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Resumo: O fato de Platao escrever uma obra literaria apresenta uma serie de desafios para o leitor interessado na compreensao de seu pensamento. O primeiro e mais obvio desafio esta ligado ao fato de Platao nao figurar entre os... more
Resumo: O fato de Platao escrever uma obra literaria apresenta uma serie de desafios para o leitor interessado na compreensao de seu pensamento. O primeiro e mais obvio desafio esta ligado ao fato de Platao nao figurar entre os personagens dos dialogos. Caso encontrassemos Platao nas acoes ali descritas, estariamos na condicao de, simplesmente, identificar tudo aquilo que um determinado personagem diz como a posicao do autor. No entanto, a ausencia de Platao nas cenas dramaticas descritas na sua obra nos deixa sem a possibilidade de uma solucao direta para este problema interpretativo fundamental: como acessar a posicao de Platao acerca das discussoes representadas nos dialogos? Como sabemos, ao longo da historia, foram criados diferentes metodos de organizacao e leitura dos dialogos com o objetivo de superar este desafio e permitir ao leitor dos dialogos o acesso ao pensamento de Platao. O presente artigo pretende realizar uma analise critica do surgimento e estabelecimento do mais...
In this paper, I defend that the historiographical category of eclecticism is a correct way to describe the epistemology and the exegetical activity of the Anonymous commentator on Plato’s Theaetetus. In addition, I show that the... more
In this paper, I defend that the historiographical category of eclecticism is a correct way to describe the epistemology and the exegetical activity of the Anonymous commentator on Plato’s Theaetetus. In addition, I show that the interpretation of the platonic philosophy presented in this text not only presupposes an eclectic philosophical attitude, but also offers a conscious defense of a positive and philosophically relevant form of eclecticism. By eclecticism, I understand a method of inquiry based on the deliberate use of hypotheses and arguments from different philosophical traditions. My claim is that Anon. intends to lay ground of his way of doing philosophy by attributing it to Plato and the platonic tradition. In doing so, Anon. provides us with a positive understanding of eclecticism as a legitimate methodology of philosophical investigation.
RESUMO: Em Metafisica I‘, 9 (990b 8-29), Aristoteles nomeia e critica cinco argumentos usados pelos platonistas para provar a existencia das ideias. A exposicao aristotelica, contudo, e muito breve e nao inclui nem a demonstracao nem a... more
RESUMO: Em Metafisica I‘, 9 (990b 8-29), Aristoteles nomeia e critica cinco argumentos usados pelos platonistas para provar a existencia das ideias. A exposicao aristotelica, contudo, e muito breve e nao inclui nem a demonstracao nem a refutacao completas de nenhum dos argumentos. Nao fossem os comentarios de Alexandre de Afrodisia, que complementam o texto da Metafisica com citacoes e parafrases do livro I I•IiI™ I™I”I•I©I, obra da qual nos restam apenas fragmentos e onde Aristoteles teria exposto, pela primeira vez, uma critica formal a teoria das ideias, a passagem permaneceria totalmente enigmatica e incompreensivel. Nosso objetivo, neste artigo, e reconstituir, com base no texto de Alexandre, os argumentos dos platonistas e as criticas de Aristoteles a cada um deles. Acreditamos que tal reconstituicao possa ser proveitosa para os estudiosos da area, sobretudo devido a escassez de bibliografia em nossa lingua. Pretendemos, ainda, apresentar ao leitor um panorama critico do texto aristotelico em questao, explorando alguns de seus principais comentadores. PALAVRAS CHAVE: Aristoteles, Alexandre de Afrodisia, Teoria das Ideias, Metafisica , Peri Ideon . ABSTRACT: In Metaphysics A, 9 (990b 8-29), Aristotle mentions and criticizes five arguments, which are said to be used by the Platonists for the existence of Ideas. The passage is very brief, though, and does not present a systematic account of these arguments or a complete exposition of his line of refutation. In fact, the whole passage would be unintelligible, if not for the comments of Alexander of Aphrodisias, who offers complement to the text quoting and referring to the content of the I I•IiI™ I™I”I•I©I, a lost book in which Aristotle brings forward a formal criticism to the Theory of Ideas. In this paper, we use Alexander's commentary to recompose the five mentioned arguments and the objections Aristotle makes to each of them. Further, we deal with the secondary literature on the issue in order to give a critical overview of Aristotle's text. KEYWORDS: Aristotle, Alexander of Aphrodisias, Theory of Forms, Metaphysics , Peri Ideon .
Apresentamos aqui uma tradução bilíngue e completa dos fragmentos do Sobre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ) — livro em que Aristóteles teria exposto pela primeira vez uma crítica formal aos argumentos dos “platônicos” (dentre os quais ele mesmo se... more
Apresentamos aqui uma tradução bilíngue e completa dos fragmentos do Sobre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ) — livro em que Aristóteles teria exposto pela primeira vez uma crítica formal aos argumentos dos “platônicos” (dentre os quais ele mesmo se inclui) em favor da existência das ideias, e do qual resta-nos apenas o que foi (felizmente) preservado pelo filósofo peripatético Alexandre de Aphrodisias, em seu Comentário à Metafísica de Aristóteles.   Tradução, introdução e notas: Irley F. Franco e Renato Matoso Brandão.
No mês de Novembro de 2017, em ocasião do Dia Mundial da Filosofia da UNESCO, a Cátedra UNESCO Archai, do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasilia, organizou um hangout Unesco sobre o tema Filosofia, gênero e... more
No mês de Novembro de 2017, em ocasião do Dia Mundial da Filosofia da UNESCO, a Cátedra UNESCO Archai, do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasilia, organizou um hangout Unesco sobre o tema Filosofia, gênero e feminismo, do qual participaram diversxs colegas brasileirxs, especialistas do tema, acima assinadxs. A gravação integral do hangout está disponível aqui: https://youtu.be/LH5LwTegGG4. Segue abaixo uma transcrição, revista e adaptada pelxs autorxs.
In recent decades, a growing number of scholars have questioned the developmental approach to Plato that dominated scholarship during the 20th century. In this context, old strategies of reading the dialogues have been renewed and new... more
In recent decades, a growing number of scholars have questioned the developmental approach to Plato that dominated scholarship during the 20th century. In this context, old strategies of reading the dialogues have been renewed and new approaches proposed. Basically, three different reading strategies the dialogues have been advocated: the still dominant Developmentalism, Unitarianism, and the Literary (or Dramatic) reading. These different approaches are still largely taken as competitors and there seems to be no methodology available that systematically integrates these different readings. In this paper, I work upon the “Perspective reading” proposed by Kahn (2005), and Gonzales (2016) in order to present a methodology that integrates some aspects of these different approaches in a systematic and coherent way. -- Original in English.
In a recent publication, Nicholas Smith discussed some elements of the Republic’s divided line (Rep. 509d6-511e4) to demonstrate that they create an unresolved problem. I tackle Smith’s argumentation to show that elements of the divided... more
In a recent publication, Nicholas Smith discussed some elements of the Republic’s divided line (Rep. 509d6-511e4) to demonstrate that they create an unresolved problem. I tackle Smith’s argumentation to show that elements of the divided line that are mentioned by him do not create problems in interpreting this passage. On the contrary, these features convey one of the most important doctrines behind this passage. This is the idea that the world of sensible things holds a dependence upon the world of Forms in the same way that shadows and reflections depend on the things that are shadowed and reflected. Following this line of reasoning, I propose an interpretation of the divided line in which both knowledge and opinion are set over the same kind of objects F. One has an opinion about F whenever apprehending F by means of its effects, and one has knowledge about F whenever apprehending F itself.
Neste artigo, examino a duplicidade de sentidos que a tese pluralista “os seres são múltiplos” ou “se há múltiplos seres” (πολλά ἐστι τὰ ὄντα) comporta: pode significar uma multiplicade numérica, isto é: a tese de que há mais de uma coisa... more
Neste artigo, examino a duplicidade de sentidos que a tese pluralista “os seres são múltiplos” ou “se há múltiplos seres” (πολλά ἐστι τὰ ὄντα) comporta: pode significar uma multiplicade numérica, isto é: a tese de que há mais de uma coisa no mundo, assim como pode significar que uma mesma coisa possui mais de um atributo. Incialmente, argumento que Sócrates estava consciente desta ambiguidade, pois as duas compreensões de pluralismo representam perspectivas complementares de uma mesma posição filosófica. Segundo minha interpretação, o reconhecimento dessa ambiguidade permite melhor entender a crítica de Sócrates ao monismo eleático, sua defesa da Teoria das Ideias e sua distinção entre Formas transcendentes e propriedades imanentes. Estes dois sentidos de multiplicidade farão ainda parte da estratégia utilizada por Parmênides na sua contra-argumentação à solução socrática ao paradoxo de Zenão.
Sképsis: Revista de Filosofia
Resumo: Neste artigo, examino a duplicidade de sentidos que a tese pluralista "os seres são múltiplos" ou "se há múltiplos seres" (πολλά ἐστι τὰ ὄντα) comporta: pode significar uma mul-tiplicade numérica, isto é: a tese de que há mais de... more
Resumo: Neste artigo, examino a duplicidade de sentidos que a tese pluralista "os seres são múltiplos" ou "se há múltiplos seres" (πολλά ἐστι τὰ ὄντα) comporta: pode significar uma mul-tiplicade numérica, isto é: a tese de que há mais de uma coisa no mundo, assim como pode significar que uma mesma coisa possui mais de um atributo. Incialmente, argumento que Sócrates estava consciente desta ambiguidade, pois as duas compreensões de pluralismo re-presentam perspectivas complementares de uma mesma posição filosófica. Segundo minha interpretação, o reconhecimento dessa ambiguidade permite melhor entender a crítica de Sócrates ao monismo eleático, sua defesa da Teoria das Ideias e sua distinção entre Formas transcendentes e propriedades imanentes. Estes dois sentidos de multiplicidade farão ainda parte da estratégia utilizada por Parmênides na sua contra-argumentação à solução socrática ao paradoxo de Zenão. Palavras-chave: Monismo eleático; Pluralismo numérico; Pluralismo de atributos; Formas Abstract: In this paper, I propose an original interpretation for the duplicity of meanings that the pluralistic thesis (πολλά ἐστι τὰ ὄντα) comprises: it can mean a numerical multiplicity, that is: the thesis that there is more than one thing in the world, as well as can mean that the same thing has more than one attribute. Here it is argued that Socrates was aware of this ambiguity , and that these two understandings of pluralism represent complementary perspectives on the same philosophical position. This interpretation allows me to better understand Socrates' criticism against the Eleatic monism, and his distinction between Forms and im-manent properties. Finally, I demonstrate how these two meanings of multiplicity are also part of the strategy used by Parmenides in his counter-argument to the Socratic solution to Zeno's paradox. O Parmênides descreve um diálogo travado entre Sócrates, ainda bastante jovem, Zenão, Parmênides e Aristóteles, não o filósofo, mas um jovem que viria a se tornar um dos trinta tiranos. A conversa que nos chega não é narrada por um dos presentes no encontro, mas por Céfalo que o tinha ouvido de Antifonte, meio irmão de Platão, que havia ouvido e memorizado a conversa a partir do relato de Pitodoro. Pitodoro, por sua vez, havia ouvido a conversa por ser companheiro de Zenão e ter abrigado os visitantes durante sua estada em Atenas (Alcib.I. 119a). Apesar de não ser o único diálogo a apresentar este tipo de encadeamento narrativo 1 , o Parmênides é o diálogo no qual o relato que nos é oferecido está mais distante da conversa original, tanto no tempo quanto no número de "elos" da cadeia narrativa. Afinal, aquele que lê o Parmênides (e, portanto, "ouve" a narrativa de Céfalo) encontra-se no quarto estágio de uma cadeia de transmissão do conteúdo de uma conversa 1 O Fédon, o Banquete e o Teeteto também são narrados por pessoas que não presenciaram os acontecimentos descritos.
Research Interests:
RESUMO: Em Metafísica Α, 9 (990b 8-29), Aristóteles nomeia e critica cinco argumentos usados pelos platonistas para provar a existência das ideias. A exposição aristotélica, contudo, é muito breve e não inclui nem a demonstração nem a... more
RESUMO: Em Metafísica Α, 9 (990b 8-29), Aristóteles nomeia e critica cinco argumentos usados pelos platonistas para provar a existência das ideias. A exposição aristotélica, contudo, é muito breve e não inclui nem a demonstração nem a refutação completas de nenhum dos argumentos. Não fossem os comentários de Alexandre de Afrodísia, que complementam o texto da Metafísica com citações e paráfrases do livro ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ, obra da qual nos restam apenas fragmentos e onde Aristóteles teria exposto, pela primeira vez, uma crítica formal à teoria das ideias, a passagem permaneceria totalmente enigmática e incompreensível. Nosso objetivo, neste artigo, é reconstituir, com base no texto de Alexandre, os argumentos dos platonistas e as críticas de Aristóteles a cada um deles. Acreditamos que tal reconstituição possa ser proveitosa para os estudiosos da área, sobretudo devido à escassez de bibliografia em nossa língua. Pretendemos, ainda, apresentar ao leitor um panorama crítico do texto aristotélico em questão, explorando alguns de seus principais comentadores. ABSTRACT: In Metaphysics A, 9 (990b 8-29), Aristotle mentions and criticizes five arguments, which are said to be used by the Platonists for the existence of Ideas. The passage is very brief, though, and does not present a systematic account of these arguments or a complete exposition of his line of refutation. In fact, the whole passage would be unintelligible, if not for the comments of Alexander of Aphrodisias, who offers complement to the text quoting and referring to the content of the ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ, a lost book in which Aristotle brings forward a formal criticism to the Theory of Ideas. In this paper, we use Alexander's commentary to recompose the five mentioned arguments and the objections Aristotle makes to each of them. Further, we deal with the secondary literature on the issue in order to give a critical overview of Aristotle's text.
In this paper, I defend that the historiographical category of eclecticism is a correct way to describe the epistemology and the exegetical activity of the Anonymous commentator on Plato's Theaetetus. In addition, I show that the... more
In this paper, I defend that the historiographical category of eclecticism is a correct way to describe the epistemology and the exegetical activity of the Anonymous commentator on Plato's Theaetetus. In addition, I show that the interpretation of the platonic philosophy presented in this text not only presupposes an eclectic philosophical attitude, but also offers a conscious defense of a
It is well known that Parmenides presents his concept of being in an unified way, and if he distinguished different senses of being he never did that explicitly. However, the tradition of commentaries of his poem attempts to distinguish... more
It is well known that Parmenides presents his concept of being in an unified way, and if he distinguished different senses of being he never did that explicitly. However, the tradition of commentaries of his poem attempts to distinguish the many senses of being there involved. One very famous interpretation initiated by Russell and supported by many scholars throughout the Twentieth Century claims that the paradoxical result of Parmenides's monism is a consequence of his incapacity to discern the three basic senses of the verb to be: identity, predication and existence. Patricia Curd (1998) proposed a revolutionary interpretation of the poem. According to Curd, Parmenides does not propound the thesis of numerical monism (the claim that there exist only one thing) despite the many centuries of commentaries that read the poem as a proposition of this thesis. Instead of that, she suggests that Parmenides held the thesis of "predicational monism", according to which "each thing that is can be only one thing; it can hold only the one predicate which indicates what it is". Building upon previous results given by Alexander Mourelatos, Curd argues that the verb to be in Parmenides's poem is primarily predicative and that, according to the Parmenidean thesis, the only acceptable way to use "is" is in a predication of essence. The interpretation proposed by Curd and Mourelatos has been regarded as satisfactory by many scholars on the basis that they incorporate the results of new investigations on the sense of the verb to be, such as Kahn's publications against the existential reading of this verb in Ancient Greek texts. As an indirect counterargument to Curd's interpretation, I will present a reading of Parmenides's thesis on being that incorporates the recent results of Kahn's investigation while still deriving the traditional result of numerical monism. I take the veridical sense of the verb to be as basic in order to interpret Parmenides's statements on the "two routes of investigation": the way of being and the way of pensar34_SAIDA.indb 367
In recent decades, a growing number of scholars have questioned the developmental approach to Plato that dominated scholarship during the 20th century. In this context, old strategies of reading the dialogues have been renewed and new... more
In recent decades, a growing number of scholars have questioned the developmental approach to Plato that dominated scholarship during the 20th century. In this context, old strategies of reading the dialogues have been renewed and new approaches proposed. Basically, three different reading strategies the dialogues have been advocated: the still dominant Developmentalism, Unitarianism, and the Literary (or Dramatic) reading. These different approaches are still largely taken as competitors and there seems to be no methodology available that systematically integrates these different readings. In this paper, I work upon the "Perspective reading" proposed by Kahn (2005), and Gonzales (2016) in order to present a methodology that integrates some aspects of these different approaches in a systematic and coherent way. Resumo Nas últimas décadas, a abordagem desenvolvimentista da obra de Platão, que dominou a academia durante o século XX, tem sido progressivamente questionada. Nesse contexto, antigas estratégias de leitura dos diálogos foram renovadas e novas abordagens, propostas. Basicamente, três estratégias de leitura dos diálogos foram defendidas: a, ainda dominante, leitura desenvolvimentista, o unitarismo e a leitura literária (ou dramática). Essas diferentes abordagens ainda são amplamente consideradas como concorrentes e parece não haver metodologia disponível que 288 Renato Matoso O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v.27, n.43, p. 287-301, jul.-dez. 2018 integre essas diferentes leituras. Neste artigo, desenvolvo a "leitura de perspectivista" proposta por Kahn (2005) e Gonzales (2016), a fim de apresentar uma metodologia que integre aspectos importantes das três abordagens acima citadas de maneira sistemática e coerente.
Aristóteles. Sobre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ). Excertos de Alexandre de Aphrodisias, em Aristotelis metaphysica commentaria. Introdução Apresentamos aqui uma tradução bilíngue e completa dos fragmentos do So-bre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ) 1-livro... more
Aristóteles. Sobre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ). Excertos de Alexandre de Aphrodisias, em Aristotelis metaphysica commentaria. Introdução Apresentamos aqui uma tradução bilíngue e completa dos fragmentos do So-bre as Ideias (ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ) 1-livro em que Aristóteles teria exposto pela primeira vez uma crítica formal aos argumentos dos "platônicos" (dentre os quais ele mesmo se inclui) em favor da existência das ideias, e do qual nos resta apenas o que foi (felizmente) preservado pelo filósofo peripatético Ale-xandre de Aphrodisias, em seu Comentário à Metafísica de Aristóteles. Alexandre de Aphrodisias (fl. 198-209 d.C.), única fonte de informação para o conteúdo do livro perdido de Aristóteles-a doxografia referente nada diz de preciso acerca dos desenvolvimentos aí contidos, embora sua existência seja suficientemente atestada pelo testemunho de diversos comen-tadores da antiguidade 2-reproduz trechos desse livro para explicar uma pas-sagem da Metafísica A, 9 que, de outra forma, permaneceria obscura: 1 Publicamos, em outro lugar, artigo crítico sobre esses mesmos fragmentos e apresentamos na ocasião uma tradução parcial do texto de Alexandre: Irley F. Franco & Renato Matoso Brandão. "Os Argumentos Formais dos Platonistas em favor da Existência das Ideias no ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ e na Me-tafísica A 9 de Aristóteles", em Anais de Filosofia Clássica, v. 8, n. 15, 2014. Para acessar o artigo: https://revistas.ufrj.br/index.php/FilosofiaClassica/article/view/2937 Ao comparar, o leitor poderá perceber que além de completada, a atual tradução do texto de Ale-xandre foi anotada e revisada por nós. 2 O principal testemunho da existência do ΠΕΡΙ ΙΔΕΩΝ é sem dúvida o comentário de Alexandre, que intercala no texto citações e paráfrases do livro perdido. Alexandre é além disso a fonte única para o conteúdo do livro. Outros comentadores de Aristóteles fazem entretanto referências explí-citas a sua existência: Syrianus, em Commentarius in Metaphysica (120, 33-121, 4; 195, 10-15); Pseudo-Alexandre, em Commentarius in Metaphysica (836, 34-837, 3) e em Scholiast a Dionysius Thrax (116, 13-16). Para uma lista mais completa, ver as compilações de fragmentos da obra de Aristóteles em Walter Leszl,
O drama foi a expressão original da filosofia. Platão, aquele a quem remete-mos o sentido mesmo da palavra "filosofia", inventou o "drama filosófico". E embora criticasse e censurasse gravemente o teatro, elegeu o drama como forma... more
O drama foi a expressão original da filosofia. Platão, aquele a quem remete-mos o sentido mesmo da palavra "filosofia", inventou o "drama filosófico". E embora criticasse e censurasse gravemente o teatro, elegeu o drama como forma privilegiada de expressão filosófica. O diálogo é a forma mais eficaz de purificação do caráter, do pensamento e das opiniões humanas, como dirá o Sofista. Sem o "drama" portanto não pode haver progresso no pensamento, já que "pensar é sempre dialogar, seja com um outro, seja consigo mesmo, isto é, com sua própria alma". Escrita sob a forma de "diálogos", e não de tratados, a obra de Platão é uma apologia ao drama, não a qualquer tipo de drama, mas ao drama espe-cífico da filosofia, o dialegesthai, a conversa-exame da dialética, estilo que Aristóteles, na Poética, diz não saber definir e cujo principal alvo é o dogma-tismo em que estão mergulhadas as opiniões dos que pensam saber, quando na verdade nada sabem. A esse respeito, uma passagem do Sofista (230b-e) é esclarecedora. Aí, a tarefa do dialético,-descrito como aquele que, através de perguntas e respostas, examina os homens sobre assuntos em que "pensam estar dizendo algo de valor, embora na realidade não estejam dizendo coisa alguma",-é entendida como sendo a de um purificador (o verbo grego ka-thairo, que significa purificar, de mesma raiz do substantivo katharsis, catarse, é usado em toda essa passagem) de "opiniões autoritárias e inflexíveis" (me-galon kai skleron doxon). Assim como os médicos, que acreditam que "o corpo não pode se beneficiar do alimento que recebe até que os obstáculos internos sejam removidos," assim também o dialético acredita que a alma não pode se beneficiar do conhecimento "até que um refutador faça o refutado sentir ver-gonha, liberando-o das opiniões que impedem os conhecimentos e o mostre purificado e pensando que ele sabe apenas o que de fato sabe, e nada mais". É muito comum ver, sobretudo nos chamados diálogos socráticos, o dog-matismo em que estão mergulhadas as opiniões dos que pensam saber quan-do na verdade nada sabem. A irritação e a perplexidade causadas pelo uso do método da refutação (elenkhos) e mesmo a indisposição de se submeter a ele,
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RESUMO No mês de Novembro de 2017, em ocasião do Dia Mundial da Filosofia da UNESCO, a Cátedra UNESCO Archai, do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasilia, organizou um hangout Unesco sobre o tema filosofia,... more
RESUMO No mês de Novembro de 2017, em ocasião do Dia Mundial da Filosofia da UNESCO, a Cátedra UNESCO Archai, do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasilia, organizou um hangout Unesco sobre o tema filosofia, gênero e feminismo, do qual participaram diversxs colegas brasileirxs, especialistas do tema, acima assinadxs. A gravação integral do hangout está disponível aqui: https://youtu.be/LH5LwTegGG4. Segue abaixo uma transcrição, revista e adaptada pelxs autorxs. Palavras-chave: ABSTRACT In November 2017, on the occasion of the UNESCO World Philosophy Day, the UNESCO Archai Chair of the Postgraduate Program in Metaphysics of the University of Brasilia organized a Unesco hangout around the theme of Philosophy, Gender and Feminism. Several Brazilian teachers, specialists in these subjects, have signed up. The full Hangout Recording is available at https://youtu.be/LH5LwTegGG4. Below is a transcript, revised and adapted by the authors. Palavras-chave: Philosophy, Gender, Feminism, Unesco. Gabriele Cornelli: Olá a todos e a todas! Olá, gente da filosofia! A Cátedra UNESCO Archai, em colaboração com alguns amigos e algumas amigas aqui do Brasil, decidiu conversar-fazer um Hangout UNESCO em comemoração ao Dia Mundial da Filosofia, junto com colegas e amigxs espalhados aqui pelo País-e decidimos tratar de um tema necessário-um tema, infelizmente, de certa maneira ainda dramático: o tema do gênero e do feminismo. É claro que queremos falar disso a partir da nossa experiência, nossa vivência e dos estudos de http://dx.
A questão da natureza da relação entre Formas inteligíveis e objetos sensíveis pode ser encontrada em diversos diálogos platônicos. Trata-se, obviamente, de uma questão de grande importância para própria Teoria das Formas, ten-do em vista... more
A questão da natureza da relação entre Formas inteligíveis e objetos sensíveis pode ser encontrada em diversos diálogos platônicos. Trata-se, obviamente, de uma questão de grande importância para própria Teoria das Formas, ten-do em vista que a postulação de Formas inteligívies tem como um de seus objetivos principais a garantia da possibilidade de conhecimento seguro dos objetos e fenômenos do mundo sensível. Dois modelos distintos para com-preensão da natureza desta relação podem ser encontrados na obra de Pla-tão: o modelo da participação e o modelo da imitação, cada qual apresentado por meio de um rico vocabulário. O modelo da participação é apresentado na obra platônica através de um vocabulário relacionado à noção da presença da Forma nos objetos sensívies, enquanto que o modelo da imitação é apresen-tado por meio de um vocabulário ligado à relação modelo-imagem. Não há consenso entre os comentadores acerca de qual modelo Platão adota em cada um dos diálogos ou mesmo em cada fase da sua obra. David Ross em Plato's Theory oo Ideas deeende a tese de que a posição de Platão flutua entre ambos os modelos sem nunca chegar a adoção definitiva de um em detrimento do outro. A primeira parte do diálogo Parmênides apresenta críticas a estas duas maneiras de entender a relação entre objetos sensíveis e Formas inteligíveis. Contudo, enquanto as crrticas à noção de participação parecem bastante defi-nitivas, a única crítica à noção de imitação parece ser facilmente contornável. Seguindo a posição de que estes modelos não se confundem no interior da obra platônica e que podemos atribuir ao Platão da fase média (República, Banquete, Fédon) a adoção do modelo da participação e ao Platão da terceira ase (Timeu, Sofista, Polltico, Filebo) a adoção do modelo da imitação, ooe-recerei uma interpretação para primeira parte do Parmênides que procura explicar a relevância das críticas contidas no diálogo.
Como amplamente reconhecido, Platão expôs seu pensamento por meio de uma forma literária de escrita, o chamado diálogo socrático. Apesar de estudos acerca das características dessa forma de expressão terem se multiplicado nos últimos... more
Como amplamente reconhecido, Platão expôs seu pensamento por meio de uma forma literária de escrita, o chamado diálogo socrático. Apesar de estudos acerca das características dessa forma de expressão terem se multiplicado nos últimos anos, ainda é relativamente raro encontrarmos trabalhos que tracem as relações de implicação entre a forma dramática de composição adotada por Platão e os temas metafísicos tradicionais de sua obra. O presente texto pretende suprir, em parte, esta lacuna ao abordar o tema da ontologia platônica sob a ótica das características dramáticas e literárias dos diálogos. Pretendo demonstrar como a devida atenção às questões dramáticas da obra de Platão pode nos levar ao entendimento de que o personagem Sócrates está, desde os primeiros diálogos, defendendo consistentemente uma única ontologia constituída por Formas e objetos sensíveis. Para que tal entendimento seja construído, argumento em favor da existência de múltiplos planos de leitura de um mesmo diálogo e identifico os usos, por parte de Platão, da figura de linguagem da "prolepse" ou "antecipação". Antes de Aristóteles estabelecer o tratado como forma de composição filosófica preponderante entre a comunidade intelectual grega, os diversos temas da Filosofia eram apresentados por meio do que hoje chamaríamos formas literárias de composição. Os fragmentos que possuímos das obras dos pensadores anteriores a Platão, conhecidos por nós sob a alcunha de
Reunião de textos derivados do II Workshop de Filosofia e Ensino, realizado na UFRGS em julho de 2015, com o tema "Epistemologia e Currículo".
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