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    I. Fernando

    Keith Hart é um antropólogo que sempre desafiou os moldes da disciplina, tanto em seus formatos institucionais quanto em suas práticas de conheci-mento. A entrevista que publicamos neste número de Sociologia & Antropologia, realizada por... more
    Keith Hart é um antropólogo que sempre desafiou os moldes da disciplina, tanto em seus formatos institucionais quanto em suas práticas de conheci-mento. A entrevista que publicamos neste número de Sociologia & Antropologia, realizada por nós na ocasião de sua participação no Colóquio Novas Perspec-tivas em Etnografia Econômica, no Museu Nacional, em 2011, apresenta os múltiplos engajamentos, questionamentos e apostas de um antropólogo que encarna um momento da antropologia e do mundo, mas que o faz de forma extremamente singular, tanto por sua trajetória como por sua perspectiva e suas apostas intelectuais, que transcendem a antropologia enquanto discipli-na acadêmica. Conhecido como o autor que formulou o conceito de informalidade-e por esse motivo reconhecido fora dos círculos antropológicos-, Hart inicia-se na etnografia na década de 1960 na recém-independente Gana. Orientado por Jack Goody, pertence a uma geração de antropólogos que observa e participa de um mundo em transformação, produto da descolonização e da consolidação do "capitalismo de Estado" (Hart, 1992). 1 Geração que produzirá uma renovação da antropologia britânica, não sem conflitos, com figuras de referência tais como Meyer Fortes e Evans-Pritchard. A entrevista ilumina essas tensões ge-racionais de forma primorosa. Originário dos setores populares de Manchester, Keith Hart carrega o orgulho de quem chegou por seu próprio mérito na tradicional Cambrigde-primeiro na escola, depois na universidade-, mas também guarda as marcas deixadas pelo sacrifício necessário para estar e se manter nesse espaço de