Eugen Fink
Mundo
Fenomenologia
Existência
ANNA LUIZA COLI
GIOVANNI JAN GIUBILATO
JOSÉ FERNANDES WEBER
Anna Luiza Coli
Giovanni Jan Giubilato
José Fernandes Weber
EUGEN FINK
MUNDO – FENOMENOLOGIA – EXISTÊNCIA
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Coli, Anna Luiza
Eugen Fink Mundo : fenomenologia : existência
[livro eletrônico] / Anna Luiza Coli, Giovanni Jan
Giubilato, José Fernandes Weber. -- Belo Horizonte :
Ed. dos Autores, 2022.
PDF
ISBN 978-65-00-39674-4
1. Antropologia filosófica 2. Existência
(Filosofia) 3. Fenomenologia 4. Filosofia
5. Finitude I. Giubilato, Giovanni Jan.
II. Weber, José Fernandes. III. Título.
22-101179
CDD-128
Índices para catálogo sistemático:
1. Antropologia filosófica
128
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
[2022]
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ISBN 978-65-00-39674-4
A ideia da “filosofia fenomenológica” não tem, para
mim, nenhum valor em si, mas apenas em função da
ideia da filosofia. Esta, contudo, não se coloca para
mim como uma obrigação, mas como “φιλία”.
Eugen Fink, Mosaico 1938/39.
Sumário
Prefácio
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I. Introdução. A Fenomenologia entre Husserl e Fink
11
II. Questões de método
20
III. Fenomenologias do começo
31
IV. Mundo, filosofia e liberdade
47
V. A legitimidade de uma antropologia filosófica em Fink
67
VI. O mundo da imagem e a subversão do real. Fink e Kandinsky
88
VIII. A janela da fenomenologia meôntica
102
Referências
120
Créditos
127
7
Prefácio
O presente estudo sobre a filosofia de Eugen Fink constitui o resultado orgânico e abrangente das numerosas atividades de pesquisa, ensino e extensão
desenvolvidas pelos autores durante os anos 2017-2020, no contexto das várias iniciativas promovidas pelo Núcleo de Pesquisa em Fenomenologia. O Núcleo
foi fundado em 2017, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia
da Universidade Estadual de Londrina (UEL), motivado tanto pelo reconhecimento de uma lacuna no cenário acadêmico brasileiro em relação aos espaços
para o estudo da fenomenologia e da filosofia fenomenológica quanto pela
intenção de criar um espaço que abrigasse e ampliasse nossos esforços para
que essa “escola de pensamento” pudesse encontrar mais estudiosos no Brasil.
A essas motivações iniciais uniu-se a urgência de toda forma de resistência
proativa ao projeto de desconstrução das universidades públicas e de ameaça
sistemática à cultura, à liberdade e ao pensamento crítico e livre que o Brasil
vem enfrentando de modo sempre mais enfático desde então. Construir e democratizar os espaços em que o pensamento crítico pode ser cultivado, manter
e ampliar as atividades de pesquisa e extensão, mesmo diante do estrangulamento financeiro das universidades públicas, é o modo de resistir do qual
nossa existência – e persistência – se nutre.
O Núcleo de Pesquisa em Fenomenologia
O Núcleo ganhou forma e força graças também graças à continuidade das
atividades, desde a organização de ciclos de eventos, palestras, minicursos,
encontros de estudo e leitura até a tradução de obras seminais da fenomenologia, ainda inéditas para os leitores brasileiros, além de parcerias com importantes instituições acadêmicas nacionais e internacionais como, por exemplo,
o Central-European Institute of Philosophy, sediado na Charles University de Praga,
cidade símbolo da efervescência fenomenológica do início do século XX. Publicações importantes dedicadas à vitalidade da fenomenologia (GIUBILATO, 2019) e à forma de diálogo específica que ela pôde angariar nos diferentes contextos culturais para além do berço europeu – dentre os quais,
Japão, Grécia, além de grande parte dos países latino-americanos – fizeram
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do Núcleo uma plataforma de referência internacional, animada por uma
vasta rede de professores e pesquisadores provenientes de várias partes do
mundo e das mais prestigiosas universidades da Europa.
Além do trabalho sistemático sobre a fenomenologia husserliana, seu método e seus desdobramentos nas gerações seguintes de pensadores que consolidaram o assim chamado “movimento fenomenológico” como uma das mais
importantes vertentes da filosofia contemporânea – podemos pensar aqui,
dentre muitos outros, em Heidegger, Merleau-Ponty, Patočka, etc. – o Núcleo
também criou e estabeleceu pioneiramente um espaço de estudo e divulgação
da obra de Eugen Fink, pensador cuja importância para as tradições fenomenológicas alemã e francesa vem sendo atualmente redescoberta, mesmo na
Europa, pelo recente trabalho de publicação sistemática de suas obras completas. Até há pouco um nome praticamente desconhecido, a só recentemente
redescoberta filosofia de Eugen Fink vem gerando um alvoroço no cenário
fenomenológico mundial, cada vez mais interessado em explorar a riqueza e
originalidade de seu pensamento. Exemplo dessa redescoberta é a criação, em
2019, do Eugen-Fink-Zentrum Wuppertal (EFZW), sediado na Universidade de
Wuppertal, tradicional e consagrado polo da pesquisa em fenomenologia que
reuniu grandes nomes como Prof. emérito Klaus Held, Prof. Lazslò Tengelyi
e, mais recentemente, Prof. Peter Trawny e Prof. Alexander Schnell. Nesse
sentido, o Núcleo insere o Brasil no movimento mais atual das pesquisas fenomenológicas mundiais, trabalho este que depende em grande medida do
esforço de tornar a filosofia de Eugen Fink acessível ao pesquisador brasileiro.
Considerando a dificuldade de acesso aos textos originais, realizamos, em
2019, a primeira tradução brasileira de uma obra de Fink, intitulada Presentificação e Imagem: Contribuições para uma fenomenologia da irrealidade (FINK,
2019). O Dossiê Eugen Fink, acolhido pelo periódico Phenomenology, Humanities and Science (COLI; GIUBILATO; WEBER, 2020), incrementa esse projeto ao oferecer as primeiras traduções de textos seminais de Fink, além de
artigos dos maiores especialistas nacionais e internacionais em sua obra.
Eugen Fink
Pensador de primeiro nível da tradição fenomenológica alemã, Fink é ainda
muitas vezes redutivamente considerado como um mero intérprete, eventualmente crítico, das posições de Husserl e Heidegger. Frequentador assíduo
tanto dos cursos de Husserl quanto de Heidegger e profundo conhecedor da
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filosofia tanto de um quanto do outro, Fink vem aos poucos sendo cada vez
mais reconhecido como o proponente de uma terceira via que supera o confronto fundamental – e às vezes irreconciliável – que se estabeleceu entre Husserl e Heidegger. Trabalhando diariamente como assistente e colaborador de
Husserl entre os anos 1927-1938, Fink foi a princípio encarregado de organizar e editar o famoso Livro do tempo e, portanto, de apresentar a posição final
da fenomenologia husserliana em relação à questão da temporalidade ao editar os Manuscritos de Bernau e, sucessivamente, reuni-los aos assim chamados
Manuscritos-C de Husserl. Mas ele também se envolveu, junto a Husserl e por
ele encarregado, em outros projetos que tangenciavam a necessidade de uma
sistematização global dos vários estratos da “razão fenomenológica”, chegando a formular as bases de um “sistema da filosofia fenomenológica”, o
qual seria desenvolvido no contexto das revisões das Meditações Cartesianas.
Como se sabe, a revisão do conjunto das Meditações, a ser apresentado ao público alemão como a introdução definitiva ao método fenomenológico, foi
deixada inteiramente ao encargo de Fink para que Husserl, finalmente, pudesse se dedicar ao maior projeto dos últimos anos de sua vida: a concepção
da Crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental. De fato,
Fink não apenas concluiu uma minuciosa revisão das cinco meditações de
Husserl como ainda escreveu uma Sexta Meditação, que serviria de crítica metodológica às outras cinco – a chamada “doutrina do método transcendental”,
também referida como a “fenomenologia da fenomenologia”.
Esse cenário de total envolvimento e de uma contribuição diária e estrutural com o “pai da fenomenologia”, aliado ao interesse e profundo conhecimento que nutria ainda pelo pensamento de Heidegger, faz de Fink o ponto
de convergência privilegiado para articular e recolocar em diálogo as monumentais filosofias de Husserl e Heidegger e, ademais, vislumbrar uma terceira
via inteiramente original. O presente livro, através de uma introdução tanto à
primeira fase da filosofia de Eugen Fink quanto às considerações tardias sobre
a antropologia filosófica, convida-nos a descobri-la.
Belo Horizonte / Londrina, 5 de fevereiro de 2022.
Anna Luiza Coli
Giovanni Jan Giubilato
José Fernandes Weber
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APERTIS VERBIS