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  • Sambista, antropólogo e professor. Pesquisador Orientador do Observatório de Carnaval e Associado ao RISU - Núcleo de Estudos Ritual e Sociabilidades Urbanas, ambos da UFRJ onde cursa o Doutorado em Antropologia no PPGSA/IFCS. Mestre em Ciências Sociais pela PUC-Rio e Licenciado em Ciências Socia... moreedit
Esta dissertação entende que o conflito é inerente a ordem social, sendo sempre uma possibilidade analítica das tensões constitutivas de cada sociedade ou grupo social. Desta forma, partindo da análise situacional do corte de verbas feito... more
Esta dissertação entende que o conflito é inerente a ordem social, sendo sempre
uma possibilidade analítica das tensões constitutivas de cada sociedade ou grupo social. Desta forma, partindo da análise situacional do corte de verbas feito pela prefeitura na gestão Marcelo Crivella para realização dos desfiles das escolas de samba do carnaval carioca; pretendo descrever a dinâmica do processo entre estas agremiações comunitárias e recreativas e os poderes com quem se relaciona. As escolas de samba conquistaram a hegemonia da folia no carnaval carioca ao longo do século XX através de negociações e mediações junto, sobretudo, ao poder público e a imprensa até suplantar outras formas existentes de organização carnavalesca. Beneficiaram-se de um processo político e social de construção de uma identidade nacional onde o samba cumpriu destacada papel integrador. Seus desfiles rituais-competitivos transformaram-se em um grande espetáculo turístico e comercial. Hoje estas agremiações são representadas por uma entidade marcada pela atuação da cúpula do jogo do bicho do estado do Rio de Janeiro que organiza a festa em cogestão com o poder público municipal. Assim, o desfile das escolas de samba
do Rio de Janeiro constitui-se também em um espaço de mediação entre duas formas de poder: um poder constitucional e republicano e um poder ligado a atividade da contravenção penal representado pela LIESA. A prefeitura, ente do poder público
responsável pelos desfiles, foi um parceiro importante para consolidação dos desfiles e sua transformação em um espetáculo internacionalmente reconhecido. O corte de verbas para sua realização, executado por um prefeito que teve o apoio da LIESA nas eleições, é uma oportunidade privilegiada para elucidar a relação entre cultura e política na cidade do Rio de Janeiro através do fenômeno das escolas de samba.
Este breve ensaio tem como objetivo analisar a trajetória de uma escultura carnavalesca, mobilizada em narrativas distintas e por diferentes agremiações. A partir do processo de reaproveitamento de materiais na confecção dos desfiles das... more
Este breve ensaio tem como objetivo analisar a trajetória de uma escultura carnavalesca, mobilizada em narrativas distintas e por diferentes agremiações. A partir do processo de reaproveitamento de materiais na confecção dos desfiles das escolas de samba da série A do Rio de Janeiro, acompanhamos o recente caso de reaproveitamento de uma escultura alegórica em suas diversas aparições, conhecida no universo do carnaval como Madre Teresa de Calcutá. Assim, damos luz a capacidade de ressignificação que um mesmo objeto ganha em desfiles diferentes. Amparados pelo processo ritual de vida e morte das alegorias proposto por Cavalcanti (2012), acreditamos que essa prática de reaproveitamento de materiais contribui para sua manutenção.
No presente trabalho, o objetivo é discutir a relação entre o samba, pensado aqui como gênero musical mas também como um sistema cultural que envolve um complexo de saberes, práticas e representações; e as religiosidades, sobretudo... more
No presente trabalho, o objetivo é discutir a relação entre o samba,
pensado aqui como gênero musical mas também como um sistema cultural
que envolve um complexo de saberes, práticas e representações; e as
religiosidades, sobretudo evangélicas e neopentecostais. Através de uma
pequena revisão bibliográfica o ensaio pretende questionar a ideia de uma
identidade monolítica e totalizante em uma sociedade heterogênea onde os
sujeitos participam de construções plurais e diversas.
Este ensaio é uma revisão bibliográfica introdutória sobre o sambódromo do carnaval carioca.Este fica na área central da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma avenida, uma rua, um lugar específico que demarca na memória coletiva o... more
Este ensaio é uma revisão bibliográfica introdutória sobre o sambódromo
do carnaval carioca.Este fica na área central da cidade do Rio de Janeiro.
Trata-se de uma avenida, uma rua, um lugar específico que demarca na
memória coletiva o lugar privilegiado dos desfiles das escolas de samba na
cidade. Este espaço tem funcionamento reduzido durante a maior parte do
ano, servindo apenas como cruzamento entre ruas próximas e eventualmente
para alguns eventos artísticos específicos. Durante o carnaval é acionado como
o palco iluminado de um espetáculo quase centenário e internacionalmente
reconhecido. No período carnavalesco o sambódromo se torna um espaço
que não está imerso na vida cotidiana, da sua normalidade, mas sim em
uma dimensão espaço temporal diferenciada. Ritualiza-se. Proponho neste
breve ensaio uma discussão inicial cujos principais objetivos são entender
a relação de espaço eo universo das escolas de samba, concebendo o desfile
como uma prática ritual e a construção do Sambódromo como um marco.
As Escolas de samba do Rio de Janeiro são agremiações recreativas que surgiram no início do século XX. Surgiram como formas de expressão da diáspora africana articulando saberes e práticas de matriz afro-brasileira e incorporando... more
As Escolas de samba do Rio de Janeiro são agremiações recreativas que surgiram no início do século XX. Surgiram como formas de expressão da diáspora africana articulando saberes e práticas de matriz afro-brasileira e incorporando elementos típicos de outras formas de organização carnavalesca existente à época. Pretendo analisar as escolas de samba enquanto espaço de construção de sujeitos, práticas e representações sociais cotidianas. Compreendo aqui as escolas de samba enquanto espaços sociais tal qual como preconizado por Pierre Bourdieu, ou seja, um espaço relacional onde os sujeitos ocupam posições distintas e hierarquizadas de acordo com os capitais incorporados por cada um. Para isso este trabalho irá discutir a noção de mediação cultural explorando seus limites a partir da figura do carnavalesco e sua afirmação no carnaval carioca através de uma revisão bibliográfica. Se tratando das escolas de samba, a hipótese que norteia esse projeto é a de que os carnavalescos, profissionais legitimados por seu capital cultural e simbólico através do diploma, se tornam os responsáveis pela produção de bens culturais nesses espaços sociais e isso constituiria uma violência simbólica estruturante da reconfiguração dessas.