COMPETÊNCIA ESTRATÉGICA EM UMA ORGANIZAÇÃO DO SETOR METAL
MECÂNICO DE CAXIAS DO SUL
Gustavo Mioranza1
Pelayo Munhoz Olea2
Paula Patricia Ganzer3
Eric Dorion4
Camila Naiara Pedroni5
Cíntia Barreto Venturella6
RESUMO
O processo de estudos de competências é usado em áreas do conhecimento para estudar os
resultados das organizações de modo geral e de qualquer natureza com vista a perceber e
interpretar a realidade. Este estudo teve por objetivo identificar como a gestão de
competências pode contribuir para o desempenho organizacional. Baseado em referências
teóricas foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória. A partir da revisão da literatura
nas questões de análise estruturadas foi usada como base elaborada de roteiro a ser aplicado a
colaboradores em cargos de empresa do ramo metal mecânico. O processo de coleta de dados
foi executado por meio de entrevistas individuais em profundidade, adotando-se uma
abordagem semi estruturada. O estudo assinala a importância das competências em entender e
interpretar a vida profissional de cada indivíduo e o local em que esse indivíduo está inserido.
Comparando as duas abordagens, identifica-se a contribuição das experiências passadas, das
interações sociais, dos símbolos e significados, dos momentos de dificuldade nas alterações
ou consolidações das competências e sua gestão. Interferirá no desempenho organizacional, a
partir de seus elementos cognitivos, emocionais, simbólicos e funcionais e da forma como os
indivíduos interagem e aprendem entre si e da forma como suas competências se encontram
configuradas. As competências afetam o que fazemos por que afetam o que vemos a partir de
nossos compromissos profissionais.
Palavras-chave: Competência Estratégica, Competência, Estratégia, Habilidades.
Abstract
The process of study skills is used in areas of knowledge to study the results of organizations
in general and of whatever nature in order to perceive and interpret reality. This study aimed
to identify how management skills can contribute to organizational perfomance. Based on
theoretical references was made and an exploratory qualitative research. From the literature
review on issues of structured analysis was used as a basis prepared script to be applied to
employees in positions of metal mechanics company in the business. The process of data
collection was performed through in-depth interviews, adopting a semi-structured approach.
The study highlights the importance of skills in understanding and interpreting the life of each
individual and where that individual is inserted. Comparing the two approaches, identifies the
contribution of past experiences, social interactions, symbols and meanings, in moments of
difficulty or changes in the consolidation of skills and management. Interfere with the
organizational performance of its elements from cognitive, emotional, and functional and
symbolic of how individuals interact and learn from each other and how their skills are
configured. Skills affect what we do because they affect what we see from our professional
commitments.
Keywords: Strategic Competence, Competence, Strategy, Skills.
1
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
3
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
4
Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
5
Bolsista BIC/UCS do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
6
Bolsista BIC/FAPERGS do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul.
2
INTRODUÇÃO
Competência é empregada para indicar uma pessoa qualificada a realizar algo. O estereótipo
ao seu antônimo supõe sentimento pejorativo, depreciativo e julga que a pessoa se encontra
brevemente marginalizada no trabalho e reconhecimento social.
O dicionário Priberam (2011) define competência como o direito ou faculdade legal que um
profissional tem de capacidade, atribuições e suficiência fundada em aptidão e a quem o faz
melhor determinada tarefa. Pode enfatizar a capacidade para resolver qualquer assunto,
aptidão, idoneidade.
Na última década, o termo competência adentrou nas discussões acadêmicas e empresariais,
ligado a diferentes instâncias de compreensão: pessoal (competência do indivíduo),
organizacional (competência essencial / estratégica) PRAHALAD E HAMEL (1990) e das
nações (educação e formação de competências). O objetivo deste trabalho é obter as
diferentes óticas de competência dentro de uma organização. Buscam-se vários níveis de
compreensão com referencial teórico e análise evidenciando as estratégias organizacionais e a
aprendizagem no desenvolvimento de competências.
REFERENCIAL TEÓRICO
McClelland publicou o artigo Testing for Competence rather than Intelligence, começando a
contenda sobre competência entre os psicólogos e os administradores nos Estados Unidos em
1973. A competência é uma característica subjacente a uma pessoa que é relacionada com
desempenho superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação,
McCLELLAND (1990). Diferencia assim competência de aptidões (talento natural), que pode
vir a ser aprimorado, de habilidades, (demonstração de talento particular na prática) e,
conhecimentos (o que as pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa), (MIRABILE,
1997).
Na década de 80, Richard Boyatzis, reanalisando os estudos realizados sobre as competências
gerenciais, identificou conjunto de características e traços que definem um desempenho
superior. Os trabalhos destes autores marcaram a literatura americana no tema competência
(SPENCER e SPENCER, 1993; MIRABILE, 1997).
O conceito de competência é como conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
(conjunto de capacidades humanas) que explicam um alto desempenho, acreditando-se que os
melhores desempenhos estão baseados na inteligência e personalidade. A competência é
percebida como estoque de recursos, que o indivíduo detém. Embora o foco de análise no
indivíduo, a maioria dos autores americanos sinalizam a importância de se alinharem as
competências às necessidades estabelecidas pelos cargos, ou posições existentes nas
organizações (FLEURY e FLEURY, 2000).
Tanto na literatura acadêmica e textos que fundamentam a prática administrativa, a referência
que baliza o conceito de competência é a tarefa e o conjunto de tarefas pertinentes a um cargo.
Nesta linha, a gestão por competência é apenas um rótulo mais moderno para administrar uma
realidade organizacional ainda fundada nos princípios do taylorismo-fordismo (FLEURY e
FLEURY, 2000).
Lawler contra esta linha de raciocínio mostrou que trabalhar com o conjunto de habilidades e
requisitos definidos pelo desenho do cargo, próprios do modelo taylorista, não atende às
demandas de um organização complexa, mutável em um mundo globalizado. As organizações
deverão competir apenas por produtos, mas por competências, atraindo e desenvolvendo
pessoas com combinações de capacidades complexas, para atender às suas core competences.
As observações deste autor merecem ser registradas, porquanto, alinhadas com as observações
de autores europeus, propiciarão a fundamentação para a elaboração de nosso modelo de
análise (FLEURY e FLEURY, 2001; PRAHALAD E HAMEL, 1990).
Nasceu nos anos 70 na França, os pensamentos de competência do questionamento no
conceito de qualificação e no processo de formação profissional com a técnica. O
descompasso observado entre as necessidades do mundo do trabalho na indústria
aproximavam o ensino das necessidades reais das empresas para aumentar a capacitação dos
trabalhadores e suas chances de emprego (FLEURY e FLEURY, 2001).
Buscava-se constituir relação entre competências e os saberes entre o diploma e o emprego.
Na educação, o conceito de competência passou a outras áreas, como nas relações
trabalhistas, para avaliar as qualificações necessárias do posto de trabalho, surgindo o
inventário de competências (bilan de compétences). O conceito de competência francesa dos
anos 90, procurava o conceito de qualificação. Zarifian (2001) propõe três mutações no
mundo do trabalho na emergência para a gestão das organizações: a noção de incidente, de
forma imprevista, não programada, impedindo o desenrolar normal do sistema de produção,
ultrapassando a capacidade rotineira de auto-regulação. A competência não pode estar contida
nas pré-definições da tarefa, é preciso estar sempre mobilizando recursos para resolver as
novas situações de trabalho; comunicação: comunicar é compreender o outro e a si mesmo e
significa acordar sobre objetivos organizacionais como normas comuns para a sua gestão;
serviço: a noção de serviço, de atender a um cliente externo ou interno da organização precisa
ser central e estar presente em todas as atividades; para tanto, a comunicação é fundamental.
O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas se torna
o prolongamento direto da competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação
profissional cada vez mais mutável e complexa (FLEURY e FLEURY, 2001).
Na construção do conceito de competência do indivíduo, a competência não é somente uma
reserva de conhecimentos teóricos e empíricos detido pelo indivíduo, muito menos está
concentrada apenas na tarefa. Segundo Zarifian (2001) a competência é a inteligência para
situações práticas baseadas em conhecimentos adquiridos e os transformam com maior força,
no incremento da complexidade das situações.
Le Boterf (2003) coloca a competência com três eixos formados pela pessoa com biografia e
socialização, pela sua formação educacional e pela sua experiência profissional. A
competência é o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais alimentadas pela
aprendizagem e formação e a jusante por sistema de avaliações. Ressalta ainda que a
competência é saber agir responsável e reconhecido pelos outros. É saber como mobilizar,
integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades no contexto profissional.
A real noção de competência associa-se ao saber agir, mobilizar recursos, integrar múltiplas e
complexas disciplinas, aprender, engajar-se, assumir responsabilidades e ter visão estratégica.
Na soma destas ações, as competências agregam valor econômico para a organização e valor
social para o ser humano.
Nas competências organizacionais, que estabelece relação entre estratégia e competência
ratifica e afiança que em épocas medievais, os alquimistas transformavam metais em ouro.
Hoje os gestores e empresas tentam transformar recursos e ativos em lucro DURAND (1997).
As competências estratégicas (core competences) das organizações despertaram o interesse
não só de pesquisadores, mas entre os profissionais de empresas, para as teorias sobre
recursos da firma (resource based view of the firm). As competências deveriam responder a
três critérios: oferecer reais benefícios aos consumidores, ser difícil de imitar e prover acesso
a diferentes mercados. A questão principal diz respeito à possibilidade de combinação das
várias competências que uma empresa pode conseguir para desenhar, produzir e distribuir
produtos e serviços aos clientes no mercado. Competência seria assim a capacidade de
combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços (PRAHALAD e HAMEL,
1990; JAVIDAN, 1998)
Destacam-se as seguintes competências em uma organização: competências sobre processos
(os conhecimentos do processo de trabalho), competências técnicas (conhecimentos
específicos sobre o trabalho que deve ser realizado), competências sobre a organização
(organizar os fluxos de trabalho), competências de serviço (competência aliada à técnica e
impacto sobre o consumidor), competências sociais (ter atitudes que sustentam os
comportamentos das pessoas: autonomia, responsabilização e comunicação) ZARIFIAN
(2001).
A organização, situada em uma ambiente institucional, define a sua estratégia e as
competências necessárias para implementá-las, num processo de aprendizagem permanente.
Não se pressupõe uma ordem no processo, mas antes um círculo virtuoso, em que uma
alimenta a outra em um constante processo de aprendizagem.
DESEMPENHO ORGANIZACIONAL
A medição de desempenho é operacionalizada através de informações que indiquem a posição
do desempenho das organizações. Essas informações são medidores também conhecidos por
indicadores de desempenho. Segundo Hronec (1994) as medidas de desempenho comunicam
o que é importante para toda a organização: a estratégia da gerência do primeiro escalão para
os demais níveis, os resultados dos processos, desde os níveis inferiores até o primeiro
escalão, e o controle e melhoria dentro do processo.
De acordo com Harbour (1997), indicador de desempenho é uma medida de desempenho
comparativa utilizada para responder a questão “como nós estamos indo?”. Neely et al. (1996)
definem indicador de desempenho como sendo um parâmetro usado para quantificar a
eficiência e/ou eficácia de uma ação tomada pela empresa.
Segundo Carneiro et al. (2005), não é possível descrever o sucesso de uma empresa, de uma
divisão ou de um projeto, fazendo uso simplesmente de uma métrica. Nos mais diversos
ambientes organizacionais existem vários fatores que influenciam o desempenho das
empresas. O mundo competitivo das organizações dentro dos contextos políticos, sociais e
econômicos, faz com que os empresários se preocupem cada vez mais com a adoção do
planejamento e das estratégias capazes de garantir a sobrevivência das empresas.
Para Luz (1995), o desempenho empresarial é o resultado da combinação dos recursos
disponíveis (humanos, materiais, financeiros etc.) com a gestão desses mesmos recursos. O
autor advoga que para uma organização alcançar bons resultados não basta e dispor dos
recursos, é preciso saber gerenciá-los (ter know-how e competência), querer e poder fazer.
Carneiro et al. (2005), analisam o tema desempenho organizacional como um fenômeno
complexo e multifacetado, que escapa a uma concepção simplista. De acordo com os autores,
a temática tem recebido considerável atenção e vários estudos conceituais e empíricos têm
sido o foco de diversos pesquisadores.
Para Barney (1996), apesar de existirem diversas propostas de definições para desempenho
organizacional, não há um consenso sobre quais as definições e os critérios que devem ser
utilizados para apurá-los. O autor propõe quatro dimensões para entender o desempenho das
empresas: i) medidas que avaliam a sobrevivência da organização, ii) medidas contábeis, iii)
medidas para analisar de que forma têm sido atendidos os múltiplos stakeholders e iv)
medidas que demonstrem a real situação da organização.
Kaplan e Norton (1992), também propõem a combinação de quatro visões para entender o
desempenho organizacional: a visão financeira, a visão dos clientes, a visão dos processos e a
visão da inovação e do aprendizado. Os autores, tomando como base outros trabalhos, criam
um modelo genérico com macro-dimensões conceituais e metodológicas.
De acordo com Rummler e Brache (1994), o sucesso ou insucesso das organizações pode ser
atribuído a três níveis de desempenho organizacional. A primeira dimensão, chamada de nível
da organização, enfatiza o relacionamento da organização com o mercado. Aqui a avaliação
está focada na eficácia do planejamento, das estratégias, da estrutura e da utilização dos
recursos organizacionais. Os processos constituem a segunda dimensão de desempenho da
organização. Essa dimensão diz respeito à dinâmica de elaboração e funcionamento do fluxo
de informações e procedimentos internos e externos. Na terceira dimensão a avaliação está
associada à execução do trabalho.
Sink e Tuttle (1993) argumentam que a medição dos resultados tende a ser encarada e usada
de maneira muito limitada na maioria das organizações. Na opinião dos autores, os
instrumentos de avaliação organizacional estão muito centrados nos aspectos financeiros,
contábeis, processuais e orçamentários, ignorando outros de natureza comportamental.
Walton (1993), também concorda com essa constatação ao afirmar que muitas organizações
ainda continuam a usar técnicas rudimentares de controle estritamente focadas no
planejamento e na execução, na vigilância das responsabilidades individuais e na rígida
supervisão.
Então, pode-se entender que para o desempenho organizacional ser avaliado em um ambiente
de micro e pequenas empresas, a adoção de números de clientes ativos, volume de negócios,
market share (segmento de mercado), lucro, rentabilidade e valor de mercado da empresa e
suas ações sejam variáveis características (PFEFFER, 2005) para compreender a mentalidade
do empreendedor no que tange ao desempenho da organização.
MÉTODO DE PESQUISA
No presente estudo foi utilizada a abordagem qualitativa. Tal abordagem tem propriedades
não estruturadas que enfatiza as interações, privilegia a idéia da essência. De acordo com
Roesch (2005), a abordagem da pesquisa qualitativa e seus métodos de coleta e análise de
dados são apropriados para os estudos exploratórios. Seu principal objetivo é a construção da
teoria com base nos dados, de modo que o pesquisador forme uma visão teórica da realidade.
Neste estudo buscou-se conhecer as competências estratégicas, pesquisa documental e
entrevistas.
Caracteriza-se por ser um estudo exploratório (COOPER; SCHINDLER, 2003; FLICK,
2004), que segue a questão de pesquisa e os objetivos nele descritos. Esse tipo de pesquisa
tem como escopo instigar os entrevistados a refletirem livremente sobre o tema abordado. Em
geral é utilizado quando se investiga as percepções e entendimento dos indivíduos sobre a
natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a sua interpretação.
Ademais, este estudo teve como estratégia de pesquisa o estudo qualitativo básico ou genérico que,
segundo Merrian (1998), não foca em cultura (como etnografia), não se aprofunda, não é intensivo
como no estudo de caso, mas busca descobrir e entender um fenômeno, um processo ou as
perspectivas e visões de mundo das pessoas envolvidas.
O método mais utilizado para esse tipo de trabalho é o estudo de caso, cuja modalidade é
amplamente utilizada nas organizações pelos resultados que ele proporciona. Estudo de caso
consiste no estudo profundo de um ou poucos objetos, a fim de permitir seu amplo e
detalhado conhecimento. Segundo Yin (2001), tal estratégia de pesquisa surge da necessidade
de compreensão dos fenômenos sociais mais complexos, permitindo uma investigação
preservando as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real.
Questões
1 O que a nossa empresa
sabe fazer muito bem?
2 Este know-how
(conhecimento) está
presente em uma
função, unidade de
negócio ou por toda a
organização?
3 Nós temos alguma
coisa melhor que nossos
concorrentes?
Profissional 1
Apresentar soluções e
produtos adaptáveis às
necessidades do
mercado como um todo
e ao cliente
individualmente.
Está presente nos
principais setores, ou
seja, os setores ligados
diretamente ao assunto e
que fazem a
comunicação entre
cliente e empresa.
Sim. Diversificação de
produtos e
personalização de
soluções de acordo com
a necessidade de
mercado.
4 O que importa para a
empresa e o cliente?
A relação custobenefício do produto.
5 Quanto durável é a
Durável até o ponto de
Profissional 2
Profissional 3
Profissional 4
Estruturas metálicas.
Estrutura metálicas com
qualidade.
Estruturas metálicas.
Por toda a empresa.
O mesmo pode ser visto
na maioria das funções
não em todas.
O conhecimento fica
restrito em alguns
pontos ou área com
medo de mudanças.
Melhor preço e
qualidade.
Tradição, renome e
know-how.
A qualidade do produto
pode ser um dos pontos
fortes da empresa.
Preço e qualidade.
Fabricar com qualidade
e quantidade, ter o
menor tempo de
processo na fabricação e
atender bem o cliente.
Essa vantagem acaba
Até que o produto seja
Para a empresa importa
a satisfação do cliente e
lucro para o cliente,
atendimento no prazo
com qualidade e baixo
preço.
É durável a nossa
nossa vantagem?
equilíbrio econômico
apenas.
vantagem sempre
quando a empresa
conseguir atender bem o
cliente melhor que o
nosso concorrente.
não perdurando muito,
pois o mercado é
dinâmico e a
concorrência é grande.
produzido com
qualidade e um bom
atendimento na hora de
sua montagem junto ao
cliente.
Modernização constante
com redução de equipes
e aperfeiçoamento das
equipes existentes,
visando aprimoramento
tecnológico e relação
custo-benefício
maximizada.
Na qualificação de sua
mão-de-obra e
investimento em mais
tecnologia para atender
melhor cada dia mais os
seus clientes e busca de
novos mercados.
Profissionalização e
especialização de suas
equipes.
Melhor qualificação dos
funcionários, cursos,
melhor qualidade e
ambiente de trabalho e
automatizar processos
muito antigos.
X
X
X
X
Trabalho unilateral,
formas rígidas de
cobranças e lideranças.
A falta de compromisso
de muitos funcionários.
Laços de parentescos e
afetivos entre indivíduos
da equipe.
Quais competências ou
habilidades devem ser
melhoradas?
Habilidade de trabalho
em equipe e
gerenciamento de
grupos, habilidades de
desenvolvimento
pessoal e intelectual.
Trabalho em equipe,
fazer certo da primeira
vez.
Gestão, qualificação e
planejamento de equipe
e produção.
Falta de máquinas para
melhorar o processo e
qualidade do material.
Comunicação entre
setores fábrica e
administrativo, melhorar
a qualificação dos
funcionários, incentivos
para a educação e cursos
profissionalizantes.
Como nós podemos
influenciar melhor
nossos recursos
capacidades e
competências?
Realizando pesquisas
comparativas e gerando
plano de ações, metas e
objetivos a atingir.
Quais são as novas
competências e
capacidades que devem
ser desenvolvidas?
Capacidade de auto
gerenciamento de
tarefas, controle de
qualidade e trabalho em
equipe.
8 Para onde iremos a
partir daqui?
Rumo a um mercado
cada vez mais
competitivo onde
somente as empresas
sólidas e visadas no
mercado “atual” estarão
presentes.
6 Quais as principais
alterações que ocorrerão
na indústria?
7 Dadas as principais
mudanças que ocorrerão
na indústria
Quais as competências
ou habilidades estão
obsoletas e irrelevantes?
Nos aperfeiçoando cada
dia mais dando recurso e
capacitando a sua mãode-obra para eleger na
sua melhor competência
naquilo que empresa
fez.
Que cada um dentro da
empresa, dê o seu
melhor através de sua
competência e
capacidade e que a
empresa venha investir
mais nos seus
trabalhadores para se
desenvolverem mais
ainda como
profissionais.
Para o número 1 do
mercado naquilo que a
gente faz e ser sempre
melhor que nosso
concorrente.
Agindo e cobrando
postura nas atividades.
Ter mão-de-obra
qualificada, boa
estrutura em gestão de
pessoas.
Gestão, aprendizado em
equipe.
Desenvolver sempre
melhor nossas
atividades.
Divisor de águas, ou
corretos ou somos
passados por cima.
A empresa ser a número
1 em questão de
estruturas metálicas.
Quadro 1: Questões e principais respostas das entrevistas
Fonte: JAVIDAN (1998).
CONTEXTO
Foram entrevistados quatro colaboradores de empresa do setor metal-mecânico do interior do
estado do Rio Grande do Sul (RS). A escolha dessas pessoas se justifica por atuarem no
mesmo ambiente de trabalho e organização. Os quatros profissionais possuem visões
diferentes sobre competências. Têm idade e formação diferentes e residem na mesma região
geográfica, que apresenta traços socioculturais baseados na colonização italiana e brasileira.
O processo de coleta de dados, portanto, foi implementado por meio de entrevistas individuais
em profundidade, adotando-se uma abordagem estruturada, com a aplicação de um roteiro
básico de questões, desenvolvido a partir da literatura (JAVIDAN, 1998) abordando o que
significa na prática competência estratégica.
As entrevistas na empresas foram realizadas em sessões únicas e tiveram uma duração de
aproximadamente meia hora. As entrevistas ocorreram no ano de 2011 nas instalações da
empresa dos profissionais pesquisados.
As respostas dos entrevistados foram gravadas em meio magnético e posteriormente
transcritas para facilitar sua análise e interpretação (WOLCOTT, 1994), adotando-se a técnica
de análise de conteúdo, que consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações
verbalizadas pelos entrevistados visando obter indicativos que permitam a inferência de
conclusões a partir das mensagens ou dos conteúdos coletados (BARDIN, 2004).
O processo de análise de conteúdo seguiu os pressupostos defendidos por Bardin (2004) e por
Hair Jr. et al. (2006), além dos cuidados prescritos por Wolcott (1994) e Flick (2004) no que
diz respeito ao tratamento e à análise e interpretação de dados provenientes de pesquisas
qualitativas. Vale-se dos conteúdos provenientes das entrevistas, devidamente transcritos, e
categorizados em dimensões de análise, ou temas, conforme apresentado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O primeiro profissional respondeu as questões com relativa facilidade com conhecimento
técnico que assegura e ratifica seu posicionamento claro e conciso. No questionamento da
competência propõe soluções e produtos atendendo as necessidades de clientes, no
conhecimento presente na organização assume a comunicação atendendo a organização
totalmente. Sobre vantagem na concorrência diz que tem de melhor diversificação e
personalização de soluções. Na importância para a empresa e cliente cita a relação custobenefício. Sobre a durabilidade da vantagem competitiva fala sobre atingimento do ponto de
equilíbrio que ela se mantém até este nível. As alterações que virão enumeradas são a
modernização de equipes com custo-benefício maximizado. Sobre as principais mudanças da
indústria em competências obsoletas e irrelevantes fala do trabalho unilateral, forma rígida de
cobrança e liderança. Já na melhoria das competências propõe o trabalho em equipe e
gerenciamento de grupos com habilidade de desenvolvimento pessoal e intelectual. Sobre a
melhor influência dos profissionais nas capacidades e competências observa a realização de
pesquisas comparativas e planos de ação com metas e objetivos. As competências e
capacidades que devem ser desenvolvidas são o auto-gerenciamento de tarefas, controle de
qualidade e trabalho em equipe. Sobre o futuro rumamos para um mercado cada vez mais
competitivo com empresas sólidas e visadas no mercado se farão presentes.
O segundo profissional respondeu as questões com extrema simplicidade e clareza. No que
diz respeito à competência principal fala sobre estrutura metálica. No conhecimento presente
na organização relata que está por toda a parte da organização. Sobre vantagem na
concorrência diz que tem o melhor preço e qualidade. Na importância para a empresa o que
importa é a satisfação e lucro para o cliente, atendimento no prazo com qualidade e baixo
preço. Sobre a durabilidade da vantagem competitiva fala que é durável até quando a empresa
conseguir atender bem o cliente melhor que o nosso concorrente. As alterações que virão
enumeradas na qualificação da mão-de-obra e investimento em tecnologia para atender
melhor incessantemente os seus clientes e buscar de novos mercados. A competência que está
obsoleta e irrelevante é a falta de compromisso de funcionários. Já na melhoria das
competências propõe trabalho em equipe e fazer certo da primeira vez. Sobre a melhor
influência dos profissionais nas capacidades e competências observa o aperfeiçoamento diário
com recurso e capacitação da mão-de-obra para eleger a melhor competência naquilo que
empresa faz. As competências e capacidades que devem ser desenvolvidas são o
comprometimento no trabalho e função e investimento como profissionais. Sobre o futuro
salienta atingir o primeiro lugar no mercado naquilo que a empresa produz e ser sempre
melhor que nosso concorrente.
O terceiro profissional respondeu as questões com facilidade e conhecimento estratégico
aguçado, consciente do posicionamento da empresa. No que diz respeito à competência
principal fala sobre a qualidade da estrutura metálica. No conhecimento presente na
organização postula que o mesmo pode ser visto na maioria das funções, mas não em todas.
Sobre vantagem na concorrência diz que tem o melhor preço e qualidade. Na importância da
concorrência para a empresa a vantagem seria a tradição, renome e conhecimento do produto.
O que importa para a empresa e cliente são preço e qualidade. Sobre a durabilidade da
vantagem competitiva fala que essa vantagem acaba não perdurando porque o mercado é
dinâmico e a concorrência é grande. As alterações que virão são a consolidação da
profissionalização e especialização das equipes. A competência que está obsoleta e irrelevante
são os laços parentescos e afetivos entre indivíduos da equipe. Já na melhoria das
competências propõe a gestão, qualificação e planejamento de equipe e produção. Sobre a
melhor influência dos profissionais nas capacidades e competências observa a ação e
cobrança de postura nas atividades. As competências e capacidades que devem ser
desenvolvidas são a gestão e o aprendizado em equipe. Sobre o futuro salienta um divisor de
águas com competitividade ou a empresa sofrerá estagnação.
O quarto profissional respondeu com enfoque organizacional estratégico sem perder a
linguagem tática e operacional. No que diz respeito, a competência principal, fala sobre o
produto estrutura metálica. No conhecimento presente na organização postula que o
conhecimento fica restrito em alguns pontos ou área com medo de mudanças. Sobre vantagem
na concorrência diz que a qualidade do produto pode ser um dos pontos fortes da empresa. Na
importância para a empresa e o cliente salienta a fabricação com qualidade e quantidade, ter o
menor tempo de processo na fabricação e atender bem o cliente. Sobre a durabilidade da
vantagem competitiva fala que limita até o produto ser produzido com qualidade e bom
atendimento na hora de sua montagem junto ao cliente. As alterações que virão são a melhor
qualificação dos funcionários, cursos, melhor qualidade de produto, ambiente de trabalho e
automatizar processos muito antigos. A competência que está obsoleta e irrelevante são a falta
de máquinas para melhorar o processo e qualidade do material. Já na melhoria das
competências propõem a comunicação entre setores, melhoria da qualificação, incentivos para
a educação e cursos profissionalizantes. Sobre a melhor influência dos profissionais nas
capacidades e competências observa a mão-de-obra qualificada, boa estrutura em gestão de
pessoas. A competência e capacidade que deve ser desenvolvida é aprimorar sempre na
melhoria nossas atividades. Sobre o futuro salienta em a empresa ser a número 1 em questão
de estruturas metálicas.
Os profissionais e as competências se homogeneízam de maneira a postular os resultados das
decisões estratégicas em organizar os recursos e aproveitar as oportunidades do mercado.
Então, com essas constatações sobre a importância das competências, pode-se perceber a
importância que a forma de pensar e interpretar tem na vida de cada indivíduo, onde cada
pessoa é o que pensa. Isso pode influenciar também o local em que esse indivíduo está
inserido, em especial nos processos de mudança e desempenho organizacional. Desta forma, a
necessidade que as organizações cada vez mais trabalhem no sentido de valorizar as pessoas
que a compõem, focando nos seus recursos e em especial nos recursos humanos, ou capital
intelectual. Estes recursos são os que detêm o poder de gerar competências e de transformar e
interferir no desempenho das organizações.
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