Economai Mundial.

A Comunicação desempenha um papel relevante no âmbito da Economia Criativa. Além de práticas como publicidade, jornalismo, mercado editorial, cinema, dentre outras, serem consideradas atividades de Economia Criativa, podemos entender a Comunicação como uma atividade transversal às indústrias criativas. O fenômeno comunicacional atravessa todas as demais instâncias de pro-dução e de sentido que operam com a criatividade como recurso básico para a ge-ração de valor. Compreendemos comunicação aqui de uma forma mais ampla, e não ape-nas como produções geradas por veículos como televisão, jornais, revistas, internet. Estamos falando especialmente das dinâmicas de interação na contemporaneidade, marcadas por novas concepções do que é a vida em sociedade, pela interligação en-tre interlocutores, pelo questionamento dos intermediários na diversidade de cons-trução de sentido, pela convergência e pela conexão entre real e virtual. É assim que a comunicação se aproxima da abordagem antropológica de cul-tura como um sistema de valores, símbolos, imagens e mitos. Um sistema que convi-ve com tantos outros sistemas e os influencia, na linha do que propôs Edgard Morin, quando, na década de 1960, levou para a França o conceito de indústria cultural, criado no pós-guerra pela Escola de Frankfurt. Morin reconheceu a cultura de mas-sas, mas refletiu sobre a importância que assume a mídia e sua atuação como pro-dutora de mudanças culturais. Trabalhar com a noção de comunicação nessa visão cultural também nos leva a investigar os modos como são formados os repertórios nos quais os produtos comu-nicacionais são forjados. Os conteúdos veiculados nesses produtos refletem ques-tões como identidade, pertencimento a grupos, disputas simbólicas, discursos de poder e significados em circulação na sociedade. Ao mesmo tempo, apontam para a necessidade de identificar que práticas ou sentidos são valorizados ou descartados nesses fluxos comunicacionais. É neste momento que se torna relevante discutir as práticas de memória en-volvidas nesses processos. Toda sociedade constrói coletivamente o que deseja reter como memorável, digno de recordação-e que aspectos irá "esquecer". Esta cons-trução se reflete nas diversas camadas que compõem o tecido social e das atividades culturais, e é capilarizada por meio dos produtos comunicacionais e das indústrias criativas, o que nos leva a afirmar que também se espraia pela Economia Criativa. Tomando a importância das práticas de memória na comunicação e nos proces-sos da indústria criativa, este dossiê reúne alguns artigos apresentados