Crítica Queer of Color
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Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio... more
Guerras culturais e novos imperialismos em contextos africanos: o trânsito da teoria Queer em meio ao novo conservadorismo cristão (Guerras culturales y nuevos imperialismos en contextos africanos: el tránsito de la teoría Queer en medio del nuevo conservadurismo cristiano) (Cultural wars and new imperialisms in African contexts: the transit of Queer theory amid the new Christian conservatism) RESUMO: A chegada da teoria queer para os contextos do Sul Global e, em particular, para o continente africano, é muitas vezes enxergada como a reprodução do neoimperialismo e como um novo braço do colonialismo. Gênero e sexualidade estariam, assim, se tornando veículos de exportação da modernidade ocidental, através das agendas da "Internacional Gay", (MASSAD, 2007), com suas lógicas salvacionistas e homonacionalistas. Outras estratégias neoimperialistas estão, porém, em jogo na contenda do continente africano e na disputa sobre a existência da dissidência sexual em muitos países da África. Trata-se dos novos fundamentalismos religiosos, de matriz evangélica neopentecostal que, nas últimas décadas, assumiram um papel preponderante no alastramento de medidas repressivas e de formas de violência contra pessoas sexualmente dissidentes em vários lugares da África. Novas pesquisas inquietantes apontam para o massivo envolvimento da direita cristã norte-americana nas vicissitudes internas de Uganda, Nigéria e de outros países africanos, através da exportação e da "globalização das guerras culturais", (KAOMA, 2009), cujos efeitos pesam violentamente sobre as comunidades LGBTI+ nessas regiões. Tais conclusões nos ajudam a fortalecer a rejeição de discursos que tipificam a "homofobia africana" como uma "história única" (MACHARIA, 2010; NDASHE, 2013) e a desconstruir a retórica homonacionalista da oposição entre o Ocidente supostamente moderno e progressista e a África tradicional, violenta e pré-moderna. PALAVRAS-CHAVE: Contextos africanos; dissidência sexual; conservadorismo cristão; homonacionalismo; neoimperialismo. Abstract: The arrival of queer theory to the contexts of the southern hemisphere and, particularly, to Africa, is often seen as the reproduction of neo-imperialism and as a new arm of colonialism. Gender and sexuality would thus have become export vehicles of Western modernity through the agendas of the "Gay International" (MASSAD, 2007), with its salvationist and homonationalist logics. Other neo-imperialist strategies are, however, at stake in the African continent's strife and in the dispute over the existence of sexual dissidence in many African countries. These are new
Resumo: Partindo da simbologia do angorô na obra Ponciá Vicêncio (2003) da autora negra brasileira Conceição Evaristo, discutiremos a possibilidade de transgressão ou transcendência de categorias binárias de gênero características do... more
Resumo: Partindo da simbologia do angorô na obra Ponciá Vicêncio (2003) da autora negra brasileira Conceição Evaristo, discutiremos a possibilidade de transgressão ou transcendência de categorias binárias de gênero características do mundo moderno ocidental (OYEWÙMI, 1997). Essa temática está presente no romance desde as primeiras páginas quando nos deparamos com o imaginário afrodescendente da possibilidade de troca de sexo/gênero, caso a protagonista passasse debaixo do angorô, ou arco-íris, que é a representação do orixá Oxumaré. Tais elementos presentes na obra, somados à análise das relações multifacetadas entre mulheres negras e homens negros no romance, assim como pela forma que Ponciá Vicêncio percebe o que é ser mulher negra/pobre e o que é ser homem negro/pobre em diferentes momentos da narrativa nos permitem expor e desenvolver um debate interseccional. Num campo extraliterário, a comunicação propõe uma reinterpretação do arco-íris usado como bandeira do movimento LGBTTQI descolonizando-o, isto é, desestabilizando-o enquanto símbolo de um movimento "gay" hegemônico embranquecido e ressignificando-o como herança afrodiaspórica, visibilizando negrxs dissidentes sexuais e de gênero tão comumente apagadxs dentro e fora do movimento LGBTTQI.