A tualmente, os jogos têm sido considerados uma mídia interativa com uma grande capacidade de conexão com o público. Em especial, sua interatividade permite um grau de significado profundo para os jogadores durante a vivência das...
moreA tualmente, os jogos têm sido considerados uma mídia interativa com uma grande capacidade de conexão com o público. Em especial, sua interatividade permite um grau de significado profundo para os jogadores durante a vivência das narrativas propostas. Acredita-se que, em parte, esse benefício se concretize pela possibilidade de escolha na navegação do conteúdo, que faz com que os usuários possam criar perspectivas próprias e personalizadas na sua assimilação. Por outro lado, também se entende que existe algo necessário no processo de concepção de jogos que garante uma experiência prazerosa o suficiente pela sua própria execução, fenômeno conhecido na área de jogos como motivação intrínseca. A partir dessa abordagem, é muito difícil compreender exatamente os fatores de sucesso de determinado jogo, que podem estar relacionados à possibilidade de o jogador viver em um mundo impossível ou à condução orquestrada pelos projetistas dos desafios e feedbacks da sua interface, por exemplo. Apesar dessas dificuldades, há cada vez mais interesse na apropriação dos atributos lúdicos desses sistemas por outras interfaces do dia a dia, em processos conhecidos como gamificação, ou mesmo a partir do uso de serious games para contextos de aprendizagem e reabilitação. Muitas vezes, a simples transposição de elementos centrais de um jogo para outro não é suficiente para que se garanta o interesse dos jogadores. Compreender como um jogo afeta o seu jogador não é tarefa simples, pois existem muitas variáveis referentes à situação de jogo que também são relacionadas às expectativas e habilidades do jogador. Nesse sentido, o processo de concepção de jogos também se torna incerto. Não é possível garantir uma receita de sucesso para o desenvolvimento de jogos, pois é necessário considerar o tema a ser abordado, a maneira co- mo a história evolui, os tipos de obstáculos a serem apresentados para os jogadores, dentre diversas outras dimensões que são sintetizadas em um julgamento de adequação, desejo e intenção. Assim, o jogo se torna um convite sedutor a um problema a ser resolvido. Entretanto, a principal questão que permeia os es- tudos sobre jogos é: como encantar o jogador? Existem diversas técnicas de extração de dados de jogos em tempo de execução que visam colaborar com a compreensão dos seus efeitos, co- nhecidas como telemetria ou game analytics. Com a mesma finalidade, é possível capturar dados fisiológicos dos jogadores para registrar o seu estado ao jogar e empregá-los posteriormente em comparação com as situações de jogo. Contudo, é necessário que haja uma base comum de compreensão do gameplay que permita aos projetistas conceber e avaliar os jogos propostos e interpretar seus fluxos de dados e observações. Visando contribuir para o contexto de desenvolvimento e análise de jogos, o objetivo do presente capítulo é discutir o processo de game design e seus fundamentos a partir da experiência do jogador, conhecida como gameplay. Para tanto, inicialmente é realizada uma breve reflexão acerca do conceito de jogo, para então se aprofundar na situação de jogo e no seu processo de desenvolvimento.