Itala M Vieira

This article seeks to discuss, within the scope of radio and audio media studies, how serendipity articulates discovery, memory and recognition, standing at the heart of current Music Streaming Platforms’ rhetoric and musical culture. Fortuitous discovery mobilizes affections and helps to build bonds (either with platforms or radio stations), representing a major role in music innovation and circulation. Combining a range of current Global South references with critical theories on media and memory, we address similarities and differences between music programming and curation on radio and streaming, refuting computer scientists’ ambition to engineer serendipitous experiences and highlighting that serendipity must be correlated with the listeners’ sociocultural background. We conclude that acknowledging the complexity of serendipity opens doors for thinking of critical issues concerning musical consumption, conditions of listening, identity, representation and audio media agency. Th...

This article brings the results of an investigation into the role of WhatsApp audio messages in the 2018 Brazilian presidential elections, proposing that instant voice messaging borrows elements from radio language. We started from a broader research, conducted by the Brazilian National Institute of Science and Technology in Digital Democracy (INCT.DD, in its Portuguese acronym), which identified a network composed of 220 WhatsApp groups – all of them with open-entry links – supporting six different candidates. Those groups put together thousands of anonymized profiles linked through connections to similar groups, configuring an extensive network. More than 1 million messages, including 98,000 audios, were gathered and downloaded during 2018 Brazilian electoral period (from June to October). We focused on eighteen audios with major circulation (totalling 3622 appearances) among the ones shared at least 100 times, which were extracted and analysed. The use of radio content analysis t...

Este artigo buscar debater o consenso historiográfico acerca da modernização do jornalismo brasileiro e uma história linear da imprensa nacional que, por vezes, se “esquece” de sua tradição literária, evidenciada no apagamento dos cadernos diários de cultura como parte da história dos jornais impressos. A partir de diálogo entre a noção de estratos do tempo de Koselleck (2006) e das considerações de Octavio Paz (1984) sobre rupturas na modernidade, analisamos o sentido dessas ausências e esquecimentos em registros historiográficos sobre o Jornal do Brasil e seu pioneiro e longevo caderno de cultura, o Caderno B (1960-2010), buscando apontar para uma rede textual e contextual mais ampla.

This paper analyzes the journalistic discourse in Brazilian newspaper Jornal do Brasil about the political events of 1968 in Brazil. Based on a survey of keywords in printed newspaper editions from February to June 2018 and on special material about the centenary and relaunch of Jornal do Brasil in 2018, this essay seeks to analyze how the newspaper uses time more than a news value, how it uses time as a validator of a desirable public image of the periodical that is anchored in a mythical past claimed by the newspaper in self-referential narratives at the present.

Num momento de transicao e de mudancasestruturais no jornalismo no Brasil e no mundo, este artigo propoe compreender o jornal impresso como umlugar de memoria da cultura do pais, produzindo sentidosque transcendem sua existencia material. Estas reflexoessao o ponto de partida para pesquisa sobre a formacaodo jornalismo cultural brasileiro, em estudo de caso doCaderno B do Jornal do Brasil, suplemento que circulou por50 anos (1960-2010), a partir das memorias de jornalistas,atores sociais desta jornada, articulando as interfacesentre os estudos de jornalismo, memoria e historia.

Este ensaio propõe analisar a relação do Jornal do Brasil, veículo impresso que circulou entre 1891 e 2010, com a cidade do Rio de Janeiro, a partir de discursos autorreferentes e de relatos de jornalistas, particularmente sobre os endereços da Avenida Rio Branco 110; e da Avenida Brasil 500. Como a cidade, que buscou se manter na vanguarda, polo cultural do país, o jornal construiu imagem associada a este capital simbólico.

This article brings the results of an investigation into the role of WhatsApp audio messages in the 2018 Brazilian presidential elections, proposing that instant voice messaging borrows elements from radio language. We started from a broader research, conducted by the Brazilian National Institute of Science and Technology in Digital Democracy (INCT.DD, in its Portuguese acronym), which identified a network composed of 220 WhatsApp groups – all of them with open-entry links – supporting six different candidates. Those groups put together thousands of anonymized profiles linked through connections to similar groups, configuring an extensive network. More than 1 million messages, including 98,000 audios, were gathered and downloaded during 2018 Brazilian electoral period (from June to October). We focused on eighteen audios with major circulation (totalling 3622 appearances) among the ones shared at least 100 times, which were extracted and analysed. The use of radio content analysis techniques pointed out strong evidence that audio messaging remediate radiophonic elements such as intimacy and colloquial language to accelerate disinformation campaigns.

O artigo analisa depoimentos sobre o Jornal do Brasil e seu suplemento cultural, o “Caderno B”, produzidos e reproduzidos em diferentes circunstâncias ao longo de décadas. Para isso, mobilizamos o conceito de nostalgia. Trata-se de um tipo específico de memória, caracterizado por certa maneira de apropriação do passado. Esta memória nostálgica dos profissionais de imprensa que lembram nos diz do presente, do contexto atual da lembrança, do momento que vive o jornalismo brasileiro. E nos diz também do lugar ocupado pelo JB como instituição na história da imprensa, como movimento de valorização e idealização do passado, que sustenta a áurea mítica e a importância do diário para muitos profissionais que nele trabalharam. A análise aponta que o que se valoriza no passado é um modo de fazer jornalismo, ancorado numa série de preceitos e valores hoje postos em xeque.

O artigo avalia a construção dos sentidos mobilizados em relação à figura do jornalista investigativo em produções cinematográficas, com o propósito de entender estas representações e de que modos interagem com os processos de construção da identidade jornalística. São analisadas duas produções hollywoodianas, baseadas em casos reais: Todos os homens do presidente, de 1976; e Spotlight, de 2015. Os filmes mobilizam estereótipos duradouros (credibilidade, neutralidade, heroísmo) sobre os jornalistas investigativos e a um dado reconhecimento de seu poder no espaço social. Além disso, essas narrativas apresentam-se, elas mesmas, como versões “neutras” e verídicas sobre os fatos que abordam, apagando os processos de seleção e edição – comuns ao jornalismo e ao cinema – e, no caso do segundo, o próprio contexto do jornalismo no século XXI. O referencial teórico-metodológico se apoia na análise de discurso textualmente orientada (Fairclough, 2001) e na semiologia dos discursos sociais (Pi...

O artigo analisa depoimentos sobre o Jornal do Brasil e seu suplemento cultural, o “Caderno B”, produzidos e reproduzidos em diferentes circunstâncias ao longo de décadas. Para isso, mobilizamos o conceito de nostalgia. Trata-se de um tipo específico de memória, caracterizado por certa maneira de apropriação do passado. Esta memória nostálgica dos profissionais de imprensa que lembram nos diz do presente, do contexto atual da lembrança, do momento que vive o jornalismo brasileiro. E nos diz também do lugar ocupado pelo JB como instituição na história da imprensa, como movimento de valorização e idealização do passado, que sustenta a áurea mítica e a importância do diário para muitos profissionais que nele trabalharam. A análise aponta que o que se valoriza no passado é um modo de fazer jornalismo, ancorado numa série de preceitos e valores hoje postos em xeque.

O artigo analisa depoimentos sobre o Jornal do Brasil e seu suplemento cultural, o “Caderno B”, produzidos e reproduzidos em diferentes circunstâncias ao longo de décadas. Para isso, mobilizamos o conceito de nostalgia. Trata-se de um tipo específico de memória, caracterizado por certa maneira de apropriação do passado. Esta memória nostálgica dos profissionais de imprensa que lembram nos diz do presente, do contexto atual da lembrança, do momento que vive o jornalismo brasileiro. E nos diz também do lugar ocupado pelo JB como instituição na história da imprensa, como movimento de valorização e idealização do passado, que sustenta a áurea mítica e a importância do diário para muitos profissionais que nele trabalharam. A análise aponta que o que se valoriza no passado é um modo de fazer jornalismo, ancorado numa série de preceitos e valores hoje postos em xeque.

Este artigo analisa o discurso jornalístico do Jornal do Brasil sobre os acontecimentos políticos de 1968 no Brasil, no ano de seu retorno às bancas. A partir de levantamento por palavras-chave nas edições impressas de fevereiro a junho de 2018, mais o material especial do centenário e do relançamento, busca-se analisar como o jornal lança mão do tempo para além de seu valor-notícia, como um validador de uma imagem pública desejável do periódico, ancorada em um passado mítico reivindicado pelo jornal em narrativas autorreferentes no presente.

O Jornal do Brasil mobiliza certa ideia de jornalismo singular, baseada em uma série de valores (independência, liberdade, ousadia, credibilidade), símbolos de um padrão almejado pela comunidade jornalística ressignificados numa longa duração por ações de memória fortemente marcadas pela nostalgia. A partir de narrativas sobre o ser e o fazer jornalístico, recorrentes tanto nas páginas do jornal como nas da história da imprensa – material que tem como fontes, ao fim e ao cabo, testemunhos de jornalistas –, a tomada do Jornal do Brasil como paradigma é analisada tendo em vista a profunda transformação do ethos jornalístico.