Eixo: Intelectuais e Estudos Biográficos da Educação
ZALINA ROLIM: A EDUCADORA DO JARDIM DA INFÂNCIA
PÚBLICO ANEXO À ESCOLA NORMAL CAETANO DE CAMPOS
Fernanda Nunes dos Santos (Unifesp)1
Resumo: A história do século XIX revela muitas faces da educação brasileira. No que
concerne à educação paulista, é possível encontrar na sociedade lutas e resistências em
relação à educação feminina. Paralelo a essas lutas e resistências é possível localizar
nomes de mulheres que mudaram a história. Zalina Rolim foi uma mulher notável e em
seu tempo adentrou espaços que pertenciam ao masculino, como a poesia e a educação.
Escreveu poesias e mesmo sem formação para o magistério foi requisitada para fazer
parte do grupo que deveria organizar o primeiro Jardim da Infância público do Estado
de São Paulo. Zalina traduziu obras do pedagogo Fröebel, e musicalizou os cantos,
hinos e marchas traduzidas para uso no Jardim da Infância, sem que os mesmos
parecessem chochos ou inglesados, como descrito por Horace Lane. Também foi
indicada para o cargo de inspetora do mesmo Jardim da Infância e para o cargo de
professora de linguagem. A poetisa ajudou a construir a história da educação paulista, e
seu nome tem sido lembrado quando se fala sobre o primeiro Jardim da Infância. O
estudo das obras literárias e pedagógicas de Zalina Rolim tem como referencial teóricometodológico a História Cultural como proposto por Chartier (1998) no estudo da
produção, adoção e circulação do objeto cultural. Os trabalhos de Sirinelli (2003)
auxiliam na compreensão da necessidade de localizar uma rede de sociabilidade ao
estudar um intelectual. Por fim, os estudos de Bourdieu (2011) auxiliam na percepção
do campo intelectual. O período histórico em que Zalina Rolim atua dentro da educação
paulista situa-se entre 1893 e 1900, porém, além do tempo em que atua junto ao Jardim
da Infância anexo à Escola normal da Praça, é preciso ampliar o período de estudo para
obter uma melhor compreensão do que ocorria na sociedade e na educação paulista,
principalmente no que diz respeito às questões de gênero. Dessa forma, narrar a vida
profissional de uma educadora e poetisa do século XIX, terá mais sentido se houver
uma completa compreensão do que era ser mulher letrada nesse século. Como fontes
principais existem duas obras que direcionam a pesquisa para uma melhor compreensão
da vida de Zalina Rolim; Dantas (1983) e Piza (2008), ambas são fontes biográficas. As
fontes históricas se concentram nos trabalhos de Costa (2010) e Freyre (2008). A
historiografia da educação contêm os estudos de Bernardes (1988), Haidar (1972), e
1
Fernanda Nunes Dos Santos, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail:
fernandanunes29@hotmail.com
1
Rodrigues (1962). A pesquisa encontra-se em fase de estruturação, no entanto os
resultados ainda estão sendo definidos.
Palavras-chave: Zalina Rolim; História da Educação; Poesia Infantil; Jardim da
Infância; São Paulo.
Introdução
O século XIX é um momento de fortes transformações dentro do cenário
histórico e político. No que condiz à educação, é possível ver serem criadas leis
educacionais e surgirem reformas na intenção de buscar o melhor para o sistema. Entre
as transformações do século XIX, vemos a transição de um Brasil imperial, para um
Brasil republicano, tais mudanças políticas afetaram excepcionalmente a educação
brasileira.
Com as discussões sobre a educação no Brasil e sobre a formação de
professores, surge no século XIX as primeiras escolas de formação para o magistério,
mais conhecidas como Escolas Normais. Segundo Marcílio (2005, p. 160) São Paulo
mudava de forma galopante e a modernidade exigia métodos de ensino cada vez mais
modernos, “buscava-se o ideal civilizador para transformar a situação de atraso do seu
sistema de ensino”. A educação primária era para os intelectuais e autoridades “aquela
que tiraria do analfabetismo, das trevas, da “escravidão da ignorância” o cidadão
comum” (MARCÍLIO, 2005, p. 160). Na república as escolas ganham forma por meio
de prédios específicos para a instrução, antes, o ensino acontecia em casas e prédios
alugados. “O prédio escolar surgia pela primeira vez, na paisagem urbana paulista [...]”.
(MARCÍLIO, 2005, p. 164).
Dentro do cenário de transformações educacionais paulista, temos o projeto de
criação do primeiro Jardim da Infância público de São Paulo que foi autorizado pelo
Decreto 342, de 3 de março de 1896 “para servir de escola prática de ensino para a
escola-modelo. Era destinado às crianças de ambos os sexos, maiores de 3 anos e
menores de 6 anos” (MARCÍLIO, 2005, p. 140). Segundo Dantas (1983, p. 57), o
Jardim da Infância era um complemento para a Escola Normal Modelo, sendo o
“primeiro núcleo, no gênero, a criar-se no Estado, e integrante dessa ESCOLA
NORMAL”. Inicialmente funcionou na Avenida Ipiranga, até ganhar prédio próprio na
2
Praça da República. O Jardim da Infância segundo as palavras de Dantas (1983, p. 58)
foi uma “obra absolutamente pioneira em São Paulo, de experimentação [...] e que foi
aberta no dia 18 de maio de 1896”.
A criação e organização do Jardim da Infância de São Paulo grava em sua
história o nome de educadores pioneiros na educação infantil, dentre eles está o nome
de Zalina Rolim, poetisa atualmente conhecida entre alguns historiadores da educação
como escritora de duas obras “O coração” e “Livro das Crianças”, e também como
colaboradora da Revista do Jardim da Infância, Zalina tem em sua carreira literária,
publicações em jornais e revistas da época, assim como tradutora das obras pedagógicas
de Friedrich Wilhelm August Fröebel que serviram como suporte para a criação do
Jardim da Infância de São Paulo e que foram posteriormente publicadas na Revista do
Jardim da Infância.
A relação de Zalina Rolim com a educação está para além de suas traduções, a
educadora exerceu um papel muito importante como a de adaptar os versos, hinos,
cantos e marchas que quando traduzidos ficariam chochos e inglesados, dessa forma
pode-se afirmar que Zalina poetizou a infância das crianças paulistas.
Mulheres na sociedade oitocentista
Para melhor compreensão da carreira profissional de Zalina Rolim é preciso
compreender que distante do século XXI que dá às mulheres, direitos de igualdade de
gênero, o século XIX não vê a mulher como um ser passível de ter os mesmos direitos
que os homens, considerada o sexo frágil, a mulher da sociedade oitocentista era em boa
parte do tempo, reclusa, ocupando o seu tempo com as necessidades do lar e da família.
De acordo com Freyre (2008) a mulher passava a maior parte do tempo dentro da casa,
enquanto o homem ficava grande parte do seu dia na rua, na praça pública e em outros
lugares públicos. Para o autor, a situação da mulher brasileira era muito parecida com a
mulher da Grécia antiga, era mais conveniente que essa mulher permanecesse em casa
do que sair, assim como era “desonroso para o homem permanecer dentro da casa do
que cuidar de seus negócios” (idem, p. 88).
Sem vida sociável, não havia para a mulher a necessidade de acesso à educação,
cabia a ela saber as lidas da casa e educar os filhos como uma verdadeira matrona. A
3
sociedade impunha regras a essas mulheres e lhes negava até mesmo o mínimo da
necessidade humana, lhes negava o acesso à educação. Não havia poder político e
intelectual, sem conhecimento e sem saber ler e escrever, não havia como reivindicar
por condições de igualdade, presas ao lar, pouco sabiam sobre a vida fora das quatro
paredes.
Como lhes faltava o poder político, não tinham acesso à educação, e
sem educação jamais teriam poder político. É bem verdade que tanto
as protofeministas quanto aos viajantes mencionavam algumas
mulheres notáveis, que conseguiam vencer os obstáculos que a
sociedade lhes impunha, mas essas eram vistas como exceção que
confirmava a regra. (COSTA. 2010, p. 496)
Poucas mulheres tiveram destaque e conseguiram romper com as barreiras
impostas pela sociedade, não havia leis que protegessem e garantissem os direitos delas.
E os projetos em favor da educação feminina eram em sua maioria, vetados. As palavras
de Priore (1999, p. 8) mostram o que era ser mulher em pleno século XIX, “[...] as
mulheres não apenas sobreviviam como também proporcionavam condições de vida
afetiva e familiar para seu grupo”. Às mulheres cabiam os deveres com a casa e com a
família, elas não precisavam de mais nada além de saber os ofícios que um lar exigia. E
mesmo quando puderam frequentar as escolas, não aprendiam além do básico, e grande
parte da educação estava baseada em aprender a lavar, passar, cozer, bordar, costurar.
Os ideais da educação feminina se resumiam em saber educar os próprios filhos, não era
para que elas alcançassem a própria independência, mas sim para que pudessem ser
boas mães.
Mesmo assim, foi a partir dessa época que um grande número de
mulheres começou a escrever e publicar, tanto na Europa quanto nas
Américas. Tiveram primeiro de aceder à palavra escrita, difícil numa
época em que se valorizava a erudição, mas lhes era negada educação
superior, ou mesmo qualquer educação a não ser as prendas
domésticas; tiveram de ler o que sobre elas escreveu, tanto nos
romances quanto nos livros de moral, etiqueta ou catecismo. A seguir,
de um modo ou de outro, tiveram de rever o que se dizia e rever a
própria socialização. Tudo isso tornava difícil a formulação do eu,
necessária e anterior à expressão ficcional. (TELLES, 2004, p. 337)
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A história revela por meio de documentos históricos que houve algumas
mulheres que reivindicaram por educação e por outros direitos, que escreveram,
publicaram, organizaram e fundaram jornais e revistas. Mulheres que tiveram acesso à
educação, vindas de famílias que não lhes negaram o acesso à instrução, pois viam que
a educação era necessária para a vida social de suas filhas, porém, isso era uma
realidade para as famílias abastadas e com certo nível de erudição, com o poder
econômico podiam enviar suas filhas para estudar nos internatos de outros países, ou
contratar preceptoras estrangeiras para ensiná-las. Essa “educação de jovens de boa
família” se dava no lar, sob prescrição dos pais ou de preceptoras (HAIDAR, 1972, p,
231). Sem educação básica, foi difícil para que as mulheres pudessem seguir alguma
carreira, um escape foi o magistério, porém, cursar o nível superior em cursos de
medicina, arquitetura e direito foi uma realidade para a grande minoria.
A ausência de escolas públicas de nível secundário para meninas, no
entanto, continuou a fazer da educação um privilégio das elites. Em
1882, o ministro Rodolfo Dantas, referindo-se ao exemplo das
“nações civilizadas”, recomendava à Câmara dos Deputados a criação
de um sistema de ensino secundário para moças. Mas seu projeto
não foi adiante. [...] as meninas de classe média e alta que viviam na
zona rural tinham limitadas oportunidades de adquirir alguma
educação nos raros internatos existentes no Brasil ou na Europa. A
maioria continuava a receber uma educação rudimentar em casa. Em
razão da precária educação, poucas mulheres estavam preparadas para
prestar os exames de seleção quando as Faculdades de Direito,
Medicina, Farmácia e Arquitetura abriram finalmente suas portas às
mulheres em 1879. (COSTA, 2010, p. 505)
Na sociedade brasileira revigorava o pensamento e costume português sobre a
educação de mulheres que segundo Haidar (1972, p, 231) “encerravam a mulher no lar”,
esses homens trouxeram para o Brasil, todo o regimento que havia em Portugal sobre a
mulher, para eles, as mulheres não tinham direitos, apenas deveres, e não lhes cabia
saber ler e escrever, pois saber ler e principalmente escrever representava um perigo
para os pais que acreditavam que suas filhas poderiam escrever cartas amorosas.
Rodrigues (1962, p. 32) também afirma que houve no Brasil forte influência dos
portugueses que conservavam dentro de seus lares as suas...
5
esposas e filhas, com zêlo excessivo, e mesmo muitas vezes com
severidade e ciúmes [...] transportada para a colônia, adaptando-se às
condições do meio, sem contudo perder nada de seu rigorismo, melhor
condiciona a situação da mulher brasileira
É considerável o número de observações relativas à austeridade de
vida das mulheres portuguêsas, à sua reclusão e afastamento de
qualquer instrução, observações essas que existem disseminadas nas
obras de viajantes e escritores estrangeiros, sôbre os períodos dos
séculos XVI a XVIII. (RODRIGUES, 1962, p. 32)
Segundo a autora alguns homens portugueses viam a educação do sexo feminino
como heresia social. Romper com os parâmetros não era tarefa fácil em uma sociedade
patriarcal, regida e dominada por homens. Era preciso que a mudança viesse por meio
de leis.
[...] o deputado Seixas afirma que é evidente “a utilidade e
necessidade da boa educação das mulheres, mas infelizmente as
brasileiras ordinariamente dotadas de talento têm estado condenadas à
ignorância a (sic) mais profunda, sendo privadas até daqueles
primeiros princípios de moral pública, indispensáveis para serem boas
mães de família!” (BRASIL, 1826 apud RODRIGUES, 1962, p. 65)
De acordo com Rodrigues (1962, p. 71), “somente após a promulgação da lei
nacional de 15 de outubro de 1827, torna-se uma realidade a instrução pública para
meninas”. Ainda assim, a educação feminina passou por emendas e discussões no
senado federal e continuou a não ser vista como prioridade, Haidar (1972, p. 231)
afirma que a educação de meninas mudou com parcimônia a partir da lei nacional de
educação de 1827.
Formação e iniciação literária
6
Fig. 1 – Retrato de Zalina Rolim
Fonte: http://bndigital.bn.br/hemeroteca-digital/
Zalina Rolim nasce em um tempo em que a instrução feminina é discutida e
sofre pequenos avanços, a sociedade em que cresce é palco para a compreensão de sua
trajetória profissional e intelectual. Nascida na cidade de Botucatu em 20 de julho de
1869, Zalina se enquadra no perfil de meninas que não frequentaram a escola, não por
que sua família a proibira de estudar, mas por que o pai, se encarregando de ensinar as
filhas, superou o ensino da escola pública e por esse motivo frequentou a escola por
apenas um ano. O pai, o eterno professor, lhe ensinou tudo o que sabia, mas também
deixou aos cuidados do Dr. João Köpke a educação das filhas. “Foi, além do pai, o seu
primeiro e último professor” (LEITE, 1954). No tempo em que viveu em Faxina, Köpke
foi mestre de Zalina Rolim, e viu na menina, um dom para as letras poéticas.
[...] o mestre apenas formalizou estes ensinamentos, que já vinham
sendo ministrados pelo pai da menina.
O Dr. José Rolim, homem erudito, colocava ao alcance de suas filhas
o alimento intelectual e espiritual que as pudessem desenvolver
plenamente. (Piza, 2008, p. 26).
Desde a meninice Zalina gostava de escrever poesias e as apresentava em saraus
familiares, não teve professor de poética, leu os românticos e os parnasianos. Dos
7
autores estrangeiros leu a obra completa de Victor Hugo, dos nacionais, Gonçalves
Dias, Castro Alves, Olavo Bilac, Raimundo Correia, também leu um pouco de Alberto
de Oliveira, e era admiradora do trabalho de Vicente de Carvalho, ambos eram amigos,
e o autor enviava para Zalina suas obras autografadas. João Luso também enviava a
Zalina Rolim os seus livros autografados. Palestrou com Ezequiel Freire e Carlos
Magalhães. “Afinal: no tempo da sua atuação literária, a poetisa se fizera uma figura
nacional, conhecida e admirada em São Paulo, no Rio, no Brasil” (LEITE, 1954).
É na figura do pai que Zalina encontrou apoio para ser uma mulher letrada e dar
início a sua carreira literária. O pai nunca lhe desvaneceu os sonhos, pelo contrário, a
incentivava e até lhe apresentou um amigo poeta de quem Zalina Rolim tornou-se
grande amiga; Ezequiel Freire, que imediatamente a apresentou a Narcisa Amália, a
poetisa foi quem lhe abriu as portas do mundo literário, assim, Zalina Rolim passou a
publicar suas poesias nos jornais de sua cidade e posteriormente no jornal da capital de
São Paulo.
O pai, homem culto e esclarecido, encarou com boa-vontade e
seriedade, e talvez até com desvanecimento, a vocação poética da
filha, a ponto de pedir, para ela, conselhos literários de Ezequiel Freire
– (1850-1891) –, poeta fluminense radicado em São Paulo, onde se
bacharelou em Direito; fez jornalismo; exerceu o cargo de juiz
municipal – mesma função de Dr. José Rolim de Oliveira Ayres – e se
tornou professor, por concurso, da Faculdade de Direito.
Revelou-se, nesta atitude, o Dr. Rolim de Oliveira Ayres, pessoa de
visão elevada e superior, pois, inclusive, a vocação literária, nas
mulheres, à época, provocava ataques e, até, difamação. No entanto,
ao em-vez-de dissuadir a filha para desistir da Poesia e das veleidades
literárias, anima-a, e a dirige para orientação de pessoa experimentada
na Arte e de sua particular confiança. (DANTAS, 1983, p. 27)
O Dr. José Rolim de Oliveira Ayres formou-se em bacharel pela Academia de
Direito de São Paulo, sua elevação intelectual propiciou às suas filhas um elevado nível
de instrução. Na sociedade oitocentista, não havia espaços para mulheres notáveis,
mesmo assim, abriu caminho para que Zalina Rolim exercesse sua vocação literária.
Mulheres que tinham vida pública não eram bem vistas pela sociedade, as dificuldades
que enfrentavam eram grandes, poderiam ser atacadas e difamadas, porém, tais barreiras
não impediram o magistrado Dr. Ayres de ajudar sua filha a seguir a carreira literária.
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Revelou-se, nesta atitude, o Dr. Rolim de Oliveira Ayres, pessoa de
visão elevada e superior, pois, inclusive, a vocação literária, nas
mulheres, à época, provocava ataques e, até, difamação. No entanto,
ao-em-vez-de dissuadir a filha para desistir da Poesia e das veleidades
literárias, anima-a, e a dirige para orientação de pessoa experimentada
na Arte e de sua particular confiança. (DANTAS, 1983, p. 27)
Ao adentrar em um espaço literário, a poetisa conheceu e conviveu com grandes
nomes da literatura brasileira, trocou correspondências com eles e foi incentivada a
publicar o próprio livro. Assim, em 1893 reuniu em um pequeno livrinho chamado de O
coração, suas poesias publicadas em revistas e jornais, dedicando uma pequena parte a
historietas infantis. O coração reúne toda a expressão e dedicação de Zalina Rolim para
as poesias, sendo muitas delas dedicatórias a pessoas queridas.
O convívio com intelectuais da época, a troca de correspondência com
escritores como Carlos Magalhães de Azeredo e João Luso, situam
Zalina no eixo onde a literatura brasileira acontece, no início da última
década do século dezenove.
[...] A imprensa cria uma expectativa sobre o lançamento do livro de
Zalina, que já é conhecida pela publicação de seus poemas
esporadicamente nos jornais do interior e da capital. Em Itu, Zalina é
convidada a colaborar com seus escritos nos dois jornais, onde divulga
seus delicados poemas. (PIZA, 2008, p. 30-31)
Ao falar sobre as redes de sociabilidade, Sirinelli afirma que os intelectuais se
organizam em torno de uma sensibilidade que pode ser ideológica ou cultural comum.
Dessa forma, se as trajetórias requisitam “esclarecimento e balizamento”, que pode dar
se por meio de estudos sobre as relações sociais, essas relações também requisitam
interpretação (SIRINELLI, 2003, p. 247). O trabalho do historiador é dar sentido a essas
redes.
Além do círculo de poetas, Zalina Rolim teve contato com outras mulheres
notáveis que escreveram e fundaram revistas, como no caso de Presciliana Duarte de
Almeida, que fundou a revista A Mensageira. A revista a aproximou de mulheres como
9
Anália Franco2, Julia Lopes de Almeida, Francisca Júlia e outras. Na revista A
Mensageira, Zalina colaborou com suas poesias.
[...] As revistas conferem uma estrutura ao campo intelectual por meio
de forças antagônicas de adesão – pelas amizades que as submetem, as
fidelidades que arrebanham e a influências que exercem – e de
exclusão – pelas posições tomadas, os debates suscitados, e as cisões
advindas. (SIRINELLI, 2003, p. 249)
Se os intelectuais se unem em torno de um ideal, como é proposto por Sirinelli
(2003), para além da literatura e imprensa no geral, podemos encontrar Zalina Rolim
unida a educadores, tendo sido uma das divulgadoras da educação infantil e do método
proposto por Fröebel por meio da Revista do Jardim da Infância. Assim, nomes como
Gabriel Prestes, João Köpke, Maria Ernestina Varella, Joanna Grassi, Isabel Prado
dentre outros, fazem parte do rol de educadores que trabalharam com Zalina Rolim no
Jardim da Infância. “E foi aqui, nessa função, dentro do JARDIM DA INFÂNCIA, que
floresceu, de maneira maravilhosa e fecunda, a sua vocação para a educação préprimária e o seu trabalho intenso e imorredouro”. (DANTAS, 1983, p. 58)
Todo grupo de intelectuais organiza-se também em torno de uma
sensibilidade ideológica ou cultural comum e de afinidades mais
difusas, mas igualmente determinantes, que fundam uma vontade e
um gosto de conviver. São estruturas de sociabilidades difíceis de
aprender, mas que o historiador não pode ignorar ou subestimar.
(SIRINELLI, 2003, p. 248)
Embora a história de vida de uma pessoa pareça linear, Bourdieu (2011) diz o
contrário, segundo o autor a história de vida não é linear, ela é irregular, o contrário
pode levar o historiador a cair na “ilusão biográfica”, no sentido de que tudo parece
perfeito e sequencial, por esse motivo, pensar no contexto histórico, familiar e social de
Zalina, nos faz refletir que os passos que seguiu, exigiram quebras de barreiras e de
muitos preconceitos.
2
Zalina Rolim colaborou para a revista para meninas de Anália Franco “Álbum das meninas”.
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O trabalho com o Jardim da Infância
Zalina Rolim tendo sido aluna do educador Dr. João Köpke, recebeu uma carta
de seu antigo mestre, em que o mesmo pedia sua colaboração para organizar e traduzir
do inglês as obras pedagógicas de Fröebel. Zalina aceitou o convite e em 1893 compôs
o grupo de educadores formado por Köpke, Gabriel Prestes e outros, para pensar a
educação do Jardim da Infância.
O jardim-de-infância, a mais bem-sucedida das instituições desponta
como um contraponto às demais, tratado às vezes como se fosse o
detentor exclusivo de uma concepção pedagógica. Fröebel, que abriu
o primeiro kindergarten no alvorecer da década de 1840, em
Blankenburgo, pretendia não apenas reformar a educação pré-escolar,
mas por meio dela a estrutura familiar e os cuidados dedicados à
infância, envolvendo a relação entre as esferas pública e privada.
(KUHLMANN JR, 2001, p. 10)
João Köpke foi quem apresentou as propostas pedagógicas de Fröebel e
Pestalozzi, que prontamente foi aceita por Zalina, o educador indicou-a para escrever as
poesias do livro que ele estava organizando, e mandou fazer as imagens que comporiam
o livro, em posse das pranchas, Zalina escreve as poesias. O livro é levado para Boston,
nos EUA, editado pela C. F. Hammett & Company e publicado no Brasil em 1897. O
livro teve apoio do governador do Estado de São Paulo, Bernardino de Campos que
financiou o livro que tinha como objetivo ser destinado às escolas públicas do Estado.
João Köpke, tendo sido mestre de Zalina quando o Juiz Rolim vivia
em Araraquara, e que acompanhava a trajetória da produção poética
de sua ex-aluna, escreveu a ela uma longa carta solicitando ajuda para
a elaboração de textos adequados aos pequenos alunos. Fez muitas
recomendações a Zalina sobre os princípios de Fröebel, de modo que
ela se embebesse dos mesmos objetivos de toda a equipe que se
organizava. (PIZA, 2008, p. 37)
O grupo se organizou em meados de 1893, e finalmente em 1896 o Jardim da
Infância é inaugurado. O trabalho de Zalina Rolim com o Jardim da Infância, apesar de
curto, rendeu-lhe muitos reconhecimentos. Não houve no Jardim da Infância da época,
alguém que como ela, tenha escrito versos de sua própria autoria ou adaptado os cantos
e versos traduzidos, com tanta musicalidade. Seu reconhecimento foi dado por Horace
11
Lane em uma carta que escreveu a Gabriel Prestes, publicada no jornal O Estado de São
Paulo.
Durante os sete anos do Jardim da Infância da Escola Americana,
procuramos debalde achar alguém que, compenetrando-se do
verdadeiro alcance de assumpto, pudesse converter essa bella
litteratura das crianças, em um portuguez que não fôsse chocho e
inglesado. (LANE, 1897, p. 1)
O trabalho de Zalina não se esgota apenas com as traduções e musicalidades, foi
indicada para o cargo de direção do Jardim da Infância, porém, por não ser formada pela
Escola Normal, não pode ser nomeada para o cargo, dessa maneira, assumiu o cargo de
auxiliar de inspetora3, “e foi aqui nessa função, dentro do JARDIM DA INFÂNCIA,
que floresceu, de maneira maravilhosa e fecunda, a sua vocação para a educação préprimária e o seu trabalho intenso e imorredouro”. (DANTAS, 1983, p. 58)
Zalina Rolim, quando o ensino primário ronronava ainda na dureza
férrea e enferrujada dos métodos educacionais de antanho, pôs o seu
jovem coração a serviço de uma causa que ela somente alcançava e
compreendia – o aformoseamento da alma infantil e o amanho
maternal daqueles pequeninos cérebros que um dia haveriam de beber
sofregamente o netar [sic] prodigioso do saber humano. Surgiu assim
o primeiro jardim da infância, afetivo desdobramento do próprio lar,
muitas vezes mais atencioso, mais alegre e mais feliz que muitos
lares...
Certamente que os circunspectos mestres-escolas da época terão
sorrido daquela professorinha irrequieta e sonhadora que arrebanhava
para a sua “escola de brinquedo” criaturinhas que melhor estariam
longe dali, agarradas às saias maternas [...]. (DANTAS, 1983, p. 59)
Nas palavras de Dantas (1983) e de António D’Ávila têm se a impressão de que
Zalina Rolim tinha em sua alma a vocação para a educação infantil.
Coube a essa bela e notável poetisa afeiçoar o espírito geométrico e
rígido da didática froebeliana ao nosso meio e á feição da criança
paulista, aos seus interesses, e capacidades.
D. Zalina Rolim estudou ainda o problema da educação pré-primária,
e a ela se deve, ainda hoje, orientações que a evolução natural dos
3
Atual cargo de vice-diretora.
12
métodos pedagógicos nem o tempo conseguiram desvalorizar. Pelo
contrário, mais viéram consolidar o seu natural prestígio de educadora
por vocação e poetisa por excelência da alma infantil brasileira.
(D’ÁVILA, 1972 apud DANTAS, 1983, p. 60)
Dentro do jardim, Zalina também atuou como professora de linguagem. Seu
trabalho consistia em dirigir as crianças na conversação, canto, contos e exercícios de
dicção. As lições de Zalina foram publicadas juntamente com suas traduções no
periódico da Revista do Jardim da Infância, que fora publicado no período entre 1896 e
1897. Essa revista foi de grande utilidade para aqueles que estavam envolvidos com a
educação do Jardim da Infância. A contribuição de Zalina Rolim para a revista foi de
suma importância para a difusão dos métodos froebelianos. Porém sua contribuição não
ficou retida apenas às traduções, a educadora também colaborou com produções
originais. Também é de autoria de Zalina a letra do hino do jardim da infância.
Fig. 2 – Revista do Jardim da Infância
Fonte: http://bndigital.bn.br/hemeroteca-digital/
Essa Revista vale por todo um tratado metodológico sobre os
JARDINS DA INFÂNCIA.
Nela, Zalina Rolim, já se disse colaboradora com poesias e contos; e
exercícios de linguagem e jogos. As traduções do inglês e da parte
poética foram feitas por ela. Também a ela coube colocar e versos e
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adaptar brinquedos traduzidos de outros idiomas – (alemão, inglês e
francês) – por outros educadores. Apresentou, ainda relatórios, artigos
doutrinários e impressões pedagógicas. (DANTAS, 1983, p. 62)
No ano de 1897, é publicado o Livro das Crianças, edição especial para as
escolas públicas do Estado de São Paulo. A obra contêm poesias, cantigas e historietas
com o objetivo de formar a criança de modo integral, estimulando o valor moral. As
poesias acompanham as ilustrações que despertam nas crianças o interesse pela leitura.
Dessa forma a escola cumpre com o seu papel de “civilizar” as crianças por meio do
ensino moral. A ideia de civilizar está pautada nos ideais republicanos. Segundo
Hilsdorf (2007), a República vê na escola pública paulista à realização de uma escola
ideal, a busca pela pedagogia moderna que rompe com o tradicional. A educação é para
os republicanos uma das armas da transformação evolutiva da sociedade. É a escola a
responsável por instaurar uma nova ordem. Com base nesses princípios, a educação das
crianças é vista como o ponto inicial dessa nova ordem.
Fig. 3 – Capa do Livro das Crianças – Zalina Rolim
Fonte: https://reheg.fe.ufg.br/n/30886-acervo-documental-da-reheg
Quando se avalia os motivos da publicação de uma obra, seja ela literária ou
pedagógica, é preciso pensar que elas não são estáticas, que “estão investidas de
significações plurais e móveis” (CHARTIER, 1998, p.9), pois as obras têm como
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destino um determinado público, elas são produzidas pensando em quem irá ler, daí é
preciso retirar delas os valores que estão compenetrados em seus textos e imagens, e
que mostram uma visão de mundo tanto de quem escreve, quanto de que encomenda a
obra e de quem edita, “tais obras se tornam um recurso precioso para pensar o essencial:
a construção de um vínculo social, a subjetividade individual, a relação com o sagrado”
(Ibdem).
Um objeto de valor cultural para a história da educação também deve ser
pensado a partir da sua materialidade, e das práticas de produção e apropriação do texto
assim como proposto por Chartier (1998, p. 8) “a atenção dispensada, mesmo que
discreta, aos dispositivos técnicos, visuais e físicos que organizam a leitura do escrito
quando ele se torna um livro”.
Chartier (1998, p. 8) afirma que “O livro sempre visou instaurar uma ordem:
fosse a ordem de sua decifração, a ordem no interior da qual ele deve ser compreendido
ou, ainda, a ordem desejada pela autoridade que o encomendou ou permitiu a sua
publicação”. A ordem da obra de Zalina Rolim é a ordem do pensamento republicano e
das influências froebelianas. Que vê a criança como um ser em processo de formação e
que precisa aprender os valores. Uma nota publicada no jornal O Estado de São Paulo
complementa a importância do livro publicado por Zalina Rolim para as crianças.
O Livro das crianças, que o Governo do Estado acaba de mandar
imprimir nos Esthados Unidos, em uma bela edição, é sem duvida
alguma um dos raros livros escolares, dos que entre nós se publicam,
dignos de apreço e de aplauso.
[...]
O Livro das crianças é um livro de versos, todos adaptados á
intelligencia infantil; são contos e historietas, de uma graça e de uma
delicadeza inexcedíveis que devem encantar a legião dos seus
pequeninos leitores.
Escriptos na linguagem singela que o seu destino reclamava,
mereceram todavia esses versos os cuidados de fórma que já elevaram
a distância poetisa a um dos logares de honra entre os nossos poétas.
Por isso, como bem ponderou o prefaciador do livro, é ele mais do que
um simples livro de leitura, é um modelo sugestivo para o ensino da
linguagem oral e escripta. O encanto e a variedade do assumpto dos
contos, o vocabulário rico e preciso, as imagens poéticas, tudo
fornecerá ao professor inteligente variadíssimos elementos para os
multiplos exercícios de linguagem. (SILVA, 1898, p.1)
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Fig. 4 – Pág. 12/15 Do Livro Das Crianças – Zalina Rolim
Fonte: https://reheg.fe.ufg.br/n/30886-acervo-documental-da-reheg
Fig. 5 – Pág. 16/17 Do Livro Das Crianças – Zalina Rolim
Fonte: https://reheg.fe.ufg.br/n/30886-acervo-documental-da-reheg
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As páginas do livro evidenciam questões morais como o trabalho versus a
preguiça, e o cuidado maternal que a menina desde a mais tenra idade já aprende ao
observar a própria mãe quando a mesma cuida de seus filhos, a menina com todo
cuidado presa em cuidar para que sua “filha” – a boneca – não tome muito sol. Embora
haja uma falha na imagem, se verifica que faltam páginas, o texto traz na página 14, a
imagem de uma menina sentada com sua boneca no colo e com um guarda-sol que
protege a “filha”. Apresentar algumas páginas do livro de Zalina Rolim é uma forma de
demonstrar alguns valores incutidos em sua obra. O livro instaura uma ordem e valores
para a criança, porém tais discussões merecem um estudo à parte e serão aprofundadas
em outra ocasião.
Homenagens à educadora e poetisa
Todo trabalho poético de Zalina Rolim lhe renderam muitas homenagens,
algumas em vida, e outras póstumas. Em 1909, reconhecida por seu trabalho, é
convidada para fazer parte do grupo de intelectuais paulistas que se uniram para fundar
em São Paulo a Academia Paulista de Letras. Recebeu o convite para participar da
Academia ao lado de outras mulheres intelectuais, como Presciliana Duarte de Almeida
e Francisca Júlia, porém, assim como Francisca Júlia, Zalina declinou do convite que a
imortalizaria entre os acadêmicos.
De Francisca Júlia conta-se o que também se diz com maiores visos de
probabilidade, da poetisa Zalina Rolim: instada para ingressar na nova
sociedade, deixando do lado de fora o seu marido. [...]
“A poetisa D. Francisca Júlia, a poetisa e pedagoga D. Zalina Rolim
Toledo [...], quase todos por delicadas cartas, que já entraram para o
nosso arquivo, se escusaram aos nossos convites ainda reiterados”.
(ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, 1979, p. 171)
Saudada por Sud Mennuci e pelo poeta Judas Isgorogota (Pseudônimo de
Agnelo Rodrigues de Melo), Zalina Rolim foi homenageada pelo Centro do
Professorado Paulista no dia 25 de abril de 1944.
Por decreto de 26 de maio de 1944, um grupo escolar recebe o nome de Dona
Zalina Rolim. A escola está localizada à Rua Luiz Carlos, nº 740, Vila Aricanduva, sob
supervisão da Diretoria de Ensino Leste 4. Seu retrato foi inaugurado em 22 de julho do
17
mesmo ano, com a presença de Zalina Rolim e do escritor Malba Tahan. A escola
“mantém o retrato, sob desenho, da Patrona; e um quadro contendo a gravação de
editorial do “DIÁRIO DE S. PAULO”, de 20 de julho de 1969, quando do centenário de
nascimento de Zalina Rolim” (DANTAS, 1983, p. 79).
Em 14 de outubro de 1954, Zalina Rolim foi homenageada como Mestra do IV
Centenário da Cidade de São Paulo. “Foi saudada pelo poeta, ensaísta e professor
Manoel Cerqueira Leite” (DANTAS, 1983, p. 79). O autor também afirma que durante
a sessão cívico-artística, cantaram hinos e declamaram poesias de vários autores e
alguns originais da própria homenageada. Dona Isabel Vieira de Serpa e Paiva dedicou
a Zalina Rolim uma poesia sob o título “Tribunal de Gratidão”.
No bairro da Vila Mariana, uma biblioteca infantil inaugurada em 18 de março
de 1956, após algumas reformas e mudanças de nome, recebeu em 1973, o nome da
patrona Zalina Rolim. A biblioteca fica localizada à Rua Corredeira, 26. A denominação
se deu pelo decreto n.º 10.767 d 7 de dezembro de 1973.
Na Capital de São Paulo, Zalina Rolim é o nome dado a uma rua localizada na
Vila Ede, do subdistrito de Santana. Em 1972, Itapetininga também homenageou Zalina,
dando seu nome a uma de suas ruas.
Maria Amélia Blasi de Toledo Piza escreveu, com patrocínio da Prefeitura de
Botucatu, em 2008, uma biografia com obra completa de Zalina Rolim, tal biografia foi
escrita para homenagear a poetisa que foi indicada para patrona da cadeira número 27
da Academia Botucatuense de Letras.
Conclusão
Zalina Rolim foi uma educadora que marcou história na educação infantil, sua
atuação foi breve, porém suas marcas prevaleceram. Por vezes a história apaga nomes,
exalta uns e menospreza outros. Tal trabalho é uma tentativa de resgate de uma dentre
tantas figuras importantes que foram esquecidas, Dantas (1983) e Piza (2008) fizeram
um trabalho biográfico muito sério sobre a vida de Zalina Rolim, porém, na certeza de
que muito há para se estudar sobre ela, a pesquisa que ainda está em andamento tem
como objetivo principal compreender a representação de infância em suas obras. Este
artigo visou apenas destacar fragmentos da pesquisa com foco em sua atuação com o
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Jardim da Infância, demonstrando a importância de seu trabalho pedagógico que foi
referência no Jardim da Infância e elogiado por grandes nomes da educação como
Horace Lane e Gabriel Prestes.
O estudo das fontes mostra uma Zalina delicada e dedicada ao trabalho
educacional, um trabalho pesado, mas que deu vida ao Jardim da Infância, que trouxe
resultados, que ela mesma pode verificar. Para Zalina, os avanços das crianças se deram
por causa das práticas froebelianas, tal argumento pode ser verificado em suas notas,
que estão publicadas na Revista do Jardim da Infância.
Portanto, seu trabalho pedagógico é exemplo para todos aqueles que veem na
educação a saída para um país que busca o progresso. Não há como negar que a visão
republicana sobre a educação também era a visão de Zalina, a ordem civilizatória
começava na escola, e essa escola podia ser o Jardim da Infância.
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Jan. 1897. p. 1.
PRESTES, Gabriel. Revista do Jardim da Infância. São Paulo: Typografia A Vapor
Espindola, Siqueria & Comp.,Vol.I, 1896.
PRESTES, Gabriel. Revista do Jardim da Infância. São Paulo: Typografia A Vapor
Espindola, Siqueria & Comp.,Vol.II, 1897.
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