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Resumo Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer nos contextos brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar essa recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e... more
Resumo Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer nos contextos brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar essa recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e receptor? Após apresentarmos um estado da arte relativo às produções brasileiras no campo da teoria queer, avançaremos a hipótese de que a Crítica Queer of Colour poderia facilitar esse trânsito. Considerando as questões de gênero e sexualidades enquanto inseparáveis da história pós/neocolonial do Ocidente (racismo, imigração, imperialismo), essa teoria constitui uma voz radical que se opõe ao conformismo de muitos grupos LGBT, na maioria dos países centrais.
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Este texto pretende fundamentar uma filosofia da libertação a partir do seu reverso indissociável, a analítica da dominação/opressão. Nesta direção, ressaltamos a noção prático-teórica da interseccionalidade, entendida como a “apreensão... more
Este texto pretende fundamentar uma filosofia da libertação a partir do seu reverso indissociável, a analítica da dominação/opressão. Nesta direção, ressaltamos a noção prático-teórica da interseccionalidade, entendida como a “apreensão cruzada e imbricada das relações de poder” (DORLIN, 2009: 9) e de seus processos dinâmicos de produção social e histórica. Elaborada a partir dos anos 1970 e 1980 no seio do Black Feminism e amplamente retomada pelas produções feministas póscoloniais e subalternas mais recentes, esta noção permite abordar o fenômeno da dominação/opressão como um fenômeno complexo e plurifacetado. A categoria da interseccionalidade permite, assim, abarcar as diferentes expressões da dominação, entrelaçando as expressões em termos de gênero, sexualidade, raça/etnia, classe ou nacionalidade; ela permite também destacar o caráter plural das identidades dos grupos e dos sujeitos tocados pelos processos de dominação/opressão e articular a proliferação das lutas e das formas de libertação, simultaneamente direcionadas contra o sexismo, o heterossexismo, o racismo, a opressão de classe ou de nacionalidade. No contexto pós-colonial, entendido como “a tensão entre a superação do colonialismo e a persistência da colonialidade que regula as identidades de sexo/gênero, raciais e políticas” (BIDASECA; OTO; OBARRIO; SIERRA, 2015: 19), a noção da interseccionalidade visa a questionar tanto o universalismo eurocêntrico, compartilhado por boa parte do feminismo hegemônico, como o essencialismo mobilizado por diferentes grupos identitários que, em nome da defesa das culturas locais e específicas, chegam – em diversos casos – a justificar práticas culturais de tipo patriarcal e opressoras das mulheres e de quem enfrenta a heteronormatividade estabelecida (CRENSHAW, 1989/2005 e CASTILLO, 2015). Uma leitura feminista e pós-colonial dos processos interligados de libertação implica a análise crítica do legado colonial que atravessa a violência patriarcal dos grupos subalternizados, naturalizando as identidades e exasperando as dinâmicas de racialização do gênero e de sexualização da raça.
INTRODUÇÃO
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Resumo: Resumo: Resumo: Resumo: Este texto pretende apresentar o fenômeno do feminismo romani (cigano) que, a partir do começo do século XXI, está se desenvolvendo em vários países europeus e das Américas com a intenção de empoderar as... more
Resumo: Resumo: Resumo: Resumo: Este texto pretende apresentar o fenômeno do feminismo romani (cigano) que, a partir do começo do século XXI, está se desenvolvendo em vários países europeus e das Américas com a intenção de empoderar as mulheres ciganas no seio das comunidades e da sociedade majoritária. Desenvolvendo uma perspectiva interseccional em termos de gênero, raça e classe, as autoras ciganas, ativistas e acadêmicas, se colocam em diálogo com as correntes feministas pós-coloniais, em particular, com o feminismo negro e chicano norteamericanos. Nesta ótica, o feminismo romani propõe uma redefinição das fronteiras do póscolonial, enfatizando novos espaços de subalternidade e de luta, e atravessando territórios geográficos-simbólicos que costumamos pensar como centrais e hegemônicos.
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Rea Caterina. Fabio Ciaramelli, Creazione e interpretazione della norma. In: Revue Philosophique de Louvain. Quatrième série, tome 103, n°3, 2005. pp. 446-450
Rea Caterina. Alan Milon, L'étranger dans la ville. Du rap au graff mural. In: Revue Philosophique de Louvain. Quatrième série, tome 101, n°2, 2003. pp. 353-355
Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio... more
Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio del nuevo conservadurismo cristiano) (Cultural wars and new imperialisms in African contexts: the transit of Queer theory amid the new Christian conservatism) RESUMO: A chegada da teoria queer para os contextos do Sul Global e, em particular, para o continente africano, é muitas vezes enxergada como a reprodução do neoimperialismo e como um novo braço do colonialismo. Gênero e sexualidade estariam, assim, se tornando veículos de exportação da modernidade ocidental, através das agendas da "Internacional Gay", (MASSAD, 2007), com suas lógicas salvacionistas e homonacionalistas. Outras estratégias neoimperialistas estão, porém, em jogo na contenda do continente africano e na disputa sobre a existência da dissidência sexual em muitos países da África. Trata-se dos novos fundamentalismos religiosos, de matriz evangélica neopentecostal que, nas últimas décadas, assumiram um papel preponderante no alastramento de medidas repressivas e de formas de violência contra pessoas sexualmente dissidentes em vários lugares da África. Novas pesquisas inquietantes apontam para o massivo envolvimento da direita cristã norte-americana nas vicissitudes internas de Uganda, Nigéria e de outros países africanos, através da exportação e da "globalização das guerras culturais", (KAOMA, 2009), cujos efeitos pesam violentamente sobre as comunidades LGBTI+ nessas regiões. Tais conclusões nos ajudam a fortalecer a rejeição de discursos que tipificam a "homofobia africana" como uma "história única" (MACHARIA, 2010; NDASHE, 2013) e a desconstruir a retórica homonacionalista da oposição entre o Ocidente supostamente moderno e progressista e a África tradicional, violenta e pré-moderna. PALAVRAS-CHAVE: Contextos africanos; dissidência sexual; conservadorismo cristão; homonacionalismo; neoimperialismo. Abstract: The arrival of queer theory to the contexts of the southern hemisphere and, particularly, to Africa, is often seen as the reproduction of neo-imperialism and as a new arm of colonialism. Gender and sexuality would thus have become export vehicles of Western modernity through the agendas of the "Gay International" (MASSAD, 2007), with its salvationist and homonationalist logics. Other neo-imperialist strategies are, however, at stake in the African continent's strife and in the dispute over the existence of sexual dissidence in many African countries. These are new
_____________________________________ RESUMO O objetivo deste texto consiste em apresentar as principais narrativas sobre dissidencia sexual na Africa. Tais narrativas apontam, de um lado, para o carater nao-africano da homossexualidade... more
_____________________________________ RESUMO O objetivo deste texto consiste em apresentar as principais narrativas sobre dissidencia sexual na Africa. Tais narrativas apontam, de um lado, para o carater nao-africano da homossexualidade e, por outro, para a ideia de que o continente africano seria, homogeneamente, marcado por formas, particularmente, violentas e opressoras de homofobia. Mostraremos como estes discursos encarnam uma nova forma de nacionalismo que passa pela racializacao/nacionalizacao das sexualidades e pela sexualizacao da raca e da nacionalidade. A partir desta nova logica nacionalista, as questoes de genero e de sexualidade correm o risco, hoje, de se tornar a marca da oposicao entre Ocidente e nao-Ocidente. Perante esta situacao, a critica queer africana propoe uma leitura nao-dicotomica, ao mesmo tempo anticolonialista e antinacionalista, do genero e das sexualidades africanas. Palavras-chaves: Dissidencia sexual, Homofobia, Critica queer africana. ____________________________________ RESUME Le but de ce texte est de presenter les principales narratives sur la dissidence sexuelle en Afrique. Ces recits renvoient d'une part au caractere non africain de l'homosexualite et, d'autre part, a l'idee que le continent africain serait marque de maniere homogene par des formes d'homophobie particulierement violentes et oppressives. Nous montrerons comment ces discours incarnent une nouvelle forme de nationalisme passant par la racialisation / nationalisation des sexualites et par la sexualisation de la race et de la nationalite. A partir de cette nouvelle logique nationaliste, les questions de genre et de sexualite courent le risque aujourd'hui de devenir la marque de l'opposition entre l'Occident et le non-Occident. Face a cette situation, la critique queer africaine propose une lecture non dichotomique, a la fois anticoloniale et anti-nationaliste du genre et de la sexualite africains. Mots cles  : Dissidence sexuelle, Homophobie, Critique queer africaine.
A Africa esta se delineando como um laboratorio de producao de praticas teoricas, no campo do feminismo e das sexualidades dissidentes. O texto destaca as producoes teoricas de uma jovem geracao de africanos que problematiza as normas... more
A Africa esta se delineando como um laboratorio de producao de praticas teoricas, no campo do feminismo e das sexualidades dissidentes. O texto destaca as producoes teoricas de uma jovem geracao de africanos que problematiza as normas sexuais nos diversos paises da Africa. Do ponto de vista teorico, nos fundamentamos nas contribuicoes da primeira coletânea de teoria queer africana, o Queer African Reader , que reune contribuicoes de estudiosos e militantes de varios paises do continente. O maior aporte destas reflexoes consiste em romper com a imagem de uma Africa homogenea, do ponto de vista cultural e das praticas sexuais, colocando, contra o muro, tanto a representacao da Africa “obsessivamente” homofobica, perpetuada pelos paises ocidentais e pelas agendas LGBT globais, quanto a representacao do carater supostamente nao-africano da homossexualidade, disseminada pelos discursos essencialistas e nacionalistas de grupos religiosos locais.
Este texto entende refletir sobre as contribuições de autoras lésbicas para a produção da Teoria Queer e, particularmente, da Crítica Queer de cor (Queer of Color Critique). Partindo da consideração de Randy Conner para quem Gloria... more
Este texto entende refletir sobre as contribuições de autoras lésbicas para a produção da Teoria Queer e, particularmente, da Crítica Queer de cor (Queer of Color Critique). Partindo da consideração de Randy Conner para quem Gloria Anzaldúa foi a primeira a usar o termo queer no contexto da escrita acadêmica, podemos considerar uma outra gênese de Queer, no campo das produções de autoras lésbicas não-brancas. Mostraremos que a crítica Queer of Color tematiza, hoje, a importância de coletivos lésbicos de cor e a maneira em que esses questionam as políticas LGBT meanstream, particularmente, nos países centrais. A chegada da teoria queer para o continente africano, também, revela o protagonismo de mulheres lésbicas acadêmicas e ativistas.
Este texto pretende fundamentar uma filosofia da libertação a partir do seu reverso indissociável, a analítica da dominação/opressão. Nesta direção, ressaltamos a noção prático-teórica da interseccionalidade, entendida como a “apreensão... more
Este texto pretende fundamentar uma filosofia da libertação a partir do seu reverso indissociável, a analítica da dominação/opressão. Nesta direção, ressaltamos a noção prático-teórica da interseccionalidade, entendida como a “apreensão cruzada e imbricada das relações de poder” (DORLIN, 2009: 9) e de seus processos dinâmicos de produção social e histórica. Elaborada a partir dos anos 1970 e 1980 no seio do Black Feminism e amplamente retomada pelas produções feministas pós-coloniais e subalternas mais recentes, esta noção permite abordar o fenômeno da dominação/opressão como um fenômeno complexo e plurifacetado. A categoria da interseccionalidade permite, assim, abarcar as diferentes expressões da dominação, entrelaçando as expressões em termos de gênero, sexualidade, raça/etnia, classe ou nacionalidade; ela permite também destacar o caráter plural das identidades dos grupos e dos sujeitos tocados pelos processos de dominação/opressão e articular a proliferação das lutas e das form...
Resumo: Este texto conduz a um primeiro mapeamento do campo de estudo sobre sexualidades e teoria queer em contextos africanos. A África está se delineando como um laboratório de elaboração de práticas teóricas - no campo do feminismo e... more
Resumo: Este texto conduz a um primeiro mapeamento do campo de estudo sobre sexualidades e teoria queer em contextos africanos. A África está se delineando como um laboratório de elaboração de práticas teóricas - no campo do feminismo e das sexualidades dissidentes. Destacamos as produções de uma jovem geração de africanos que problematiza as normas sexuais e de gênero nos diversos países da África do ponto de vista teórico, nos fundamentamos na primeira coletânea Queer africana, o Queer African Reader (QAR), publicada em 2013, e na coletânea Reclaiming Afrikan, publicada em 2014, que reúnem contribuições de estudios@s e militantes de vários países do continente. O maior aporte destas reflexões consiste em romper com a imagem de uma África homogênea do ponto de vista cultural e das práticas sexuais, colocando contra o muro a representação da África “obsessivamente” homofóbica, perpetuada pelas agendas LGBT globais, e a representação do caráter supostamente não africano da homossexua...
Resumo: Este texto pretende apresentar o fenômeno do feminismo romani (cigano) que, a partir do começo do século XXI, está se desenvolvendo em vários países europeus e das Américas com a intenção de empoderar as mulheres ciganas no seio... more
Resumo: Este texto pretende apresentar o fenômeno do feminismo romani (cigano) que, a partir do começo do século XXI, está se desenvolvendo em vários países europeus e das Américas com a intenção de empoderar as mulheres ciganas no seio das comunidades e da sociedade majoritária. Desenvolvendo uma perspectiva interseccional em termos de gênero, raça e classe, as autoras ciganas, ativistas e acadêmicas, se colocam em diálogo com as correntes feministas pós-coloniais, em particular, com o feminismo negro e chicano norte-americanos. Nesta ótica, o feminismo romani propõe uma redefinição das fronteiras do pós-colonial, enfatizando novos espaços de subalternidade e de luta, e atravessando territórios geográficos-simbólicos que costumamos pensar como centrais e hegemônicos.
Resumo Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer nos contextos brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar essa recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e... more
Resumo Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer nos contextos brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar essa recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e receptor? Após apresentarmos um estado da arte relativo às produções brasileiras no campo da teoria queer, avançaremos a hipótese de que a Crítica Queer of Colour poderia facilitar esse trânsito. Considerando as questões de gênero e sexualidades enquanto inseparáveis da história pós/neocolonial do Ocidente (racismo, imigração, imperialismo), essa teoria constitui uma voz radical que se opõe ao conformismo de muitos grupos LGBT, na maioria dos países centrais.
this text tries to introduce the recent phenomenon of Romani Feminism that, from the beginning of the XXIst century, is spreading in many European countries and in America aiming at empowering Romani women in their communities and in the... more
this text tries to introduce the recent phenomenon of Romani Feminism that, from the beginning of the XXIst century, is spreading in many European countries and in America aiming at empowering Romani women in their communities and in the majority society. Using an intersectional perspective articulating gender, race and class, gypsy feminists, activists and academics, discuss with the most important post-colonial feminist currents, and in particular, with American Black Feminism and Chicano Feminism. In this view, Romani Feminism invites us to redefine postcolonial borders, thus emphasizing new spaces of subalternity and of struggles, and crossing geographic and symbolic lands which we usually think as central and hegemonic.
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Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio... more
Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio del nuevo conservadurismo cristiano) (Cultural wars and new imperialisms in African contexts: the transit of Queer theory amid the new Christian conservatism) RESUMO: A chegada da teoria queer para os contextos do Sul Global e, em particular, para o continente africano, é muitas vezes enxergada como a reprodução do neoimperialismo e como um novo braço do colonialismo. Gênero e sexualidade estariam, assim, se tornando veículos de exportação da modernidade ocidental, através das agendas da "Internacional Gay", (MASSAD, 2007), com suas lógicas salvacionistas e homonacionalistas. Outras estratégias neoimperialistas estão, porém, em jogo na contenda do continente africano e na disputa sobre a existência da dissidência sexual em muitos países da África. Trata-se dos novos fundamentalismos religiosos, de matriz evangélica neopentecostal que, nas últimas décadas, assumiram um papel preponderante no alastramento de medidas repressivas e de formas de violência contra pessoas sexualmente dissidentes em vários lugares da África. Novas pesquisas inquietantes apontam para o massivo envolvimento da direita cristã norte-americana nas vicissitudes internas de Uganda, Nigéria e de outros países africanos, através da exportação e da "globalização das guerras culturais", (KAOMA, 2009), cujos efeitos pesam violentamente sobre as comunidades LGBTI+ nessas regiões. Tais conclusões nos ajudam a fortalecer a rejeição de discursos que tipificam a "homofobia africana" como uma "história única" (MACHARIA, 2010; NDASHE, 2013) e a desconstruir a retórica homonacionalista da oposição entre o Ocidente supostamente moderno e progressista e a África tradicional, violenta e pré-moderna. PALAVRAS-CHAVE: Contextos africanos; dissidência sexual; conservadorismo cristão; homonacionalismo; neoimperialismo. Abstract: The arrival of queer theory to the contexts of the southern hemisphere and, particularly, to Africa, is often seen as the reproduction of neo-imperialism and as a new arm of colonialism. Gender and sexuality would thus have become export vehicles of Western modernity through the agendas of the "Gay International" (MASSAD, 2007), with its salvationist and homonationalist logics. Other neo-imperialist strategies are, however, at stake in the African continent's strife and in the dispute over the existence of sexual dissidence in many African countries. These are new
_____________________________________ RESUMO O objetivo deste texto consiste em apresentar as principais narrativas sobre dissidência sexual na África. Tais narrativas apontam, de um lado, para o caráter não-africano da homossexualidade... more
_____________________________________ RESUMO O objetivo deste texto consiste em apresentar as principais narrativas sobre dissidência sexual na África. Tais narrativas apontam, de um lado, para o caráter não-africano da homossexualidade e, por outro, para a ideia de que o continente africano seria, homogeneamente, marcado por formas, particularmente, violentas e opressoras de homofobia. Mostraremos como estes discursos encarnam uma nova forma de nacionalismo que passa pela racialização/nacionalização das sexualidades e pela sexualização da raça e da nacionalidade. A partir desta nova lógica nacionalista, as questões de gênero e de sexualidade correm o risco, hoje, de se tornar a marca da oposição entre Ocidente e não-Ocidente. Perante esta situação, a crítica queer africana propõe uma leitura não-dicotômica, ao mesmo tempo anticolonialista e antinacionalista, do gênero e das sexualidades africanas. Palavras-chaves: Dissidência sexual, Homofobia, Crítica queer africana. ____________________________________ RESUMÉ Le but de ce texte est de présenter les principales narratives sur la dissidence sexuelle en Afrique. Ces récits renvoient d'une part au caractère non africain de l'homosexualité et, d'autre part, à l'idée que le continent africain serait marqué de manière homogène par des formes d'homophobie particulièrement violentes et oppressives. Nous montrerons comment ces discours incarnent une nouvelle forme de nationalisme passant par la racialisation / nationalisation des sexualités et par la sexualisation de la race et de la nationalité. À partir de cette nouvelle logique nationaliste, les questions de genre et de sexualité courent le risque aujourd'hui de devenir la marque de l'opposition entre l'Occident et le non-Occident. Face à cette situation, la critique queer africaine propose une lecture non dichotomique, à la fois anticoloniale et anti-nationaliste du genre et de la sexualité africains.
This text aims at presenting a first mapping of the field of queer and sexualities studies in African contexts. Africa is becoming a laboratory of production of theoretical practices, in the field of feminism and sexual dissidence. We... more
This text aims at presenting a first mapping of the field of queer and sexualities studies
in African contexts. Africa is becoming a laboratory of production of theoretical practices, in the
field of feminism and sexual dissidence. We emphasize the production of a young African
generation who questions sexual and gender norms in different African countries. From the
theoretical point of view, we refer to the Queer African Reader (QAR), the first collection of papers
from researchers and activists from different African countries, published in 2013, and to a
second collection, Reclaiming Afrikan, published in 2014. The major contribution of these thinks
consists in breaking with the image of a culturally homogeneous Africa, and from the point of view
of sexual practices, putting against the wall both the representations of an obsessively homophobic
Africa, perpetuated by LGBT global agendas, and of homosexuality as supposedly un-african,
disseminated by nationalist discourses of local religious groups. O QAR represents a decolonized
version of sexual dissidence, rethinking queer from the South.
Este texto entende refletir sobre as contribuições de autoras lésbicas para a produção da Teoria Queer e, particularmente, da Crítica Queer de cor (Queer of Color Critique). Partindo da consideração de Randy Conner para quem Gloria... more
Este texto entende refletir sobre as contribuições de autoras lésbicas
para a produção da Teoria Queer e, particularmente, da Crítica Queer de
cor (Queer of Color Critique). Partindo da consideração de Randy
Conner para quem Gloria Anzaldúa foi a primeira a usar o termo queer
no contexto da escrita acadêmica, podemos considerar uma outra gênese
do Queer, no campo das produções de autoras lésbicas não-brancas.
Mostraremos que a crítica Queer of Color tematiza, hoje, a importância
de coletivos lésbicos de cor e a maneira em que esses questionam as
políticas LGBT mainstream, particularmente, nos países centrais. A
chegada da teoria queer para o continente africano, também, revela o
protagonismo de mulheres lésbicas acadêmicas e ativistas.
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Resumo: A África está se delineando como um laboratório de produção de práticas teóricas, no campo do feminismo e das sexualidades dissidentes. O texto destaca as produções teóricas de uma jovem geração de africanos que problematiza as... more
Resumo: A África está se delineando como um laboratório de produção de práticas teóricas, no campo do feminismo e das sexualidades dissidentes. O texto destaca as produções teóricas de uma jovem geração de africanos que problematiza as normas sexuais nos diversos países da África. Do ponto de vista teórico, nos fundamentamos nas contribuições da primeira coletânea de teoria queer africana, o Queer African Reader, que reúne contribuições de estudiosos e militantes de vários países do continente. O maior aporte destas reflexões consiste em romper com a imagem de uma África homogênea, do ponto de vista cultural e das práticas sexuais, colocando, contra o muro, tanto a representação da África " obsessivamente " homofóbica, perpetuada pelos países ocidentais e pelas agendas LGBT globais, quanto a representação do caráter supostamente não-africano da homossexualidade, disseminada pelos discursos essencialistas e nacionalistas de grupos religiosos locais. Palavras-chave: dissidência sexual; gênero; identidade; interseccionalidade; teoria queer. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Abstract: Africa is presenting itself as a new lab of theoretical and practical productions in the field of feminism and sexual Dissidence. This text underlines the theoretical productions of a new generation of Africans, problematizing sexual norms in different African countries. From the theoretical point of view, we found our research on the Queer African Reader, the first volume collecting papers by academics and activists from different countries of the continent. The major contribution of these reflections consists in breaking the image of a homogenous Africa from cultural and sexual point of view, thus putting up against the wall both the representation of an obsessively homophobic Africa, perpetuated by western countries and the global LGBT agendas, and the representation of a supposedly un-African character of homosexuality, disseminated by essentialist and nationalistic discourses of local religious leaders.
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Resumo: Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer no contexto brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar esta recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e... more
Resumo: Este texto pretende analisar os desafios do trânsito da teoria queer no contexto brasileiro e do chamado Sul global. Como pensar esta recepção sem repetir a oposição entre um Norte central e produtor, e um Sul periférico e receptor? É nossa hipótese que a Crítica Queer of Colour poderia facilitar este trânsito, permitindo um diálogo não hegemônico entre as produções do " Sul do Norte " e as do " Sul do Sul ". Considerando as questões de gênero e sexualidades enquanto inseparáveis da história pós/neocolonial do ocidente (racismo, imigração, imperialismo, neoliberalismo, xenofobia), a teoria Queer of Colour constitui uma voz radical que se opõe ao conformismo de muitos grupos LGBT, na maioria dos países centrais. Analisaremos, nesta apresentação, as principais categorias prático-teóricas elaboradas no seio da teoria Queer of Colour, principalmente, as de nacionalismo sexual, homonacionalismo e de homonormatividade, com as quais se pretende contestar a identificação de grande parte da comunidade homossexual dos países ocidentais com os valores do conformismo neoliberal e do consumismo burguês. Introdução Nos preocupamos hoje com o as viagens e o trânsito da teoria queer para o Sul global e com os efeitos políticos e epistemológicos que este termo e seu conteúdo teórico, associados com os interesses das comunidades LGBT do Norte, produzem, ao globalizar projetos imperialistas e neoliberais do mundo ocidental. A chegada da teoria queer para a América Latina e, particularmente, para o Brasil, é lida, em muitos casos, como reprodução de um colonialismo epistemológico e discursivo que impõe quadros teóricos elaborados no Norte e, como tais, distantes de experiências e exigências dos contextos para os quais tais teorias são exportadas. A teoria queer norte-americana e europeia parece pouco ou nada se interessar com as questões raciais, de classe, ou com a história colonial e seus efeitos atuais que atingem sujeitos e identidades nos contextos latino-americanos e brasileiro. A partir uma perspectiva descolonizada, tais questões são, ao contrário, cruciais. Uma visão do queer unicamente centrada na dissidência sexual e de gênero não daria conta do amplo leque de " opressões multifacetadas e simultâneas " , (COMBAHEE RIVER COLLECTIVE, 1977), que uma epistemologia crítica e descolonizada não pode deixar de analisar. A este propósito, a socióloga baiana Ângela Figueiredo aponta para esta ausência de discussão sobre as desigualdades raciais em grande parte da produção teórica queer que chega ao Brasil. Segundo esta autora, uma tal ausência dificulta o diálogo desta produção com a realidade sócio
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