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Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
  • Natal (RN) - Brazil.
Um estudo sucinto da História da Literatura de Cordel, hoje em dia largamente difundida no Nordeste Brasileiro, mas apenas existente no Brasil e em Portugal. A Literatura do Cordel é única no mundo!
Baseia-se na Tese do Descobrimento do Brasil no Rio Grande do Norte. Em cerca de 130 quadras não metrificadas obrigatoriamente, com rima na 2ª e 4ª linhas.
Atualizado em setembro de 2023.
Neste trabalho será apresentado como determinar os componentes do vetor força de Coriolis na superfície esférica terrestre e como essa força induz a circuitação das correntes de ar e água, as chamadas correntes eólicas e marinhas dos... more
Neste trabalho será apresentado como determinar os componentes do vetor força de Coriolis na superfície esférica terrestre e como essa força induz a circuitação das correntes de ar e água, as chamadas correntes eólicas e marinhas dos oceanos, mormente, no oceano Atlântico. Essas correntes eólicas e marinhas foram uma das forças motrizes das embarcações, movidas a vela do início das grandes navegações no século XV que, por conseguinte, formam trajetórias tipo circulares, sentido horário no hemisfério norte e sentido anti-horário no hemisfério sul terrestre. Ademais, um importante resultado encontrado é que, para situações que as embarcações atravessem a linha do Equador, surge uma circuitação inusitada, similarmente ao símbolo do infinito da matemática. Esse é o caminho que a força de Coriolis cria para esse tipo de embarcação nas viagens pelos mares. Apresentamos também a análise das trajetórias das quatro primeiras grandes navegações, todas corroboram que essa força foi primordial para o achamento do continente americano, do Cabo da Boa Esperança, do Brasil, e do caminho para a Índia. Palavras-chave: Força de Coriolis, Grandes Navegações, Achamento do Brasil. In this work, it will be presented how to determine the components of the Coriolis force vector on the spherical surface of the Earth and how this force induces the circuit of air and water currents, the so-called wind and marine currents of the oceans, especially in the Atlantic Ocean. These wind and marine currents were one of the driving forces of the vessels, powered by sail from the beginning of the great navigations in the 15th century, which, therefore, form circular paths, clockwise in the northern hemisphere and counterclockwise in the southern terrestrial hemisphere. In addition, an important result found is that, for situations in which vessels cross the equator line, an unusual circuit appears, similar to the infinity symbol of mathematics. This is the path that the Coriolis force creates for this type of vessel on voyages by the seas. We also present the analysis of the trajectories of the first four great navigations, all of which corroborate that this force was essential for the finding of the American continent, the Cape of Good Hope, Brazil, and the way to India.
Palestra na ANRL- Academia Norte-Riograndense de Letras nas Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil.

Procurei valorizar o papel feminino na História.
Research Interests:
Chegaram a Calicute as 6 embarcações que restaram da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Com o tempo bom e o vento favorável, Cabral e sua tripulação zarparam de Lisboa, rumo a Calicute, na Índia, no dia 9 de março de 1500. Cavaleiro da... more
Chegaram a Calicute as 6 embarcações que restaram da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Com o tempo bom e o vento favorável, Cabral e sua tripulação zarparam de Lisboa, rumo a Calicute, na Índia, no dia 9 de março de 1500. Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, ilustrado e instruído, comandante militar, herói nas guerras no Norte da África, chefe de expedições exploratórias secretas no reinado de D. João II, indicado por Fernando de Menezes, contou com o apoio dos prestigiosos Afonso de Albuquerque e Francisco de Almeida, dos nobres, dos principais capitães e pilotos do reino, da igreja, dos financiadores, inclusive da Ordem de Cristo, então, D. Manuel a ele confiou a maior, a mais cara e a mais poderosa armada portuguesa. Com o achamento do Brasil, em 22 de abril, chantou o primeiro padrão de posse em pedra lioz, com a Cruz de Cristo e o Brasão Real gravados na sua face anterior, na Praia do Marco no litoral potiguar. Navegou próximo da costa brasileira por 2.000 milhas fazendo rápidas aguadas chantando o segundo padrão em Cananeia, garantindo assim um vasto território para a coroa, embora já visitado anteriormente por nautas portugueses. Dali seguiram de longo contra o Leste para contornar o Cabo da Boa Esperança e daí à Índia, navegando com vento de popa ou de bolina, evitando áreas de calmarias no Atlântico Sul. Enfrentando tormentas, gastou quase cinco meses, depois do achamento, para chegar a Calicute no dia 13 de setembro de 1500, com a frota reduzida a seis navios. Depois de vários tiros de bombarda da armada, demonstrando que não se tratava de ameaça, logo vieram pequenos barcos a encostar à capitânia. Um representante do Samorim se apresentou dando boas-vindas. No dia seguinte, Afonso Furtado desce à terra e foi recebido pelo governante, ao qual entregou cartas d'el-rei de Portugal, que reiteravam intenções de paz e o desejo de comprar mercadorias. O Samorim exigiu a presença do mais altaneiro da armada ficando acertado, por medida de segurança, fossem levados alguns homens como garantia o que não foi aceito. Somente três dias depois aceitou as condições enviando cinco homens que permaneceram a bordo enquanto Cabral esteve em terra, presenteando-o com moedas de ouro com a efígie do rei, muitos objetos de prata, almofadas de brocado e veludo, um dossel de brocado com franjas de ouro, um tapete grande e dois panos de arrás, diferentemente das quinquilharias que levou Vasco Gama, dois anos antes. Logo depois Cabral retornou à nau, mas o clima de desconfiança perdurou, permanecendo embarcados alguns indianos que, dois dias depois, foram levados a terra como prova de confiança. Enquanto isso, ficou a armada a olhar Calicute de longe e os homens de terra a olhar a armada ao largo. Cabral confiou e o Samorim mostrou-se de confiança, devolvendo os portugueses sem mais delongas. A partir daí, autorizados, começaram os negócios por aquelas bandas para grande contentamento de Pedro Álvares Cabral que, agora sim, via tudo a corre dentro do desejado. Depois surgiram problemas, porque começaram a sentir que estavam sendo enrolados, o que deixou os portugueses revoltados, porque as condições mudavam e as importâncias cresciam, mesmo assim ali passaram três meses, com várias escaramuças, sob o olhar indiferente do Samorim. Calicute era uma terra de víboras, onde não avançariam no comércio, então nada havia mais a fazer ali e teriam de se retirar para outros portos.
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O Tratado de Tordesilhas está entre os principais marcos e garantia da expansão marítima portuguesa. Os conflitos entre Castela e Portugal na década de 1470, foram resolvidos com o Tratado de Alcáçovas, assinado em 1479, onde concordaram... more
O Tratado de Tordesilhas está entre os principais marcos e garantia da expansão marítima portuguesa. Os conflitos entre Castela e Portugal na década de 1470, foram resolvidos com o Tratado de Alcáçovas, assinado em 1479, onde concordaram em reconhecer o domínio castelhano sobre as Ilhas Canárias e a concessão de todas as terras ao sul delas para Portuga, o que foi aprovado pelo Vaticano, como era costume na época. Em maio de 1493, os monarcas católicos concederam a Colombo o título de Almirante do Oceano afirmando que era de Espanha tudo que passava, de Polo a Polo, além da linha entre os Açores e o Cabo Verde. Acredita-se que foi o próprio navegador genovês quem aconselhou os monarcas a inserir essa linha nas bulas editadas posteriormente. Mas no mesmo ano, a bula papal Inter Coetera determinou que essa linha passava a 100 léguas a Oeste do Cabo Verde. O rei João II de Portugal reagiu afirmando que o Tratado de Alcáçovas havia sido violado e pressionou para que fosse negociado um novo acordo com os monarcas católicos, porque tinha certeza que essa nova linha passava pelo Mar Oceano. Isso comprometia a supremacia e o projeto português de chegar à Índia. Em um novo Tratado, as partes acordariam em estabelecer uma nova linha de demarcação entre suas esferas de influência no Atlântico, além das 100 léguas, da ilha mais a Oeste do Cabo Verde-Santo Antão. Assim as negociações finalmente levaram ao Tratado de Tordesilhas. O objetivo de D. João era claro, por causa de seu relacionamento tenso com o Papa e também pelos laços estreitos com os monarcas católicos. D. João soube escolher magistralmente seus embaixadores, destacando-se, Rui de Sousa, Senhor de Sagres e Beringel, seu filho D. João de Sousa, almotacé-mor do reino e Aires de Almada, corregedor da corte, todos de bom saber, grande confiança e muita autoridade. A Duarte Pacheco Pereira, o maior cosmógrafo português e um dos mais experimentados navegadores do seu tempo, caberia chegar a uma longitude mais conveniente a Portugal. Também participavam vários fidalgos, de maneira que nunca saíra de Portugal tão seleta comitiva. Antes de fecharem o acordo, D. João se reuniu com Isabel e Fernando, exigindo que a nova linha passasse a 250 léguas do Cabo Verde. Precipitadamente Fernando exigiu que Portugal abrisse mão de Melilla e Cazaza, dois portos importantes no hoje Marrocos. D. João se retirou revoltado, depois voltaram à mesa de negociações, mas D. João concordou desde que a nova linha passasse a 370 léguas do Cabo Verde, o que foi aceito pelos reis católicos. Isso significou mais 120 léguas, ou seja, desde (aproximadamente) a foz do Rio Parnaíba até a foz do Rio Amazonas. Nem Jaime Ferrer, cosmógrafo oficial de Castela, percebeu a jogada, pois pensava que Portugal tinha em mente apenas o Atlântico, o que Castela já tinha descartado. Com Tordesilhas portugueses e castelhanos também dividiram o reino de Fez para futuras conquistas e regularam os direitos de pesca e navegação ao longo da costa africana, garantiram os territórios de Melilla e Cazaza para os castelhanos, evitaram a pesca até o Bojador e as operações de assalto a esses territórios, até o Rio do Oro.
Descobrimento, achamento, reconhecimento ou posse oficialʔ DOCUMENTOS, MAPAS E PORTULANOS DO SÉCULO XIV Os grandes mapas do século XIV e XV, principalmente os portugueses ou os deles copiados, posteriores a 1343, inse-rem uma ilha no... more
Descobrimento, achamento, reconhecimento ou posse oficialʔ DOCUMENTOS, MAPAS E PORTULANOS DO SÉCULO XIV Os grandes mapas do século XIV e XV, principalmente os portugueses ou os deles copiados, posteriores a 1343, inse-rem uma ilha no oceano Atlântico, aproximadamente na região nordeste da América do Sul e com uma configuração semelhante a essa. Isso significa que pelo menos desde 1343 a América do Sul foi visitada e explorada pelos portu-gueses e considerada uma possessão. Segundo esses mapas estava o Brasil representado ao sul das ilhas dos Herma-nos do arquipélago de Cabo Verde, ilhas que têm hoje a denominação de Brava e do Fogo. Na parte referente ao Brasil e correspondente ao Cabo de S. Roque, havia no mapa esta legenda: Ixola otincticha xe longa a ponente 1500 mia, cuja tradução é esta: «Ilha autêntica (ou Antilia) 1500 milhas ao poente. » Em 1375, Carlos V, rei da França, determinou que um cartógrafo de Maiorca copiasse o mapa português, com ordens de também corrigir e ampliar o mapa baseado nas explorações efetuadas entre 1343 e 1375. Neste mapa encontra-se a tal "ilha", onde era encontrado o pau-brasil, com uma conformação mais ampliada do nordeste da América do Sul.
Afirma Caminha que no dia 21 de abril, terça feira, viram alguns sinais de terra. No dia 22, quarta-feira, pela manhã toparam com aves, os fura-buchos. Na Carta, (Arquivo Nacional de Portugal/Torre do Tombo), com pontuação, mas sem... more
Afirma Caminha que no dia 21 de abril, terça feira, viram alguns sinais de terra. No dia 22, quarta-feira, pela manhã toparam com aves, os fura-buchos. Na Carta, (Arquivo Nacional de Portugal/Torre do Tombo), com pontuação, mas sem parágrafos: "... E à quarta-feira seguinte, pela manhã, topámos aves, a que chamam de fura-buchos. E neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, isto é primeiramente d'um grande monte, mui alto e redondo, e d'outras serras mais baixas ao sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz. Mandou lançar o prumo, acharam 25 braças (55m), e, ao sol posto, obra de 6 léguas de terra, surgimos âncoras em 19 braças (42m); ancoragem limpa. Ali ficamos toda aquela noute. E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra... e 9 braças até meia légua de terra, onde lançamos âncoras em direito da boca dum rio... a noute seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiro... Fomos de longo da costa, contra o norte para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso... E, sendo nós pela costa, obra de 10 léguas donde nos levantámos, acharam os ditos navios pequenos um arrecife com um porto dentro e amainaram. E as naus arribaram sobre eles. E pouco ante sol-posto amainaram obra d'uma légua do arrecife e ancoraram-se em 11 braças". Conforme o Regimento de Vasco da Gama, a partir do Cabo Verde, navegaram na direção da Serra Leoa e quando os ventos diminuíram seguiram na direção Sudoeste cruzando o Equador na longitude 19°O. Analisando a plataforma continental do litoral potiguar, verificamos que ao Sul da Praia do Marco, a primeira batimetria de 25 braças, foi realizada no lugar de coordenadas aproximadas de ±5,0478° S e 35,0593° O, ponto A, que tem uma profundidade de 25 braças (55m) e a segunda, provável local do primeiro avistamento, com coordenadas aproximadas de ±5,1393° S e 35,1038° O, ponto B, tem profundidade de 19 braças (43m). Esses dois lugares estão distantes, entre si, por ±12,3km, cerca de 2 léguas. Caminha não dá o local exato do avistamento do monte muy alto e redondo, mas, com certeza, ocorreu em torno do Ponto B, o de 19 braças de profundidade, que está a uma
Caravelas Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto-Sócio Efetivo do IHGRN Os navios das navegações medievais portuguesas devem ser entendidos como o resultado de séculos de evolução, fruto de contatos com visitantes, colonos e invasores, como... more
Caravelas Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto-Sócio Efetivo do IHGRN Os navios das navegações medievais portuguesas devem ser entendidos como o resultado de séculos de evolução, fruto de contatos com visitantes, colonos e invasores, como ceutas, fenícios, gregos, cartagineses e romanos, que também construíam barcos e suas ideias foram adotadas pelos construtores locais, misturadas com os métodos tradicionais de cada estaleiro e adaptadas às especificidades locais. A história e a arqueologia náutica sugerem que os navios construídos em Portugal nos séculos XIII ao século XVI conjugavam com os saberes desenvolvidos por construtores de Flandres, da Espanha, Norte da Europa e depois dos italianos. Embora haja referências às Caravelas desde o século XIII, só em 1434 começam citações mais concretas sobre elas, que até então eram simples, de pequena cabotagem e fundamentalmente construídas para a pesca e comércio. Com o desenvolvimento das navegações elas foram aprimoradas e predominaram nas viagens de descobrimento. Por as velas serem triangulares, velas latinas, elas podiam bolinar, ou seja, avançar no mar fazendo ziguezagues, mesmo em ventos contrários, eram resistentes, ligeiros e rápidos e ideais para percorrer longas distâncias. As primeiras caravelas tinham 20 tonéis e uma quilha de 5,0 rumos, equivalentes a 7,70m, 10 goas, 30 palmos de goa O seu traçado indica profundos conhecimento de geometria e arquitetura naval, mas não há registros detalhados sobre as caravelas até o século XVI. Sabe-se que suas dimensões pouco variaram durante cerca de 130 anos, e na era das navegações a a arqueação devia andar pelos 40 a 60 tonéis chegando no fim do século XVI a 180 tonéis (157,3 ton.), passando a ter características de pequenos galeões, com quilha de 12 rumos (18,48m). A classificação de dava pelo comprimento da quilha ou pelo porte em tonéis. As caravelas se caracterizavam pelos seus mastros latinos, inclinados para a frente com uma verga com pelo menos 5 vezes a sua largura máxima (boca) e uma tripulação não chegava a 10 homens, também tinham remos esparrela que eram dispostos na popa como para gingar e utilizado para governar a embarcação em lugar do leme. A caravela de 3 mastros surgiu no fim do século XV e além das velas latinas foi introduzida uma vela quadrangular. Na sua segunda armada de 1502, Vasco da Gama já contava com caravelas de velas quadrangulares e pelas estimativas com capacidade de 130 a 180 tonéis, 11/ 12 rumos. O que levou a caravela ter um grande desempenho foram as dimensões da verga de do velame que tinham o dobro daqueles dos navios mediterrâneos. Os portugueses, em certos casos, encomendavam navios em Flandres e na Espanha, mas os reformavam, principalmente, no que se referia às vergas e ao velame. Com avanço da tecnologia e das características, as caravelas passaram a ter peças de artilharia, que foram gradativamente aumentadas, transformando-se também em navios de guerra ou de armada, que nada tinham a ver com a caravela latina dita dos descobrimentos. A decoração era bastante simples, às vezes com losangos nos cascos e a partir da Armada de Cabral, sempre com a Cruz da Ordem de Cristo na cor vermelha nas velas, como todos os navios portugueses. Dobrado o cabo da Boa Esperança (1488), em uma expedição composta de caravelas latinas e de uma embarcação auxiliar, foi cumprido o conhecimento do Atlântico para a navegação em direção ao Oriente, impôs-se a utilização dessas embarcações capazes de suportar a dureza de longas viagens.
Desde o século XII aparecem indícios que mostram como o latim era considerado alheio às línguas vivas. Em Portugal, no século XIII, os documentos administrativos começaram a ser redigidos na língua vernácula, anteriormente apenas... more
Desde o século XII aparecem indícios que mostram como o latim era considerado alheio às línguas vivas. Em Portugal, no século XIII, os documentos administrativos começaram a ser redigidos na língua vernácula, anteriormente apenas utilizada para fins festivos e religiosos. D. Dinis, em 1279, tornou o português idioma geral no uso da escrita na chancelaria régia, mas "só na última década do século XIII a produção documental particular em português cresce significativamente, tornando-se dominante relativamente à latina já no século seguinte". Por outro lado, se a primeira documentação é de finalidade prática, não devemos esquecer a vasta produção literária, o que já indiciava a importância do português. Já no século XIV Dante, na obra De vulgari eloquentia (1303-1304), fez a primeira reflexão sobre a língua vulgar; no Convívio (1304-1307) ainda afirmava que "o vulgar seguia o uso e o latim a arte", segundo o velho preceito da praxe para a língua do povo e o latim para fins mais sublimes. Porém, embora existissem vozes discordantes, o latim era ainda o indiscutido veículo de transmissão do saber. As línguas antigas, o grego e o latim, eram os veículos indispensáveis de todo o ensino. Não só se lia por livros latinos e gregos, mas até o idioma do Lácio era a linguagem familiar dos estudantes. Era quase infamante, mesmo fora das aulas, o falar-se a linguagem vernácula. De forma que o latim continuou vivo até bem entrado o século XVI. "Dizemos que o português é a língua de Camões e com razão. A partir dele o português se afastou dos latinismos, da influência castelhana, harmonizou a grafia, deu-lhe uma alma própria". Os Lusíadas, um texto épico renascentista de sua autoria, escrito provavelmente em 1556, apresenta uma estrutura bem definida quanto às estrofes, rimas, ritmo, harmonia e estilo, representando definitivamente um marco na transição do português arcaico para o moderno. Poucos anos antes de Os Lusíadas, surgiram as primeiras gramáticas: a de Fernão de Oliveira (1536) e a de João de Barros (1540) e, posteriormente vieram outros ortógrafos, procuraramfirmar uma ortografia definitiva, mas o português continuou sendo escrito conforme o entendimento particular de cada escritor, que adotava o critério que considerava mais conveniente. Fernão de Oliveira, o primeiro gramático português, com a sua Gramática da Lingoagem peotuguesa (1536). João de Barros, um dos grandes cronistas português e um dos maiores escritores renascentista, além de ser considerado um grande pedagogo, em 1540 publica Gramática da Lingoagem peotuguesa, juntamente com o Diálogo em louvor da nossa linguagem, onde compara palavras novas e velhas. Garcia de Orta foi ousado, sendo um dos primeiros naturalistas-cientistas a escrever na língua do povo e não na latina como era costume até então. Ele próprio assegurava isso na sua obra Coloquios dos simples, e drogas he coisas mediçinais da India (Goa, 1563). Contudo, estes seus Colóquios tiveram de ser traduzidos para latim para conseguirem ter repercussão internacional. Jerónimo Cardoso, autor do Dictionarium latinolusitanicum (1569), o primeiro trabalho lexicográfico português entre o latim e a língua vernácula. Do mesmo modo agiram Pêro de Magalhães Gândavo nas Regras que ensinam a maneira de escrever a ortografia da língua portuguesa: com um Diálogo que se segue em defesa língua (1574) e Duarte Nunes de Leão na Orthographia da lingoa portvgvesa (1576). Afinal, aquelas vozes dissidentes que surgiram acabaram por constatar que o latim, língua restrita a saberes delimitados, cedia a sua preponderância na configuração dos saberes e do acesso ao conhecimento. Como a maioria das línguas possuía uma norma ortográfica mais ou menos estável, aliado à difusão da imprensa, isso provocou uma ascensão incomparável das línguas vulgares e uma fratura entre Idade Média e Renascimento.
Research Interests:
Portuguese Discoveries and Navigations - Discovery of Brazil - Naus and Caravelas - South Atlantic Winds and Currents