Baruch Espinosa

Apresento  neste  artigo  uma  descrição  analítica  da  autobiografia –Uma  Vida Humana(Exemplar  Humanae  Vitae)  de  Uriel  da  Costa,  um  judeu  marrano  português nascido  na  cidade  do  Porto  que  se  radicou  em  Amsterdã  em  1615  após  fuga  da  Santa Inquisição. Uriel da Costa escreveu a obra um pouco antes de se suicidar (em 1640) e nela encontramos  uma  descrição  da  sua  trajetória  intelectual  determinada  pela  sua  radical oposição  às  práticas  político-religiosas  da  comunidade judaica  sefardita  de  Amsterdã.  A autobiografia de Uriel da Costa  é um dos grandes documentos das revoltas  heréticas no Século XVII. Com a análise da trajetória de Uriel da Costa  na sua luta  ideológica contra os rabinos sefarditas e do seu suicídio, motivado pelas excomunhões (Heréns) que sofreu, desenvolvo  uma  breve  nota  historiográfica  sobre  uma  prática  ideológica  de  naturalismo deísta  que  já  sugeria  diretrizes  posteriormente  disseminadas  no  pensamento  iluminista europeu do século XVIII.

A investigação que se empreende neste trabalho versa sobre a possibilidade da dedução do finito a partir do infinito na Ética de Espinosa. Toma-se como ponto de partida as questões que Tschirnhaus dirige a Espinosa na correspondência que com ele mantém. Por tais questões se referirem à possibilidade da dedução dos corpos a partir do conceito de extensão, circunscreve-se o âmbito da análise a esse caso específico. Uma vez estabelecido o alcance das objeções do correspondente de Espinosa, passa-se a averiguar a possibilidade de rebatê-las na Ética.

Breve Artigo em formato de resposta a dois questionamentos sobre a ontologia de Hume e Espinosa:
1) Segundo Hume, por que não podem ser os sentidos que produzem a crença na existência dos corpos ou objetos externos?
2) Porque se diz que a metafísica de Espinosa é dogmática?

El objetivo del artículo es analizar la mereología spinoziana, es decir, analizar cómo se relacionan las partes (tanto las partes con el todo, como las partes entre sí) según Spinoza. Para esto será crucial abordar los conceptos de parte y todo, considerando tanto laÉtica como las cartas de nuestro filósofo — sobre todo aquella carta en la que encontramos el famoso ejemplo del gusano en la sangre. La hipótesis que me interesa defender es que, si consideramos los grados de individuación, parte y todo no son meras ideas inadecuadas de la imaginación.

O "problema" Espinosa O "problema" Espinosa é recorrente na minha vida desde que "descobri" este filósofo num livro de um grande cientista português, de seu nome António Damásio, na senda da leitura da sua obra e mais concretamente do seu livro "Ao encontro de Espinosa". Desde então, quer o filósofo, quer a sua marcada existência de vida, quer a a sua filosofia do pensamento, não deixaram de fazer parte do meu universo mais próximo. Nessa contingência, vários foram os livros que fiz questão de ler e consultar no sentido de perceber, um pouco mais, do desiderato científico do grande filósofo português, adotado pela Holanda e renegado pelos judeus sefarditas do Século XVII. Não é à toa que Ben Gurion e a sua então Ministra dos Negócios Estrangeiros, Golda Meier,

No presente artigo busca-se delinear os prontos centrais da tese do paralelismo na filosofia de Baruch Espinosa. Apesar de não ser um conceito seu, mas uma formulação de seus comentadores, ela define os aspectos mais gerais da relação entre mente e corpo no espinosismo, embora não seja um conceito livre de polêmicas.

O problema do erro é um tema recorrente na história da filosofia. Diversos pensadores já se debruçaram sobre essa questão no decorrer da história da filosofia. Porém, o período mais efervescente dessa discussão, sem dúvida, foi a época moderna, em que pensadores racionalistas buscavam reinterpretar e derrubar muitas das verdades tidas pelos escolásticos, alguns com maior sucesso, outros nem tanto. Esse debate sobre a questão do erro envolve perguntas como: Seria possível haver o erro num mundo em que tudo foi criado por um ente absolutamente perfeito? Como se dá o erro, em que momento ele acontece? Quem seria responsável pelo erro (e pelo pecado)? O homem que cometeu o erro ou o criador que possibilitou que o erro acontecesse ao criar o homem imperfeito? Seria o erro uma ficção, uma ilusão criada por uma mente imperfeita que não conhece as verdadeiras causas das coisas no mundo? Algumas dessas perguntas serão debatidas no decorrer deste texto, enfatizando o diálogo entre Espinosa e os escolásticos, além de Descartes, que reproduziu muitas das verdades escolásticas, mesmo sendo considerado um crítico da Escola. O objetivo deste trabalho é apresentar, brevemente, esse debate enfatizando alguns pontos relevantes para a discussão da questão do erro. Com isso, é esperado que fique claro qual era essa questão e as diferenças de posição entre os autores. Um segundo objetivo é detalhar a posição de Espinosa e fazer uma crítica razoável do conjunto de seu pensamento sobre este tema.

Históricamente, la teoría fisiológica de Descartes a la interacción mente-cuerpo ― también conocida como la teoría de la glándula pineal ― ha encontrado mucha resistencia, ridículo y, por qué no, cierto grado de distorsión. Entre los muchos detractores de Descartes estaba Espinosa. Pero ¿qué hay, exactamente, a los ojos de Espinosa, tan malo en el modelo fisiológico de Descartes? ¿Por qué cree que la teoría de Descartes es tan oscura? Al repasar estos temas, espero indicar lo que veo como un malentendido generalizado sobre la teoría de la glándula pineal, así como los supuestos empíricos y monistas más básicos de Descartes con respecto a la unión mente-cuerpo y el yo. Defiendo la opinión de que una tarea urgente de la filosofía contemporánea es tomar la metodología empírica de Descartes más en serio. Y sostengo que Descartes no tiene una comprensión dualista ingenua ni puramente racionalista de la interacción cuerpo-mente.

Na filosofia de Gilles Deleuze, há uma ontologia, que é apresentada por meio da tese da univocidade do ser. Na história da filosofia ocidental, Deleuze destaca três momentos da univocidade do ser: com Duns Scot, o ser é pensado como unívoco (momento da univocidade); com Espinosa, o ser é afirmado como unívoco (momento da imanência); com Nietzsche, o ser é realizado como unívoco (momento da diferença). Em todo caso, a univocidade é uma alternativa à analogia, e a principal discordância entre essas duas teses é que a analogia insere uma hierarquia e uma negatividade no cerne do ser, ao passo que a univocidade põe o ser como igual (não-hierárquico) e isento de negatividade (neutro ou afirmativo).Neste artigo, não se trata de apresentar a teoria da univocidade do ser em Deleuze, mas de explorar a leitura que ele faz da univocidade do ser em Espinosa, e sobretudo a variação a ela imposta entre o primeiro e o segundo livros dedicados ao filósofo holandês, Espinosa e o problema da expressão (1968) e Espinosa: filosofia prática (1981).
Constata-se que, no primeiro estudo, Espinosa é tido principalmente como herdeiro
de Duns Scot, e no segundo, ademais, como aliado de Nietzsche. Tem-se como
hipótese que Espinosa é arrastado, nesse ínterim, do segundo para o terceiro
momento da univocidade do ser, na vassoura de bruxa de Deleuze. A consequência é
que a imanência e a afirmação se conciliam com a diferença. A afirmação do ser passa a ser afirmação da própria diferença. Ou, dito de outro modo, o ser deixa de ser
apenas afirmado para ser realizado como diferença. Chega-se, assim, a uma ontologia
construtivista, que tem a ética como sua condição prática.

Resumo:Esta é uma pesquisa em dança, de ordem qualitativa, na qual pontuo aprendizados decorrentes de uma experiência como artista educadora do curso de teatro do PRONATEC de Planaltina (DF), na matéria de montagem, durante a pandemia.
Período, este, que nos circundou de incertezas e indeterminações, limitou nossos encontros ao ambiente digital e nos fez pensar em possibilidades outras de trabalhar a arte e a educação como potências de afirmação. Para tanto, foi elaborada uma cartografia, que consiste em mapear, na dramaturgia, todas as ações, as expressões, a fisicalidade e a gestualidade das personagens. Essa abordagem me levou a questionar sobre o papel da imaginação na elaboração da corporeidade do ator em cena, além de buscar, na filosofia de Espinosa, Deleuze e Bergson e, na neurociência, respostas e/ou aproximações, a fim de consolidar e, também problematizar a metodologia que estávamos criando, simultaneamente, ao processo.
Num primeiro momento investigo o envolvimento do corpo em tudo que fazemos e, conseqüentemente, em todo o processo criativo: do pensamento à escrita, da escrita ao imaginário, do imaginário ao corpo. Também me dedico a falar da cartografia de personagens e a efetividade do processo já que, durante este ano pandêmico, elaboramos tudo através de uma tela e para a tela. Nesse sentido, pontuo como foram feitos os mapas e teço reflexões a respeito deste processo criativo. Principalmente, no que tange à relação entre o ator, a sua própria corporeidade e a corporificação das personagens. Na seqüência faço um mapeamento dos pensamentos que me levaram a descobertas inusitadas dentro da pesquisa em dança, e aponto questionamentos sobre a decolonização do saber e a distinção entre o termo disciplina e o conceito de transaber de Nelson Job.
Palavras-chave: corpo, imagem, imaginação, cartografia, disciplina, potência, afirmação, diferença, afecção, multiplicidade; tempo; duração.

Abstract: This is a qualitative research in dance, in which I point out lessons learned from an experience as an educating artist in the theater course at PRONATEC in Planaltina, in the editing process, during the pandemic. This period, which surrounded us with uncertainties and indeterminations, limited our meetings to the digital environment and made us think of other possibilities of working with art andeducation as powers of affirmation. For this purpose, a cartography was elaborated, which consists of mapping, in dramaturgy, all the actions, expressions, physicality and gestures of the characters. This approach led me to question the role of imagination in the elaboration of the actor's corporeity on the scene, in addition to seeking, in the philosophy of Espinosa, Deleuze and Bergson and, in neuroscience, answers and / or approximations, in order to consolidate and, also, problematize the methodology that we were creating, simultaneously, to the process.
At first, I investigate the involvement of the body in everything we do and,
consequently, in the entire creative process: from thought to writing, from writing to the imaginary, from the imaginary to the body. I also dedicate myself to talking about the cartography of characters and the effectiveness of the process since, during this pandemic year, we elaborated everything through a screen and for the screen. In this sense, I point out how the maps were made and reflect on this creative process.
Mainly, with regard to the relationship between the actor, his own corporeality and the embodiment of the characters. In the sequence, I map the thoughts that led me to unusual discoveries within dance research, and I point out questions about the decolonization of knowledge and the distinction between the term discipline and Nelson Job's concept of transaber.
Keywords: body, image, imagination, cartography, discipline, power, affirmation, affection, multiplicity; time; duration.

Resumo: O objetivo deste texto é tratar das relações entre matéria e movimento na filosofia de Espinosa e evidenciar os desdobramentos da temática para as reflexões acerca do que pode um corpo, e para a teoria dos afetos na sua filosofia. O texto inicia discutindo as críticas de Espinosa à concepção de matéria proposta por Descartes. Na sequência, indica em que medida a concepção de movimento enquanto algo intrínseco à matéria resolve não apenas problemas ligados à concepção de matéria como massa inerte, mas, também, tem impactos para a concepção de desejo e teoria dos afetos. A partir de tais considerações a análise se encaminha para os ecos da filosofia de Espinosa na contemporaneidade. Nesse momento, o texto aborda as filosofias de Nietzsche e Deleuze, mais especificamente, sobre concepção de desejo e a teoria dos afetos. Por fim, o texto tece algumas considerações acerca das leituras contemporânea de EIIIP2S. Palavras-chave: Espinosa; matéria; movimento. Abstract: The purpose of this text is to deal with the relations between matter and movement in the philosophy of Espinosa and to highlight the unfolding of the theme for the reflections about what a body can and for the theory of affections in his philosophy. The text begins by discussing Spinoza's criticisms of the conception of matter proposed by Descartes. In the sequence, it indicates how the concept of movement as something intrinsic to matter solves not only problems related to the conception of matter as an inert mass, but also it has impacts on the conception of desire and the theory of affects. From these considerations, the analysis moves towards the echoes of Espinosa's philosophy in contemporary times. At this point, the text approaches the philosophies of Nietzsche and Deleuze, more specifically, on the conception of desire and the theory of affections. Finally, the text makes some considerations about the contemporary readings of EIIIP2S. A determinação do corpo: a matéria e o movimento Na Carta 80, com data de 2 de maio de 1676, Tschirnhaus indaga a Espinosa acerca da demonstração "a priori da existência de corpos que têm movimentos e formas, uma vez que nada disso se encontra na extensão quando a consideramos absolutamente". Em sua resposta, na Carta 81, Espinosa afirma que: 1 Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), DCHT-Campus XXI, Ipiaú-BA.

Há décadas existem discussões sobre a separação entre religião e política e religião e esfera pública que focam sobretudo nos limites desse mito moderno e nas possibilidades de coexistência dessas esferas no mundo contemporâneo. No entanto, pouco se explora sobre origens filosóficas de visões intermediárias, que concebem a inevitável influência do universo sagrado no mundo profano, mas questiona os limites plausíveis que a religião deve construir para garantir paz, direitos fundamentais e liberdades mais amplas. Este ensaio rastreia tais origens filosóficas no pensamento de Baruch Espinoza e o contrasta com a utopia liberal restrita de John Locke, amplamente propagada, mas irrealizável em tempos de separação apenas formal entre religião e política, objetivando resgatar discussões relevantes acerca do debate religião-política para nossos dilemas contemporâneos.

Há décadas existem discussões sobre a separação entre religião e política e religião e esfera pública que focam sobretudo nos limites desse mito moderno e nas possibilidades de coexistência dessas esferas no mundo contemporâneo. No entanto, pouco se explora sobre origens filosóficas de visões intermediárias, que concebem a inevitável influência do universo sagrado no mundo profano, mas questiona os limites plausíveis que a religião deve construir para garantir paz, direitos fundamentais e liberdades mais amplas. Este ensaio rastreia tais origens filosóficas no pensamento de Baruch Espinoza e o contrasta com a utopia liberal restrita de John Locke, amplamente propagada, mas irrealizável em tempos de separação apenas formal entre religião e política, objetivando resgatar discussões relevantes acerca do debate religião-política para nossos dilemas contemporâneos.

No presente artigo busca-se delinear os pontos centrais da tese do paralelismo na filosofia de Baruch Espinosa. Apesar de nao ser um conceito seu, mas uma formulacao de seus comentadores, ela define os aspectos mais gerais da relacao entre mente e corpo no espinosismo, embora nao seja um conceito livre de polemicas.

O objetivo deste artigo é analisar as relações entre infinito e número na filosofia de Espinosa. Para tanto, a análise iniciará se debruçando sobre a Carta 12 e distinguindo as noções de infinito em ato, indefinido, ilimitado e não enumerável. Nesse momento, buscar-se-á evidenciar em que medida as noções citadas diferem entre si, e porque não podem ser confundidas. Ao tratar da noção de número e de grandezas não enumeráveis, a análise focará no exemplo dos círculos não concêntricos, oferecido por Espinosa, e evidenciará que, além do contínuo, o que está em jogo no exemplo citado é aquilo que posteriormente viria a ser conhecido como números irracionais. Em seguida, tratar-se-á da noção de entes de razão e mostrar-se-á em que medida o tempo, a medida e o número diferem enquanto entes de razão. Feito isso, o artigo se encerra evidenciando que (i) é o número que depende do infinito para ser concebido, e não o inverso; e que (ii) a lição legada por Espinosa abre caminho para uma nova maneira de pensar o infinito, que será explorada por Cantor.

The purpose of this paper is to analyze the relationships between infinite and number in Spinoza’s philosophy. Thus, the analysis will begin by looking at Letter 12 and distinguishing the notions of actual infinite, indefinite, unlimited, and non-enumerable. At this point, the article will attempt to show in what sense the notions mentioned above differ and why they cannot be confused. In dealing with the notion of number and non-enumerable quantities, the analysis will focus on the example of non-concentric circles, offered by Spinoza, and will show that, besides the continuum, what is at stake in the example cited is what posteriorly would come to be known as irrational numbers. After that, the article will deal with the notion of beings of reason, and will show how the time, measure, and number differ as beings of reason. Lastly, the article concludes by pointing out that (i) it is the number that depends on infinite to be conceived, not the reverse; and that (ii) Spinoza’s legacy opens the way for a new way of thinking about infinity, which will be explored by Cantor.

O presente ensaio versa sobre os encontros e seus afetos. Propõe-se aqui um diálogo entre os estudos da performance, as Geografias do Corpo e o ensino de Geografia. Entendendo o espaço geográfico como produto das relações entre corpos e contextos, acredita-se na necessidade de se explorar os encontros entre os corpos discente e docente em sala de aula. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre as relações entre corpo e performance, passando por referenciais da Filosofia, das Artes, da Educação e da Geografia. Observou-se um recente crescimento nos estudos sobre o corpo dentro da ciência geográfica. Assumiu-se a impossibilidade de se sonegar e omitir a centralidade do corpo para este campo do conhecimento, inclusive em suas práticas escolares. Observou-se as possibilidades de se desenraizar dos conteúdos curriculares instituídos a partir da experiência através do corpo. Ao fim, traduziu-se os anseios em uma prática em sala de aula. A experiência de pesquisa e prática sugere que se assuma a performatividade do cotidiano, inclusive dentro da sala de aula. Se somos corpos em encontro, que se explore a potência disso tudo para, a partir do corpo, se entender e praticar o espaço

Recebido em 21/02/2018 Resumo A fim de relacionar um tema de livre escolha com a disciplina Estudo dos Poderes, foi desenvolvido tal estudo teórico sobre o conceito de potência na visão espinosana. Inicialmente, o artigo apresenta o conceito de potência pelo viés ontológico. Por conseguinte, com o amadurecimento das potências individuais para potências comuns, considera-se o viés político. A partir desta inferência, faz-se uma abordagem sobre como a potência é a chave para a distinção entre o direito de natureza e o direito civil, e como esta mesma potência-em diferentes configurações-origina o Estado. Palavras-chave: Potência, Espinosa, multidão, direito, Estado. Quando pensamos na instituição do Estado com base na Filosofia Moderna do século XVII, nos remetemos à ideia de Estado como um produto; um resultado-seja de um contrato social, definitivo e abstrato, como propôs Hobbes ou de um consenso provisório e material, como propôs Espinosa. Ambos "acordos" surgem da multidão, embora a mesma seja apresentada com características diametralmente opostas de acordo com a ideia hobbesiana de contrato social ou como a ideia espinosana de consenso. Enquanto para Hobbes (defensor da primeira ideia) a multidão tem caráter inerte, tornando o Estado artificial, para Espinosa (defensor da segunda ideia) a multidão é ativa, e o Estado uma instituição natural (JESUS, 2016). Mas como podemos afirmar tal naturalidade do Estado? Qual a "centelha" que suscita toda a conjuntura que resulta na formação do Estado?

O presente artigo tem por objetivo principal expor a leitura do filósofo Gilles Deleuze (1925-1995) sobre a ontologia de Baruch de Espinosa (1623-1677) de modo a explicitar como o filósofo francês demonstra a centralidade da ideia de expressão para definir e conectar os principais conceitos que compõem a ontologia do filósofo holandês. A saber, os conceitos são: substância, atributo, essência e potência.