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Resenha de Peter van Bammelen "Inspiração e revelação"

Peter Van Bammelen é professor Emérito de Teologia na Andrews University. Seu artigo no Tratado de Teologia apresenta a compreensão adventista da doutrina da Revelação e Inspiração. Nele encontramos uma definição precisa de cada elemento contribuinte para a presente compreensão desta doutrina essencial para a própria identidade Adventista. Em 40 páginas, o autor aborda o conceito de Revelação (I), os modos pelos quais esta Revelação acontece (Revelação Geral (II) e Revelação Especial (III)) e como ela é transmitida de Seu Originador, através do mensageiro para os destinatários, processo que chamamos de Inspiração (IV). Após uma seção sobre a aplicação prática dos conceitos de Revelação e Inspiração (V) Van Bemmelen apresenta na última parte de seu artigo apanhado da história do desenvolvimento da doutrina desde a Igreja Primitiva, culminando com o desenvolvimento destas dentro da Igreja Adventista(VI). Esta seção é seguida por uma contendo comentários de Ellen G. White (VII) e pela Bibliografia (VIII). A premissa básica do autor é a de que Deus quis revelar a Si mesmo e que a Bíblia é o relato desta Revelação. O palco da revelação divina é a história, através da qual Deus mostrou, mostra e mostrará a Si mesmo, Seu Caráter e Seu Amor. A auto revelação de Deus é iniciada no próprio ato criador e na natureza criada, cuja existência mesma deve levar o homem a uma compreensão do Criador. Não obstante, haja visto haver ocorrido uma quebra do relacionamento entre Deus e Sua criatura, esta capacidade de compreensão ficou seriamente debilitada. Deus resolve este problema, diz van Bemmelen, dando-Se a conhecer de forma muito mais próxima, "em um nível pessoal". É isto que se entende por Revelação Especial, através das Escrituras do Antigo e Novo Testamento e cuja maior manifestação é a Pessoa de Jesus Cristo.

Peter M. van Bemmelen, Revelação e Inspiração in Raoul Dederen, Tratado de Teologia Adventista (Tatuí, SP, CPB, 2011), pp. 26-66. Sérgio Monteiro1 Peter Van Bammelen é professor Emérito de Teologia na Andrews University. Seu artigo no Tratado de Teologia apresenta a compreensão adventista da doutrina da Revelação e Inspiração. Nele encontramos uma definição precisa de cada elemento contribuinte para a presente compreensão desta doutrina essencial para a própria identidade Adventista. Em 40 páginas, o autor aborda o conceito de Revelação (I), os modos pelos quais esta Revelação acontece (Revelação Geral (II) e Revelação Especial (III)) e como ela é transmitida de Seu Originador, através do mensageiro para os destinatários, processo que chamamos de Inspiração (IV). Após uma seção sobre a aplicação prática dos conceitos de Revelação e Inspiração (V) Van Bemmelen apresenta na última parte de seu artigo apanhado da história do desenvolvimento da doutrina desde a Igreja Primitiva, culminando com o desenvolvimento destas dentro da Igreja Adventista(VI). Esta seção é seguida por uma contendo comentários de Ellen G. White (VII) e pela Bibliografia (VIII). A premissa básica do autor é a de que Deus quis revelar a Si mesmo e que a Bíblia é o relato desta Revelação. O palco da revelação divina é a história, através da qual Deus mostrou, mostra e mostrará a Si mesmo, Seu Caráter e Seu Amor. A auto revelação de Deus é iniciada no próprio ato criador e na natureza criada, cuja existência mesma deve levar o homem a uma compreensão do Criador. Não obstante, haja visto haver ocorrido uma quebra do relacionamento entre Deus e Sua criatura, esta capacidade de compreensão ficou seriamente debilitada. Deus resolve este problema, diz van Bemmelen, dando-Se a conhecer de forma muito mais próxima, “em um nível pessoal”. É isto que se entende por Revelação Especial, através das Escrituras do Antigo e Novo Testamento e cuja maior manifestação é a Pessoa de Jesus Cristo. Bacharel em Teologia pelo Unasp – EC; Mestre em Teologia pelo SALT; Doutorando em Bíblia Hebraica e Línguas Semitas pela NWU 1 As Escrituras contêm o relato da Revelação Especial de Deus. Desta forma, pensa Van Bammelen, sua origem é divina. O Eterno Deus ao Se revelar o faz, indica o autor, através da ação nas mentes dos autores bíblicos. Ele respeita as individualidades e o contexto cultural nos quais estes autores estão inseridos. É desta união do divino com o humano que as Escrituras brotam. Por isto, Van Bammelen fala dela como como contendo “Forma Humana” e “Caráter Divino”. Esta distinção entre “forma humana” e “caráter divino” é muito mais do que meramente uma diferenciação estilística ou semântica. Ela, de fato, estabelece no capítulo a verdadeira contribuição de cada parte envolvida no processo inspiracional. Van Bammelen diz que esta diferenciação é “a resposta” (p. 41) para perguntas relacionadas à diversidade das Escrituras e sua unidade essencial mesmo em meio a esta diversidade. Van Bammelen também nos lembra de que a iniciativa do processo de Inspiração é do Espírito Santo. E isto é importante. Não é por vontade humana que qualquer texto bíblico vem à existência. De fato, esta noção é o resultado natural da própria declaração precípua de que Deus quis Revelar a Si mesmo. Ele é sempre o agente iniciador da Inspiração. É por vontade de Deus que a revelação ocorre e por Sua ação, pelo Espírito Santo, que a inspiração se dá. Não é possível tampouco, demonstra o Professor Van Bammelen, se pensar em inspiração como um processo monolítico (pp. 43-44). Ela é dinâmica e multifacetada, mas sempre com uma um fio dourado que as une. A inspiração não ocorre apenas no processo inicial, mas em todas as etapas do processo de Revelação Especial do Eterno. E por isto, é impossível se manter apenas o conceito de Inspiração puramente do pensamento, de acordo com o autor. Da inspiração bíblica decorre naturalmente a sua autoridade. E é este o próximo tópico tratado por Van Bammelen. E sua autoridade não pode ser restringida a mero compêndio de conselhos ou princípios morais e religiosos. Ela é a Palavra de Deus, contendo os pronunciamentos e relatos das ações do Eterno, possuindo, portanto, a autoridade divina. Em sendo assim, é também, assevera o autor, verdadeira em todos os seus pronunciamentos e contém o que é suficiente para a Salvação. Van Bammelen fez um tour de force na doutrina da Revelação e Inspiração, conforme delineada nas Escrituras. Ele está devidamente baseado nas nelas e muito bem documentado. Enumera as principais obras a disposição em 2000, mas certamente utilizou outras não incluídas na seção de Literatura. Alguns poucos pontos talvez merecessem uma compreensão diferente. A primeira vista, parece-me que Van Bammelen desconhece os trabalhos em Inspiração e Revelação de Fernando Canale, principalmente no que diz respeito ao mecanismo de Inspiração e a discussão quanto à extensão da inspiração (Mente ou Palavras). Outro problema está na seção sobre o Locus da Inspiração. Van Bammelen entende que as alternativas são o indivíduo, as mensagens ou a comunidade da fé (p. 45). Se bem que ele esteja correto ao considerar que o dilema entre o indivíduo ou a mensagem como o locus da inspiração seja “desnecessário”, parece-me que ele vai muito longe ao descartar que a inspiração também atue na comunidade à qual a mensagem é dirigida. Isto porque é preciso que o Espírito atue preservando a mensagem das divergências de entendimento causadas pelas idiossincrasias dos indivíduos receptores da mensagem. Ademais, é preciso entender que sem a ação do Espírito Santo não pode a mensagem ser entendida. Em outras palavras, se a inspiração é o mecanismo da revelação de Deus, ela deve ser total, incluindo os receptores da mensagem, que devem, ao fim, conhecer a Deus. Do contrário, a Inspiração não cumpre seu papel. Não obstante estas observações, é indiscutível a propriedade e valor do texto de Van Bammelen. Recomendo sua leitura em todos os aspectos.