Dossiê
apresentação
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Caracol, São Paulo, N. 19, jan./jun. 2020
OLHARES PARA O ESPANHOL: UMA ESPIRAL DE POSSIBILIDADES
(El caracol la forma tiene de un corazón.)
(Rubén Darío)
Neste ano de 2020, a revista Caracol faz 10 anos.
A Caracol, cujo nome remete ao poema de Rubén Darío, continua fiel a
sua vocação inicial, explicitada pelo Conselho Editorial no primeiro número,
em abril de 2010: contemplar quatro diferentes áreas (língua espanhola,
literatura espanhola, literatura hispano-americana e tradução), ser publicada
em uma universidade pública brasileira e ser uma publicação que:
...queremos situada no contato suave, no roçar – e por que não também na
fricção? – entre essas várias línguas e culturas. Uma publicação através da
qual se possa construir uma voz no cruzamento e no diálogo com outras
revistas e publicações dentro e fora do Brasil, ou melhor, com outros docentes
e pesquisadores de nossas áreas, com sua palavra escrita e com sua voz.
Este número que organizamos está dedicado aos estudos descritivos,
comparativos e sobre aquisição/aprendizagem que abordam o funcionamento
linguístico e discursivo em língua espanhola a partir de diferentes perspectivas
teóricas. Para realizar a tarefa, contamos com a grata colaboração de
pesquisadores e docentes que atuam em diferentes instituições do Brasil e
do exterior (Argentina, Canadá, Espanha e México), o que nos possibilitou
editar um dossiê com 25 artigos sobre o tema proposto. Além disso, recebemos
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5 contribuições para a vária e 2 resenhas. Ou seja, é um volume formado
por 32 textos.
A pluralidade de assuntos tratados no dossiê nos levou a dividi-lo em
cinco partes, cada uma delas agrupando artigos em torno a determinadas
temáticas, definidas em sentido amplo. Desse modo, no primeiro bloco
estão as contribuições dedicadas aos estudos descritivos/comparados no
par espanhol-português. No artigo de abertura, “Os diferentes olhares das
descrições dos estudos linguísticos sobre o espanhol no Brasil: um passo a
mais na questão da distância”, Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold
e Géssica Santana de Oliveira (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
apresentam reflexões sobre a retomada do sintagma nominal a partir da relação
entre o espanhol da cidade de Medelín (Colômbia) e o português do Rio de
Janeiro, valendo-se da noção de distância textual. Juana Liceras e Ariane Dei
Tos Cardenuto (Ottawa University - Canadá) desenvolveram uma pesquisa
empírica envolvendo a compreensão e a produção em português brasileiro
(PB) e em espanhol baseando-se na Hipótese da Posição do Antecedente
(The Position of Antecedent Hypothesis, de Maria N. Carminati) cujo título
é “Las relaciones anafóricas de los sujetos nulos y explícitos del español y el
portugués brasileño: la proximidad tipológica… funciona”. Paulo Pinheiro
Correa (Universidade Federal Fluminense), usando o instrumental teórico
da Gramática de Construções baseada no Uso, apresenta o estudo “O que
diz uma manchete? Uma leitura construcional de manchetes argentinas e
brasileiras”. Em sua análise, o autor especifica e analisa manchetes de dois
jornais argentinos e dois brasileiros, com o objetivo de comparar as estruturas
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argumentais do gênero nas variedades linguísticas observadas e definir suas
propriedades, levando em conta os tipos de construção e aspectos tanto
semânticos quanto pragmáticos. Adriana Martins Simões (Universidade
Federal de Alfenas) divulga alguns resultados de sua pesquisa de doutorado no
artigo “A variação linguística no espanhol comparada ao português brasileiro
no âmbito do objeto pronominal acusativo de 3ª pessoa”, realizada a partir
de corpora orais de Madri e Montevidéu (ambos do projeto PRESEEA) e de
pesquisas sobre o PB. Fecha este bloco o artigo “Fraseologia com léxico tabu:
uma análise contrastiva em corpus paralelo espanhol/português de legendas
de filmes argentinos”, no qual Ariel Novodvorski e Fernanda Ravazzi Lima
(Universidade Federal de Uberlândia) identificam e investigam em filmes
argentinos os diferentes tipos de fraseologismos em torno do vocábulo tabu
cagar, analisando em um corpus paralelo de legendas alternativas como foram
realizadas suas respectivas traduções ao português brasileiro.
Reunimos, em seguida, oito artigos relacionados aos estudos sobre o
funcionamento da língua espanhola. Inicia este bloco o artigo “Problemas
teóricos y experimentales con las vocales del español” de Andrea Cecilia
Menegotto e Sofía Romanelli (Universidad Nacional de Mar del Plata Argentina), no qual as autoras problematizam aspectos atinentes à descrição
e explicação fonética e fonológica das vogais no espanhol rio-platense,
embasando-se em dados experimentais mais atuais acerca de como se
comportam na variedade em questão. A equipe formada pelos docentes e
pesquisadores Ricardo Maldonado Soto (Universidad Nacional Autónoma de
México – México), Alma Rocío Guzmán Herrera (Grupo Educativo Ciencia25
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Educación-Arte – México) e María del Refugio Pérez Paredes (Universidad
Autónoma Metropolitana-Iztapalapa – México) contribui com o artigo “¿Dar la
mano o darle cuello? Construcciones metafóricas con sustantivos corporales”,
em que examinam as expressões metafóricas resultantes de combinações
do verbo dar com substantivos que designam partes do corpo. Os autores
têm como propósito analisar as referidas expressões como um fenômeno
policonstrucional, a partir dos pressupostos da Linguística Cognitiva e de
outras abordagens teóricas afins. Mabel Giammatteo (Universidad de Buenos
Aires - Argentina) e Laura Ferrari (Universidad de Buenos Aires e Universidad
Nacional de General Sarmiento – Argentina) em seu artigo “Modificadores de
modalidad encabezados por aun-que” analisam as particularidades estruturais,
léxico-semânticas e contextuais de construções com aun-que nas quais não
se estabelece contraste direto entre eventos. Em “Análisis de la construcción
‘lo que es’. Hacia una Gramática de la Aplicación”, Sofía Gutiérrez Böhmer
(Universidad de Buenos Aires - Argentina) discute o comportamento da
construção lo que es normalmente classificada na literatura como uma
perífrase de relativo e propõe seu funcionamento em alguns casos como
um marcador discursivo de concreção/explicação. Leandro Silveira de
Araujo e Laura de Oliveira Coradi (Universidade Federal de Uberlândia)
contribuíram com o artigo “O passado da língua no cinema: um estudo
diacrônico do pretérito perfecto na variedade bonaerense”, no qual analisam
os usos do pretérito perfecto simple (PPS) e pretérito perfecto compuesto (PPC)
em um corpus composto por dois filmes argentinos de épocas diferentes,
1958 e 2013. Em “La evidencialidad en artículos de j-blogs escritos en lengua
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española”, o uso de um corpus específico também caracterizou a pesquisa de
Daniel Stephanye Filgueiras da Silva, Nadja Paulino Pessoa Prata (ambos da
Universidade Federal do Ceará) e Izabel Larissa Lucena Silva (Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) que, a partir de
artigos jornalísticos, estudam a evidencialidade na perspectiva da Gramática
Discursivo-Funcional (GDF). Roana Rodrigues (Universidade Federal de
Sergipe), por sua vez, no artigo “Recurso Léxico-Gramatical de los verbos
locativos del español: teoría y metodología”, faz um estudo de construções
verbais locativas do espanhol a partir do modelo teórico-metodológico do
Léxico-Gramática. Para finalizar o bloco, no estudo “Considerações sobre
o clítico se em construções médias com os verbos espanhóis matar e morir”,
Mariane Garin Belando (Universidade Federal de Santa Catarina) investiga
construções pronominais com os verbos citados e problematiza a classificação
do clítico se em algumas delas como reflexivo energético, proposta em
análises anteriores fundamentadas na Gramática Cognitiva. Apoiando-se
na Gramática e na Semântica Gerativas, a autora procura demonstrar que,
nos referidos casos, o clítico se configuraria construções médias.
Em seguida, agrupamos alguns estudos em que se focaliza a aquisição/
aprendizagem de espanhol como língua estrangeira ou segunda língua. Em
consonância com artigos do primeiro bloco, neste há algumas análises que
envolvem a aprendizagem de determinados itens gramaticais como pronomes,
conectores e o tempo verbal pretérito. Abrindo o bloco, temos o artigo de
Silvia Etel Gutiérrez Bottaro (Universidade Federal de São Paulo, Campus
Guarulhos), “La enseñanza/aprendizaje de los sujetos pronominales en el
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aula de español como lengua extranjera (ELE) para aprendientes brasileños:
teoría y práctica”. Partindo de dados recolhidos de um questionário aplicado
a docentes de língua espanhola que atuam em universidades públicas do
Estado de São Paulo, a autora descreve como é feita a abordagem teóricometodológica sobre o ensino dos pronomes sujeito nos cursos de graduação
em Letras/Espanhol dessas instituições e também analisa algumas atividades
didáticas implementadas em suas aulas pelos entrevistados. Na sequência,
o grupo liderado por Elena Ortiz Preuss (Universidade Federal de Goiás)
e composto por Wilson José de Oliveira, Joesileny Batista de Almeida
(ambos da UFG) e Rhanya Rafaella Rodrigues (Instituto Federal de Goiás)
apresenta os resultados de um estudo empírico sobre o efeito do feedback
dado a estudantes brasileiros na aprendizagem de pretéritos do espanhol
no artigo “Diferenças individuais e efeitos de feedback na aquisição de
verbos no pretérito em espanhol como L2”. Ana María Judith Pacagnini
(Universidad Nacional de Río Negro – Argentina) contribuiu com o artigo
“Construcciones con aunque restrictivo + subjuntivo ‘polémico’: posibles
abordajes en la clase de ELSE”, em que problematiza a descrição e o ensino
de construções concessivas e adversativas do espanhol. A seguir, em “Los
conectores contraargumentativos y la enseñanza de español como lengua
adicional”, Cristina Corral Esteve (Universidade Federal de Pernambuco)
descreve os conectores contra-argumentativos (características formais,
instruções semânticas e efeitos contextuais) e, com base nessa exposição,
propõe uma sistematização de seus usos direcionada para o ensino de ELE
a brasileiros. Em “Aspectos comparativos em contextos de telecolaboração:
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teletandem português e espanhol”, Kelly Cristiane Henschel Pobbe de
Carvalho e Karin Adriane Henschel Pobbe Ramos (Universidade Estadual
Paulista, Campus Assis) partem da coleta e interpretação de dados provenientes
de uma experiência de interação em teletandem realizada entre alunos
de uma universidade brasileira e alunos de uma universidade mexicana,
no intuito de discutir aspectos comparativos do ensino/aprendizagem do
português brasileiro e do espanhol como línguas estrangeiras, mediado por
essa ferramenta virtual. Nas duas últimas contribuições do bloco, como
elemento de especial interesse para o leitor, destacamos a situação de contato
linguístico nos contextos em que foi feita a coleta de dados que subsidiou
as análises desenvolvidas pelos autores. No artigo “Actividades orientadas
al desarrollo de la motivación para la enseñanza del español como lengua
extranjera a adultos extranjeros residentes en Melilla”, de Faysal Mohamed
Al-lal (Escuela Oficial de Idomas de Melilla – Espanha), se destaca uma
realidade pouco conhecida pelos leitores brasileiros: a situação plurilíngue
em Melilla. Em “Construções pronominais: comparação entre a escrita de
alunos bolivianos com a de alunos brasileiros”, Renie Robim (Instituto Federal
do Rio Grande do Sul – Porto Alegre) leva a cabo um estudo comparativo
entre produções textuais escritas por alunos bolivianos ou descendentes de
primeira geração e por alunos brasileiros. A análise do autor se centra na
incidência de determinadas construções pronominais nesses corpora e tem por
finalidade identificar tendências que diferenciem, na escrita, os estudantes
bolivianos ou filhos de bolivianos dos estudantes brasileiros que não têm
contato com o espanhol no seu entorno familiar.
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No quarto bloco do dossiê, reunimos três contribuições relacionadas à
Glotopolítica. A primeira delas é o artigo de Daniela Lauria (Universidad
Pedagógica Nacional – Argentina), intitulado “La etimología como gesto
glotopolítico. El caso del Diccionario etimológico del castellano usual (19311938) de Leopoldo Lugones”. Em sua análise, Daniela Lauria examina o
dicionário de Lugones e sua proposta centrada no componente etimológico,
com o propósito de elucidar a posição do autor sobre a língua e discutir
seu projeto lexicográfico, tendo como foco sua inserção em polêmicas
surgidas no campo intelectual argentino no final do século XIX e início
do XX em torno das representações culturais. Em seguida vem o artigo
“Possibilidades e (in)viabilidades do espanhol na educação básica: as leis
da metade”, no qual Fernanda Peçanha Carvalho (Colégio Técnico da
Universidade Federal de Minas Gerais) problematiza dois conjuntos de
discursividades: o sistema de enunciabilidade da possibilidade e o sistema
de enunciabilidade da (in)viabilidade do ensino-aprendizado de espanhol no
contexto brasileiro. Utilizando a vertente francesa da Análise do Discurso
como fundamentação teórica, sob o paradigma discursivo-psicanalítico e a
partir do viés interpretativista, a autora analisa um corpus constituído por
textos legais e pelos dizeres de professores de língua espanhola no intuito
de compreender os efeitos de sentido das discursividades das leis e as
representações dos dizeres dos sujeitos-professores acerca desses dispositivos.
Encerra este bloco o artigo de Daniel Mazzaro (Universidade Federal de
Uberlândia), “O lugar e a abordagem da gramática nas coleções inéditas de
língua espanhola aprovadas no PNLD 2018”, em que o autor faz a análise
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de guias didáticos que acompanham dois dos manuais aprovados pelo Plano
Nacional do Livro Didático de 2018.
Para finalizar, o último bloco está formado por contribuições que
apresentam questões concernentes ao ensino e à formação de professores.
Embora essa temática não integrasse o escopo inicial do dossiê, decidimos
incorporá-la devido à estreita relação que mantém com alguns objetos tratados
nesta seção. Ambos os artigos tratam do conceito de “representação”, porém
a partir de diferentes perspectivas da Análise do Discurso. Rafael Borges
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte), em “Representações do
professor leitor em língua espanhola e de suas práticas com a leitura em
sala de aula”, analisa as representações de professores de espanhol atuantes
no ensino fundamental e médio. Poliana de Oliveira Santos (Universidade
Federal do Pará), por sua vez, aborda as representações dos professores em
formação no artigo “Representações do aluno de Letras/Espanhol sobre a
língua espanhola”.
Conforme antecipamos no início desta apresentação, a vária conta com
cinco contribuições nas quais se versa sobre questões de língua e discurso,
se investigam as relações entre o texto escrito e outras linguagens/formas
de expressão ou se analisam temas a partir de obras literárias. Abre a
seção o artigo “La construcción de una nueva lengua en la post-dictadura
argentina. Entre Punto de vista y los textos periodísticos de Rodolfo Fogwill”,
no qual María José Sabo (Universidad Nacional de Córdoba – Argentina)
analisa artigos do escritor publicados entre 1984 e 1986, evidenciando
sua postura crítica com respeito à construção de uma nova língua pública
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isenta dos excessos retóricos e ideológicos das duas décadas anteriores, vista
como necessária por um setor da intelectualidade argentina nos primeiros
anos de retorno à democracia. Em “Luis Bello, el ilustrador de Roberto
Arlt”, Pilar María Cimadevilla (Universidad Nacional de la Patagonia San
Juan Bosco – Argentina) discorre sobre a produção gráfica de Luis Bello
e examina o modo como suas ilustrações publicadas no jornal El Mundo
junto às “Aguafuertes porteñas” influíram na composição das renomadas
crônicas de Arlt. Na sequência, Luis Eduardo Santos Pereira (Universidade
Estadual Paulista, Campus Araraquara) explora em seu artigo “Diálogos de
Recriação entre Literatura e Cinema: as Eréndiras do Verbo e da Imagem
em Movimento” a relação entre literatura e cinema mediante uma análise
do conto de García Márquez e do filme de Ruy Guerra, na qual destaca
as particularidades que marcam cada uma das obras, seus contextos e a
interpenetração dos discursos artísticos. Em “Corazón mestizo de Pedro Juan
Gutiérrez y La Catedral de los Negros de Marcial Gala: dos intervenciones
de la narrativa cubana reciente en el debate racial”, Julieta Karol Kabalin
Campos (Universidad Nacional de Córdoba – Argentina) propõe a leitura
das referidas obras como um exercício de reflexão em torno da problemática
racial no contexto cubano. No último artigo da vária, “Duvidar, Hesitar,
Fracassar: Anotações sobre Ação e Suspensão em Nocturno de Chile, de
Roberto Bolaño”, Henrique Barbosa Primon (Universidade de São Paulo)
analisa o romance de Bolaño problematizando a angústia da incerteza
e apontando a possibilidade da dúvida como um tópos da literatura
contemporânea e do homem moderno.
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A última parte da Caracol 19 está composta por duas resenhas. Na
primeira delas, Rosângela Aparecida Dantas de Oliveira (Universidade
Federal de São Paulo, Campus Guarulhos) apresenta o livro A pessoa
no discurso: português e espanhol: novo olhar sobre a proximidade,
de Adrián Fanjul, publicado em 2017. A obra se situa no âmbito dos
estudos comparados Brasil-Argentina, centrando-se nas relações entre o
funcionamento das línguas faladas nesses espaços (fundamentalmente
o português e o espanhol) e a subjetividade, a partir de contribuições
tanto dos estudos de linguagem como de outras ciências humanas
(História, Antropologia, Sociologia, Ciência Política). Como mostra a
autora da resenha, Fanjul retoma algumas questões e análises que realizou
anteriormente sobre a proximidade entre o português e o espanhol,
atualiza-as sob outra perspectiva e aporta novas considerações acerca do
tema, mobilizando e inter-relacionando com argúcia diversas referências
teóricas, o que converte o livro em uma obra de fundamental interesse para
os estudos comparados. A segunda resenha é de Ricardo Javier Barreto
Montero (Universidade Federal do Espírito Santo), que nos apresenta o
livro El cuerpo y otra cosa do poeta, novelista e ensaísta colombiano Darío
Jaramillo Agudelo publicado em Bogotá em 2016. Trata-se de um livro
de poemas que abordam temas sensíveis, em que se nota a marcação de
elementos dicotômicos e a definição do silêncio como a “outra coisa” não
totalmente clara que o poeta tenta expressar.
Assim, descrevemos brevemente a composição da Caracol 19. Pela diversidade
dos artigos que a compõem, é possível ter uma ideia da importância dos
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estudos na área de língua espanhola e suas literaturas no âmbito nacional
e internacional.
A contribuição da revista para os estudos sobre temas relacionados à
língua espanhola, às suas literaturas e manifestações culturais, bem como
à tradução, nestes 10 anos de existência, demonstram o crescimento da
Caracol: uma espiral que se amplia, acolhe e remete seus autores e leitores a
um espaço de trânsito, um vai e vem de ideias, divagações, opiniões e críticas.
Por fim, agradecemos imensamente a todas as pessoas que nos ajudaram
a construir a Caracol 19 e desejamos aos leitores uma experiência proveitosa.
Benivaldo José de Araújo Júnior
(Universidade de São Paulo)
Rosa Yokota
(Universidade Federal de São Carlos)
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