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  • Professor, escritor e pesquisador. É mestre em Teoria da Literatura pela PUCRS (2020), na área de literatura, históri... moreedit
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos... more
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos Delírios Domésticos (2017) e a obra infantil, A Arca de É (2015)
O fim da ditadura militar portuguesa através da Revolução dos Cravos anuncia o início de um novo período que se reflete não apenas em Portugal, mas sim em suas colônias, sobretudo em Angola e Moçambique, que passam a projetar seus... more
O fim da ditadura militar portuguesa através da Revolução dos Cravos anuncia o início de um novo período que se reflete não apenas em Portugal, mas sim em suas colônias, sobretudo em Angola e Moçambique, que passam a projetar seus processos de independência e construção de uma nação feita por e para africanos. Como resultado, cerca de meio milhão de portugueses são obrigados a abandonar suas casas em África e regressar para a Metrópole. Este trabalho tem por objetivo narrar sobre essas viagens retratadas na obra S.O.S Angola, da jornalista Rita Garcia. Como teóricos, utiliza-se uma introdução literária, do professor Carlos Reis e os conceitos de geometria da memória, dos pesquisadores António Souza Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro e de Diáspora, com Stuart Hall.  
RESUMO: Ambientado num contexto de guerra civil pós-independência angolana, o presente trabalho tem por objetivo a análise do conto Ynari: a menina de cinco tranças, do escritor Ondjaki. Com bastante desenvoltura, somos colocados diante... more
RESUMO: Ambientado num contexto de guerra civil pós-independência angolana, o presente trabalho tem por objetivo a análise do conto Ynari: a menina de cinco tranças, do escritor Ondjaki. Com bastante desenvoltura, somos colocados diante de uma narrativa simples, mas grandiosa em seu conteúdo. Ynari, nossa protagonista, é uma menina que gostava de passear perto de sua aldeia, ouvir os pássaros e sentar-se na margem do rio. Certo dia, em uma dessas andanças, encontrou um pequeno homem saído do capim. O elemento fabular aqui se encontra presente e nos leva a vermos a guerra pelo controle da nação renascida pelos olhos de uma criança. Para teorizar serão abordadas as teorias de Bruno Bettelheim, Robert Darnton e Elias Canetti.Palavras-chave: conto fabular; literatura angolana; guerra civil;
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos... more
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos Delírios Domésticos (2017) e a obra infantil, A Arca de É (2015).
O presente ensaio analisa a representação da memória e da identidade no romance Até que as pedras se tornem mais leves que a água (2017), de autoria do escritor português António Lobo Antunes. O romance é constituído sob a tensão entre... more
O presente ensaio analisa a representação da memória e da identidade no romance Até que as pedras se tornem mais leves que a água (2017), de autoria do escritor português António Lobo Antunes. O romance é constituído sob a tensão entre colonizador e colonizado e entre a dicotomia lembrar e esquecer. A narrativa de António Lobo Antunes aponta o colonialismo português como trauma que fragmenta a identidade e a existência tanto do colonizado, como do colonizador. O romance demonstra que as consequências do imperialismo ainda sobrevivem na sociedade portuguesa contemporânea. A literatura de António Lobo Antunes apresenta-se como discurso de memória que resgata os últimos capítulos do império colonial português.
RESUMO: O fim da ditadura militar portuguesa, pela Revolução dos Cravos, anuncia o início de um novo período, tanto para Portugal quanto para Angola. A possibilidade de independência de uma colônia subjugada e o respiro de uma democracia... more
RESUMO: O fim da ditadura militar portuguesa, pela Revolução dos Cravos, anuncia o início de um novo período, tanto para Portugal quanto para Angola. A possibilidade de independência de uma colônia subjugada e o respiro de uma democracia que renascia. Entretanto, para uma parcela considerável de portugueses que ocupavam territórios coloniais, o momento era incerto e uma retirada de emergência precisou ser realizada. Cerca de meio milhão de portugueses são obrigados a abandonar suas casas em África e regressar para a Metrópole. É a partir deste momento que o presente trabalho está estruturado. Escolhemos usar a obra S.O.S Angola, da jornalista Rita Garcia, pois, encontramos relatos de pessoas que narraram suas experiências traumáticas e elas dialogam com as teorias de António Souza Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro e Stuart Hall, por exemplo. ABSTRACT: The end of the portuguese military regime, by the Revolução dos Cravos, announces the beginning of a new period for both Portugal and Angola. The possibility of independence from a subjugated colony and the breath of a democracy that was being reborn. However, for a considerable portion of the Portuguese who occupied colonial territories, the time was uncertain and an emergency withdrawal had to be carried out. About half a million Portuguese are forced to leave their homes in Africa and return to the metropolis. It is from this moment that the present work is structured. We chose to use the work S.O.S Angola, by the journalist Rita Garcia, because we found reports of people who narrated their traumatic experiences and they dialogue with the theories of António Souza Ribeiro and Margarida Calafate Ribeiro and Stuart Hall, for example. KEYWORDS: Retornados; Portuguese literature; Comparative literature. Quem constrói a casa não é quem a ergueu mas quem nela mora (Mia Couto). A noção de África enquanto continente homogêneo limitou, por muito tempo, qualquer consideração, seriamente embasada, de modo científico e intelectual em relação ao continente africano e sua população. Essa ideia pré-concebida pelas nações europeias colonizadoras serviu de embasamento para diferenciações e classificações étnico-raciais, com repercussões politico-econômicas que justificaram a exploração europeia, a qual era considerada uma atividade civilizatória. Saindo do plano macro e caindo no micro, atentemos ao caso português que é antigo, diferente dos seus vizinhos ingleses e franceses, por exemplo, que voltaram seus olhos para a 1 Mestre em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. .
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos... more
Ana Margarida de Carvalho, autora do livro Não se pode morar nos olhos de um gato, lançado em 2018, pela editora Dublinense. Possui três outras obras, ainda não publicadas no Brasil, são elas: Que importa a fúria do Mar (2013), Pequenos Delírios Domésticos (2017) e a obra infantil, A Arca de É (2015).
RESUMO: Ambientado num contexto de guerra civil pós-independência angolana, o presente trabalho tem por objetivo a análise do conto Ynari: a menina de cinco tranças, do escritor Ondjaki. Com bastante desenvoltura, somos colocados diante... more
RESUMO: Ambientado num contexto de guerra civil pós-independência angolana, o presente trabalho tem por objetivo a análise do conto Ynari: a menina de cinco tranças, do escritor Ondjaki. Com bastante desenvoltura, somos colocados diante de uma narrativa simples, mas grandiosa em seu conteúdo. Ynari, nossa protagonista, é uma menina que gostava de passear perto de sua aldeia, ouvir os pássaros e sentar-se na margem do rio. Certo dia, em uma dessas andanças, encontrou um pequeno homem saído do capim. O elemento fabular aqui se encontra presente e nos leva a vermos a guerra pelo controle da nação renascida pelos olhos de uma criança. Para teorizar serão abordadas as teorias de Bruno Bettelheim, Robert Darnton e Elias Canetti. Palavras-chave: conto fabular; literatura angolana; guerra civil; 1 A estrutura do conto Vês? Às Vezes uma coisa pode ser tão grande (ONDJAKI). Desde o princípio, o homem sempre procurou explicações para os fenômenos compreensíveis e incompreensíveis. Uma vez entendidos, precisavam ser transmitidos. Nascia assim o conto. Manifestado, primeiramente de forma oral, era ele o responsável por perpetuar o entendimento e o ensinamento entre o povo que estava inserido. Antes de entrar na análise do conto, é necessário levantar alguns aspectos presentes na obra: o primeiro deles é o tom fabular que aproxima a narrativa daquelas escritas entre os séculos XVIII e XIX, por Charles Perrault, os irmãos Grimm, ou mesmo Hans Christian Andersen. Contendo uma narrativa curta, diferente do romance, apresenta certa linearidade e unidade estrutural. Para acontecer, é necessário se construir uma história focada em um conflito básico e apresentar, ao longo de seu desenvolvimento, a resolução do mesmo problema. Não obstante, ele deve ter um tom moralizante e instrutivo. Além de estar enraizado na cultura daqueles que o transmitem. Visões de mundo não podem ser descritas da mesma maneira que acontecimentos políticos, mas não são menos reais [...]. O próprio senso comum é uma elaboração social da realidade [...]. Longe de ser a invenção arbitrária de uma imaginação coletiva, expressa a base comum de uma determinada ordem social1.
Research Interests:
José Eduardo Agualusa, em Barroco Tropical, declarou que a língua portuguesa era um “troféu de guerra”, pelo qual milhares de angolanos morreram durante a guerra de libertação. Pensando no sentido linguístico e em outros fatores, como na... more
José Eduardo Agualusa, em Barroco Tropical, declarou que a língua portuguesa era um “troféu de guerra”, pelo qual milhares de angolanos morreram durante a guerra de libertação. Pensando no sentido linguístico e em outros fatores, como na política e na cultura, encontramos uma problemática em torno da teoria pós-colonial. Ao falarmos em “pós-colonialismo”, abrimos espaço para a significação do duplo: a primeira ligada às sociedades que surgiram após a presença do colonialismo, e outra, que é foco, pensada a partir do processo de independência política que originou um novo período para a história e a literatura angolana. Pensando na terminologia do “após a libertação do colonialismo” enquanto definidora do processo de construção literária, temos a definição trazida pelo teórico e professor Russell G. Hamilton, que aproxima o sentido do processo criativo ligado à teoria de Walter Benjamin sobre o progresso e o anjo da história. Este último personificado pelos pós-colonialistas enquanto “encara o passado e caminha para o futuro”. Trata-se, em uma primeira conclusão não do apagamento do passado colonial, mas sim de viver com essa herança enquanto meio de construção do presente.