O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, cuja função central é interligar diferente... more O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, cuja função central é interligar diferentes cidades situadas nas várias regiões do estado de Santa Catarina, vem manifestando transformações contraditórias no decorrer das últimas décadas, com destaque para a gradual redução no total de pessoas transportadas. Em meio aos problemas históricos, só recentemente o Estado catarinense propôs a reestruturação das operações e a abertura de um processo licitatório dos precários serviços regulares existentes. Diante dessas considerações, levando-se em conta a complexidade da rede urbana do estado e as dinâmicas da circulação que a compõem, este trabalho apresentará alguns aspectos que caracterizam o serviço público de transporte coletivo estadual e trará problematizações diante do quadro atual. A exposição conta com três momentos: no primeiro, há uma síntese do panorama dos fixos e fluxos da aludida atividade econômica; em seguida, algumas questões e críticas acerca da trajetória normativa serão apontadas; por fim, o terceiro item busca destacar as recentes ações do Estado catarinense em busca da saída do estado de crise em que os serviços regulares de ônibus estaduais se inserem
O contexto pandêmico do novo coronavírus tornou a tarefa de compreender algumas ativid... more O contexto pandêmico do novo coronavírus tornou a tarefa de compreender algumas atividades que engendram fluxos qualitativamente e quantitativamente diferentes no território brasileiro mais desafiadora. O transporte rodoviário de passageiros se constitui como uma dessas atividades e é um meiodedeslocamentocentralnarealidadenacionalquesofreurupturasemudançasnassuasoperações no cenário recente. Diante dessas breves considerações, este trabalho objetiva discutir ocontexto da pandemia da COVID-19 e as implicações nos fluxos de passageiros no transporte regulardeônibus,tantononívelinterestadualquantointermunicipal,atravésdealgunscasosselecionadospara a discussão. Com base num debate que recuperou as questões normativas e operacionais, o papel das redes urbana e rodoviária na dispersão do vírus, bem como a compreensão de formas fragmentárias de controle estatal no âmbito da atividade, chega-se às mudanças promovidas na atividade, muito mais guiadas pelos próprios agentes privados do que pela atenção do Estado nos seus níveis de regulação. Ao final, algumas questões sobre o papel fundamental da regulação no cenário pandêmico são expostas, o que de monstra uma fragilidade a ser superadano controle sobre um meio de transporte central no país.
A rede urbana tem nos seus fluxos a concretização de uma vida de relações intensa e plural. Atrav... more A rede urbana tem nos seus fluxos a concretização de uma vida de relações intensa e plural. Através do transporte rodoviário de passageiros por ônibus, conseguimos entender topologias de interações entre diferentes locais, sejam cidades ou áreas rurais. Mediante as operações na modalidade interestadual, articuladas ao debate da rede de cidades na região Sul do Brasil, objetivamos compreender o avanço da urbanização nessa fração do território brasileiro a partir da expansão dos serviços regulares de transporte coletivo. A discussão tem como plano empírico principal a região Oeste de Santa Catarina, território que se insere nas mais amplas dinâmicas de transformação da urbanização brasileira, sobretudo desde meados do século XX. Por meio de documentos e anuários estatísticos dos órgãos reguladores, em conjunto de trabalhos que trazem discussões sobre o par urbanização-circulação na realidade brasileira, evidenciamos que o transporte rodoviário de passageiros foi e permanece como um importante partícipe das dinâmicas de migração, constituindo-se como central à mobilidade da população. Isso torna inteligível a constituição das redes de transporte coletivo e a própria dinâmica dos fluxos rodoviários entre diferentes elos da rede urbana brasileira.
RESUMO Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades qu... more RESUMO Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as cidades exercem, alguns elementos possuem uma importância fundamental, como os ligados à circulação. Na atividade dos transportes, a movimentação de passageiros nos revela topologias de fluxos de pessoas que são próprios da formação urbano-regional. Face a isso, este trabalho objetiva discutir as interações espaciais em Chapecó, cidade média situada no Oeste de Santa Catarina, a partir dos transportes coletivos aéreo e rodoviário. Essas atividades são um produto dialético das funções e papéis desempenhados na rede urbana nacional. Com apoio de dados de órgãos públicos, a discussão problematiza a importância dos transportes na produção das cidades, expressão da mais ampla divisão territorial do trabalho e de uma economia sustentada em fluxos gradualmente mais acelerados. Conclui-se que os fluxos de pessoas são expressões da própria formação socioespacial, concretizam relações regionais e conjugam as transformações recentes do território brasileiro.
Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as ci... more Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as cidades exercem, alguns elementos possuem uma importância fundamental, como os ligados à circulação. Na atividade dos transportes, a movimentação de passageiros nos revela topologias de fluxos de pessoas que são próprios da formação urbano-regional. Face a isso, este trabalho objetiva discutir as interações espaciais em Chapecó, cidade média situada no Oeste de Santa Catarina, a partir dos transportes coletivos aéreo e rodoviário. Essas atividades são um produto dialético das funções e papéis desempenhados na rede urbana nacional. Com apoio de dados de órgãos públicos, a discussão problematiza a importância dos transportes na produção das cidades, expressão da mais ampla divisão territorial do trabalho e de uma economia sustentada em fluxos gradualmente mais acelerados. Conclui-se que os fluxos de pessoas são expressões da própria formação socioespacial, concretizam relações regionais e conjugam as transformações recentes do território brasileiro.
O transporte rodoviário de passageiros no Brasil cumpre importante função social enquanto serviço... more O transporte rodoviário de passageiros no Brasil cumpre importante função social enquanto serviço público ao propiciar um conjunto amplo de deslocamentos de pessoas, cargas e informações por grande parte dos estados e regiões brasileiras. Trata-se de uma atividade econômica importante para o território nacional, pois revela uma variedade de interações espaciais que abrangem a complexa rede urbana do país. A flexibilidade do ônibus rodoviário e a capilaridade do serviço são centrais para o atendimento a cidades de portes variados, pois permite a conexão entre centros urbanos com menos de cinco mil habitantes até a conexão entre metrópoles como Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP. Este artigo debaterá tais deslocamentos de pessoas pelo modal rodoviário a partir da análise que contemplará as cidades pequenas na região Sul do Brasil, tendo a formação socioespacial como base para o entendimento das dinâmicas atinentes ao recorte e de suas articulações com a divisão territorial do trabalho. Neste contexto, se destaca a importância das ligações rodoviárias de longa distância que contemplam dezenas de cidades em seus percursos.
Revista GEOMAE - Geografia, Meio Ambiente e Ensino, 2021
A formação socioespacial brasileira manifesta uma rede urbana simultaneamente concentrada e dispe... more A formação socioespacial brasileira manifesta uma rede urbana simultaneamente concentrada e dispersa, constituída por uma multiplicidade de cidades pequenas, qualitativamente diferenciadas conforme as suas situações geográficas. Nessa realidade nacional, o modal rodoviário tem primazia na estruturação dos transportes no âmbito das redes de cidades. A partir dessas considerações, este trabalho tem o objetivo de compreender as centralidades desempenhadas pelas cidades pequenas por meio das operações do transporte rodoviário de passageiros, meio de transporte público e coletivo que tem grande relevância quando pensamos nos centros urbanos menos complexos do Brasil. Isso é reforçado nos contextos não metropolitanos – plano empírico deste trabalho –, onde a rarefação dos meios de transporte qualifica os serviços regulares de ônibus como o principal elemento das condições de mobilidade e acessibilidade. O trabalho se baseia em revisões bibliográficas, análises de dados quantitativos e a seleção de contextos específicos para situar as discussões. Ao final, concluímos que o transporte rodoviário de passageiros tem grande importância para as cidades pequenas brasileiras, cuja atenção deve ser reforçada sob a égide de uma integração territorial urbano-regional mais justa, ação que deve ser praticada pelo Estado brasileiro.
No âmbito das pesquisas acadêmicas, notadamente por meio da Geografia e da História, a região Oes... more No âmbito das pesquisas acadêmicas, notadamente por meio da Geografia e da História, a região Oeste do estado de Santa Catarina está comumente associada aos contextos de expansão das migrações internas no Sul do Brasil. Esse processo de reapropriação do território, habitualmente denominado de colonização, produziu uma nova reali-dade no contexto regional, confluindo no surgimento de vilas, povoados, cidades e caminhos terrestres-posteriormente rodovias. Com isso, uma atividade econômica manifestou-se como fundamental à mobilidade da população: o transporte rodoviário de passageiros. Diante desse quadro, o presente trabalho tem como objetivo compre-ender a dinâmica relação entre as práticas espaciais de colonização e o transporte de passageiros no Oeste de Santa Catarina, mais especificamente considerando a antiga delimitação territorial do município de Chapecó. Isso abarcará os itinerários e cidades percorridas, seus agentes econômicos e os nexos operacionais. Com o uso de categorias geográficas para se construir uma reflexão do passado, como mostrou Maurício Abreu e a sua noção do "presente de então" ou, Milton Santos e a empiricização do tempo através das técnicas, o trabalho estrutura-se com base nas considerações referentes às técnicas do transporte de passageiros no recorte territorial proposto. A análise está centrada num intervalo cronológico entre as décadas de 1940 e 1980, período em que a população da região aumenta, surgem empresas de ônibus e serviços regulares. Entre as principais fontes, destacam-se os acervos históricos locais, periódicos regionais, documentos de órgãos reguladores e das empresas de transporte, bem como acervos iconográficos diversos. Ao concluirmos este estudo, chegamos à resposta de que a circulação de pessoas se configurou inicialmente pelas atividades de venda de terras e fluxos migratórios; já no contexto atual, os serviços regulares de ônibus se manifestam sob outras funções, que representam heranças de outros tempos, materializadas nas operações desse meio de transporte coletivo.
As cidades sãonós articuladores da rede urbana e da divisão territorial do trabalho. ... more As cidades sãonós articuladores da rede urbana e da divisão territorial do trabalho. Nos contextos de urbanização recente, expansão de fronteiras agrícolas e potencial para o desenvolvimento territorial, as cidades médias desempenham um particular papel de articulação e drenagem da renda regional. As discussões expostas neste artigobaseiam-se nas cidades de Posadas, Argentina –maior e mais importante cidade da província e importante centro articulador regional, inclusive à escala internacional–e,no contexto brasileiro, Chapecó e Passo Fundo –cidades médias que articulam uma ampla região onde predominam cidades pequenas. Ademais, estas últimas estão entre os 48 centros urbanos mais importantes de articulação do território brasileiro. Objetiva-se então analisar a potencial integração regional fronteiriçaa partir das cidades médias mencionadas. Propõe-se discutir como a cooperação entre as cidades pode favorecer o desenvolvimento regional sem ignorar as contradições inerentes ao capitalismo. O eixo analítico reside nasuperação da perspectiva hierárquica da rede urbana, vislumbrandoum desenvolvimento urbano-regional não metropolitano. O texto baseia-se em análise de dados, documentose publicações acerca dos contextos mencionados e pretende contribuir para a análise integradoradas cidades e regiões.
A sociedade contemporânea se reproduz através de contínuas inter-relações e movimentos, entre dif... more A sociedade contemporânea se reproduz através de contínuas inter-relações e movimentos, entre diferentes áreas. Essa condição é expressa principalmente pelas cidades, nós da rede urbana, produto das relações de trabalho, consumo e do próprio movimento da população. Diante disso, no caso brasileiro, o transporte de pessoas através dos ônibus mostra-se de fundamental importância na circulação territorial. Com atenção à cidade média de Chapecó, este trabalho busca, à luz das operações do transporte rodoviário interestadual de passageiros, compreender quais são as interações regionais presentes na cidade analisada e, conjuntamente, entender como esse modal de transporte se configura. Há então, a justaposição teórico-conceitual da formação socioespacial da Região Geográfica Intermediária de Chapecó, a noção de rede urbana, além das compreensões atuais acerca do transporte de passageiros por via rodoviária. A discussão apresentada nos ajuda a compreender este meio de transporte como uma das expressões da formação socioespacial regional, além de contribuir para a análise integrada entre a rede urbana e o transporte de passageiros.
A constituição plena de territórios de moradia que viabilizem condições de vida adequadas é por v... more A constituição plena de territórios de moradia que viabilizem condições de vida adequadas é por vezes precarizada devido a fatores que dificultam a apropriação e usufruto do espaço, tais como insuficiência de infraestrutura e serviços essenciais, localização urbana segregada, insegurança jurídica, tensão social, além de características ambientais que impõem riscos à ocupação residencial. Neste artigo são discutidos os fatores relacionados à precarização territorial no espaço urbano no tocante à moradia. Como estudo empírico, apresenta-se uma análise de seis territórios precários na cidade média de Chapecó, cidade que tem se destacado por seu crescimento econômico e intensa urbanização, mas que apresenta marcantes desigualdades socioespaciais.
A urbanização, como processo socioespacial que, ao mesmo tempo, produz cidades e um modo de vida,... more A urbanização, como processo socioespacial que, ao mesmo tempo, produz cidades e um modo de vida, tem-se ampliado continuamente desde a primeira revolução industrial. Muito do seu desenvolvimento e de sua ampliação estão relacionados à intensidade de geração de energia nos países, especialmente a elétrica. No Brasil, essa geração se dá, sobretudo, por meio de usinas hidrelétricas, situadas em cursos hídricos muitas vezes fora das grandes aglomerações metropolitanas. Propomos, neste artigo, debater as contradições que existem nas cidades pequenas frente à expansão da geração de energia elétrica, problematizando noções como desenvolvimento e justiça espacial. Nosso recorte analítico recai sobre duas usinas, Barra Grande e Itá, e particularmente nas quatro cidades pequenas que estão em suas adjacências: Anita Garibaldi e Itá em Santa Catarina; Pinhal da Serra e Aratiba no Rio Grande do Sul. A pesquisa apoiou-se em trabalhos de campo realizados nessas usinas e cidades, onde colhemos registros fotográficos e depoimentos de citadinos. Concluímos com observações acerca das disparidades nas quatro cidades trazidas pela implantação das usinas hidrelétricas, demarcando desafios a serem enfrentados.
Com o intuito de construir um debate sobre as cidades pequenas e a noção de urbanização extensiva... more Com o intuito de construir um debate sobre as cidades pequenas e a noção de urbanização extensiva, parte-se neste texto da análise da sociedade urbano-industrial contemporânea, a qual exige a produção de territórios que permitam a sustentação do modo de acumulação vigente, parte que forma a totalidade do sistema capitalista. Estas especificidades estão diretamente ligadas ao espaço urbano, do qual emerge a vida quotidiana que está vinculada a um ciclo (re)produtivo, dependente de diversos fatores, entre eles o consumo constante de energia elétrica. Embora muitas vezes deixadas de lado, as cidades pequenas cumprem um papel de relevância na rede urbana, onde se constituem como espaços de atendimento de necessidades externas, como fornecimento de mão-de-obra, matéria-prima e, neste caso, a produção energética. Neste contexto, os municípios limítrofes de Itá (SC)/Aratiba (RS) e Anita Garibaldi (SC)/Pinhal da Serra (RS) inserem-se como ambientes ligados ao complexo sistema energético nacional, servindo de base para os grandes centros industriais localizados a grandes distâncias. Estas cidades são analisadas através de um aporte teórico que permita compreender, preliminarmente, as suas (re)fucionalizações frente ao avanço de investimentos oriundos de diversos agentes, expressos sobretudo na implantação de usinas hidrelétricas localizadas em seus territórios, as quais a partir disso, provocam mudanças na paisagem e nas relações sociais em áreas rurais e urbanas.
Mesmo dividida político-administrativamente, esta raia interliga-se através de sua semelhante for... more Mesmo dividida político-administrativamente, esta raia interliga-se através de sua semelhante formação socioespacial, onde a apropriação espacial se assemelha de modo relevante. Estes são atributos da raia do rio Uruguai, abrangendo as regiões oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul. Por meio de estudos a partir da geofotografia, estabelecemos ligações importantes entre territórios que possuem elementos em comum, envolvendo a forma de (re)ocupação da terra, particularidades culturais, econômicas, entre outras. A história que circunda a formação desses territórios é analisada à luz de fotografias que representam diferentes temporalidades, expressas na modificação da paisagem.
A análise geográfica do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros é o foco central dest... more A análise geográfica do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros é o foco central deste trabalho, situado no plano empírico do estado de Santa Catarina. Operado pela contínua articulação entre a rede urbana e as vias rodoviárias, trata-se de uma atividade central para a realidade brasileira e catarinense. É um serviço público operado por agentes econômicos privados, o qual provê condições materiais de acessibilidade na escala regional e, quando efetivamente existente, concretiza mobilidades entre diferentes cidades e regiões. Diante disso, o objetivo central deste trabalho é expor o panorama geral da atividade no estado catarinense e avançar sobre algumas particularidades na região de Chapecó, importante cidade média situada na região Oeste do estado. Para isso, o trabalho está dividido em três itens principais: o primeiro traz algumas questões teóricas e conceituais sobre transporte, mobilidade e acessibilidade urbano-regional; o segundo apresenta o transporte rodoviário de passageiros operado em Santa Catarina a partir de dados qualitativos e quantitativos; já o terceiro traz apontamentos sobre a estrutura do transporte público na região de Chapecó, tema analisado a partir de três contradições mais gerais. Enquanto conclusões, de um lado, observa-se que o papel do transporte por ônibus é reforçado, e nele o Estado é central na função de ente planejador, algo marginalizado em tempos de acentuação de políticas neoliberais; por outro lado, a acessibilidade na escala da rede urbana – como na catarinense – é um tema importante para os estudos geográficos, estando neste trabalho um dos caminhos possíveis.
A urbanização contemporânea tem suas demandas atendidas em múltiplos lugares, o que explica a sua... more A urbanização contemporânea tem suas demandas atendidas em múltiplos lugares, o que explica a sua condição extensiva. Nesses lugares, estão as cidades pequenas, que se constituem como territórios usados para a geração e distribuição de energia elétrica, por exemplo, entre outras atividades. Em vista dessas considerações, este trabalho visa construir um debate acerca das desigualdades produzidas nas áreas que receberam investimentos de agentes diversos, relacionados à implantação das usinas hidrelétricas na Região Hidrográfica do rio Uruguai. Mesmo após mais de dez anos de implantação das mesmas, os locais apresentam diferenciações quanto aos investimentos entre as unidades geradoras e as áreas circunvizinhas, o que nos leva a questionar sobre o real papel na promoção de desenvolvimento nessas áreas. Entre as precariedades, temos as expressas na rede rodoviária, nosso objeto central de análise. Considerada como uma base material e técnica relevante para a integração regional, especialmente no caso brasileiro pela primazia do modal rodoviário, notamos a permanência de rodovias de baixa qualidade. Esta pesquisa foi construída através de trabalhos de campo e depoimentos das populações locais, além de visitas às próprias usinas. Como base teórico-conceitual, partimos da perspectiva lefebvriana de que a sociedade está em processo de tornar-se completamente urbana. A partir disso, a noção de urbanização extensiva contribui para o entendimento do espraiamento das múltiplas inter-relações que a cidade emana para as áreas mais afastadas. De modo geral, o trabalho evidencia a perversa diferenciação de áreas e aponta a necessidade de uma equidade na distribuição dos investimentos recebidos pelas áreas atingidas em função das barragens.
A produção dos espaços urbano-regionais se conforma pela interação entre lugares variados, o que ... more A produção dos espaços urbano-regionais se conforma pela interação entre lugares variados, o que corrobora com a noção de rede urbana, assentada na articulação em variadas intensidades entre cidades. Como um dos meios para a realização das interações, há o transporte rodoviário interestadual de passageiros. O uso deste modal auxilia na elucidação dos fluxos de pessoas no território. Por sua vez, a rodovia BR-163 possibilita uma articulação de cidades em escala nacional, nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país. Produzem-se então interações espaciais, que se expressam em variados papéis urbanos correlacionados às diferentes funções de cada cidade. A realização deste trabalho tem como objetivo principal compreender os papéis e as centralidades expressas nas cidades a partir do transporte rodoviário interestadual de passageiros, pelo entendimento dos fluxos que atendem estas diversas cidades pequenas e médias localizadas ao longo da BR-163 na região Sul. Estes centros se caracterizam por uma densa e complexa divisão interurbana do trabalho, expressão de suas formações socioespaciais. Reitera-se a articulação entre as redes urbana e rodoviária, produto e condição para as operações do TRIP, sobretudo neste contexto, no qual a rodovia cumpre o papel de articulação material que potencializa a existência do modal de transporte analisado.
Anais do XXXV Encontro Estadual de Geografia, 2018
Entre os processos de (re)apropriação do espaço geográfico, muitas redes de sociabilidade são con... more Entre os processos de (re)apropriação do espaço geográfico, muitas redes de sociabilidade são construídas, entre as quais estão as dinâmicas espaço-temporais relacionadas às migrações (de qualquer qualidade). Estas redes geram fluxos consideráveis de informações, mercadorias, valores e, sobretudo, pessoas. As ondas migratórias analisadas aqui, são as conhecidas a partir do segundo quartel do século XX, momento em que milhares de sujeitos se deslocaram de antigas áreas de colonização com ascendência europeia, no Rio Grande do Sul, e dirigiram-se a Santa Catarina, especialmente na parte mais ocidental deste estado. Esta intensa movimentação seguiu até a década de 1970, com uma gradual redução nas décadas seguintes-embora sempre presente-quando outras dinâmicas se configuraram. Entre elas está a migração rumo ao oeste do Paraná, que iniciou já a partir do final dos anos 1940, e posteriormente estendendo-se ao atual Mato Grosso do Sul, ao Mato Grosso, a Goiás, ao Tocantins, ao Pará e áreas do Nordeste, como o oeste baiano e sudoeste do Maranhão. Neste bojo de relações, foram constituídas diversas empresas de transporte de passageiros, algumas existentes até hoje e outras diversas já extintas. Desta maneira, trabalhamos com a hipótese de que este meio de transporte produz redes entre cidades e lugares, pontos outrora sem relações diretas, mas que hoje se conectam pelo transporte rodoviário de passageiros.
Partimos da compreensão de que a sociedade contemporânea se configura através de inter-relações e... more Partimos da compreensão de que a sociedade contemporânea se configura através de inter-relações entre lugares, com fluxos progressivamente mais intensos nos dias de hoje. Esta condição é expressa principalmente pelas cidades, que são os nós da rede urbana, produto-produção das relações de trabalho, consumo e movimento da população. A delimitação territorial deste trabalho inclui duas cidades: Chapecó – compreendida a partir da noção de cidade média – e São Miguel do Oeste – entendida como uma cidade pequena –, as quais estão inseridas na Região Geográfica Intermediária de Chapecó. A realização da pesquisa que deu origem a este trabalho teve, como objetivo principal, compreender os papéis e as centralidades expressas por essas duas cidades, inseridas num contexto de significativa divisão interurbana do trabalho, expressão, entre outros fatores, de sua formação socioespacial, alicerçada em uma densa rede de cidades. Diante disso, fazemos uso das operações do transporte rodoviário interestadual de passageiros (TRIP), modal coletivo de transporte de pessoas que possui importância central no caso brasileiro, dadas as condições socioespaciais que o modal rodoviário tem. Os eixos norteadores da discussão envolvem: os processos de urbanização recente em áreas de reapropriação territorial através de políticas governamentais; a relação entre cidades médias e pequenas; a justaposição das redes urbana e rodoviária; e, principalmente, a compreensão de que o TRIP é um modal de transporte que expressa os papéis da formação socioespacial de determinada região. Neste caso, o modo como se engendraram os fluxos de pessoas e configuraram o atual território em análise se expressam até o presente nos serviços operados nesse meio de transporte. Além disso, a justaposição das redes rodoviária e urbana também se constitui como elementos importantes para o entendimento dos fluxos do TRIP. Dessa forma, os deslocamentos populacionais de caráter interestadual, tendo o ônibus como meio de transporte, foram utilizados como dimensão para a compreensão dos papéis das cidades pesquisadas.
O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, cuja função central é interligar diferente... more O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, cuja função central é interligar diferentes cidades situadas nas várias regiões do estado de Santa Catarina, vem manifestando transformações contraditórias no decorrer das últimas décadas, com destaque para a gradual redução no total de pessoas transportadas. Em meio aos problemas históricos, só recentemente o Estado catarinense propôs a reestruturação das operações e a abertura de um processo licitatório dos precários serviços regulares existentes. Diante dessas considerações, levando-se em conta a complexidade da rede urbana do estado e as dinâmicas da circulação que a compõem, este trabalho apresentará alguns aspectos que caracterizam o serviço público de transporte coletivo estadual e trará problematizações diante do quadro atual. A exposição conta com três momentos: no primeiro, há uma síntese do panorama dos fixos e fluxos da aludida atividade econômica; em seguida, algumas questões e críticas acerca da trajetória normativa serão apontadas; por fim, o terceiro item busca destacar as recentes ações do Estado catarinense em busca da saída do estado de crise em que os serviços regulares de ônibus estaduais se inserem
O contexto pandêmico do novo coronavírus tornou a tarefa de compreender algumas ativid... more O contexto pandêmico do novo coronavírus tornou a tarefa de compreender algumas atividades que engendram fluxos qualitativamente e quantitativamente diferentes no território brasileiro mais desafiadora. O transporte rodoviário de passageiros se constitui como uma dessas atividades e é um meiodedeslocamentocentralnarealidadenacionalquesofreurupturasemudançasnassuasoperações no cenário recente. Diante dessas breves considerações, este trabalho objetiva discutir ocontexto da pandemia da COVID-19 e as implicações nos fluxos de passageiros no transporte regulardeônibus,tantononívelinterestadualquantointermunicipal,atravésdealgunscasosselecionadospara a discussão. Com base num debate que recuperou as questões normativas e operacionais, o papel das redes urbana e rodoviária na dispersão do vírus, bem como a compreensão de formas fragmentárias de controle estatal no âmbito da atividade, chega-se às mudanças promovidas na atividade, muito mais guiadas pelos próprios agentes privados do que pela atenção do Estado nos seus níveis de regulação. Ao final, algumas questões sobre o papel fundamental da regulação no cenário pandêmico são expostas, o que de monstra uma fragilidade a ser superadano controle sobre um meio de transporte central no país.
A rede urbana tem nos seus fluxos a concretização de uma vida de relações intensa e plural. Atrav... more A rede urbana tem nos seus fluxos a concretização de uma vida de relações intensa e plural. Através do transporte rodoviário de passageiros por ônibus, conseguimos entender topologias de interações entre diferentes locais, sejam cidades ou áreas rurais. Mediante as operações na modalidade interestadual, articuladas ao debate da rede de cidades na região Sul do Brasil, objetivamos compreender o avanço da urbanização nessa fração do território brasileiro a partir da expansão dos serviços regulares de transporte coletivo. A discussão tem como plano empírico principal a região Oeste de Santa Catarina, território que se insere nas mais amplas dinâmicas de transformação da urbanização brasileira, sobretudo desde meados do século XX. Por meio de documentos e anuários estatísticos dos órgãos reguladores, em conjunto de trabalhos que trazem discussões sobre o par urbanização-circulação na realidade brasileira, evidenciamos que o transporte rodoviário de passageiros foi e permanece como um importante partícipe das dinâmicas de migração, constituindo-se como central à mobilidade da população. Isso torna inteligível a constituição das redes de transporte coletivo e a própria dinâmica dos fluxos rodoviários entre diferentes elos da rede urbana brasileira.
RESUMO Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades qu... more RESUMO Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as cidades exercem, alguns elementos possuem uma importância fundamental, como os ligados à circulação. Na atividade dos transportes, a movimentação de passageiros nos revela topologias de fluxos de pessoas que são próprios da formação urbano-regional. Face a isso, este trabalho objetiva discutir as interações espaciais em Chapecó, cidade média situada no Oeste de Santa Catarina, a partir dos transportes coletivos aéreo e rodoviário. Essas atividades são um produto dialético das funções e papéis desempenhados na rede urbana nacional. Com apoio de dados de órgãos públicos, a discussão problematiza a importância dos transportes na produção das cidades, expressão da mais ampla divisão territorial do trabalho e de uma economia sustentada em fluxos gradualmente mais acelerados. Conclui-se que os fluxos de pessoas são expressões da própria formação socioespacial, concretizam relações regionais e conjugam as transformações recentes do território brasileiro.
Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as ci... more Quando as discussões geográficas exploram o tema dos papéis urbanos e das centralidades que as cidades exercem, alguns elementos possuem uma importância fundamental, como os ligados à circulação. Na atividade dos transportes, a movimentação de passageiros nos revela topologias de fluxos de pessoas que são próprios da formação urbano-regional. Face a isso, este trabalho objetiva discutir as interações espaciais em Chapecó, cidade média situada no Oeste de Santa Catarina, a partir dos transportes coletivos aéreo e rodoviário. Essas atividades são um produto dialético das funções e papéis desempenhados na rede urbana nacional. Com apoio de dados de órgãos públicos, a discussão problematiza a importância dos transportes na produção das cidades, expressão da mais ampla divisão territorial do trabalho e de uma economia sustentada em fluxos gradualmente mais acelerados. Conclui-se que os fluxos de pessoas são expressões da própria formação socioespacial, concretizam relações regionais e conjugam as transformações recentes do território brasileiro.
O transporte rodoviário de passageiros no Brasil cumpre importante função social enquanto serviço... more O transporte rodoviário de passageiros no Brasil cumpre importante função social enquanto serviço público ao propiciar um conjunto amplo de deslocamentos de pessoas, cargas e informações por grande parte dos estados e regiões brasileiras. Trata-se de uma atividade econômica importante para o território nacional, pois revela uma variedade de interações espaciais que abrangem a complexa rede urbana do país. A flexibilidade do ônibus rodoviário e a capilaridade do serviço são centrais para o atendimento a cidades de portes variados, pois permite a conexão entre centros urbanos com menos de cinco mil habitantes até a conexão entre metrópoles como Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP. Este artigo debaterá tais deslocamentos de pessoas pelo modal rodoviário a partir da análise que contemplará as cidades pequenas na região Sul do Brasil, tendo a formação socioespacial como base para o entendimento das dinâmicas atinentes ao recorte e de suas articulações com a divisão territorial do trabalho. Neste contexto, se destaca a importância das ligações rodoviárias de longa distância que contemplam dezenas de cidades em seus percursos.
Revista GEOMAE - Geografia, Meio Ambiente e Ensino, 2021
A formação socioespacial brasileira manifesta uma rede urbana simultaneamente concentrada e dispe... more A formação socioespacial brasileira manifesta uma rede urbana simultaneamente concentrada e dispersa, constituída por uma multiplicidade de cidades pequenas, qualitativamente diferenciadas conforme as suas situações geográficas. Nessa realidade nacional, o modal rodoviário tem primazia na estruturação dos transportes no âmbito das redes de cidades. A partir dessas considerações, este trabalho tem o objetivo de compreender as centralidades desempenhadas pelas cidades pequenas por meio das operações do transporte rodoviário de passageiros, meio de transporte público e coletivo que tem grande relevância quando pensamos nos centros urbanos menos complexos do Brasil. Isso é reforçado nos contextos não metropolitanos – plano empírico deste trabalho –, onde a rarefação dos meios de transporte qualifica os serviços regulares de ônibus como o principal elemento das condições de mobilidade e acessibilidade. O trabalho se baseia em revisões bibliográficas, análises de dados quantitativos e a seleção de contextos específicos para situar as discussões. Ao final, concluímos que o transporte rodoviário de passageiros tem grande importância para as cidades pequenas brasileiras, cuja atenção deve ser reforçada sob a égide de uma integração territorial urbano-regional mais justa, ação que deve ser praticada pelo Estado brasileiro.
No âmbito das pesquisas acadêmicas, notadamente por meio da Geografia e da História, a região Oes... more No âmbito das pesquisas acadêmicas, notadamente por meio da Geografia e da História, a região Oeste do estado de Santa Catarina está comumente associada aos contextos de expansão das migrações internas no Sul do Brasil. Esse processo de reapropriação do território, habitualmente denominado de colonização, produziu uma nova reali-dade no contexto regional, confluindo no surgimento de vilas, povoados, cidades e caminhos terrestres-posteriormente rodovias. Com isso, uma atividade econômica manifestou-se como fundamental à mobilidade da população: o transporte rodoviário de passageiros. Diante desse quadro, o presente trabalho tem como objetivo compre-ender a dinâmica relação entre as práticas espaciais de colonização e o transporte de passageiros no Oeste de Santa Catarina, mais especificamente considerando a antiga delimitação territorial do município de Chapecó. Isso abarcará os itinerários e cidades percorridas, seus agentes econômicos e os nexos operacionais. Com o uso de categorias geográficas para se construir uma reflexão do passado, como mostrou Maurício Abreu e a sua noção do "presente de então" ou, Milton Santos e a empiricização do tempo através das técnicas, o trabalho estrutura-se com base nas considerações referentes às técnicas do transporte de passageiros no recorte territorial proposto. A análise está centrada num intervalo cronológico entre as décadas de 1940 e 1980, período em que a população da região aumenta, surgem empresas de ônibus e serviços regulares. Entre as principais fontes, destacam-se os acervos históricos locais, periódicos regionais, documentos de órgãos reguladores e das empresas de transporte, bem como acervos iconográficos diversos. Ao concluirmos este estudo, chegamos à resposta de que a circulação de pessoas se configurou inicialmente pelas atividades de venda de terras e fluxos migratórios; já no contexto atual, os serviços regulares de ônibus se manifestam sob outras funções, que representam heranças de outros tempos, materializadas nas operações desse meio de transporte coletivo.
As cidades sãonós articuladores da rede urbana e da divisão territorial do trabalho. ... more As cidades sãonós articuladores da rede urbana e da divisão territorial do trabalho. Nos contextos de urbanização recente, expansão de fronteiras agrícolas e potencial para o desenvolvimento territorial, as cidades médias desempenham um particular papel de articulação e drenagem da renda regional. As discussões expostas neste artigobaseiam-se nas cidades de Posadas, Argentina –maior e mais importante cidade da província e importante centro articulador regional, inclusive à escala internacional–e,no contexto brasileiro, Chapecó e Passo Fundo –cidades médias que articulam uma ampla região onde predominam cidades pequenas. Ademais, estas últimas estão entre os 48 centros urbanos mais importantes de articulação do território brasileiro. Objetiva-se então analisar a potencial integração regional fronteiriçaa partir das cidades médias mencionadas. Propõe-se discutir como a cooperação entre as cidades pode favorecer o desenvolvimento regional sem ignorar as contradições inerentes ao capitalismo. O eixo analítico reside nasuperação da perspectiva hierárquica da rede urbana, vislumbrandoum desenvolvimento urbano-regional não metropolitano. O texto baseia-se em análise de dados, documentose publicações acerca dos contextos mencionados e pretende contribuir para a análise integradoradas cidades e regiões.
A sociedade contemporânea se reproduz através de contínuas inter-relações e movimentos, entre dif... more A sociedade contemporânea se reproduz através de contínuas inter-relações e movimentos, entre diferentes áreas. Essa condição é expressa principalmente pelas cidades, nós da rede urbana, produto das relações de trabalho, consumo e do próprio movimento da população. Diante disso, no caso brasileiro, o transporte de pessoas através dos ônibus mostra-se de fundamental importância na circulação territorial. Com atenção à cidade média de Chapecó, este trabalho busca, à luz das operações do transporte rodoviário interestadual de passageiros, compreender quais são as interações regionais presentes na cidade analisada e, conjuntamente, entender como esse modal de transporte se configura. Há então, a justaposição teórico-conceitual da formação socioespacial da Região Geográfica Intermediária de Chapecó, a noção de rede urbana, além das compreensões atuais acerca do transporte de passageiros por via rodoviária. A discussão apresentada nos ajuda a compreender este meio de transporte como uma das expressões da formação socioespacial regional, além de contribuir para a análise integrada entre a rede urbana e o transporte de passageiros.
A constituição plena de territórios de moradia que viabilizem condições de vida adequadas é por v... more A constituição plena de territórios de moradia que viabilizem condições de vida adequadas é por vezes precarizada devido a fatores que dificultam a apropriação e usufruto do espaço, tais como insuficiência de infraestrutura e serviços essenciais, localização urbana segregada, insegurança jurídica, tensão social, além de características ambientais que impõem riscos à ocupação residencial. Neste artigo são discutidos os fatores relacionados à precarização territorial no espaço urbano no tocante à moradia. Como estudo empírico, apresenta-se uma análise de seis territórios precários na cidade média de Chapecó, cidade que tem se destacado por seu crescimento econômico e intensa urbanização, mas que apresenta marcantes desigualdades socioespaciais.
A urbanização, como processo socioespacial que, ao mesmo tempo, produz cidades e um modo de vida,... more A urbanização, como processo socioespacial que, ao mesmo tempo, produz cidades e um modo de vida, tem-se ampliado continuamente desde a primeira revolução industrial. Muito do seu desenvolvimento e de sua ampliação estão relacionados à intensidade de geração de energia nos países, especialmente a elétrica. No Brasil, essa geração se dá, sobretudo, por meio de usinas hidrelétricas, situadas em cursos hídricos muitas vezes fora das grandes aglomerações metropolitanas. Propomos, neste artigo, debater as contradições que existem nas cidades pequenas frente à expansão da geração de energia elétrica, problematizando noções como desenvolvimento e justiça espacial. Nosso recorte analítico recai sobre duas usinas, Barra Grande e Itá, e particularmente nas quatro cidades pequenas que estão em suas adjacências: Anita Garibaldi e Itá em Santa Catarina; Pinhal da Serra e Aratiba no Rio Grande do Sul. A pesquisa apoiou-se em trabalhos de campo realizados nessas usinas e cidades, onde colhemos registros fotográficos e depoimentos de citadinos. Concluímos com observações acerca das disparidades nas quatro cidades trazidas pela implantação das usinas hidrelétricas, demarcando desafios a serem enfrentados.
Com o intuito de construir um debate sobre as cidades pequenas e a noção de urbanização extensiva... more Com o intuito de construir um debate sobre as cidades pequenas e a noção de urbanização extensiva, parte-se neste texto da análise da sociedade urbano-industrial contemporânea, a qual exige a produção de territórios que permitam a sustentação do modo de acumulação vigente, parte que forma a totalidade do sistema capitalista. Estas especificidades estão diretamente ligadas ao espaço urbano, do qual emerge a vida quotidiana que está vinculada a um ciclo (re)produtivo, dependente de diversos fatores, entre eles o consumo constante de energia elétrica. Embora muitas vezes deixadas de lado, as cidades pequenas cumprem um papel de relevância na rede urbana, onde se constituem como espaços de atendimento de necessidades externas, como fornecimento de mão-de-obra, matéria-prima e, neste caso, a produção energética. Neste contexto, os municípios limítrofes de Itá (SC)/Aratiba (RS) e Anita Garibaldi (SC)/Pinhal da Serra (RS) inserem-se como ambientes ligados ao complexo sistema energético nacional, servindo de base para os grandes centros industriais localizados a grandes distâncias. Estas cidades são analisadas através de um aporte teórico que permita compreender, preliminarmente, as suas (re)fucionalizações frente ao avanço de investimentos oriundos de diversos agentes, expressos sobretudo na implantação de usinas hidrelétricas localizadas em seus territórios, as quais a partir disso, provocam mudanças na paisagem e nas relações sociais em áreas rurais e urbanas.
Mesmo dividida político-administrativamente, esta raia interliga-se através de sua semelhante for... more Mesmo dividida político-administrativamente, esta raia interliga-se através de sua semelhante formação socioespacial, onde a apropriação espacial se assemelha de modo relevante. Estes são atributos da raia do rio Uruguai, abrangendo as regiões oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul. Por meio de estudos a partir da geofotografia, estabelecemos ligações importantes entre territórios que possuem elementos em comum, envolvendo a forma de (re)ocupação da terra, particularidades culturais, econômicas, entre outras. A história que circunda a formação desses territórios é analisada à luz de fotografias que representam diferentes temporalidades, expressas na modificação da paisagem.
A análise geográfica do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros é o foco central dest... more A análise geográfica do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros é o foco central deste trabalho, situado no plano empírico do estado de Santa Catarina. Operado pela contínua articulação entre a rede urbana e as vias rodoviárias, trata-se de uma atividade central para a realidade brasileira e catarinense. É um serviço público operado por agentes econômicos privados, o qual provê condições materiais de acessibilidade na escala regional e, quando efetivamente existente, concretiza mobilidades entre diferentes cidades e regiões. Diante disso, o objetivo central deste trabalho é expor o panorama geral da atividade no estado catarinense e avançar sobre algumas particularidades na região de Chapecó, importante cidade média situada na região Oeste do estado. Para isso, o trabalho está dividido em três itens principais: o primeiro traz algumas questões teóricas e conceituais sobre transporte, mobilidade e acessibilidade urbano-regional; o segundo apresenta o transporte rodoviário de passageiros operado em Santa Catarina a partir de dados qualitativos e quantitativos; já o terceiro traz apontamentos sobre a estrutura do transporte público na região de Chapecó, tema analisado a partir de três contradições mais gerais. Enquanto conclusões, de um lado, observa-se que o papel do transporte por ônibus é reforçado, e nele o Estado é central na função de ente planejador, algo marginalizado em tempos de acentuação de políticas neoliberais; por outro lado, a acessibilidade na escala da rede urbana – como na catarinense – é um tema importante para os estudos geográficos, estando neste trabalho um dos caminhos possíveis.
A urbanização contemporânea tem suas demandas atendidas em múltiplos lugares, o que explica a sua... more A urbanização contemporânea tem suas demandas atendidas em múltiplos lugares, o que explica a sua condição extensiva. Nesses lugares, estão as cidades pequenas, que se constituem como territórios usados para a geração e distribuição de energia elétrica, por exemplo, entre outras atividades. Em vista dessas considerações, este trabalho visa construir um debate acerca das desigualdades produzidas nas áreas que receberam investimentos de agentes diversos, relacionados à implantação das usinas hidrelétricas na Região Hidrográfica do rio Uruguai. Mesmo após mais de dez anos de implantação das mesmas, os locais apresentam diferenciações quanto aos investimentos entre as unidades geradoras e as áreas circunvizinhas, o que nos leva a questionar sobre o real papel na promoção de desenvolvimento nessas áreas. Entre as precariedades, temos as expressas na rede rodoviária, nosso objeto central de análise. Considerada como uma base material e técnica relevante para a integração regional, especialmente no caso brasileiro pela primazia do modal rodoviário, notamos a permanência de rodovias de baixa qualidade. Esta pesquisa foi construída através de trabalhos de campo e depoimentos das populações locais, além de visitas às próprias usinas. Como base teórico-conceitual, partimos da perspectiva lefebvriana de que a sociedade está em processo de tornar-se completamente urbana. A partir disso, a noção de urbanização extensiva contribui para o entendimento do espraiamento das múltiplas inter-relações que a cidade emana para as áreas mais afastadas. De modo geral, o trabalho evidencia a perversa diferenciação de áreas e aponta a necessidade de uma equidade na distribuição dos investimentos recebidos pelas áreas atingidas em função das barragens.
A produção dos espaços urbano-regionais se conforma pela interação entre lugares variados, o que ... more A produção dos espaços urbano-regionais se conforma pela interação entre lugares variados, o que corrobora com a noção de rede urbana, assentada na articulação em variadas intensidades entre cidades. Como um dos meios para a realização das interações, há o transporte rodoviário interestadual de passageiros. O uso deste modal auxilia na elucidação dos fluxos de pessoas no território. Por sua vez, a rodovia BR-163 possibilita uma articulação de cidades em escala nacional, nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país. Produzem-se então interações espaciais, que se expressam em variados papéis urbanos correlacionados às diferentes funções de cada cidade. A realização deste trabalho tem como objetivo principal compreender os papéis e as centralidades expressas nas cidades a partir do transporte rodoviário interestadual de passageiros, pelo entendimento dos fluxos que atendem estas diversas cidades pequenas e médias localizadas ao longo da BR-163 na região Sul. Estes centros se caracterizam por uma densa e complexa divisão interurbana do trabalho, expressão de suas formações socioespaciais. Reitera-se a articulação entre as redes urbana e rodoviária, produto e condição para as operações do TRIP, sobretudo neste contexto, no qual a rodovia cumpre o papel de articulação material que potencializa a existência do modal de transporte analisado.
Anais do XXXV Encontro Estadual de Geografia, 2018
Entre os processos de (re)apropriação do espaço geográfico, muitas redes de sociabilidade são con... more Entre os processos de (re)apropriação do espaço geográfico, muitas redes de sociabilidade são construídas, entre as quais estão as dinâmicas espaço-temporais relacionadas às migrações (de qualquer qualidade). Estas redes geram fluxos consideráveis de informações, mercadorias, valores e, sobretudo, pessoas. As ondas migratórias analisadas aqui, são as conhecidas a partir do segundo quartel do século XX, momento em que milhares de sujeitos se deslocaram de antigas áreas de colonização com ascendência europeia, no Rio Grande do Sul, e dirigiram-se a Santa Catarina, especialmente na parte mais ocidental deste estado. Esta intensa movimentação seguiu até a década de 1970, com uma gradual redução nas décadas seguintes-embora sempre presente-quando outras dinâmicas se configuraram. Entre elas está a migração rumo ao oeste do Paraná, que iniciou já a partir do final dos anos 1940, e posteriormente estendendo-se ao atual Mato Grosso do Sul, ao Mato Grosso, a Goiás, ao Tocantins, ao Pará e áreas do Nordeste, como o oeste baiano e sudoeste do Maranhão. Neste bojo de relações, foram constituídas diversas empresas de transporte de passageiros, algumas existentes até hoje e outras diversas já extintas. Desta maneira, trabalhamos com a hipótese de que este meio de transporte produz redes entre cidades e lugares, pontos outrora sem relações diretas, mas que hoje se conectam pelo transporte rodoviário de passageiros.
Partimos da compreensão de que a sociedade contemporânea se configura através de inter-relações e... more Partimos da compreensão de que a sociedade contemporânea se configura através de inter-relações entre lugares, com fluxos progressivamente mais intensos nos dias de hoje. Esta condição é expressa principalmente pelas cidades, que são os nós da rede urbana, produto-produção das relações de trabalho, consumo e movimento da população. A delimitação territorial deste trabalho inclui duas cidades: Chapecó – compreendida a partir da noção de cidade média – e São Miguel do Oeste – entendida como uma cidade pequena –, as quais estão inseridas na Região Geográfica Intermediária de Chapecó. A realização da pesquisa que deu origem a este trabalho teve, como objetivo principal, compreender os papéis e as centralidades expressas por essas duas cidades, inseridas num contexto de significativa divisão interurbana do trabalho, expressão, entre outros fatores, de sua formação socioespacial, alicerçada em uma densa rede de cidades. Diante disso, fazemos uso das operações do transporte rodoviário interestadual de passageiros (TRIP), modal coletivo de transporte de pessoas que possui importância central no caso brasileiro, dadas as condições socioespaciais que o modal rodoviário tem. Os eixos norteadores da discussão envolvem: os processos de urbanização recente em áreas de reapropriação territorial através de políticas governamentais; a relação entre cidades médias e pequenas; a justaposição das redes urbana e rodoviária; e, principalmente, a compreensão de que o TRIP é um modal de transporte que expressa os papéis da formação socioespacial de determinada região. Neste caso, o modo como se engendraram os fluxos de pessoas e configuraram o atual território em análise se expressam até o presente nos serviços operados nesse meio de transporte. Além disso, a justaposição das redes rodoviária e urbana também se constitui como elementos importantes para o entendimento dos fluxos do TRIP. Dessa forma, os deslocamentos populacionais de caráter interestadual, tendo o ônibus como meio de transporte, foram utilizados como dimensão para a compreensão dos papéis das cidades pesquisadas.
As condições de oferta, abrangência e qualidade do transporte coletivo de passageiros demarcam um... more As condições de oferta, abrangência e qualidade do transporte coletivo de passageiros demarcam uma importante variável para a análise da urbanização contemporânea e as suas especificidades locais e regionais. Sua existência ou ausência repercute em impactos sociais e territoriais que, ao serem problematizados na escala da rede urbana, possibilitam a identificação de contextos espacialmente injustos, que se tornam barreiras para a integração territorial e o desenvolvimento das interações espaciais. Essas considerações compõem as preocupações centrais da pesquisa que resultou nesta dissertação, a qual teve como objetivo central investigar as condições diferenciadas de acessibilidade e mobilidade na Região Geográfica Imediata de Chapecó, em Santa Catarina, considerando-se o transporte rodoviário intermunicipal de passageiros como elemento central de análise. Situada no contexto regional influenciado pela cidade média de Chapecó, importante centro urbano da região Sul do Brasil, a pesquisa explorou as condições de transporte coletivo regular entre essa cidade de papéis regionais importantes e as outras 31 cidades pequenas situadas no seu entorno imediato. Partiu-se da constatação inicial de que o meio de transporte analisado não tem uma oferta e distribuição em situações justas no recorte territorial proposto, situação que resulta na relativa inacessibilidade entre as cidades ali situadas. O quadro teórico mobilizado possibilitou que o processo de formação dos serviços de transporte de passageiros fosse compreendido, sobretudo, à luz da formação socioespacial brasileira e suas particularidades regionais. Com base em uma metodologia simultaneamente qualitativa e quantitativa, a pesquisa foi construída a partir da revisão bibliográfica teórica e temática sobre o tema central e os assuntos correlatos, a realização de trabalhos de campo no plano empírico delimitado, a sistematização e análise de dados quantitativos sobre o transporte intermunicipal de passageiros operado em Santa Catarina e, por fim, a elaboração de mapas temáticos para a representação das informações obtidas. A pesquisa atestou que o transporte rodoviário de passageiros é central para a estruturação da acessibilidade na escala urbano-regional, especialmente diante das condições geo-históricas do território brasileiro. Das principais conclusões obtidas, destaca-se, primeiramente, que a justiça espacial na escala urbano-regional possibilita um importante debate para as realidades não metropolitanas brasileiras, pois incorpora a preocupação de se aventar uma cidadania de feições regionais, que sirva de caminho teórico para os estudos geográficos. Num segundo momento, especificamente acerca do objeto central da pesquisa, concluiu-se que o transporte rodoviário de passageiros catarinense, atividade responsável pela oferta de viagens entre as cidades na região de Chapecó, é operado em condições precárias, não recebe a adequada atenção por parte do órgão público responsável pela fiscalização, sofre com usos privatistas por parte de grandes agentes econômicos e, por fim, demanda uma ampla reestruturação do seu marco regulatório. É evocado o papel do Estado enquanto ente planejador central, tendo na sua atuação um papel indispensável para a qualificação das atividades e serviços públicos que concretizam a integração territorial em várias escalas, como a efetivada pelo transporte público operado no modal rodoviário.
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