Skip to main content
Há tanta coisa que pode ser chamada de "educação" que deveríamos desconfiar que as definições dela são sempre e apenas tentativas de mapeamento de uma vasta região de atividades, situações e condições.
Em De Anima, entre 403 e 413, Aristóteles faz uma descrição da alma humana e conclui que ela "não é separada do corpo." 1 Na maioria dos casos a alma nada sofre ou faz sem o corpo, como, por exemplo, irritar-se, persistir, ter vontade e... more
Em De Anima, entre 403 e 413, Aristóteles faz uma descrição da alma humana e conclui que ela "não é separada do corpo." 1 Na maioria dos casos a alma nada sofre ou faz sem o corpo, como, por exemplo, irritar-se, persistir, ter vontade e perceber em geral; por outro lado, parece ser próprio a ela particularmente o pensar. 2 O modelo é bem conhecido. A alma é composta por três níveis. O nível básico é o nutritivo ou vegetativo; a alma intermediária é a sensitiva e alma superior é a racional. O nível básico é uma condição necessária para o nível intermediário e estes dois são condições necessárias para o nível racional. Segundo esse modelo as relações entre os níveis não são de simples acréscimo ou acumulação. O nível mais alto impacta a forma de funcionamento do nível anterior e assim nenhum deles pode ter seu funcionamento explicado exclusivamente em seus próprios termos. Nessa descrição a alma nada faz ou sofre sem o corpo porque no modo de operação da alma racional há uma presença substantiva dos níveis anteriores. O tema é intrigante até hoje, como se vê pela constante renovação dos debates sobre o problema da relação mente-corpo. O ponto que quero indicar nessa nota tem uma certa similaridade com o modelo de Aristóteles e pode ser sintetizado na seguinte frase: o símbolo nada faz sem o ícone. O ícone, por assim dizer, dá corpo ao símbolo. Vamos agora ligar Aristóteles a Peirce. Peirce sugeriu uma distinção que se tornou clássica no que diz respeito à relação dos signos com suas denotações. Os ícones são os signos que estão por algo mediante uma relação de similaridade e isso inclui coisas como imagens, diagramas e metáforas; os índices estão por algo mediante relações de contiguidade, correlações ou conexões causais, e isso inclui coisas como os dêiticos e as relações de causalidade; os símbolos representam por meio de convenções ou regras e o exemplo tradicional é o da linguagem humana. A assimetria das caracterizações por vezes gera um desconforto didático. O símbolo, ao ser apresentado mediante expressões como "convenção" e "arbitrariedade" pode dar a impressão que se trata de um signo cuja capacidade referencial tem problemas de aterramento. Minha proposta, nesta nota, é um exercício didático para uma compreensão das relações internas entre os tipos de signos, do ponto de vista da relação denotativa e da dimensão material da linguagem. O exercício consiste em projetar a classificação dos signos em Peirce sobre o modelo da alma de Aristóteles, para então sugerir que os símbolos nada são e nada fazem sem os índices e os ícones. Dada a simplicidade do exercício não vou examinar nessa nota a distinção entre "ser" e "fazer", que pode revelar assimetrias na relação de dependência dos símbolos, que é variável, dependendo das características dos mesmos. Penso aqui na diferença de modo de funcionamento dos sistemas formais e da 1 De Anima, 413a4. 2 De Anima, 403a3.
Research Interests:
Cerletti (2009) afirma que a filosofia é um saber cuja identificação não é consensual, e que isso faculta ao professor tomar decisões subjetivas sobre o que e como ensinar. A nota discute alcances e problemas criados por essa afirmação,... more
Cerletti (2009) afirma que a filosofia é um saber cuja identificação não é consensual, e que isso faculta ao professor tomar decisões subjetivas sobre o que e como ensinar. A nota discute alcances e problemas criados por essa afirmação, sugerindo "encore un effort."
Research Interests:
Segundo capítulo do livro de Basil Bersntein, Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade, de Basil Bernstein. Esta tradução foi feita com apoio do programa CAPES-PIBID e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e... more
Segundo capítulo do livro de Basil Bersntein, Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade, de Basil Bernstein. Esta tradução foi feita com apoio do programa CAPES-PIBID e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e aulas. (Ronai Rocha)
Research Interests:
Tradução do segundo capítulo do livro de Basil Bernstein, Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade. Esta tradução foi feita com apoio do programa CAPES-PIBID e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e aulas. (Ronai... more
Tradução do segundo capítulo do livro de Basil Bernstein, Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade. Esta tradução foi feita com apoio do programa CAPES-PIBID e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e aulas. (Ronai Rocha)
Research Interests:
Segundo capítulo do livro de Basil Bernstein, "Pedagogia, Controle Simbólico e Identidade". Esta tradução foi feita com apoio do Programa PIBID-CAPES e destina-se apenas a usos não-comerciais, em grupos de estudo e aulas. (Ronai Rocha)
Research Interests: