Skip to main content
Atraves da selecao de tres cartas escritas e encaminhadas ao Brasil por mulheres indigenas das etnias Terena, Guarani-Kaiowa e Guajajara, apresento as narrativas de desamparo e de coragem de mulheres que tiveram seus filhos e parentes... more
Atraves da selecao de tres cartas escritas e encaminhadas ao Brasil por mulheres indigenas das etnias Terena, Guarani-Kaiowa e Guajajara, apresento as narrativas de desamparo e de coragem de mulheres que tiveram seus filhos e parentes assassinados no processo de retomada das suas terras no Brasil. Discuto como essas mulheres transformaram o medo em afetos de coragem (SAFATLE, 2015), pondo em evidencia os modos de producao dessas cartas, que hoje circulam em redes sociais e em diferentes portais de noticias nacionais e internacionais. Para tanto, analisarei a construcao do destinatario dessas correspondencias – o Brasil – e os modos como esses escritos podem ser lidos como manifestos politicos. Por fim, demonstro como essas mulheres estetizam o que significa esse desamparo e sao as actantes que melhor respondem a pergunta de que os indios tem medo? (CASTRO, 2011). A resposta dessas mulheres e o assunto central deste artigo. Abstract: Through the selection of three letters written and...
Outras formas de ler a literatura de autoria indígena no Brasil estão também presentes nos modos como os artistas indígenas criam suas artes visuais e nos convidam a pensar uma literatura que sempre esteve fora do livro, fora do lugar,... more
Outras formas de ler a literatura de autoria indígena no Brasil estão também presentes nos modos como os artistas indígenas criam suas artes visuais e nos convidam a pensar uma literatura que sempre esteve fora do livro, fora do lugar, expandida. Essas noções - literatura expandida (PATO, 2012), literatura fora do lugar (BRAVO, 2014), literaturas pós-autônomas (LUDMER, 2007) ou literatura fora de si (BRIZUELA, 2014) – são continuamente utilizadas hoje para tratar das artes relacionais e do modo como a literatura possui uma série de outras composições que a expande, criando paisagens e lugares inespecíficos para seus circuitos, ao mesmo tempo em que traduz o que seria sua presença neles. Mas quais são essas outras paisagens, essa presença, essas outras tecnias? Quais são as principais perspectivas teóricas e críticas que emergem da leitura dessas produções? Como pensar o/a indígena artista escritor/a? Para refletir essas questões, apresento e discuto como essa literatura vem sendo produzida pelos artistas visuais indígenas que hoje são referenciados no mercado das artes dentro e fora do Brasil.
ResumoEste artigo pretende informar e discutir questões concernentes ao ensino, pesquisa e políticas linguísticas no âmbito da escola indígena, a partir das ações realizadas pelo Núcleo Local do Observatório da Educação Escolar Indígena... more
ResumoEste artigo pretende informar e discutir questões concernentes ao ensino, pesquisa e políticas linguísticas no âmbito da escola indígena, a partir das ações realizadas pelo Núcleo Local do Observatório da Educação Escolar Indígena do território etnoeducacional Yby Yara, bem como das práticas de linguajamento produzidas no âmbito de outros espaços de atuação dos povos indígenas do Brasil. Numa primeira parte, apresentamos o que é a educação escolar indígena e o papel do professor indígena no sentido de contextualizar a reflexão sobre a complexidade dos discursos de identidade na escola indígena, tendo como foco a “retomada da língua Patxohã”, entre os Pataxó. No segundo momento, apresentamos outro exemplo de política linguística, baseado nos exercícios de linguajamentos presentes nos multiletramentos que atravessam as práticas escolares dos povos indígenas do Brasil.Palavras-chavePovos indígenas. Educação. Políticas linguísticas. Multiletramentos.
O foco deste artigo está em apresentar as principais interpretações, releituras e críticas produzidas por artistas indígenas quando convidadxs por grandes circuitos acadêmicos, culturais e artísticos no Brasil para falar sobre a... more
O foco deste artigo está em apresentar as principais interpretações, releituras e críticas produzidas por artistas indígenas quando convidadxs por grandes circuitos acadêmicos, culturais e artísticos no Brasil para falar sobre a presença/ausência dos indígenas no movimento modernista, maisespecificamente, para tratar do centenário da semana de arte moderna no Brasil. Para tanto, partimos das críticas feitas por esses artistas aos usos da antropofagia, à ideia de modernismo e vanguarda, para discutir os modos como suas artes, seus fazeres e experimentos apresentam outras propostas conceituais – a exemplo da ideia de Reantropofagia (BANIWA, 2019) e MaKunaimã (ESBELL, 2018) - que instauram seus lugares autorais, suas presenças, como referências urgentes às instituições que inventaram os índios e à projeção de novos imaginários sociais para ler o mundo.
Desde o início do processo de retomada das suas terras na Bahia, os povos indígenas produzem uma série de narrativas autoficcionais inscritas sem o registro de um único nome autoral, mas sob as rubricas da identidade coletiva de cada... more
Desde o início do processo de retomada das suas terras na Bahia, os povos indígenas produzem uma série de narrativas autoficcionais inscritas sem o registro de um único nome autoral, mas sob as rubricas da identidade coletiva de cada povo, de cada língua, de cada discurso de tradição. Literatura nativa, literatura indígena, literatura ameríndia, literatura oral, literatura marginal, que tipo de nome poderia ser dado às escrituras produzidas através da memória dos mais velhos, da performance do corpo do orador, dos mitos, dos causos e das canções que, segundo o povo Pankararé, é da autoria dos encantados? Interessa-me, nesta comunicação, pensar as artes de fazer desses grupos étnicos como exercício de uma inestética, tomando a noção de autoria dos encantados como um operador, para discutir o conceito de 'margem' inscrito nos moldes das escrituras coletivas dos povos Pataxó, Pankararé, Kiriri e Tupinambá.
Desde a promulgação dos seus direitos na Constituição de 1988, as assinaturas coletivas dos povos indígenas no Brasil são representativas de uma série de narrativas identitárias configuradas pelos próprios indígenas para dizerem quem são,... more
Desde a promulgação dos seus direitos na Constituição de 1988, as assinaturas coletivas dos povos indígenas no Brasil são representativas de uma série de narrativas identitárias configuradas pelos próprios indígenas para dizerem quem são, onde e como querem viver e como desejam ser vistos e respeitados. Há, no entanto, uma lacuna significativa na abordagem dessas textualidades quando pensadas como práticas (auto) biográficas, produzidas tanto no protagonismo coletivo dos povos em suas lutas políticas, quanto na emergência autoral do sujeito histórico indígena, no campo da crítica etnográfica e literária no Brasil. É na esteira desse cenário que pretendemos apresentar uma discussão sobre os povos indígenas em práxis biográficas e autobiográficas, analisando o que dizem as assinaturas coletivas, presentes nessas narrativas, e como os nomes próprios dos chamados índios no Brasil são construídos e significam em nome do grupo.
RESUMO São muitas as pesquisas que analisam cartas sobre os povos indígenas para uma compreensão crítica da história política e literária do Brasil. Nessas análises, as epístolas são tratadas como valorosos arquivos dos processos de... more
RESUMO São muitas as pesquisas que analisam cartas sobre os povos indígenas para uma compreensão crítica da história política e literária do Brasil. Nessas análises, as epístolas são tratadas como valorosos arquivos dos processos de criação dos seus autores, testemunhos de notórias situações identitárias e políticas e/ou documentos históricos/biográficos fundamentais para entendermos a nossa história. Todavia, há uma lacuna significativa nessas pesquisas e abordagens quando o indígena se torna o remetente das cartas, o autor desse tipo de texto, ou seja, quando a biografia, o testemunho ou o documento histórico foi produzido pelo próprio índio. Em 2013, elaboramos o projeto As cartas dos povos indígenas ao Brasil, tanto para discutir essa lacuna, quanto para criarmos o primeiro arquivo virtual e físico dessas correspondências - fundamentais hoje para apresentação de uma outra versão do Brasil, narrada e criada pela autoria dos povos indígenas. Neste artigo, analisaremos as especific...
As cartas que os indígenas escreveram para o Brasil nos últimos dez anos são uma tradução política e cultural da nossa história presente. Uma tradução que apresenta quem são os indígenas que escrevem cartas, ao mesmo tempo em que pergunta... more
As cartas que os indígenas escreveram para o Brasil nos últimos dez anos são uma tradução política e cultural da nossa história presente. Uma tradução que apresenta quem são os indígenas que escrevem cartas, ao mesmo tempo em que pergunta quem é o Brasil destinatário de suas correspondências, colocando em evidência situações próprias da ética desses escritos: 1. A cultura do enfrentamento, da repetição e da coragem; 2. O endereçamento para alguém que não está lá e o gesto do envio como uma política; 3. A carta como gesto utópico e os sentidos do bem viver no Brasil. O modo como essas cartas são escritas e postadas em diferentes redes socais na Internet ou divulgadas em páginas de organizações não-governamentais diz de um novo experimento cultural, político e literário, oferecido à sociedade brasileira pelos indígenas como uma ética para a vida que querem e precisam ter como povos originários. Neste artigo, pretendo tratar dessas situações retomando trechos de cartas escritas pelos i...
Através da seleção de três cartas escritas e encaminhadas ao Brasil por mulheres indígenas das etnias Terena, Guarani-Kaiowá e Guajajara, apresento as narrativas de desamparo e de coragem de mulheres que tiveram seus... more
Através  da  seleção  de  três  cartas  escritas  e  encaminhadas  ao  Brasil  por mulheres indígenas das etnias Terena, Guarani-Kaiowá e Guajajara, apresento as narrativas de desamparo e  de  coragem  de  mulheres  que  tiveram  seus  filhos  e  parentes  assassinados  no  processo  de retomada  das  suas  terras  no  Brasil.  Discuto  como  essas  mulheres  transformaram  o  medo  em afetos de coragem (SAFATLE, 2015), pondo em evidência os modos de produção dessas cartas, que hoje circulam em redes sociais e em diferentes portais de notícias nacionais e internacionais. Para tanto, analisarei a construção do destinatário dessas correspondências –o Brasil –e os modos como esses escritos podem ser lidos como manifestos  políticos. Por fim, demonstro como essas mulheres  estetizam  o  que  significa  esse  desamparo  e  são  as  actantes  que  melhor  respondem  à pergunta de que os índios têm medo? (CASTRO, 2011). A resposta dessas mulheres é o assunto central deste artigo.
Resumo: Neste artigo pretendo analisar e discutir as formas de representação do ciborgue brasileiro, presentes no romance Santa Clara Poltergeist, de Fausto Fawcett. Para tanto, apresento os formatos que a narrativa de Fawcett assume ao... more
Resumo: Neste artigo pretendo analisar e discutir as formas de representação do ciborgue brasileiro, presentes no romance Santa Clara Poltergeist, de Fausto Fawcett. Para tanto, apresento os formatos que a narrativa de Fawcett assume ao ficcionalizar a situação tecnológica do Brasil para além do papel reativo de exclusão e apagamento social, mas fazendo valer a força antropofágica da escrita high-tech nas ditas periferias do capitalismo.
RESUMO: Neste artigo discuto a noção de correspondência como práxis política para autoformação do pesquisador em campo, analisando como a escrita de cartas promove o descentramento do eu-remetente-destinatário, na maneira como,... more
RESUMO: Neste artigo discuto a noção de correspondência como práxis política para autoformação do pesquisador em campo, analisando como a escrita de cartas promove o descentramento do eu-remetente-destinatário, na maneira como, forçosamente, tanto quem escreve, quanto quem lê essa narrativa é autoconvocado para uma conversa sobre a própria interlocução na presença/ausência do outro ou na representação/tradução de si. Para tanto, retomo uma carta que escrevi para auto/etno/biografar as experiências vividas em campo, desde o começo da minha atuação como professora de Língua Portuguesa e Literatura, no Programa de Formação de Professores Indígenas na Bahia. Palavras-chaves: Cartas, povos indígenas, alteridade. ABSTRACT: In this article I discuss the notion of correspondence as a political praxis for the self-training of the investigator in the field, examining how writing letters may promote the decentralization of the self-sender-recipient, as it necessarily entices both the one who writes and the one who reads the narrative of the letter for a chat about their own dialogue on the presence / absence of the other or in the representation / translation itself. Therefore, I present a letter that I wrote aiming at auto/etno/biographing field experiences, from the beginning of my work as a teacher of Portuguese Language and Literature in the Indigenous Teacher Education Program in Bahia.
When considering indigenous people in Brazil, both in academic and non-academic settings, the individuals' names are almost always ignored for the sake of representing their collectivity as communities, as Peoples. Discussing... more
When considering indigenous people in Brazil, both in academic and non-academic settings, the individuals' names are almost always ignored for the sake of representing their collectivity as communities, as Peoples. Discussing autobiographies or indigenous biographies is still an uncommon endeavor, even in our field of Letters/Liberal Arts or in Indigenous Ethnology. However, since the beginning of the process of reclaiming the lands that once belonged to them, the indigenous Peoples have been producing autobiographical narratives, demonstrating how this genre of text production-traditionally linked to the development of the Western individual-can constitute and be appropriated in different Amerindian translations. It is from this perspective that I intend to present a discussion about those text productions, analyzing what their collective signatures express, and how their proper names are constructed and signified on behalf of the group.
RESUMO São muitas as pesquisas que analisam cartas sobre os povos indígenas para uma compreensão crítica da história política e literária do Brasil. Nessas análises, as epístolas são tratadas como valorosos arquivos dos processos de... more
RESUMO São muitas as pesquisas que analisam cartas sobre os povos indígenas para uma compreensão crítica da história política e literária do Brasil. Nessas análises, as epístolas são tratadas como valorosos arquivos dos processos de criação dos seus autores, testemunhos de notórias situações identitárias e políticas e/ou documentos históricos/biográficos fundamentais para entendermos a nossa história. Todavia, há uma lacuna significativa nessas pesquisas e abordagens quando o indígena se torna o remetente das cartas, o autor desse tipo de texto, ou seja, quando a biografia, o testemunho ou o documento histórico foi produzido pelo próprio índio. Em 2013, elaboramos o projeto As cartas dos povos indígenas ao Brasil, tanto para discutir essa lacuna, quanto para criarmos o primeiro arquivo virtual e físico dessas correspondências-fundamentais hoje para apresentação de uma outra versão do Brasil, narrada e criada pela autoria dos povos indígenas. Neste artigo, analisaremos as especificidades de algumas dessas correspondências, discutindo a carta como suporte utilizado pelos indígenas para uma conversação com o Brasil, o próprio Brasil enquanto destinatário dessas correspondências e os modos de construção da autoria coletiva entre os indígenas, ensejando, assim, uma política linguística/identitária muito própria. Palavras-chave: cartas; povos indígenas; autoria. ABSTRACT There are many studies that analyze letters about indigenous peoples for a critical understanding of Brazil's political and literary history. In these analyzes, the epistles are treated as valuable archives for the creative processes of their authors, testimonies of notorious identity and political situations or historical/biographical documents foundational to understand our history. However, there is a significant gap in these researches and approaches when the indigenous becomes the sender of the letters, the author of this type of text, that is, when the biography, testimony or historical document was produced by the indigenous himself. In 2013, we prepared the project The Letters of Indigenous Peoples to Brazil to discuss this gap and to create the first virtual and physical archive of these correspondences-fundamental for the presentation of another view from Brazil, narrated and created by authorship of indigenous peoples. In this article we will analyze the specificities of some of these correspondences, discussing the letter as a support used by the natives for a conversation with Brazil, Brazil itself as the recipient of these correspondences and the ways of constructing collective authorship among the natives, which envisages a particular language policy and identity politics.
Apresento os caminhos para a criação do arquivo digital público das cartas produzidas pelos povos indígenas nos últimos quinze anos e encaminhadas ao Brasil. Além de discutir os modos de seleção dessas correspondências, que hoje circulam... more
Apresento os caminhos para a criação do arquivo digital público das cartas produzidas pelos povos indígenas nos últimos quinze anos e encaminhadas ao Brasil. Além de discutir os modos de seleção dessas correspondências, que hoje circulam nas redes sociais e em portais de notícias dentro e fora do país, analisarei também a construção desse destinatário-o Brasil-e os modos como essas cartas podem ser lidas como manifestos políticos e/ou como escritos biográficos, que ativam questões para uma compreensão dos usos coletivos desse tipo de texto entre os indígenas. Por fim, explicarei como, com a montagem desse arquivo pretendo produzir uma discussão sobre o espaço autobiográfico, que vem sendo produzido por esses povos, para apresentara emergência autoral do sujeito histórico indígena na formação política/literária do Brasil.
Open Letter to the Brazilian Government about Indigenous Brazil and their Bem Viver