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Cláudio Seto

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cláudio Seto
Nome completo Chuji Seto Takeguma
Nascimento 22 de julho de 1944
Local Guaiçara, SP
Morte 15 de novembro de 2008 (64 anos)
Local Curitiba, PR
Nacionalidade brasileiro
Área(s) de atuação
Prêmios Prêmio Angelo Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional (1998)

Cláudio Seto, nascido Chuji Seto Takeguma (Guaiçara, 22 de julho de 1944[1]Curitiba,[2] 15 de novembro de 2008), foi um polímata brasileiro, descendente de japoneses, que se destacou nas áreas de artes plásticas (sendo um dos mais renomados desenhistas de quadrinhos no Brasil), poesia, fotografia, animação cultural e bonsaísmo.

Descendente de samurais,[3] Seto introduziu o estilo mangá nos quadrinhos brasileiros em 1967,[4] quando passou a trabalhar na Edrel, com as publicações O Samurai, Ninja - o Samurai Mágico e Ídolo Juvenil, onde publicou Flavo (inspirado em Astro Boy de Osamu Tezuka)[5] que tinham seu texto e desenhos.[6]

Em 1975, depois do fim da Edrel devido a censura ditatorial, Seto retornou a sua cidade natal, onde foi eleito vereador por duas gestões.

Atuou também como Onmyoji de uma seita Onmyōdō, atendendo pelo nome religioso de Onmyoji Seto Shamon,[7][8] seus conhecimentos foram mostrados no livro "Horóscopo Japonês", escrito em parceria com Minami Keizi, publicado no ano de 2008 em comemoração ao Centenário da imigração japonesa ao Brasil.[9]

Seu último livro foi Lendas trazidas pelos imigrantes do Japão, publicado pela Devir Livraria.[10]

O nome Cláudio Seto foi adotado por Chuji a fim de receber um diploma no curso primário. Na época, na escola rural de Jundiaí, no bairro do Engordadouro, não entregavam diploma para pagãos, e Chuji era budista. Chuji, e mais meia dúzia de nisseis que estudavam lá, foram devidamente catequizados como faziam com índios na época colonial.

Em 1967, começou a colaborar com a Edrel, e lá fundou o estúdio Seto Produções Artísticas e criou personagens inspirados no que se produzia no Japão daquela época, sobretudo pelo shojo (mangá para meninas) da artista Hideko Mizuno pelo gekigá (mangá para adultos) de Sanpei Shirato.[11]

Em 1978, Seto passou a fazer parte da Editora Grafipar de Curitiba, onde trouxe de volta sua personagem Maria Erótica, que era publicada pela Edrel,[12][13][14] republicou suas histórias de Samurai e voltou a desenhar mangás com seu Super-Pinóquio (outro personagem inspirado em Astro Boy), além de roteirizar Robô Gigante, ilustrado por Watson Portela[15] criou também a personagem de faroeste Katy Apache, uma brasileira criada entre índios apaches.[16] A ideia inicial era publicar o faroeste italiano Swea Otanka,[17] sobre uma índia loira descendente de vikings.[18] Seto se opôs e resolveu criar sua própria série protagonizada por uma mulher no faroeste.[17] Tal qual a personagem de Raquel Welch no filme de faroeste Hannie Caulder de 1971, Katy vestia apenas um poncho.[19]

Mesmo sendo reconhecido como um dos precursores do estilo mangá, Seto foi aconselhado a mudar de estilo, alguns de ser trabalhos foram inspirados em fotonovelas italianas e em artistas da Revista MAD.[11]

Foi conselheiro da Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações (Abrademi), na época de sua fundação em 1984, e depois foi presidente da unidade Paraná da mesma.[20]

Trabalhou nos jornais Tribuna do Paraná e O Estado do Paraná publicando charges, e no jornal Correio de Notícias publicando tiras.[21]

Claudio Seto faleceu vítima de AVC.[21]

Irmão gêmeo e viagem ao Japão

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Em entrevistas disponíveis na internet, Seto afirmava ter um irmão gêmeo e que esse se chamava Cláudio e que ambos teriam viajado constantemente ao Japão e que se revezavam na Edrel e na Grafipar, sem que ninguém percebesse; essa história do irmão gêmeo é considerada como uma piada do quadrinista, além de não ter confirmação sobre viagem ao Japão.[22]

Em julho de 2008, em virtude do centenário da imigração japonesa ao Brasil, Seto foi homenageado pelo Troféu HQ Mix, o troféu da edição 2008 da premiação foi baseado na revista O Samurai, publicada pela Edrel, nessa edição da premiação foram premiados os quadrinistas da editora Minami Keizi, Fernando Ikoma, os irmãos Paulo e Roberto Fukue e o animador e cartunista Ypê Nakashima (1926-1974), conhecido pelo filme animado Piconzé (1972). O premio foi recebido pelo filho, Itsuo Nakashima, que também atua como animador.[23]

Em 2010, surgiu em Curitiba o evento Seto Matsuri – Festival da Cultura Nipo-Brasileira e tributo ao multiartista Claudio Seto.[24] No ano seguinte foi lançado o documentário em DVD O Samurai de Curitiba, de Roberto Machado e José Carlos Padilha; na ocasião foi relançado o livro Ayumi - Caminhos Percorridos, escrito por Seto e Maria Helena Uyeda. O livro conta a história da imigração japonesa em Curitiba.[25]

Em 2015, Seto foi homenageado na graphic novel A Samurai de Mylle Silva (roteiro), Yoshi Itice, Vencys Lao, Guilherme Match, Mika Takahashi, Bianca Pinheiro, Herbert Berbert, Leonardo Maciel e Gustavo Borges (desenhos).[26]

Referências
  1. «Cláudio Seto». Quadrinhopédia. Consultado em 14 de abril de 2024 
  2. Morre em Curitiba o artista Cláudio Seto
  3. Sônia Luyten. hedra, ed. Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. 2001. São Paulo: [s.n.] 197 páginas. ISBN 9788587328175 
  4. «Samurai brasileiro». Consultado em 27 de julho de 2016. Arquivado do original em 7 de agosto de 2016 
  5. «Morre o quadrinista Cláudio Seto, pioneiro do mangá no Brasil». Portal G1. 18 de novembro de 2008 
  6. Marcelo Naranjo (13 de maio de 2009). «Álbum da Devir com HQs de Cláudio Seto está à venda». Universo HQ. Consultado em 18 de novembro de 2009 
  7. Entrevista: Claudio Seto
  8. Animencontros: o hibridismo cultural midiático como consequência do relacionamento na formação de novos costumes juvenis
  9. Minami Keizi. «Culutura Nippon». São Paulo: Editora Escala. Neo Tokyo (7). 59 páginas. ISSN 1890-1784 Verifique |issn= (ajuda) 
  10. Paulo Ramos (20 de junho de 2008). «Centenário da imigração japonesa pauta lançamentos de quadrinhos». UOL. Consultado em 21 de maio de 2010 
  11. a b Gian Danton (colaborou José Carlos Neves) (2 de maio de 2011). «Entrevista Claudio Seto - O Samurai Mágico da HQB (parte 2)». Bigorna.net 
  12. Gonçalo Junior (19 de dezembro de 2008). «Resenha Maria Erótica - Nova Fase». Universo HQ. Consultado em 18 de novembro de 2009 
  13. Gonçalo Junior (19 de dezembro de 2008). «Resenha Maria Erótica - Fantasia Adulta Em Quadrinhos # 1». Universo HQ. Consultado em 17 de novembro de 2009 
  14. Bia Moraes (13 de setembro de 2002). «Maria Erótica, a máquina do prazer». site do Jornal do Paraná. Consultado em 18 de novembro de 2009 
  15. Marcelo Naranjo (30 de novembro de 2015). «Os gibis que (quase) ninguém lembra mais». Universo HQ 
  16. Marco Aurélio Lucchetti (junho de 2011). «Katy Apache». Jornal do Cinema 
  17. a b Silva Junior, Gonçalo (2010). A Guerra dos Gibis 2: Maria Erótica e o Clamor do Sexo, Imprensa, Pornografia, Comunismo e Censura na Ditadura Militar, 1964/1985. [S.l.]: Peixe Grande. ISBN 978-8589601191 
  18. «pf comic Swea Otanka Episodes Petits Formats Comics Akim». www.comicbd.fr. Consultado em 3 de junho de 2024 
  19. José Salles (30 de julho de 2005). «Bang-bang Brasiliano». site Bigorna.net. português. Consultado em 18 de novembro de 2009 
  20. [1]
  21. a b Érico Assis (21 de Novembro de 2008). «Morre o quadrinista brasileiro Claudio Seto». Omelete 
  22. «Quando o erótico fez escola nas HQs». Diário do Nordeste. 22 de setembro de 2012 
  23. Sidney Gusman (17 de julho de 2008). «Universo HQ é octacampeão do HQ Mix; confira todos os premiados». Universo HQ 
  24. Mylle Silva (15 de Outubro de 2010). «Eventos: Seto Matsuri dias 06 e 07 de novembro». Tadaima Curítiba 
  25. Carlos Costa sobre release (15 de setembro de 2011). «Lançamento do curta O Samurai de Curitiba». HQManiacs 
  26. Review - A Samurai

Ligações externas

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