Resumo: Este artigo faz uma análise do modo essencialista com que os historiadores Eva Cantarella e Giuseppe Cambiano abordaram o homoerotismo grego numa época posterior ao evento de Stonewall (1969). Abstract: This article analyzes the...
moreResumo: Este artigo faz uma análise do modo essencialista com que os historiadores Eva Cantarella e Giuseppe Cambiano abordaram o homoerotismo grego numa época posterior ao evento de Stonewall (1969). Abstract: This article analyzes the essentialist mode in which the historians Eva Cantarella and Giuseppe Cambiano approached Greek homoeroticism in a time after the Stonewall event (1969). Introdução A espinha dorsal da historiografia essencialista do homoerotismo grego é o uso substantivo ou nor-mativo que sua abordagem faz das categorias da sexualidade para tentar compreender concepções e práticas eróticas de realidades culturais fora da Modernidade Ocidental. David Halperin alertou-nos a respeito da peculiaridade deste uso. O autor advertiu: Não é ilegítimo empregar termos e conceitos sexuais modernos quando se interrogam as fontes antigas, mas um cuidado particular deve ser tomado para não importar categorias e ideologias sexuais, ocidentais, modernas, para a interpretação da evidência antiga. Por essa razão, estudantes da Antiguidade Clássica precisam deixar claro quando propõem o termo " homossexual " descritivamente – isto é, para denotar nada mais que relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo – e quando o pro-põem substantiva ou normativamente – isto é, para denominar um tipo dis-creto de psicologia ou comportamento sexual, uma espécie positiva de ser sexual, ou um componente básico da " sexualidade humana ". A aplicação de " homossexualidade " (e " heterossexualidade ") num sentido substantivo ou normativo em expressões sexuais na Antiguidade clássica não é recomendá-vel. 1