Skip to main content

Gilson J O S É Rodrigues Jr.

IFRN, Pau dos Ferros, Faculty Member
Explora as consequências do produtivismo acadêmico exacerbado, destacando os impactos adversos na saúde mental dos acadêmicos, com um enfoque particular nos desafios enfrentados por acadêmicos negros e outros grupos marginalizados. O... more
Explora as consequências do produtivismo acadêmico exacerbado, destacando os impactos adversos na saúde mental dos acadêmicos, com um enfoque particular nos desafios enfrentados por acadêmicos negros e outros grupos marginalizados. O texto é uma crítica veemente não apenas à pressão insustentável por produção contínua de resultados acadêmicos mas também às estruturas raciais e coloniais que sustentam tais práticas.

mpactos e Críticas do Produtivismo:
A crítica ao produtivismo se desdobra em duas frentes principais:

Saúde Mental: A pressão por produtividade leva a problemas como ansiedade, depressão e burnout. Acadêmicos negros e de grupos minoritários enfrentam estresses adicionais devido a dinâmicas raciais e etnocêntricas que intensificam esses efeitos.
Desigualdades Raciais: O produtivismo acadêmico é entrelaçado com práticas coloniais e racistas, desfavorecendo significativamente intelectuais de grupos racializados através de estruturas de poder opressivas.
“Logo cedo, crianças brasileiras aprendem nas escolas que o Brasil foi proclamado independente de Portugal em 1822, segundo a narrativa oficial, por meio de D. Pedro I, o qual teria gritado às margens do rio Ipiranga: Independência ou... more
“Logo cedo, crianças brasileiras aprendem nas escolas que o Brasil foi proclamado independente de Portugal em 1822, segundo a narrativa oficial, por meio de D. Pedro I, o qual teria gritado às margens do rio Ipiranga: Independência ou morte”. Esta é, sem dúvidas, uma narrativa conhecida pela maioria das pessoas após aprender na educação formal brasileira. A despeito de se poder, acertadamente, questionar tal mito de origem, a primeira pergunta que pode ser feita é: Independência para quem?  Dentre os elementos para a construção de Estado-Nação, destaco, aqui, a criação das bandeiras nacionais, totens por meio do qual um povo deve ser reconhecido, tal qual os hinos nacionais, línguas, etc. Símbolos que contam “histórias únicas”, como aponta Chimamanda Ngozi Adichie (2019), isto é, uma história que explicita certos aspectos de uma pessoa, grupo ou sociedade, e invisibiliza outros, os estigmatizam. Tudo isso para se conceber uma “alma nacional”, como destacado por Anne-Marie Thiesse (1999). A bandeira do Brasil por meio de suas cores, além de indicar uma continuação entre o Brasil Império– cuja bandeira foi criada em 1822 - para o começo de sua fase republicana, em 1889 quando o símbolo da família imperial é substituído pela frase “Ordem e Progresso” – uma evidente alusão ao pensamento positivista de Auguste Comte, como bem destaca o estudioso José Murilo de Carvalho (2008). Ainda no sentido de compreender os símbolos nacionais a partir de uma construção hegemônica que se propõe a uma imagem homogeneizada de vários povos, gostaria de destacar que isto está diretamente ligado a um “etnocentrismo moderno” (RODRIGUES JR, 2019). Dito isto, quero retomar um importante diálogo entre o Achile Mbembe ([2003] 2018) e Aimé Césaire ([1955] 2020), quando o primeiro vai apontar para a necropolítica como construto fundamental do advento de Ocidente Moderno, a partir das ideias do segundo de que, por exemplo, o nazismo, com toda sua exaltação de uma suposta superioridade ariana, seria fruto da própria invenção de Ocidente.
A partir do diálogo – ou encruzilhamentos – entre questões suscitadas a partir da pesquisa desenvolvida entre o Brasil e o Senegal e, sobretudo, apontamentos feitos por estudiosas e estudiosos negras e indígenas, pretende-se levantar a... more
A partir do diálogo – ou encruzilhamentos – entre
questões suscitadas a partir da pesquisa
desenvolvida entre o Brasil e o Senegal e,
sobretudo, apontamentos feitos por estudiosas e
estudiosos negras e indígenas, pretende-se levantar
a seguinte questão: o que ocorre com os espaços
constituídos pela e para a lógica da modernidade
ao serem disputados e ocupados por pessoas e
grupos que, dentro de perspectivas hegemônicas,
sempre ocuparam “tradicionalmente” lugares
marginais e periféricos? Neste sentido, proponhome
a pensar a partir do conceito de corpos-nãomodernos
para refletir acerca de práticas contrahegemônicas,
presentes no cotidiano da população
senegalesa, e de como estas estão calcadas em
cosmovisões e princípios epistêmicos que não se
adequaram ao processo civilizatório da
modernidade. Fugindo de qualquer
homogeneização, ou análise comparativa, que vise
englobar os povos africanos, afrodiaspóricos e
indígenas, buscou-se, contudo, apontar para os
efeitos transformadores destes espaços tidos como
modernos, ocidentais, colonialistas e supremacistas
brancos, quando são simbólica e territorialmente
disputados por “outros” corpos epistêmicos,
atravessados por trajetórias históricas e políticas
contra-hegemônicas. Estas se mostram resistentes
em sua permanência existencial, histórica e política,
mesmo diante de práticas epistêmicas que visam a
manutenção de certas hierarquizações e
desigualdades, as quais, se fazem fortemente
presentes nas ações humanitárias – tema central da
referida pesquisa – e nas pesquisas antropológicas
mais “tradicionais”. O contexto senegalês surge aqui
também como proporcionador de reflexões que o
extrapolam, aproximando-se de outras realidades
geopolíticas e étnico-raciais, possibilitando apontar
visibilizar os necessários embates para a visibilização
de produções de conhecimento e cosmovisões que
apontam para outros caminhos possíveis.
A Revista de Estudos e Investigações Antropológicas (REIA) é publicada semestralmente e organizada pelo corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco. Destina-se ao desenvolvimento das... more
A Revista de Estudos e Investigações Antropológicas (REIA) é publicada semestralmente e organizada pelo corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco. Destina-se ao desenvolvimento das discussões contemporâneas na Antropologia em suas diversas áreas. A revista publica trabalhos inéditos em português, espanhol e inglês.
Observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens. (Pitágoras) Resumo: A partir de uma análise comparativa entre os discursos,... more
Observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens. (Pitágoras) Resumo: A partir de uma análise comparativa entre os discursos, representações e práticas construídos ao redor da noção de família pretende-se analisar as convergências e tensões existentes entre as diferentes esferas institucionais e os grupos familiares das classes populares. Para isto, partiu-se de uma etnografia realizada em Penedo, sul de Alagoas, que teve como foco mulheres com filhos em abrigos para crianças e adolescentes. Nesse contexto, percebeu-se existência de um hiato entre as percepções dos agentes disciplinadores, as Políticas Públicas e as deman-das desses grupos, evidenciando que, ao contrário do discurso estatal oficial , ques-tões como cidadania e direitos humanos não são universalmente acessíveis, tendo em vista que estão inseridas em um campo de disputas que finda por defender certos comportamentos e valores morais em detrimento de outros, excluindo sujei-tos e grupos que não se encaixam no padrão estabelecido. Palavras-chave: Estado-Família-Desigualdade social-crianças-adolescentes 1 Uma primeira versão deste artigo foi apresentada na 27ª Reunião Brasileira de Antropolo-gia. Agradeço imensamente as reflexões e criticam suscitadas ali, principalmente pela serie-dade com que as coordenadoras-Claudia Willians Lee Fonseca (UFRGS) e Ana Lucia Pas-tore Schritzmeyer (USP) demonstraram em suas críticas, as quais já foram incorporadas no presente artigo. * Bacharel em sociologia e antropologia pela Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte (UFRN) e mestre em antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco. Docente na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), vinculado ao Instituto de Ciências Sociais. Vem se dedicando a estudos que abordem a interface entre Família, Estado e Desigualdades, destacando-se ai questões relacionadas às crianças e adolescentes.
Resumo: Este artigo tem como principal objetivo analisar as diferentes formas como o racismo estrutural se manifesta cotidianamente, tendo como ponto de partida o desenvolvimento do trabalho de campo antropológico. Nesse sentido, a... more
Resumo: Este artigo tem como principal objetivo analisar as diferentes formas como o racismo estrutural se manifesta cotidianamente, tendo como ponto de partida o desenvolvimento do trabalho de campo antropológico. Nesse sentido, a própria experiencia do autor serviu como ponto de partida para tal discussão, tendo em vista que, a partir de uma perspectiva interseccional, o lugar do homem negro não é o da produção intelectual. Pelo contrário as masculinidades negras, a partir da naturalização de perspectivas hegemônicas, tende a ser isolada simbolicamente, reduzida a virilidade-potência sexual-e força física, alvo de medo, o que por meio de uma necropolítica, parece justificar as execuções tão comuns de jovens homens negros. As reações de surpresas que os interlocutores demonstram, revela, na realização de uma etnografia multissituada, que este corpo racializado não pode ser mais ignorado na construção do conhecimento antropológico. Palavras-chave: masculinidade negra; antropologia; necropolítica; trabalho de campo. DISCUSSING THE RACIALIZED BODY: BLACK MASCULINITIES AND THEIR IMPLICATIONS FOR THE ANTHROPOLOGICAL FIELDWORK Abstract: This article aims to analyze the different ways structural racism is present in everyday life, starting from the development of the anthropological fieldwork. Thus, the experience of this study's author is a starting point to this discussion, since, through an intersectional perspective, the black men have no place in the intellectual production. On the contrary, the black masculinity, through the naturalization of hegemonic perspectives, tend to be symbolically isolated, reduced to virility-sexual vigor-and physical strength, a target of fear, what through a necropolitic, seems to justify the so common executions of young black men. The reactions of surprise shown by the interlocutors reveal, through a multi-sited ethnography, that this racialized body can no longer be ignored in the discussion of the anthropological knowledge.
A presente proposta surge como parte das reflexões da tese de doutorado , através da qual se pretende desenvolver uma etnografia da rede de atuação dos chamados "braços sociais" do movimento religioso Caminho da Graça. Tratam-se de duas... more
A presente proposta surge como parte das reflexões da tese de doutorado , através da qual se pretende desenvolver uma etnografia da rede de atuação dos chamados "braços sociais" do movimento religioso Caminho da Graça. Tratam-se de duas agências humanitárias: SOS Religar, que atuava no Sertão do Pajeú até meados de 2015; e Caminho Nações, atuante na Nigéria e no Senegal.

A partir de situações suscitadas durante o trabalho de campo desenvolvido até aqui, venho me debruçando acerca da interface entre Estado, Humanitarismo e Religião. Dentre as questões que pretendo compreender, encontra-se a relação existente entre a defesa da urgência da ajuda humanitária, enquanto expressão da compaixão, e a manutenção de desigualdades, advindas destas mesmas ações. Tal questão surge a partir da informações obtidas em campo, acompanhando as intervenções realizadas, ou mesmo nas conversas e entrevistas já realizadas. Percebe-se a construção de "tipos ideais" de vulneráveis, os quais parecem inseparáveis de uma invenção de um Sertão Nordestino e de uma África precarizados. Não se trata aqui de relativizar fatores objetivos como a miséria socioeconômica e simbólica em que tais grupos possam se encontrar, mas como se estabelecem as relações de poder, e como parecem contribuir para a manutenção de desigualdades entre os referidos agentes - e com isso, regiões e/ou nações; classes sociais; raças/etnias; e uma perspectiva religiosa - e aqueles que merecem ser alvo de sua ajuda.

Ainda que o trabalho aponte para especificidades de cada local, e seus públicos-alvo, assim como aqueles que participam mais ativamente de cada uma delas, percebe-se, preliminarmente, alguns convergências: um movimento geopolítico inter-regional e transnacional que tem chamado atenção, suscitando uma discussão sobre processos neocolonizadores e a culpabilização das dinâmicas culturais locais, apontadas como um obstáculo a implementação de melhorias.

A questão dos movimentos geopolíticos chama a atenção por ser uma prática humanitária "sul-sul", e não "norte-sul", como ocorre habitualmente, sendo idealizada e liderada por grupos de brasileiros que se direcionam para cada uma dessas regiões. Neste sentido, ainda que se adote uma perspectiva crítica, em diálogo com os trabalhos de Didier Fassin, e outros estudiosos, tem sido indispensável compreender as concepções de humanitarismo dos agentes em questão, e como eles buscam diferenciar-se de outras práticas humanitárias, uma vez que parecem concordar que estas, sim, contribuem para a perpetuação de desigualdades, pois dependem disso para continuar existindo, e, consequentemente, não trabalham de maneira a "gerar consciência" naqueles para quem se dirigem.
Research Interests:
Este trabalho, a partir de um estudo sobre crianças e adolescentes numa instituição de abrigo, realiza uma análise relacional sobre os diferentes discursos acerca da família na cidade de Penedo-AL, observando a relação entre os discursos... more
Este trabalho, a partir de um estudo sobre crianças e adolescentes numa instituição de
abrigo, realiza uma análise relacional sobre os diferentes discursos acerca da família na
cidade de Penedo-AL, observando a relação entre os discursos institucional e das famílias de
classes populares. Estas últimas são alvos de diversos discursos estigmatizantes, apontadas
como não se encaixando em determinado padrão de comportamento moral “adequado” ao
“bom desenvolvimento” das crianças e adolescentes. As mulheres aparecem discursivamente
reduzidas à figura materna, apontadas como principais responsáveis pelo equilíbrio do lar e
cuidado com os filhos. Observando o cotidiano e a conversa dessas mulheres, constata-se
que constroem com a apresentação positiva de determinadas características pessoais e
familiares uma moral familiar na busca de contrariar os estigmas infligidos. Elas realçam
características pessoais e familiares que julgam ser positivas. Este cenário revela uma
“confusão de línguas” (GEERTZ, 2008; FONSECA, 2000), na qual a normatização moral
imposta pelo Estado e suas políticas públicas, em nome da justiça social, reforçam
determinadas estratégias de deslegitimação moral, sem levar em conta as especificidades
socioeconômicas e culturais em que se constroem a moral dos pobres. Dessa forma, o
discurso institucional centra a responsabilidade por determinados “problemas sociais” nestas
pessoas e em suas famílias, desviando o olhar das críticas ao Estado.
Research Interests:
Research Interests:
Research Interests:
A presente pesquisa buscou contribuir com o aprofundamento de questões concernentes ao que vem se convencionando chamar de antropologia da ajuda humanitária, o que, no caso da pesquisa aqui empreendida, surge como fruto do desenvolvimento... more
A presente pesquisa buscou contribuir com o aprofundamento de questões
concernentes ao que vem se convencionando chamar de antropologia da ajuda
humanitária, o que, no caso da pesquisa aqui empreendida, surge como fruto do
desenvolvimento de uma etnografia multissituada que se propôs a acompanhar
grupos humanitários brasileiros – advindos de um mesmo movimento religioso
nacional, o Caminho da Graça – que se fizeram presentes em diferentes regiões do
Brasil e do continente Africano: SOS RELIGAR e Caminho-Nações. Dessa forma, este
trabalho se configura enquanto uma análise etnográfica de caráter multissituado tendo
em vista que não teve como ponto de partida diversos campos, mas apenas um o qual
se espalhou por diferentes contextos e localidades. Nisto estão incluídas as cidades
anunciadas no título, onde o trabalho de campo foi realizado de maneira mais direta,
como também em contextos onde, por diversas questões, não se pôde fazer um
acompanhamento sistemático, como é o caso do Lixão de Jardim Gramacho, na
Baixada Fluminense (RJ) e da cidade de Oron, interior do estado de Akwa Ibon, no
sudoeste da Nigéria. Para se caracterizar, a ajuda humanitária depende de
movimentos geopolíticos e da manutenção de desigualdades que estão calcadas na
invenção dessa hierarquia geopolítica entre o Ocidente – o que inclui relações de
desigualdade tanto geopolíticas, étnico-raciais e de gênero - e o resto do mundo, visto
como precisando de sua “ajuda”. Diante disso, cabe salientar que as escolhas
geográficas aqui acompanhadas remetem a este movimento, e apontam para as
generalizações que compõem invenções, seja do Nordeste Brasileiro – em especial
do semiárido– ou do Continente Africano – enquanto espaços imagéticos-morais que
precisam ainda passar por normatizações, para as quais a ajuda humanitária se torna
um instrumento gerador de consciência.
Palavras-chave: África. Sertão. Ajuda humanitária. Enfants talibés. Senegal.