Neste artigo se investiga o espaço gourmet, protagonista de um novo ambiente social que atua como locus de ostentação em residências de classe média e alta brasileira. Três tipos de moradias contemporâneas no Nordeste foram analisadosem... more
Neste artigo se investiga o espaço gourmet, protagonista de um novo ambiente social que atua como locus de ostentação em residências de classe média e alta brasileira. Três tipos de moradias contemporâneas no Nordeste foram analisadosem suas propriedades morfológicas –configuração espacial, campos visuais, aspectos geométricas e topológicas a fim de compreender possíveis relações entre essas propriedades e modos de morar. O estudo foi realizado à luz da literatura sobre residências brasileiras, com foco na relação entre os espaços de lazer e o arranjo espacial geral, empregando-se recursos da teoria e das ferramentas de análise da Sintaxe do Espaço e de técnicas complementares como as isovistas. Os resultados mostram que o espaço gourmet está crescentemente presente nas moradias, como expressão inequívoca de afirmação do lazer -de um desejado ambiente que une o cozinhar e o recepcionar, numa direção contrária à segregação historicamente firmada em ambientes de serviço, dada sua visibilidade nos arranjos contemporâneos. Um movimento que começa pela integração da cozinha ao social, e parece tornar a ação de receber e cozinhar, mediada pela persona do gourmet, no próprio ato social.
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Este artigo aborda mudanças socioespaciais envolvendo cozinhas de três tipos de residências contemporâneas prevalentes em esferas sociais médias e altas, mediante o estudo de casos que informam sobre modos de viver impregnados no espaço... more
Este artigo aborda mudanças socioespaciais envolvendo cozinhas de três tipos de residências contemporâneas prevalentes em esferas sociais médias e altas, mediante o estudo de casos que informam sobre modos de viver impregnados no espaço doméstico ao longo de meio século em cidades do Nordeste brasileiro: casas de conjuntos habitacionais construídas nos anos 1970-1980 que sofreram reformas até 2018; casas projetadas sob encomenda em condomínios fechados; apartamentos oferecidos pelo mercado imobiliário nas últimas duas décadas. Espaços-chave foram analisados em seus aspectos geométricos (área, quantidade, posição) e topológicos (conexões, integração, distributividade) em perspectiva sincrônica e comparada a estudos da casa brasileira, com ênfase na relação entre a cozinha e o todo do arranjo espacial doméstico. O interesse pelo espaço utilizado para a preparação das refeições partiu da constatação de uma intensa variação em suas características geométricas e topológicas recentes, considerando fontes resultantes da experiência profissional dos autores – ensinar, pesquisar, projetar. Achados apontam para uma acomodação ou negociação de status e papéis sociais antigos e novos, materializados em mudanças na disposição geométrica e topológica das cozinhas, comparativamente a moradias anteriores, sinalizando o surgimento de novos modos de interação doméstica, paralelamente à persistência de atributos herdados de longa data.
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Este artigo investiga a relação entre configuração espacial, tenant mix e usos do espaço num shopping center em Natal/RN. O SC02, localizado numa área de grande centralidade na cidade, destina-se a um público-alvo diverso, das classes... more
Este artigo investiga a relação entre configuração espacial, tenant mix e usos do espaço num shopping center em Natal/RN. O SC02, localizado numa área de grande centralidade na cidade, destina-se a um público-alvo diverso, das classes sociais A, B, C e D. Internamente, parece existir uma segmentação social por pisos, com o térreo e o último pavimento em situações opostas: um, de caráter popular, e o outro, elitista. Utilizando a metodologia da Análise Sintática do Espaço e análise do tenant mix, os achados apontam para a sinergia entre aspectos locacionais do SC02 na malha urbana, a alta permeabilidade do térreo à rua, o layout interno e a diferenciação do tenant mix como fatores que parecem explicar a “segmentação social” por piso.
Palavras-chaves: Shopping Center. Configuração espacial. Tenant Mix. Sintaxe Espacial. Natal
Palavras-chaves: Shopping Center. Configuração espacial. Tenant Mix. Sintaxe Espacial. Natal
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O modelo predominante de shopping center (SCs) no Brasil, com edificações de grandes dimensões e poucas conexões visuais/acessos com o espaço público, provoca descontinuidades na malha urbana e induz internamente à formação de modos de... more
O modelo predominante de shopping center (SCs) no Brasil, com edificações de grandes dimensões e poucas conexões visuais/acessos com o espaço público, provoca descontinuidades na malha urbana e induz internamente à formação de modos de sociabilidade diferentes dos existentes no espaço público. Contudo, essa relação interior-exterior se dá de modos distintos, e parece ser, pelo menos em parte, afetada por aspectos do entorno urbano, padrões de uso do espaço público, públicos-alvo e articulação de seus espaços internos. Utilizando a metodologia da Análise Sintática do Espaço este artigo investiga relações interior-exterior entre esse tipo edilício e o espaço público da cidade, tomando como estudo de caso três shopping centers em Natal, os maiores e mais frequentados, que costumam ser comumente referidos com base em estereótipos socioeconômicos. Verificou-se que embora apresentem consistências morfológicas enquanto artefatos do mesmo tipo edilício, também apresentam desvios e variações relevantes quando analisados em seus aspectos topológicos e funcionais. As diferenças mais relevantes surgiram quando se considera (ou não) a presença do espaço exterior como parte da matriz de conexões espaciais, sugerindo
intensidades com que o exterior afeta o sistema interno; tais efeitos dependem também da posição relativa que o exterior ocupa na hierarquia espacial. Quando esse espaço está em posição mais segregada, sua desconexão é irrelevante para a configuração; quando está entre os mais integrados, atua de modo articulador, reescalonando ou invertendo a hierarquia de acessibilidade de espaços internos essenciais.
intensidades com que o exterior afeta o sistema interno; tais efeitos dependem também da posição relativa que o exterior ocupa na hierarquia espacial. Quando esse espaço está em posição mais segregada, sua desconexão é irrelevante para a configuração; quando está entre os mais integrados, atua de modo articulador, reescalonando ou invertendo a hierarquia de acessibilidade de espaços internos essenciais.
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This study seeks to further knowledge about Brazilian homes by addressing the spatial reorganisation of a vernacular residence, as it was adapted to changing lifestyles along a century and over three generations of dwellers from a same... more
This study seeks to further knowledge about Brazilian homes by addressing the spatial reorganisation of a vernacular residence, as it was adapted to changing lifestyles along a century and over three generations of dwellers from a same family. The house was built in the 1920s in a rural area in Northeast Brazil as the main residence in a farmstead – now no longer a productive unit. It is currently used as a residence by the second generation of landowners and as a holiday place by the family’s third generation and their children. Morphological aspects of geometrical (shape, size, position) and topological (accessibility, visibility) natures, as well as
space labels and functions were analysed in diachronic perspective, in the light of narratives and views of some of the house’s dwellers about the successive conversions suffered by the spatial arrangement and how spaces were used then and now. Results point out that relations amongst inhabitants – family and servants – and between them and visitors were altered by subtle changes in those morphological aspects, following tendencies that predominated in Brazilian homes at certain times (some of them also elsewhere), and particular needs of the family. Among aspects turned mainstream at a certain epoch in our domestic architecture: (i) the space used for family meals has become highly accessible and visible in post-colonial society, signalling social openness and less reclusiveness of women, and (ii) the growing seclusion of bedrooms and number of shower/toilet (often en suite) facilities follow contemporary requisites of privacy and body care. The change from a farming support unit to a family residence in the 1980s required less complex, more practical service-related spaces whereas its increasing role as a holiday house, demanded the enlargement and higher visibility of gathering spaces, such as the verandas. It was, therefore, seen that within a minimally altered built shell (the container), the spatial structure (its content) was radically transformed to give expression and physical support to changing modes of life, and that such changes related, at once, to the ways Brazilian homes were – sensu lato – topologically reshaped in time, as well as to the specific needs of successive generations of householders in this case. This interplay of genotypical and phenotypical properties tells about Brazilian lifestyles in the context of middling socioeconomic groups, adding up to the corps of case studies that have been using configuration analysis to unveil the spatial soul of Brazilian homes.
space labels and functions were analysed in diachronic perspective, in the light of narratives and views of some of the house’s dwellers about the successive conversions suffered by the spatial arrangement and how spaces were used then and now. Results point out that relations amongst inhabitants – family and servants – and between them and visitors were altered by subtle changes in those morphological aspects, following tendencies that predominated in Brazilian homes at certain times (some of them also elsewhere), and particular needs of the family. Among aspects turned mainstream at a certain epoch in our domestic architecture: (i) the space used for family meals has become highly accessible and visible in post-colonial society, signalling social openness and less reclusiveness of women, and (ii) the growing seclusion of bedrooms and number of shower/toilet (often en suite) facilities follow contemporary requisites of privacy and body care. The change from a farming support unit to a family residence in the 1980s required less complex, more practical service-related spaces whereas its increasing role as a holiday house, demanded the enlargement and higher visibility of gathering spaces, such as the verandas. It was, therefore, seen that within a minimally altered built shell (the container), the spatial structure (its content) was radically transformed to give expression and physical support to changing modes of life, and that such changes related, at once, to the ways Brazilian homes were – sensu lato – topologically reshaped in time, as well as to the specific needs of successive generations of householders in this case. This interplay of genotypical and phenotypical properties tells about Brazilian lifestyles in the context of middling socioeconomic groups, adding up to the corps of case studies that have been using configuration analysis to unveil the spatial soul of Brazilian homes.
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This study seeks to further knowledge about Brazilian homes by addressing the spatial reorganisation of a vernacular residence, as it was adapted to changing lifestyles along a century and over three generations of dwellers from a same... more
This study seeks to further knowledge about Brazilian homes by addressing the spatial reorganisation of a vernacular residence, as it was adapted to changing lifestyles along a century and over three generations of dwellers from a same family. The house was built in the 1920s in a rural area in Northeast Brazil as the main residence in a farmstead – now no longer a productive unit. It is currently used as a residence by the second generation of landowners and as a holiday place by the family’s third generation and their children. Morphological aspects of geometrical (shape, size, position) and topological (accessibility, visibility) natures, as well as space labels and functions were analysed in diachronic perspective, in the light of narratives and views of some of the house’s dwellers about the successive conversions suffered by the spatial arrangement and how spaces were used then and now. Results point out that relations amongst inhabitants – family and servants – and between them and visitors were altered by subtle changes in those morphological aspects, following tendencies that predominated in Brazilian homes at certain times (some of them also elsewhere), and particular needs of the family. Among aspects turned mainstream at a certain epoch in our domestic architecture: (i) the space used for family meals has become highly accessible and visible in post-colonial society, signalling social openness and less reclusiveness of women, and (ii) the growing seclusion of bedrooms and number of shower/toilet (often en suite) facilities follow contemporary requisites of privacy and body care. The change from a farming support unit to a family residence in the 1980s required less complex, more practical service-related spaces whereas its increasing role as a holiday house, demanded the enlargement and higher visibility of gathering spaces, such as the verandas. It was, therefore, seen that within a minimally altered built shell (the container), the spatial structure (its content) was radically transformed to give expression and physical support to changing modes of life, and that such changes related, at once, to the ways Brazilian homes were – sensu lato – topologically reshaped in time, as well as to the specific needs of successive generations of householders in this case. This interplay of genotypical and phenotypical properties tells about Brazilian lifestyles in the context of middling socioeconomic groups, adding up to the corps of case studies that have been using configuration analysis to unveil the spatial soul of Brazilian homes.
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Este trabalho tem como objetivo entender a reorganização espacial de uma edificação vernacular ao longo de um século, relacionando alterações na configuração do espaço a mudanças no modo de vida e relações entre habitantes, visitantes e... more
Este trabalho tem como objetivo entender a reorganização espacial de uma edificação vernacular ao longo de um século, relacionando alterações na configuração do espaço a mudanças no modo de vida e relações entre habitantes, visitantes e empregados. Construída na década de 1920, na zona rural do Nordeste brasileiro, a casa está abrigando a terceira geração da família. Com aparência e caixa mural minimamente alteradas, abriga relações espaciais distintas e responde a modos de morar diversos para cada fase considerada. A casa original tinha como característica a mistura das funções de habitação e produção rural, onde também eram armazenados os produtos da colheita. A partir da década de 1960, com a migração do campo para a cidade, a quantidade de moradores diminuiu consideravelmente. Em 1980 iniciaram as primeiras reformas e a edificação passou a abrigar apenas a função de moradia. Utilizando a metodologia da Sintaxe Espacial, são analisados os aspectos morfológicos (geométricos e topológicos) e funcionais em perspectiva sincrônica e diacrônica à luz de narrativas e impressões de alguns usuários. A partir do estudo da alteração das áreas construídas, investigou-se a importância de cada ambiente no modo de vida dos moradores, tanto na análise da convivência familiar, como na interação com visitantes e empregados. Como resultados, tem-se que as mudanças na década de 1980 priorizaram a praticidade na execução das tarefas domésticas. Na planta atual, a prioridade são os espaços de lazer e interação social com visitantes. As áreas com maior visibilidade tendem a maior interação social e movimento de pessoas. Esse estudo verificou a permanência da sala de jantar como o ambiente de maior visibilidade em praticamente todas as fases analisadas, indicando a continuação do controle exercido pela matriarca. A exceção é a configuração atual incluindo a área externa, que transformou os alpendres na região de maior visibilidade e, de fato, é onde há a maior permanência de usuários. Outro destaque é que, mesmo com a diminuição de moradores, houve um aumento na quantidade de banheiros, alguns formando suítes. Conclui-se que apesar do favorecimento das relações com visitantes na configuração atual, há uma necessidade maior de privacidade quando considerado o setor íntimo. E, enquanto a casa de 1980 favorecia a relação com os empregados, a configuração de 1920 favorecia a interação entre os familiares.