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Titus Flavius Clemens, ou simplesmente Clemente de Alexandria, que liderou a chamada “Escola Catequética” da cidade de Alexandria entre os anos de 188 e 201 E.C., fez inúmeras referências ao poeta grego Homero em suas obras, sobretudo no... more
Titus Flavius Clemens, ou simplesmente Clemente de Alexandria, que liderou a chamada “Escola Catequética” da cidade de Alexandria entre os anos de 188 e 201 E.C., fez inúmeras referências ao poeta grego Homero em suas obras, sobretudo no Paedagogus e no Stromata. A partir da análise específica de 47 fragmentos destas duas obras, foi possível perceber diversas menções a Homero como alguém que teria sido educado entre bárbaros e que seria tanto um propagador da fé hebraica quanto um continuador dos discursos hebraicos entre os gregos. Considerando isso, o artigo buscou compreender como essa imagem homérica foi definida e trabalhada de modo a colaborar para sistematização da narrativa clementina, entrelaçando questões filosóficas, teológicas e educacionais.
Resumo: Considerando a importância, pertinência e eficácia do estudo de temáticas relacionadas com as culturas clássicas para ampliação do repertório histórico, social e cultural, bem como do desenvolvimento do pensamento crítico e da... more
Resumo: Considerando a importância, pertinência e eficácia do estudo de temáticas relacionadas com as culturas clássicas para ampliação do repertório histórico, social e cultural, bem como do desenvolvimento do pensamento crítico e da ampliação das competências linguísticas de seus estudantes, e tendo em vista a aproximação entre universidade, educação básica e comunidade, uma previsão da constituição federal brasileira, do PNE-Plano Nacional de Educação 2014-2024 e do PDI-Plano de Desenvolvimento Institucional da FURB-Universidade de Blumenau, o projeto Paideia teve por objetivo promover um curso de iniciação ao estudo da cultura e do idioma grego antigo na cidade de Blumenau, Santa Catarina. O curso nasceu de uma parceria entre o LABEAM-Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais da FURB e da ETEVI-Escola Técnica do Vale do Itajaí e, a partir do método Aprendendo Grego, 1 O artigo foi possível graças ao projeto de extensão 807/2018, intitulado "Paideia: Introdução ao estudo da cultura e do Idioma Grego Antigo em Blumenau (SC) e Região do Vale do Itajaí", subsidiado pela PROPEX/FURB.
Durante a Modernidade, a história se tornou disciplinarizada e ganhou o status científico que lhe atribuímos hoje. Nesse período, surgiram regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, sendo aplicadas a... more
Durante a Modernidade, a história se tornou disciplinarizada e ganhou o status científico que lhe atribuímos hoje. Nesse período, surgiram regras e condições para que um trabalho fosse classificado como historiográfico, sendo aplicadas a textos de diferentes lugares e tempos. O problema interpretativo de tal posicionamento é abordado neste artigo, a partir da história dos conceitos (Begriffsgeschichte), por meio de uma análise do “Livro XII” de Políbio de Megalópolis, uma fonte histórica privilegiada para compreender como se fazia história na Antiguidade. Após nos determos brevemente sobre o gênero historiográfico polibiano e os domínios de sua epistemologia, corroboramos a tese de que a moderna classificação da história da historiografia é excludente e contradiz o próprio historicismo ao aplicar critérios modernos a trabalhos não pertencentes a essa delimitação espaço-temporal, praticando uma espécie de anacronismo ao julgar a historiografia antiga a partir da ótica da historiografia moderna.
As experiências temporais coletivas provocadas por intervenções macedônicas em comunidades gregas constituem um dos temas candentes a partir do século IV A.E.C. Ao nos apropriamos de uma perspectiva global com o objetivo de compreender os... more
As experiências temporais coletivas provocadas por intervenções macedônicas em comunidades gregas constituem um dos temas candentes a partir do século IV A.E.C. Ao nos apropriamos de uma perspectiva global com o objetivo de compreender os entrelaçamentos temporais desse contexto, em específico, analisamos as temporalizações de conceitos-chave na recriação dos discursos de Cleneias e Licisco, ocorridos em 211 A.E.C., por Políbio em suas Histórias (IX, 28-39), na segunda metade do século II A.E.C. Com isso, trabalhamos com as hipóteses de que (a) havia experiências temporais por definição interrelacionadas entre os mundos macedônicos, grego e romano, das quais (b) Políbio, enquanto historiador e político, buscou se apropriar, temporalizando-as a fim de construir um raciocínio historiográfico consoante aos objetivos do grupo dirigente da Confederação Aqueia.
Resumo: Desde há muito se busca uma compreensão de como comunidades se formam e se desfazem. As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 - c. 120), especialmente o Livro VI, são uma das composições mais revisitadas com esse intuito,... more
Resumo: Desde há muito se busca uma compreensão de como comunidades se formam e se desfazem. As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 - c. 120), especialmente o Livro VI, são uma das composições mais revisitadas com esse intuito, mormente recorrendo ao conceito de anakýklōsis. Este se definiria por uma teoria segundo a qual haveria ciclos pré-determinados de formas de governo pelos quais toda e qualquer comunidade política (politeía) passaria, resultando, assim, em uma concepção anti-histórica do mundo da parte de Políbio. Com o objetivo de problematizar essa perspectiva, nos apropriamos da teoria e metodologia da História dos Conceitos ao buscarmos por uma compreensão do referido conceito a partir da dissolução da realeza macedônica segundo o próprio Políbio para, então, interpretarmos os modos pelos quais a transitoriedade de uma comunidade pode ser concebida de acordo com a conceptualização de história e de experiência segundo esse autor. Por fim, consideramos que Políbio não só abarcava em seu pensamento teorético as histórias possíveis de um coletivo, como também defendemos que a motivação do Livro VI seria a de comunicar uma imagem negativa da Macedônia de modo a convencer o leitor de que a constituição romana adequar-se-ia melhor às da Grécia.
Resumo: A parcialidade do historiador nunca foi um tema marginal. Um dos casos mais conhecidos da Antiguidade é o que figura na polêmica de Políbio de Megalópolis (c. 208c. 126 A.E.C.), em suas Histórias, com seus predecessores Fábio... more
Resumo: A parcialidade do historiador nunca foi um tema marginal. Um dos casos mais conhecidos da Antiguidade é o que figura na polêmica de Políbio de Megalópolis (c. 208c. 126 A.E.C.), em suas Histórias, com seus predecessores Fábio Píctor e Filino de Agrigento. Neste, é apresentada uma disputa entre os três historiadores pela verdade histórica da primeira guerra púnica (264-241 A.E.C.), da qual se seguiram mais duas até o ano de 146 A.E.C., com a constituição de Roma enquanto nova hegemonia mediterrânica. Tendo em vista a problemática enredada pelo envolvimento dos historiadores nessa sequência bélica, busca-se, nesta comunicação, compreender como os conceitos de "parcialidade" (eúnoia) e de "ética da história" (tês historìas êthos) foram experienciados na referida polêmica. Para tanto, me aproprio da metodologia da História dos Conceitos [Begriffsgeschichte], da polêmica historiográfica enquanto categoria de análise e dos estudos sobre historiografia antiga desde uma perspectiva global. Argumento, nesse sentido, acerca dos ganhos heurísticos de uma leitura compreensiva desse passado mediterrânico ressignificado em circunstâncias específicas na medida em que se exploram as nuances dos conceitos mencionados.