- 298 - Artigo
Original
ANÁLISE QUANTITATIVA DA SATISFAÇÃO PROFISSIONAL DOS
ENFERMEIROS QUE ATUAM NO PERÍODO NOTURNO
Rosângela Marion da Silva1, Carmem Lúcia Colomé Beck2, Laura de Azevedo Guido3, Luis Felipe Dias Lopes4,
José Luís Guedes dos Santos5
1
2
3
4
5
Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: cucasma@
terra.com.br
Doutora em Enfermagem. Professor Associado do Departamento de Enfermagem Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM). Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: carmembeck@smail.ufsm.br
Doutora em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFSM. Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:
lguido@terra.com.br
Doutor em Engenharia de Produção. Professor Adjunto do Departamento de Estatística da UFSM. Rio Grande do Sul, Brasil.
E-mail: lflopes@smail.ufsm.br
Mestrando em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Bolsista Capes. Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: joseenfermagem@yahoo.com.br
RESUMO: Estudo de campo, exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa que objetivou caracterizar os enfermeiros que
trabalham no período noturno de um Hospital Universitário do Estado do Rio Grande do Sul, bem como identificar o nível real de
satisfação profissional em relação a seis componentes do trabalho: autonomia, interação, status profissional, requisitos do trabalho,
normas organizacionais e remuneração. Na coleta dos dados foram utilizados um questionário para caracterização sociodemográfica
e outro para o Índice de Satisfação Profissional. Os dados foram coletados no período de março a abril de 2008 e processados no
programa estatístico Statistical Analisys System versão 9.1. Participaram 42 enfermeiros, majoritariamente do sexo feminino (90,48%),
faixa etária maior que 41 anos de idade (64,28%), estado civil casado ou com companheiro (64,29%), com filhos (80,96%) e que escolheram
trabalhar nesse turno (90,48%). A autonomia foi considerada o componente de maior nível real de satisfação profissional enquanto
normas organizacionais o de menor nível.
DESCRITORES: Satisfação no emprego. Trabalho noturno. Enfermagem.
QUANTITATIVE ANALYSIS OF NIGHT-SHIFT NURSES’ PROFESSIONAL
SATISFACTION
ABSTRACT: This exploratory, quantitative, and descriptive study aimed to characterize the night-shift nurses in a University Hospital
in Rio Grande do Sul, Brazil, as well as to identify the actual professional satisfaction rate regarding six work components: autonomy,
interaction, professional status, task requirements, organizational policies, and pay. For data collection, one survey was used in order
for socio-demographic characterization and another to characterize the Work Satisfaction Index. The data was collected in March and
April of 2008 and processed in the Statistical Analysis System software, version 9.1. The sample was composed of 42 participating nurses,
mostly female (90.48%), aged more than 41 years (64.28%), either married or living with a partner (64.29%), with children (80.96%) and
who chose to work in this shift (90.48%). Autonomy was considered the component which reached the highest level of real satisfaction,
while organizational policies received the lowest level of satisfaction.
DESCRIPTORS: Job satisfaction. Night work. Nursing.
ANÁLISIS CUANTITATIVO DE LA SATISFACCIÓN PROFESIONAL DE
LOS ENFERMEROS QUE ACTÚAN EN EL PERÍODO NOCTURNO
RESUMEN: Estudio de campo, exploratorio descriptivo, de carácter cuantitativo, cuyo objetivo fue caracterizar los enfermeros que
ejercen actividades laborales en el período nocturno en un Hospital Universitario de la provincia de Rio Grande do Sul, e identificar el
nivel real de satisfacción profesional relacionado a seis componentes del trabajo: autonomía, interacción, estatus profesional, requisitos
del trabajo, normas organizacionales y remuneración. Para la recolección de los datos fueron utilizados dos cuestionarios: uno para
la caracterización sociodemográfica y otro para el Índice de Satisfacción Profesional. Los datos, recolectados en marzo y abril de 2008,
fueron procesados en el programa estadístico Statistical Analisys System versión 9.1. Participaron 42 enfermeros, la mayoría del sexo
femenino (90,48%), ubicados en la franja etaria superior a 41 años (64,28%), estado civil casado o con compañero (64,29%), con hijos
(80,96%) y que eligieron trabajar en este turno (90,48%). La autonomía fue el componente que alcanzó el mayor nivel real de satisfacción
profesional, mientras que las normas organizacionales, el menor nivel.
DESCRIPTORES: Satisfacción en el trabajo. Trabajo nocturno. Enfermería.
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
Análise quantitativa da satisfação profissional dos enfermeiros...
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as transformações
econômicas e sociais decorrentes do processo de
globalização têm alterado, consideravelmente, a
relação entre o homem e o seu trabalho. Busca-se,
cada vez mais, grande produtividade, associada a
um baixo custo de produção, no intuito de obter
produtos altamente competitivos no cenário capitalista. Diante desse cenário, observa-se o aumento dos ritmos e cargas de trabalho em detrimento
da satisfação dos trabalhadores em executar as
tarefas, o que pode repercutir na sua qualidade
vida, interferindo no processo saúde/doença.
Em se tratando do trabalho de enfermagem
desempenhado, especialmente, no cenário hospitalar, há referência de que este é diferenciado dos
demais trabalhos porque é contínuo, desgastante,
exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação
interpessoal muito próxima com o paciente sob
seus cuidados. Também é capaz de proporcionar
sentimentos como alegria, satisfação e prazer aos
trabalhadores, sem os quais seria praticamente
impossível exercer a profissão.1
O processo de trabalho do enfermeiro no
período noturno possibilita, em muitas situações,
tomar decisões, atuar com autonomia, o que pode
ser um fator que contribui para a satisfação no
trabalho. Por outro viés, a dificuldade em participar de espaços promovidos pela instituição no
período diurno como reuniões, palestras, atividades de educação permanente ou até mesmo para
conhecimento ou apresentação de novas normas,
rotinas ou equipamentos, pode ser considerada
desgastante e angustiante para esse trabalhador
no que tange às normas organizacionais, o que
pode não favorecer a satisfação com relação a esse
componente do trabalho.
A satisfação no trabalho* resulta da complexa e dinâmica interação das condições gerais de
vida, das relações de trabalho, do processo de trabalho e do controle que os trabalhadores possuem
sobre suas condições de vida e de trabalho.2
Nesse sentido, a satisfação é um processo
dinâmico que pode ter influência tanto da organização do trabalho quanto da vida social, ou seja,
o trabalhador não chega ao seu local de trabalho
como uma máquina nova; ele possui uma história,
o que o torna um indivíduo com características
únicas e pessoais.3
Nessa lógica, a realização das atividades no
noturno, período em que o organismo opta pelo
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descanso, associado ao esforço em manter-se acordado e às expectativas pessoais do trabalhador,
são fatores que podem deflagrar sentimentos de
maior ou menor satisfação no trabalho com relação
a determinados aspectos do processo de trabalho,
sendo, portanto, processo ativo e complexo.
Essas considerações preliminares, associada à leitura e a vivência profissional no trabalho
noturno, incitaram ao questionamento sobre a
relação do trabalhador com a atividade noturna:
qual dos componentes do trabalho, entendidos
como autonomia, interação, status profissional,
requisitos do trabalho, normas organizacionais e
remuneração, proporciona maior e menor nível
real de satisfação profissional para o enfermeiro
que atua no noturno?
A partir deste questionamento, esse artigo,
recorte de uma dissertação de Mestrado, defendida no Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM-RS),4 tem como objetivo caracterizar os
enfermeiros que trabalham no período noturno
de um Hospital Universitário e identificar o nível
real de satisfação profissional.
CASUÍSTICA E MÉTODO
Esse artigo trata de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem quantitativa que tem
como estratégia de pesquisa verificar os resultados
por meio de objetivos previamente definidos e está
sendo cada vez mais utilizada, tendo em vista que a
maior parte dos estudos avaliativos preocupa-se em
mensurar o impacto ou efeito da intervenção.5
O cenário da pesquisa foi um Hospital Universitário do Estado do Rio Grande do Sul. Essa
instituição é referência regional em alta complexidade e está localizada em uma cidade de, aproximadamente, 270 mil habitantes. Os atendimentos
prestados à comunidade são realizados nos 309
leitos, distribuídos pelas unidades de internação,
unidades de tratamento intensivo, ambulatórios,
salas para atendimento de emergência e pronto
atendimento.
A partir dos critérios de inclusão na pesquisa,
ou seja, atuar há pelo menos um ano no período noturno da instituição pesquisada como enfermeiro
e pertencer ao quadro permanente da instituição,
somado a exclusão das pessoas que estavam em
licença de qualquer natureza por diversos motivos,
participaram efetivamente 42 enfermeiros.
* Para este estudo, os termos satisfação no trabalho e satisfação profissional serão utilizados como sinônimos.
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
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Após a aprovação do projeto pelo Comitê de
Ética em Pesquisa ao qual a instituição está vinculada, a pesquisa recebeu parecer favorável sob N°
0012.0.243.000-08. A seguir foi efetuado o contato
pessoal com os enfermeiros, informando-os acerca
dos objetivos da pesquisa e convidando-os a participar. Após o consentimento, foi entregue o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido e solicitada a
assinatura em caso de concordância com os termos
expostos. Além disso, foram orientados quanto à
voluntariedade, a proteção da imagem e garantia
do anonimato, quanto ao direito de recusar-se a
participar da pesquisa, a retirar o consentimento a
qualquer momento sem que disto lhe resultasse em
algum prejuízo, conforme os preceitos da Resolução N° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.6
A coleta dos dados foi realizada no período
de março a abril de 2008 por um dos pesquisadores. Para tal, foram utilizados dois questionários:
um para caracterizar os enfermeiros e outro para
avaliar o nível real de satisfação profissional, o
Índice de Satisfação Profissional (ISP).
Ressalta-se que foi realizado um pré-teste a
fim de verificar possíveis dificuldades no preenchimento dos questionários, sendo convidados,
aleatoriamente, três enfermeiros do período noturno que receberam e preencheram os questionários,
os quais não demandaram alterações.
O questionário que possibilitou a caracterização dos enfermeiros foi composto por dados como
sexo, faixa etária, estado civil, número de filhos, a
opção pelo trabalho noturno e o tempo de serviço
noturno na instituição.
O ISP foi traduzido, adaptado e validado
para a língua portuguesa e para a cultura de
enfermeiras brasileiras.7 É auto-aplicável e autoexplicativo porque traz na sua estrutura a orientação para o preenchimento e explicação conceitual
dos seis componentes:
- autonomia: grau de independência, iniciativa e liberdade, tanto permitido quanto necessário,
nas atividades diárias do trabalho;
- interação: oportunidade de contato social e
profissional, formal e informal durante o horário
de trabalho;
- status profissional: importância ou significância percebida acerca do seu trabalho, tanto no
seu ponto de vista como no de outros;
- requisitos do trabalho: tarefas ou atividades
que devem ser executadas como parte regular do
trabalho;
Silva RM, Beck CLC, Guido LA, Lopes LFD, Santos JLG
- normas organizacionais: normas administrativas e procedimentos propostos pelo hospital
e administração do serviço de enfermagem;
- remuneração: pagamento em dinheiro e benefícios adicionais recebidos pelo trabalho executado.
Esse questionário é composto por duas partes:
a primeira parte (Parte A) consiste em uma lista de
15 pares que combinam os seis componentes do
ISP entre si o que leva o respondente a escolher, de
cada par, o que mais influencia sobre sua satisfação
profissional; a segunda (Parte B), consiste em uma
Escala de Atitudes, com 44 afirmações dispostas
em uma escala do tipo Likert, de sete pontos, que
varia entre discorda inteiramente (7) e concorda
inteiramente (1). Ressalta-se que os itens dos componentes: autonomia (8), interação (10), status profissional (7), requisitos do trabalho (6), remuneração
(6) e normas organizacionais (7), estão dispostos
aleatoriamente na escala, sendo que 22 itens são
ordenados positivamente e 22 negativamente.
Os dados, após serem digitados em planilha
eletrônica, em forma de banco de dados, foram,
posteriormente, processados no programa estatístico Statistical Analisys System (SAS) versão 9.1. O
nível de significância estabelecido foi de 5%. Para
avaliar a consistência interna da escala total do ISP
foi utilizado o alfa de Cronbach.
Para a análise estatística da Parte A, foi criada
uma matriz de freqüência que relaciona quantas
vezes cada componente foi escolhido em relação aos
outros componentes. As freqüências das respostas
foram convertidas em uma matriz de proporção,
por meio da divisão do número de vezes que o componente foi escolhido pelo tamanho total do grupo
pesquisado. Para a conversão das proporções em
desvios-padrão, a matriz proporção foi convertida
em uma matriz-Z. Para a correção dos escores-Z foi
adicionado o fator de correção +2,5 a fim de eliminar
os valores negativos. Para o cálculo dos coeficientes
de ponderação, aplicou-se o fator de correção ao
valor da média dos escores-Z. Essa parte identifica
a ordem de importância atribuída pelos enfermeiros
do período noturno a cada componente do trabalho
do ISP no que se refere à satisfação profissional.
Na análise da Parte B, primeiramente os itens
foram agrupados por componente. Posteriormente,
foram criadas matrizes de distribuição de freqüências das respostas por componente e, nesse momento, foi realizada a inversão dos escores dos itens
positivamente ordenados. Isso significa que o escore
7 foi atribuído para concorda inteiramente. Em cada
matriz foi realizada a soma dos valores numéricos
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
Análise quantitativa da satisfação profissional dos enfermeiros...
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de cada resposta, para cada componente, que foi
dividido pelo número de questões de cada componente, resultando em um escore médio. Essa parte
avalia a satisfação profissional percebida por esses
enfermeiros em relação ao seu trabalho atual.
O nível real de satisfação profissional foi
obtido a partir da medida ponderada entre a Parte
A e a Parte B, ou seja, foi realizada a multiplicação
do coeficiente de ponderação pelo escore médio
de cada componente, o que resultou no escore
ajustado por componente.
Para preservar a identidade dos participantes
desta pesquisa, os questionários foram identificados,
pela pesquisadora, pela letra E (Enfermeiro), seguidos
do número de ordem da entrega (E1, E2, E3,...).
A percentagem expressiva de trabalhadores
do sexo feminino dentre os enfermeiros é dado
recorrente nos estudos nacionais.7,10-11 A questão de
gênero na Enfermagem pode ser preponderante no
enfrentamento dos conflitos no trabalho.1
Devido à faixa etária predominante, maior do
que 41 anos, pode-se pressupor que sejam trabalhadores com relativa experiência de vida e maturidade. A relativa experiência de vida pode ser um
fator que contribui para a maior tranqüilidade na
tomada de decisões no trabalho e na vida pessoal.
Outro dado aponta para o elevado número de enfermeiros com mais de 41 anos, o que é relevante,
uma vez que, com o passar do tempo, o exercício
do trabalho no noturno pode desencadear nesse
trabalhador a mudança no cronotipo.
Cronotipo é uma propriedade do sistema
de temporização circadiana. Desse modo, o fato
de dormir tarde e acordar mais tarde é preferido
pelo cronotipo vespertino; dormir cedo e acordar
cedo é preferido pelos matutinos.13
A mudança no cronotipo poderá levar ao
desenvolvimento de complicações à saúde e ao
envelhecimento precoce do trabalhador. Pessoas
que atuam no período noturno podem ter a idade
como fator de risco adicional para o desenvolvimento de problemas de saúde e do denominado
envelhecimento funcional precoce.12
Além disso, os dados da Tabela 1 revelam
outros dois fatores que podem repercutir na qualidade de vida dos enfermeiros desse estudo: o fato
de estar casado ou conviver com o companheiro
associado à presença de filhos. Esses fatores podem
desfavorecer o descanso após o plantão noturno,
seja pelo cuidado dispensado, seja pelos ruídos.
Identifica-se na Tabela 1 que a maioria dos
enfermeiros (90,48%) optou por esse turno de trabalho. Ao serem questionados sobre as justificativas da opção, os enfermeiros informaram: a maior
disponibilidade para a família, a menor freqüência
de deslocamento para o hospital, a possibilidade
de ter outro emprego, a experiência prévia como
acadêmico de enfermagem ou como profissional
no serviço noturno, o menor fluxo de pessoas, o
ambiente mais calmo no noturno e o fato de poder
realizar as atividades do lar. Dados semelhantes
foram encontrados em outros estudos sobre o
serviço noturno da enfermagem.8,14-15
O fato de poder escolher seu turno de trabalho pressupõe que o indivíduo tenha razões e
necessidades que amparem essa escolha, o que
poderá favorecer sua satisfação profissional. Desse
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como evidenciam os dados apresentados na
Tabela 1, os enfermeiros do período noturno da
instituição pesquisada são, majoritariamente, do
sexo feminino (90,48%), com faixa etária maior que
41 anos de idade (64,28%), estado civil casado ou
com companheiro (64,29%) e com filhos (80,96%).
Dados semelhantes foram encontrados em outros
estudos realizados com trabalhadores de enfermagem que atuavam no período noturno.8-9
Tabela 1 - Dados sociodemográficos dos enfermeiros (n=42) que atuam no período noturno de
um Hospital Universitário. RS, 2008
Dados sóciodemográficos
Sexo
Masculino
Feminino
Faixa etária
20 a 30
31 a 40
> 41
Estado civil
Solteiro
Casado/companheiro
Separado/divorciado
Filhos
Não tem filhos
1 filho
2 filhos
3 filhos
Opção por trabalhar no período noturno
Sim
Não
Tempo de serviço noturno na instituição
1a5
6 a 10
11 a 15
>15
n
%
4
38
9,52
90,48
3
12
27
7,14
28,57
64,28
8
27
7
19,05
64,29
16,67
8
12
16
6
19,05
28,57
38,10
14,29
38
4
90,48
9,52
13
9
8
12
30,95
21,43
19,05
28,57
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
Silva RM, Beck CLC, Guido LA, Lopes LFD, Santos JLG
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componente normas organizacionais foram excluídos da análise. Após a exclusão, foi recalculado
o alfa de Cronbach que, para este estudo, o valor
do alfa geral da escala foi de 0,86, sendo o mesmo
considerado satisfatório.
A partir dos dados obtidos por meio da Parte
A, foi criada uma matriz de freqüência absoluta
que relacionou quantas vezes cada componente
foi escolhido em relação aos outros componentes,
conforme apresenta a Tabela 2.
Tabela 2 – Matriz de freqüências absolutas das
respostas da Parte A (n = 42). RS, 2008
Menos importante
modo, um trabalho livremente escolhido oferece,
na maioria das vezes, vias de descarga mais adaptadas às necessidades, e o trabalho torna-se um
meio de relaxamento a tal ponto que, uma vez a
tarefa terminada, o trabalhador se sente melhor
do que antes de tê-la começado.3
Quanto ao tempo de serviço noturno na instituição pesquisada, é possível observar dois grupos
de trabalhadores: o primeiro grupo compreende
os trabalhadores que tinham entre um e cinco anos
de serviço noturno na instituição e que estavam
experimentando uma adaptação tanto na vida
social quanto no corpo, na mente e no ritmo biológico. O segundo grupo eram aqueles com mais
de 15 anos de serviço noturno na instituição e que,
possivelmente, já experimentavam alterações no
ritmo biológico, com elevação das possibilidades
de cronificação dos sinais e sintomas (Tabela 1).
Nesse sentido, há referência de que o
tempo de serviço é proporcional à exposição dos
trabalhadores aos fatores de risco físico, biológico, ergonômico, psicossocial e químico, aspectos
essenciais na saúde do trabalhador e na sua satisfação com o trabalho.16
Em relação ao questionário do ISP, ressaltase que os dados obtidos a partir do escore da Escala
de Atitudes (Parte B) foram submetidos à análise
da consistência interna por meio da determinação
do alfa de Cronbach. Partindo-se da premissa do alfa
de Cronbach de que todas as correlações entre as
variáveis sejam positivas e, portanto, as variáveis
que apresentarem correlação negativa devem ser
excluídas por violarem o modelo,17 dois itens do
Status Profissional (SP)
Mais importante
SP NO R RT I A
- 21 29 31 31 38
Normas Organizacionais (NO) 21
-
24 29 34 28
Remuneração (R)
13 18
Requisitos do Trabalho (RT)
11 13 18
Interação (I)
11
Autonomia (A)
-
24 26 30
-
8 16 20
4 14 12
22 34
- 23
8 19 -
No que se refere à satisfação profissional
dos enfermeiros da pesquisa, o componente mais
escolhido foi autonomia (38) e o menos escolhido
foi status profissional (4).
Na seqüência, a matriz de freqüência absoluta foi convertida em matriz de proporção por
meio da divisão do número de vezes que o componente foi escolhido pela população do estudo
(n=42), (Tabela 3).
Menos importante
Tabela 3 – Matriz de proporção das respostas da Parte A (n = 42). RS, 2008
Status Profissional (SP)
Normas Organizacionais (NO)
SP
-
NO
0,5000
0,5000
-
Mais importante
R
RT
0,6905
0,7381
I
0,7381
A
0,9048
0,5714
0,6905
0,8095
0,6667
Remuneração (R)
0,3095
0,4286
-
0,5714
0,6190
0,7143
Requisitos do Trabalho (RT)
0,2619
0,3095
0,4286
-
0,5238
0,8095
Interação (I)
0,2619
0,1905
0,3810
0,4762
-
0,5476
Autonomia (A)
0,0952
0,3333
0,2857
0,1905
0,4524
-
Para a conversão das proporções em desviospadrão, a matriz proporção foi convertida em
uma matriz dos escores-Z. Para o cálculo dos
coeficientes de ponderação, aplicou-se o fator de
correção de +2,5 ao valor da média dos escoresZ, para eliminar os valores negativos, conforme
mostra a Tabela 4.
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
Análise quantitativa da satisfação profissional dos enfermeiros...
- 303 -
Tabela 4 – Matriz dos escores-Z das respostas obtidas por meio da Parte A do Índice de Satisfação
Profissional, (n = 42), mostrando o coeficiente de ponderação. RS, 2008
Mais importante
NO
R
RT
I
A
-
0,0000
0,9050
1,1313
1,1313
1,9232
Normas Organizacionais (NO)
0,0000
-
0,3394
0,9050
1,4707
0,7919
Remuneração (R)
-0,9050
-0,3394
-
0,3394
0,5656
1,0181
Requisitos do Trabalho (RT)
-1,1313
-0,9050
-0,3394
-
0,1131
1,4707
Interação (I)
-1,1313
-1,4707
-0,5656
-0,1131
-
0,2263
Autonomia (A)
-1,9232
-0,7919
-1,0181
-1,4707
-0,2263
-
Soma
Média
Fator de correção
Coeficiente de ponderação
-5,0907
-1,0181
2,5
1,4819
-3,5070
-0,7014
2,5
1,7986
-0,6788
-0,1358
2,5
2,3642
0,7919
0,1584
2,5
2,6584
3,0544
0,6109
2,5
3,1109
5,4301
1,0860
2,5
3,5860
Menos importante
SP
Status Profissional (SP)
O coeficiente de ponderação, em destaque na
Tabela 4, indica a ordem de importância atribuída
pelos enfermeiros a cada um dos componentes do
ISP. Desse modo, percebe-se que o componente
considerado mais importante no que se refere à
satisfação profissional para os enfermeiros desta
pesquisa é autonomia.
A Tabela 5 apresenta, com ênfase, o escore
ajustado por componente, que foi obtido por meio
da multiplicação do coeficiente de ponderação pelo
escore médio de cada componente. Assim, foi possível identificar que os enfermeiros que atuavam no
período noturno tinham maior nível real de satisfação profissional com a autonomia que possuíam
para a realização das suas atividades. Esse dado é
semelhante aos encontrados por outros autores.7,18
O componente normas organizacionais foi
identificado como sendo o de menor nível real de
satisfação profissional, dado que converge com os
resultados de outros estudos brasileiros.7,11,18
Tabela 5 – Estatística descritiva dos componentes do Índice de Satisfação Profissional para os
enfermeiros do período noturno. RS, 2008
Componente
Coeficiente
Escore Escore
de
médio ajustado
ponderação
Autonomia
3,59
4,67
16,73
Interação
3,11
4,44
13,81
Requisitos do trabalho
2,66
3,56
9,46
Status profissional
1,48
5,57
8,24
Remuneração
2,36
2,59
6,11
Normas organizacionais
1,80
3,20
5,76
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
A autonomia foi o componente em que os
enfermeiros estavam realmente mais satisfeitos
profissionalmente. Esse era um dado esperado,
uma vez que, no serviço noturno, há menor fluxo
de profissionais e redução dos serviços de apoio,
o que possibilita e também pressiona o enfermeiro
a participar efetivamente das decisões.
Supõe-se que o enfermeiro que tem oportunidades de exteriorizar suas opiniões, atuando de
forma efetiva no processo de tomada de decisão,
tem retorno do seu trabalho, o que pode contribuir
para a sua satisfação pessoal e profissional. Desse
modo, propiciar a autonomia aos trabalhadores
por meio do processo de pensar-fazer seu trabalho e ampliar o grau de abertura aos processos de
criação, permite alcançar o prazer no trabalho.19
Assim, “quando o sofrimento pode ser transformado em criatividade, ele faz uma contribuição
que beneficia a identidade”.3:137
Desse modo, a constante busca pela autonomia profissional repercute na construção da identidade profissional do enfermeiro, que, por meio do
conhecimento científico, pode enfrentar situações
que requeiram avaliação e tomada de decisão.4
A autonomia pressupõe a busca de informações, conhecimentos técnico-científicos, criatividade e controle sobre o processo de trabalho.
A enfermagem autônoma “utiliza uma conduta
que lhe permite estabelecer, conscientemente, os
limites e alcances máximos do seu fazer diário
porque, supostamente, conhece os espaços em que
tem direito de atuar”.20:92
A interação, como segundo componente de
maior nível real de satisfação profissional, também
foi um dado esperado, uma vez que o trabalho
- 304 -
interativo e em equipe no período noturno é
favorecido pelas especificidades desse turno. O
desafio de manter-se acordado associado às 12
horas de convívio com os colegas, oportunizam
a socialização de angústias e inquietações, assim
como de alegrias, saberes e conquistas, o que pode
repercutir favoravelmente no ambiente de trabalho e na satisfação profissional.
Desse modo, devido às características do trabalho hospitalar, as relações interpessoais assumem
papel importante na concepção do trabalho e no
sentido que poderá ser conferido a ele, uma vez que
esse congrega diversos trabalhadores com visões de
mundo e do trabalho assistencial diversificado.21
Com relação às normas organizacionais, há
referência de que o enfermeiro, além de participar efetivamente das etapas da organização do
trabalho, tem a responsabilidade de manter e reproduzir as normas organizacionais da instituição,
o que pode, sob algumas circunstâncias, levá-lo a
trair seus princípios e valores, gerando insatisfação
e sofrimento.7 É o que pode ter contribuído para
que este fosse o componente de menor nível real
de satisfação profissional.
Os componentes requisitos do trabalho,
status profissional e remuneração, ocuparam, respectivamente, o terceiro, quarto e quinto lugar na
identificação da real satisfação do grupo pesquisado, o que significa dizer que são componentes
que, para este estudo, exercem menor influência
sobre a satisfação profissional dos enfermeiros.
A satisfação profissional é um fenômeno
subjetivo e pode ser bastante específico para determinado ambiente de trabalho. Em vista disso,
essa é uma das razões para implementar estudos
de satisfação, seja para criar ou avaliar mudanças
dentro de uma organização.22
Desse modo, os dados apontam que a real
satisfação profissional dos enfermeiros estava
diretamente atrelada à possibilidade de tomada
de decisão e de liberdade de escolhas, e inversamente relacionava-se com as normas estabelecidas pela instituição.
CONCLUSÕES
A partir da análise dos dados e considerando
o objetivo proposto para este estudo, os resultados
encontrados permitiram as seguintes conclusões:
- os enfermeiros do período noturno da
instituição pesquisada são a maioria do sexo feminino (90,48%), com faixa etária maior que 41
anos de idade (64,28%), estado civil casado ou com
Silva RM, Beck CLC, Guido LA, Lopes LFD, Santos JLG
companheiro (64,29%), com filhos (80,96%) e que
escolheram trabalhar nesse turno (90,48%);
- quanto ao nível real de satisfação profissional dos enfermeiros do grupo estudado do período noturno em relação aos componentes do ISP,
verificou-se que esses trabalhadores estavam mais
satisfeitos com o componente autonomia seguido
pelo componente interação, requisitos do trabalho,
status profissional e remuneração;
- o componente com o qual os enfermeiros do
grupo estudado têm menor nível real de satisfação
profissional foi as normas organizacionais.
Diante disso, constata-se que a satisfação
profissional é influenciada por uma série de fatores
e está diretamente relacionada à subjetividade do
trabalhador. Neste estudo, o fato dos componentes autonomia e normas organizacionais terem se
destacado, respectivamente, como sendo o que
proporciona maior e menor satisfação profissional, permite uma reflexão interessante quanto aos
aspectos que vem sendo priorizados pela gestão
das instituições hospitalares, ou seja, a dedicação
à elaboração de normas e rotinas no intuito de
organizar e padronizar o processo de trabalho.
Entretanto, é importante salientar que normas e rotinas são implementadas, geralmente, por
profissionais diferentes dos que as elaboraram e
em um contexto dinâmico que nem sempre corresponde a parâmetros pré-estabelecidos, fator esse
que pode influenciar a satisfação no trabalho.
Ressalta-se que o fato de ter sido realizado
em um Hospital Universitário pode ser uma limitação do presente estudo. Assim, sugere-se a
realização de novos estudos, em especial em instituições privadas, sobre a saúde do trabalhador
de enfermagem que atua no noturno e sua relação
com o trabalho, a fim de possibilitar possíveis
comparações com os resultados deste estudo.
Por fim, considerando a importância do
trabalho para o ser humano e a carência de estudos que envolvam a temática, evidencia-se que
esta é uma área de investigação que precisa ser
desenvolvida, uma vez que, a compreensão das
questões relacionadas à satisfação profissional do
enfermeiro que exerce suas atividades no período
noturno pode sugerir ações interventivas com
vistas à melhoria da sua qualidade de vida, da
assistência prestada e da satisfação profissional.
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Correspondência: Rosângela Marion da Silva
Rua Esperanto, 80
97065-150 - Don Antonio Reis, Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: cucasma@terra.com.br
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 Abr-Jun; 18(2): 298-305.
Recebido em: 15 de setembro de 2008
Aprovação final: 21 de maio de 2009