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2022, Tamanha Poesia
Resumo: O trabalho que apresentamos ensaia e persegue, na poesia de Álvaro de Campos, a concepção de que a linguagem artística, como antítese da sociedade (ADORNO, 1988), formaliza um campo de conhecimento metafisicamente poético e estabelece uma rivalidade epistemológica com outras instâncias de conhecimento, a saber, oriundas da tradicional sistematização filosófica. As nossas percepções giram em torno da ideia de que a poesia do heterônimo pessoano citado é o receptáculo de uma herança artística que atualiza a arte como um campo de batalha. Nesse sentido, ela faria a manutenção de tons e moldes poético-especulativos do que chamamos “estar-aí-belicoso”, outrora fundamental na Ilíada. Para a compreensão desse modus operandi, solicitamos, além de uma postura crítica de Walter Benjamin e de Theodor Adorno, as reflexões estéticas de um Fernando Pessoa teorético (1985). Walter Benjamin, em Origem do drama trágico alemão (2013), crê que as obras de arte são produtoras de sua própria crítica e, desta forma, o enfrentamento entre obras de arte estabelece um continuum de formas. Suas investigações são, teoricamente, entendidas por Fernando Pessoa, quando, em Ideias estéticas (1986), pensa em todos os poemas com um quê de Homero e indica que a despersonalização não é novidade em literatura; e, de forma empírica, executadas pelo programa poético de Álvaro de Campos. Theodor Adorno, por sua vez, cogita, em Teoria estética (1988), a obra de arte como indigência de sua inflexão conceitual. Logo, o elemento que lhe particulariza – o dinamismo de sua universalidade – revela-se pelo antagonismo entre obras. Apostando nesta aproximação radical entre as modalidades poéticas contingenciadas, historicamente, à modernidade e à antiguidade, objetivamos, pois, contemplar como se configura traços do pensamento negativo ilíaco no diálogo com a poesia de Álvaro de Campos e com a forma de resistência à secularização do gesto monadológico quando a literatura tomba no painel do Conhecimento. https://tamanhapoesia.wordpress.com/ volume 7 | número 14 | jul.-dez./2022 Territórios do Poema
Num texto de 1966, intitulado “Uma literatura desenvolta ou os filhos de Álvaro de Campos”, Eduardo Lourenço aponta os ficcionistas portugueses emergentes entre as décadas de 50 e 60 como os legítimos descendentes do mais modernista dos heterônimos pessoanos, na medida em que se afastavam de certo compromisso com a ética e com a ideologia, desvalorizando o discurso logocêntrico e as grandes narrativas. Partindo dos pressupostos laurentinos, pretendemos demonstrar em que sentido a poesia de Carlos Fradique Mendes, criado em 1869, a partir de uma experiência heteronímica coletiva levada a termo por Antero de Quental, Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis, pode ser vista como antecipatória das inovações estéticas que Eduardo Lourenço afirma terem sido trazidas à poesia portuguesa pelo heterônimo futurista de Pessoa e retomadas pelos autores da “Nova Literatura”. Logo, em vez dos “filhos”, trataremos daqueles que, seguindo o mesmo raciocínio traçado por Lourenço, podem ser vistos como os “pais” geracionais ou intelectuais de Álvaro de Campos.
Álvaro de Campos, a personagem mais activa, interventiva e penetrante criada por Fernando Pessoa, foi a única que deixou uma prosa (até 2012 amplamente inédita) de uma dimensão idêntica à que se encontra no Livro do Desasocego (publicado em 1982). Daí que a publicação da Prosa de Álvaro de Campos, segundo Jerónimo Pizarro, se possa considerar um acontecimento editorial tão relevante quanto a primeira publicação do Livro do Desasocego há exactamente trinta anos. Afinal, a prosa tardia de Campos é contemporânea da prosa tardia do Livro e ambas foram escritas pelo mesmo autor quando este havia já atingido um raro domínio da sua arte. Para mais, foi o próprio Pessoa quem afirmou que o seu semi-heterónimo Bernardo Soares se assemelhava em «muitas coisas» ao seu heterónimo Álvaro de Campos. Neste sentido, a presente edição da prosa reunida de Campos vem lembrar, mais uma vez, que Pessoa continua inédito, embora seja esta uma realidade que ainda hoje nos espanta, quer por não a imaginarmos possível, quer por a desconhecermos por completo. Texto da contracapa: «Não tenho preocupação intelectual ao escrever. Tenho a unica preocupação de emitir emoções, deixando á inteligencia que se aguente com elas o melhor que puder. Tenho o desejo de ser de todos os tempos, de todos os espaços, de todas as almas, de todas as emoções e de todos os entendimentos. Menos que tudo é nada para a alma que não cata piolhos na logica, nem olha para as unhas na estetica. Não podendo ser a propria força universal que envolve e penetra a rotação dos seres, quero ao menos ser uma consciencia audivel dela, um brilho momentaneo no choque nocturno das coisas… O resto é delirio e podridão.» ÁLVARO DE CAMPOS
Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies
Álvaro de Campos, Diógenes e algumas considerações para aqueles que não aceitam2020 •
Fournier Kiss, Corinne, and Pizarro, Jerónimo, "Álvaro de Campos, Diógenes e algumas considerações para aqueles que não aceitam" (2020). Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies, No. 18, Fall, pp.218-268. Brown Digital Repository. Brown University Library. https://doi.org/10.26300/6jdf-8t49 Is Part of: Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies Issue 18, Originality and Cosmopolitanism Álvaro de Campos, Diógenes e algumas considerações para aqueles que não aceitam [Álvaro de Campos, Diogenes and some considerations for Those Who Do Not accept] [Álvaro de Campos, Diogène et quelques considérations pour ceux qui n’acceptent pas] https://doi.org/10.26300/6jdf-8t49 Resumo Em duas cartas em abril de 1919, Pessoa informou o seu amigo Francisco Fernando Lopes de que estava a preparar com um grupo de intelectuais uma "revista portuguesa exclusivamente destinada ao estrangeiro", que seria publicada primeiro em francês e depois em inglês. Esta revista, nomeada Diogène, nunca virá à luz como tantas outras, mas muitos fragmentos em francês permaneceram, a maioria dos quais são publicados aqui pela primeira vez. Uma vez que Pessoa revela a Lopes que na primeira edição aparecerá um artigo de Álvaro de Campos intitulado "Diogène-Considérations pour ceux qui n'acceptent pas", bem como uma tradução do seu "Ultimatum", e que não menciona nenhum outro autor a não ser ele próprio, gostamos de imaginar que Campos poderia muito bem ser o único autor de todos estes fragmentos (que consistem em ensaios e anúncios). Uma análise do conteúdo, estilo e tom destes textos parece confirmar esta hipótese. Para além da constatação de que o filósofo grego Diógenes, sob cujos auspícios a revista é colocada, defende uma visão do mundo que possui muitos pontos em comum com a de Campos, é possível identificar muitos paralelos e ecos entre a maioria dos textos aqui apresentados e outros escritos de Campos, incluindo o "Ultimatum". Abstract In two letters of April 1919, Pessoa informs his friend Francisco Fernando Lopes that he is preparing with a group of intellectuals a "Portuguese review exclusively aimed at foreigners", which would be published first in French and then in English. This review, entitled Diogène, never appeared, like so many others he contemplated, but many fragments in French from this planned undertaking have remained, most of which are published here for the first time. Since Pessoa reveals to Lopes that the first issue will comprise an article by Álvaro de Campos called "Diogène-Considérations pour ceux qui n'acceptent pas", as well as a translation of Campos' poetical manifesto "Ultimatum", and since he does not mention any other author except himself, we may imagine that Campos could well be the sole author of all these fragments (consisting of essays and announcements). An analysis of the content, style, and tone of these texts seems to confirm this hypothesis. In addition to the observation that the Greek philosopher Diogenes, under whose auspices the review is placed, has similar reflections as those of Campos, it is possible to identify parallels and echoes between most of the texts presented here and other writings by Campos, including the “Ultimatum”. Résumé Dans deux lettres du mois d’avril 1919, Pessoa fait savoir à son ami Francisco Fernando Lopes qu’il prépare avec un groupe d’intellectuels une « revue portugaise exclusivement destinée aux étrangers », qui serait publiée d’abord en français, puis en anglais. Cette revue, intitulée Diogène, ne verra jamais le jour, comme tant d’autres, mais de nombreux fragments en français nous en sont restés, dont la plupart sont publiés ici pour la première fois. Comme Pessoa révèle à Lopes que dans le premier numéro figurera un article d’Álvaro de Campos intitulée « Diogène – Considérations pour ceux qui n’acceptent pas », ainsi qu’une traduction de son « Ultimatum », et qu’il ne mentionne aucun autre auteur sinon lui-même, il nous a plu d’imaginer que Campos pourrait bien être l’auteur unique de tous ces fragments (constitués d’essais et d’annonces). Une analyse du contenu, du style et du ton de tous ces textes semble confirmer cette hypothèse. Outre que le philosophe grec Diogène, sous les auspices duquel est placée la revue, a une pensée qui présente beaucoup de points communs avec celle de Campos, il est possible de repérer de nombreux parallèles et jeux d’échos entre la plupart des textes ici présentés et d’autres écrits de Campos, dont l’ « Ultimatum ».
O objectivo desta dissertação consiste em avaliar a relação entre Fernando Pessoa e Walt Whitman, através da análise do impacto que o autor de "Leaves of Grass" tem no heterónimo, Álvaro de Campos. Esta influência é estudada a partir do impulso que Emerson dá ao que virá a ser dos mais conceituados poetas americanos. Nenhum deles foi compreendido na sua época, porém acreditaram em si mesmos e concretizaram os seus projectos poéticos, mesmo considerando que Fernando Pessoa não tenha chegado a publicar a maioria da sua poesia. Álvaro de Campos é, dos heterónimos, o mais abertamente moderno. Tenta chegar à força e ao optimismo de Whitman, mas acaba por expor a sua fragilidade. O Sensacionismo é a expressão exagerada da vida e do corpo e Campos não aguenta as suas explosões enérgicas por muito tempo. Na realidade, o engenheiro descobre a sua imensa dificuldade em coabitar na solidão da cidade. Álvaro de Campos encontra ainda, em Whitman, a visão para a morte que lhe seria fácil integrar na vida. Ao aceitar e até amar a morte, como parte da vida, tudo se torna mais simples. Contudo, até aí, o autor de “Ode Marítima” nunca chegará.
Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ
A frase e a garrafa: um poema de Álvaro de Campos2010 •
No primeiro momento, situo a discussão entre os críticos cabralinos sobre a noção de negatividade. Alio a esse breve apontamento de parte da fortuna crítica do poeta o conceito de negatividade desenvolvido por Theodor Adorno ao longo de seus trabalhos, concentrado em Dialética Negativa. Em seguida, procuro demonstrar qual como se estabelece uma chave interpretativa para analisar a poesia de Cabral. A negatividade, tal como trabalhada, se apresenta como ferramenta promissora para investigar como o questionamento da linguagem na poética cabralina reflete os elementos técnicos literários e, a um só tempo, configura uma poética crítica a dispositivos sociais, sobretudo quando esses não aparecem explicitamente.
Linguagem e Literatura: Democracia e Resistência
Rivalidade ensaística: Álvaro de Campos e António Mora2023 •
ste breve texto, dedicamos a analisar a prosa de duas figuras heteronímicas. A primeira, bastante popular na crítica pessoanista, é Álvaro de Campos. A segunda, ainda pouco estudada, é António Mora.
O capitalismo selvagem e predatório e o Estado repressivo e uniformizador caracterizaram o contexto histórico brasileiro após o golpe de 64. Esse cenário, ascende em Haroldo de Campos a necessidade de trazer a produção poética para o agora, para um contemporâneo que não é propriamente um momento pós-moderno, mas antes pós-utópico. Esse trabalho tem como objetivo realizar uma análise do ensaio Poesia e modernidade: da morte da arte à constelação. O poema pós-utópico, de Haroldo de Campos, relacionando-o com o livro Os filhos do barro, de Octávio Paz, o texto Sobre o conceito de história, de Walter Benjamin, e o livro O princípio esperança de Ernst Bloch, de modo a compreender e detalhar os conceitos da poesia pós-utópica. Por fim, esta caraterização visa identificar e ilustrar os traços pós-utópicos expressos na produção poética de Campos, mais especificamente nos poemas o anjo esquerdo da história e dialética do agora – 2, que compõem o livro Crisantempo: no espaço curvo nasce um.
Cuadernos De Administracion
Estrategia de inversión bursátil y reconocimiento gráfico de patrones: aplicación sobre datos intradía del índice Dow Jones2014 •
Journal of Applied Physical Science International 14(3): 1-3, 2022 ISSN: 2395-5260 (P), ISSN: 2395-5279 (O)
ON THE NATURE OF GRAVITATIONAL RADIATION2022 •
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Comparison of community-onset Staphylococcus argenteus and Staphylococcus aureus sepsis in Thailand: a prospective multicentre observational study2016 •
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Balance de la especialidad de Antropología2023 •
Transport in Porous Media
Mixing and Mass Transfer in Multicontact Miscible Displacements2012 •
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Celiac Disease Can Be Predicted by High Levels of Anti-Tissue Transglutaminase Antibodies in Population-Based Screening2015 •
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Gender Differentials for Participation in Producer Organization Among Smallholder Farmers: Evidence from Nigeria2024 •
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Quantification of HSV-1-mediated expression of the ferritin MRI reporter in the mouse brain2012 •
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Adsorption challenge in the PDMS-based microfluidic systems for drug screening application2022 •