão reunir vários veteranos da guerra do Ultramar, amigos de um veterano meu... more
O desconhecido entra na sala onde eu já me encontro sentado à mesa, um cubículo triangular sem janelas num centro comercial da Costa da Caparica. Aqui se vão reunir vários veteranos da guerra do Ultramar, amigos de um veterano meu conhecido, que hoje faz o papel de anfitrião. Chama-se Marco Mané, é o gerente deste centro comercial, antigo comando africano da Guiné-Bissau. É assim que venho fazendo há vários anos. Falo com um veterano, que por sua vez conhece outros, que por sua vez Operário | 2019 | Paulo Faria (cortesia do autor)
Research Interests:
Paulo Faria
Um dos ensaios mais marcantes de Imre Kertész tem por título a simples interrogação "A quem pertence Auschwitz?". Apesar de bastante breve, trata-se de um ensaio que enfrenta exemplarmente a questão da persistência da memória e do papel... more
Um dos ensaios mais marcantes de Imre Kertész tem por título a simples interrogação "A quem pertence Auschwitz?". Apesar de bastante breve, trata-se de um ensaio que enfrenta exemplarmente a questão da persistência da memória e do papel de gerações posteriores na preservação da memória. A questão inescapável que o sobrevivente do campo de extermínio não pode deixar de formular é colocada logo de início: O escritor húngaro, Imre Kertész, prémio Nobel da literatura, com a chanceler alemã Angela Merkel | 2007 | Axel Schmidt/DDP/AFP via Getty Images
Amadú Bailo Djaló é, até à data, o único antigo combatente africano das Forças Armadas Portuguesas (FAP) que publicou um livro sobre a sua experiência na Guerra Colonial portuguesa. Amadú tinha 70 anos quando o seu livro Guineense,... more
Amadú Bailo Djaló é, até à data, o único antigo combatente africano das Forças Armadas Portuguesas (FAP) que publicou um livro sobre a sua experiência na Guerra Colonial portuguesa. Amadú tinha 70 anos quando o seu livro Guineense, Comando Português (1964-1974) foi publicado pela Associação de Comandos, em 2010. Este livro foi escrito a partir de um dos seus diários. Tinha, pelo menos, mais dois que desejava poder publicar um dia. Amadú Djaló nasceu no dia 10 de novembro de 1940, em Bafatá, na Guiné ainda sob o domínio português. Frequentou a escola do Alcorão durante 3 anos, e uma escola católica localizada em frente à sua casa durante 2 anos. Com pouco mais de 18 anos pensou em alistar-se na tropa portuguesa para poder tirar a carta de condução, mas foi adiando essa decisão porque precisava de continuar a trabalhar para sustentar a sua família. Em 1962, foi chamado para cumprir o serviço militar português que cumpriu Encontro dos Comandos | 29 junho de 2008 | fotografia da autora
Uma reflexão sobre o lugar das ancestralidades, das memórias e das identidades nas políticas contemporâneas parece tornar-se imperiosa quando assistimos ao modo hábil como a extrema-direita vem alavancando o seu crescimento na fácil... more
Uma reflexão sobre o lugar das ancestralidades, das memórias e das identidades nas políticas contemporâneas parece tornar-se imperiosa quando assistimos ao modo hábil como a extrema-direita vem alavancando o seu crescimento na fácil caricatura das políticas identitárias, tidas como ameaçadoras de vetustos costumes, apologistas do politicamente correcto ou avessas à liberdade de expressão. Este crescimento da extrema-direita tem parasitado o modo como a acumulação neoliberal cria, em significativas parcelas da população, um cenário de expectativas socioeconómicas minguantes.
O universo mediático alemão tem sido agitado nos últimos meses por uma controvérsia que parece não ter encontrado grande repercussão fora da Alemanha, mas merece atenção pelo seu carácter sintomático. A história conta-se em poucas... more
O universo mediático alemão tem sido agitado nos últimos meses por uma controvérsia que parece não ter encontrado grande repercussão fora da Alemanha, mas merece atenção pelo seu carácter sintomático. A história conta-se em poucas palavras. De origem camaronesa, professor da Universidade de Witwatersrand, Achille Mbembe é autor de obras bem conhecidas e extremamente influentes no âmbito da mais recente reflexão pós-colonial, como Crítica da Razão Negra ou Políticas da Inimizade.
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A entrevista que se segue, de Verónica de Fátima, foi realizada no dia 28 de março de 2018 por Margarida Calafate Ribeiro. A minha história é diferente. Normalmente, as pessoas quando olham para mim dizem "mais uma filha de um retornado"... more
A entrevista que se segue, de Verónica de Fátima, foi realizada no dia 28 de março de 2018 por Margarida Calafate Ribeiro.
A minha história é diferente. Normalmente, as pessoas quando olham para mim dizem "mais uma filha de um retornado" e eu explico: "não, não é bem isso”. Nasci a 12 de março de 1959, em Luanda, Angola e cheguei a Lisboa em 1975. O meu pai é português, foi para Angola de castigo porque não quis tirar o curso superior. A sua família abrasonada e de posses, do norte de Portugal, enviou-o para África trabalhar.
A minha história é diferente. Normalmente, as pessoas quando olham para mim dizem "mais uma filha de um retornado" e eu explico: "não, não é bem isso”. Nasci a 12 de março de 1959, em Luanda, Angola e cheguei a Lisboa em 1975. O meu pai é português, foi para Angola de castigo porque não quis tirar o curso superior. A sua família abrasonada e de posses, do norte de Portugal, enviou-o para África trabalhar.
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No primeiro artigo desta série “Obras de arte na condição da pós-memória” referíamo-nos, entre outros aspectos, ao facto de as obras de vários artistas afro-descendentes das segunda e terceira gerações, vivendo na Europa, terem um lugar... more
No primeiro artigo desta série “Obras de arte na condição da pós-memória” referíamo-nos, entre outros aspectos, ao facto de as obras de vários artistas afro-descendentes das segunda e terceira gerações, vivendo na Europa, terem um lugar de destaque na arte contemporânea europeia, não só pela sua qualidade artística, mas também por um conjunto de características de natureza formal, temática e estética, que lhes dão uma identidade muito própria dentro da cena contemporânea.
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Transportamos em nós várias vivências. Muitas estão fechadas a sete chaves e são apenas memórias, como uma natureza morta. Outras ganham vida, perspectiva, e pelo exercício da criatividade, abrem-se portas… e um infinito de possibilidades... more
Transportamos em nós várias vivências. Muitas estão fechadas a sete chaves e são apenas memórias, como uma natureza morta. Outras ganham vida, perspectiva, e pelo exercício da criatividade, abrem-se portas… e um infinito de possibilidades começa a pulsar. Obstáculos existem, ouvimos falar deles… na cabeça de algumas pessoas.
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Na sequência das independências que se sucederam em África e na Ásia-em alguns casos ainda antes destas-deslocaram-se para a Europa e para as antigas nações colonizadoras centenas de milhares as pessoas. Esta migração era composta por... more
Na sequência das independências que se sucederam em África e na Ásia-em alguns casos ainda antes destas-deslocaram-se para a Europa e para as antigas nações colonizadoras centenas de milhares as pessoas. Esta migração era composta por grupos associados à estrutura colonial-os pieds-noirs, os retornados-por ex-militares das ex-colónias-colaboradores da administração colonial-, por exilados e por emigrantes que ao longo das décadas têm vindo vender a sua força de trabalho aos antigos países colonizadores. Homens na maior parte, às vezes acompanhados das suas mulheres, tendo alguns mais tarde constituído famílias criando descendentes que já vão na terceira geração. Parenthèse | 2018 | Katia Kameli (cortesia da artista)
After the independence in Africa and Asia-and in some cases, before-hundreds of thousands of people from formerly colonized nations moved to Europe. This migration included groups associated with the colonial structure, pieds-noirs,... more
After the independence in Africa and Asia-and in some cases, before-hundreds of thousands of people from formerly colonized nations moved to Europe. This migration included groups associated with the colonial structure, pieds-noirs, retornados, ex-military personnel of the former colonies, collaborators with the colonial administration, exiles, and those who over the decades had sold their labour to the former colonial countries. Generally men, sometimes accompanied by their wives, this wave of migration led to families that now stretch over three generations. Parenthèse | 2018 | Katia Kameli (courtesy of the artist)
No âmbito do trabalho de campo do projeto MEMOIRS-Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (n.º 648624) e sediado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, foram... more
No âmbito do trabalho de campo do projeto MEMOIRS-Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (n.º 648624) e sediado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, foram realizadas, até à data, 169 entrevistas para recolher dados sobre as memórias herdadas pelos filhos e netos da geração que viveu os processos de descolonização de territórios dominados por Portugal, França e Bélgica no continente africano. A entrevista que se segue foi realizada no dia 1 de agosto de 2018, na Associação dos Deficientes das Forças Armadas, a Rui Barbosa de Andrade Lamarana.
A extraordinária proliferação dos estudos sobre trauma, memória e violência veio dar centralidade a conceitos cuja circulação generalizada redunda, com frequência, num efeito de banalização que põe a causa a sua operatividade analítica e... more
A extraordinária proliferação dos estudos sobre trauma, memória e violência veio dar centralidade a conceitos cuja circulação generalizada redunda, com frequência, num efeito de banalização que põe a causa a sua operatividade analítica e exige, assim, uma crítica diferenciada. Esta crítica torna-se tanto mais necessária quando se verifica a tendência para reduzir os conceitos a uma forma singular, abdicando de uma reflexão sobre a sua especificidade. Assim, sem dúvida que uma situação traumática pode ser tipificada de acordo com coordenadas que são comuns a circunstâncias muito Reflexão | 2019 | Nuno Simão Gonçalves (cortesia do fotógrafo)
Em Afrotopia, Felwine Sarr afirma que "para ser fecundo, um pensamento do continente (África) tem de transportar consigo a exigência de uma absoluta soberania intelectual" (1). O autor, economista e escritor senegalês, tornou-se... more
Em Afrotopia, Felwine Sarr afirma que "para ser fecundo, um pensamento do continente (África) tem de transportar consigo a exigência de uma absoluta soberania intelectual" (1). O autor, economista e escritor senegalês, tornou-se recentemente famoso por ter sido, com Bénédicte Savoy e a convite do presidente francês Emmanuel Macron, o autor do Relatório sobre a restituição do património cultural africano, tendo contribuído para isso o seu conhecimento da produção intelectual de autores africanos e da situação dos museus em África. A afirmação é particularmente sedutora no contexto actual, em que a alteração de muitos regimes africanos para a democracia, o crescimento económico em alguns países e uma melhor distribuição de rendimentos, a par de uma produção cultural cada vez mais
A partir des années 60, le "déseurocentrisme" de la production de la connaissance et la révision des canons et des épistémologies initiées avec les Etudes culturelles auxquelles ont succédé les différents post-colonialismes et les études... more
A partir des années 60, le "déseurocentrisme" de la production de la connaissance et la révision des canons et des épistémologies initiées avec les Etudes culturelles auxquelles ont succédé les différents post-colonialismes et les études de genre ont provoqué une révolution que l'on ne peut que comparer à la révolution copernicienne. C'est dans ce contexte que l'épistémologie et la muséographie se sont déplacées pour comprendre que les musées, n'étant pas seulement des collections mais fondamentalement des dispositifs narratifs, se confrontent au fait de devoir être postcoloniaux. Cette situation nous oblige à revoir les narrations et, au moins, à incorporer les tensions entre les anciennes et les nouvelles histoires, à réfléchir sur la forme dont ces collections et ces butins sont arrivés dans les musées européens et nord-américains et, enfin, à redéfinir le concept de musée à la lumière du "panafricanisme" et de la "pensée amérindienne". Cycle « Atlas des mots et des images des dé-colonisations » proposé par Maria Benedita Basto et Teresa Castro Fondation Bibliothèque Programmes Conférences Diffusion Informations ! AGENDA "
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La costa de los murmullos
Lídia Jorge
2018, Bogota: Ediciones Uniandes
Lídia Jorge
2018, Bogota: Ediciones Uniandes
I. Os legados do império: memórias, penitências, agendas A revisitação das histórias imperiais e coloniais tem marcado tanto as agendas historiográficas como os debates públicos das sociedades europeias (e não só), ocupando um lugar... more
I. Os legados do império: memórias, penitências, agendas A revisitação das histórias imperiais e coloniais tem marcado tanto as agendas historiográficas como os debates públicos das sociedades europeias (e não só), ocupando um lugar importante nas discussões sobre identidades coletivas e imagi-nações (geo)políticas contemporâneas. 1 Vivemos numa «era das memórias» (Traverso, 2011). Inúmeras leis procuram governar e regular a memória, individual e coletiva, nacional, mas também global. 2 Vivemos ainda um período dominado por uma «política das exculpações», no qual o debate sobre as reparações, a «justiça tran-sicional» e a importância dos «passados» na interpretação dos vários «presentes» e na imaginação e prescrição de «futuros» sobressai, mobilizando numerosos inter-venientes com graus distintos de comprometimento político e ideológico e com modos distintos de interrogação ou instrumentalização histórica. 3 A omnipresença de uma «viagem perpétua rumo a um passado pessoal», que está associada a um * Este texto constitui uma versão revista e alargada de um outro publicado em Belchior, Ana Maria; Alves, Nuno de Almeida (orgs.) (2016), Dos«anosquentes»àestabilidadedemocrática.Memóriaeaçãopolítica no Portugal contemporâneo. Lisboa: Mundos Sociais, 91-112. 1 Nos Estados Unidos da América, a revisitação do passado imperial e colonial tem sido essencialmente historiográfica. Para os casos europeus, veja-se: Dard e Lefeuvre (orgs.) (2008), Tombs e Vaïsse (orgs.) (2010), Eckert (2009) e Howe (2010). Veja-se ainda o texto recente de Rothermund (2014). 2 Em França, a Lei de 23 de fevereiro de 2005, nos seus artigos 3. o e 4. o (este último retirado da lei em 2006), propunha sublinhar o papel dos «franceses repatriados» e inserir uma referência ao «papel positivo da presença francesa ultramarina, nomeadamente no Norte de África» nos programas escolares. 3 Para uma análise erudita que escapa à mera leitura política e politizada, veja-se Warner (2002; 2003; 2005). Para uma análise sobre o problema das reparações, veja-se Torpey (2006), sobretudo o capítulo v, para as «reparações pós-coloniais» na Namíbia e na África do Sul, e ainda Etemad (2008). Para um exemplo de três obras recentes sobre o problema da memória e das «transições» veja-se a recensão crítica de Naidu (2012).
ANTÓNIO SOUSA RIBEIRO O genocídio nazi, hoje correntemente designado por Holocausto, 1 constitui um acontecimento que não encontra paralelo na história da humanidade, enquanto marco supremo da história da violência num século XX... more
ANTÓNIO SOUSA RIBEIRO O genocídio nazi, hoje correntemente designado por Holocausto, 1 constitui um acontecimento que não encontra paralelo na história da humanidade, enquanto marco supremo da história da violência num século XX certeiramente definido como a «era dos extremos» (Hobsbawm, 1994). Auschwitz tornou-se, assim, sinónimo da violência absoluta, o signo da «ruptura civilizacional» diagnosticada por Dan Diner (1988; 2006), do abismo irreparável que a violência de massas nazi abriu em definitivo em toda a crença ingénua na ordem das coisas na modernidade. É bem sabido como essa ruptura teve influência decisiva no desenvolvimento de uma crítica da modernidade como a que encontrou expressão paradigmática na Dialéc-tica do Iluminismo, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. Não obstante, a percepção de que o Holocausto não representou um simples acidente ou desvio no curso da história, antes constituiu a manifestação consumada de uma das possi-1 São conhecidas as ambiguidades associadas ao uso da palavra Holocausto para referir o genocídio nazi, um uso vulgarizado sobretudo a partir dos finais da década de setenta graças ao fortíssimo impacto da série televisiva norte-americana Holocaust. A principal dessas ambiguidades é, sem dúvida, a ligação a um conceito de sacrifício expiatório inscrito na etimologia da palavra (cf., por todos, Agamben, 1999). Não apenas, contudo, como lembra Jon Petri (2000), existem exemplos convincentes de um amplo uso secular da palavra pelo menos desde o início do século XX, mas também não é possível ignorar o facto de a designação estar, hoje em dia, inerradicavelmente inscrita no discurso corrente. O mais importante, como lembra Ruth Klüger, ela própria sobrevivente de Auschwitz, é que haja uma palavra «que possa ser usada sem mais e sem necessidade de qualificativos», uma palavra, em suma, que ofereça «um terreno de pensamento pacificado» no qual possa ter lugar um diálogo que faça sentido (Klüger, 1995: 353-54)-mesmo que não deva perder-se de vista que o extermínio dos judeus é apenas uma das faces extremas de uma violência que atingiu igualmente outros grupos, como os ciganos. A vulgarização do uso da palavra, usada em contextos muitas vezes controversos ou mesmo francamente inadequados (como, por exemplo, no título da obra de Robert N. Proctor sobre os malefícios do tabaco, The Golden Holocaust), é ela própria um índice da dimensão paradigmática assumida pelo genocídio nazi relativamente a outros processos marcados pela violência extrema (cf., por exemplo, Thornton, 1987; Davis, 2001; Preston, 2012; Arbex, 2013).
Margarida Calafate Ribeiro
As Voltas do Passado: A Guerra Colonial e as Lutas de Libertação
Miguel Cardina; Bruno Sena Martins (org.)
2018, Lisboa: Tinta da China, 332-337
As Voltas do Passado: A Guerra Colonial e as Lutas de Libertação
Miguel Cardina; Bruno Sena Martins (org.)
2018, Lisboa: Tinta da China, 332-337
Chibanis la question
Luc Jennepin
2016, Au Diable Vauvert : Vauvert
Luc Jennepin
2016, Au Diable Vauvert : Vauvert
No ano de 2003, na sequência da Guerra do Iraque, dois dos mais destacados intelectuais europeus, Jürgen Habermas e Jacques Derrida, assinaram conjunta-mente e fizeram publicar nos jornais Frankfurter Allgemeine Zeitung e Libération uma... more
No ano de 2003, na sequência da Guerra do Iraque, dois dos mais destacados intelectuais europeus, Jürgen Habermas e Jacques Derrida, assinaram conjunta-mente e fizeram publicar nos jornais Frankfurter Allgemeine Zeitung e Libération uma declaração intitulada «A nossa renovação. Depois da guerra: o renascimento da Europa». 1 O apelo teve grande ressonância e indiscutível significado. Nele se convoca a utopia de uma Europa capaz de se unir e de se refundar em torno de um programa fundamental de respeito pelo outro. Mas quem é este outro? Uma leitura atenta mostra que os autores têm em mente, antes de mais, o outro europeu. Da perspectiva de Habermas e Derrida, os muitos conflitos que marcaram e fizeram a Europa, permitindo explicar a «rica diversidade cultural» desta e levando a uma capacidade específica de lidar com a diferença, são, no essencial, conflitos intra-europeus (Habermas / Derrida, 2003: 294). Na verdade, a percepção de que uma parte fundamental da história da modernidade europeia se passou fora dos limites geográficos da Europa e, por outro lado, que a experiência colonial não transformou apenas diversas partes mais ou menos longínquas do mundo, mas revolucionou igualmente a Europa de forma radical-não sendo, por conseguinte, possível pensar o continente fora de um quadro global-, não surge nunca no texto. É apenas no breve parágrafo final que se faz referência ao facto de muitas nações europeias terem entretanto passado pela experiência da perda do império, estando, assim, em condições de «assumir uma distância reflexiva em relação a si próprias» e de assumir a responsabilidade pelo que, de modo marcadamente eufemístico, é carac-1 Numa versão um pouco diferente, o apelo viria a ser reproduzido na revista Constellations (Habermas / Derrida, 2003).
Social Inequality in the Portuguese-Speaking World - Global and Historical Perspectives
Francisco Bethencourt (ed.)
2018, Sussex: Sussex Academic Press
Francisco Bethencourt (ed.)
2018, Sussex: Sussex Academic Press
Ao estudar representações literárias do objeto Estado pós-colonial (Schurmans, 2014), deparei-me com a existência de um conjunto de bens simbólicos produzidos após as independências que remetiam as complexidades do Estado em questão para... more
Ao estudar representações literárias do objeto Estado pós-colonial (Schurmans, 2014), deparei-me com a existência de um conjunto de bens simbólicos produzidos após as independências que remetiam as complexidades do Estado em questão para o fracasso, noção redutora com certeza, mas que permeia um número consi-derável de romances, ensaios, filmes, etc. Ou seja, quando se trata de abordar a noção de Estado pós-colonial, coloca-se de imediato uma questão de ordem epis-temológica ou ainda de representação. Como Said mostrou para o Oriente e Mudimbe para a África negra, existe entre o sujeito e o seu objeto de estudo um vasto Texto sempre já presente, um conjunto de representações ideologicamente marcadas ou orientadas, a que o intelectual palestiniano chamava Orientalismo (Said, 1978) e o intelectual congolês Gnose (Mudimbe, 1988). 1 Ambos discriminaram e descreve-ram as genealogias do Orientalismo e da Gnose, o seu contexto epistemológico, as suas características discursivas e o seu conteúdo temático. Ambos se apresentam como incontornáveis para o estudo das representações do Sul enraizadas num certo Norte. O que aqui me interessa particularmente é a existência de um Texto de cariz e conteúdo colonial que tem sido escrito depois das independências e que visa 1 Não será assim tão surpreendente o facto de muitos especialistas das Áfricas abrirem os seus textos com uma reflexão relativa à representação. Philippe Hugon, por exemplo, dedica as primeiras páginas da sua Géopolitique de l'Afrique a uma análise da representação do continente. Mesmo se for difícil desfazer-se da carga ideológica que acompanha os discursos ocidentais nesta matéria, é por aqui que é preciso começar: «A geopolítica da África começa por jogos de representação e de denominação mas igualmente de concetualização» (Hugon, 2006: 7).
A presença da Guerra Colonial (1961-1974) na memória da democracia portu-guesa constituiu, durante muito tempo, algo próximo daquilo que a Michael Taussig chamou «segredo público», ou seja, «algo que é comummente conhecido, mas que não... more
A presença da Guerra Colonial (1961-1974) na memória da democracia portu-guesa constituiu, durante muito tempo, algo próximo daquilo que a Michael Taussig chamou «segredo público», ou seja, «algo que é comummente conhecido, mas que não pode ser articulado» (Taussig, 1999: 6). Embora matizado por uma crescente visibilidade em anos recentes, o lugar residual ou fantasmático a que Guerra Colonial ocupa no senso comum permanece. É exatamente esse pano de fundo que pretendo contrapor às vidas que denunciam a insustentabilidade de um tal segredo. Neste texto, procuro centrar-me no modo como a experiência dos veteranos de guerra, feridos durante o conflito armado, constitui um reduto da memória da violência colonial. Através dessa leitura, fortemente ancorada num saber incorpo-rado da permanência da guerra naqueles que a combateram, procuro contrapor esse «segredo persuasivo» forjado na memória pública às memórias e narrativas por ele subjugadas. A milhares de quilómetros das frentes de combate, quatro décadas após o fim das hostilidades, no âmbito de projetos de investigação 1 realizados numa parceria 1 Este trabalho beneficiou de Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) e de Fundos Nacionais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito dos projetos
Geometrias da memória: configurações pós-coloniais
António Sousa Ribeiro | Margarida Calafate Ribeiro (org.)
2016, Porto: Afrontamento
António Sousa Ribeiro | Margarida Calafate Ribeiro (org.)
2016, Porto: Afrontamento