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Este artigo apresenta algumas considerações acerca da construção da imagem do poder e conduta principesca pensada por Sinésio de Cirene em seu tratado De regno, redigido durante sua estadia na corte do imperador Arcádio. Sinésio se... more
Este artigo apresenta algumas considerações acerca da construção
da imagem do poder e conduta principesca pensada por Sinésio de
Cirene em seu tratado De regno, redigido durante sua estadia na corte
do imperador Arcádio. Sinésio se apresenta como um autor helenístico
por excelência, mesclando elementos políticos e filosóficos num mosaico
de ideias com o propósito reformador de reestabelecer a majestade do
Império. A partir do texto do autor, defendemos a seguinte conclusão:
a nova imagem do poder oferecida a Arcádio passava pelo afastamento
do Dominato e pela reaproximação com o modelo do Principado dos
primeiros séculos da Era Cristã.
Este artigo tem por objetivo analisar os mecanismos de legitimidade associados ao exercício do poder imperial durante o início do principado de Nero (54), momento de transição política para um novo governo em Roma. Por não haver regras... more
Este artigo tem por objetivo analisar os mecanismos de legitimidade associados ao exercício do poder imperial durante o início do principado de Nero (54), momento de transição política para um novo governo em Roma. Por não haver regras definidas de sucessão, a legitimidade se constituía como questão fundamental na consolidação do novo principado. O modelo político criado a partir de Augusto e herdado por Nero deixava ambíguo o status do príncipe perante as elites, o que tornava ainda mais imperativa a construção de princípios de legitimação capazes de trazer segurança ao regime. Analisaremos duas formas de legitimidade possíveis nesse contexto: aquela derivada da herança familiar e dependente da ancestralidade, e a que podemos chamar de legitimidade cidadã, inclinada ao republicanismo.
O presente trabalho tem por objetivo compreender a gênese do tratado De clementia, de Lúcio Aneu Sêneca, a partir de suas raízes helenísticas estoicas. No primeiro capítulo, estudaremos as concepções de paideia, humanitas e a tradição... more
O presente trabalho tem por objetivo compreender a gênese do tratado De clementia, de Lúcio Aneu Sêneca, a partir de suas raízes helenísticas estoicas. No primeiro capítulo, estudaremos as concepções de paideia, humanitas e a tradição literária grega chamada peri basileias, os tratados sobre a constituição da realeza e sua relação com a formação do Principado romano a partir do imperador Augusto. Também analisaremos os anos iniciais de Nero (54-62 d.C.) e projeção política de Sêneca na corte imperial. No segundo capítulo, serão discutidos os argumentos teóricos de Sêneca sobre a clemência e sua relação com a sapientia dos estoicos, o papel da moderatio, da ordo e os males da tirania. Por último, o texto propõe uma discussão historiográfica acerca dos últimos seis anos de reinado de Nero (62-68 d.C.), suas tendências absolutistas de governo, o simbolismo solar e os possíveis impactos imediatos das teorias de poder de Sêneca.
A partir da temática do degredo forçado e suas expressões no Mundo Antigo, propomos no presente trabalho analisar a concepção de exílio nas cartas consolatórias de Sêneca, particularmente na Consolatio ad Helviam. Ali, Sêneca redige suas... more
A partir da temática do degredo forçado e suas expressões no Mundo Antigo, propomos no presente trabalho analisar a concepção de exílio nas cartas consolatórias de Sêneca, particularmente na Consolatio ad Helviam. Ali, Sêneca redige suas impressões sobre a questão a partir de sua própria experiência pessoal, após condenação sofrida sob ordens do imperador Cláudio (41 d.C.) e posterior transferência para a ilha de Córsega, onde viveu cerca de oito anos. No texto mencionado, Sêneca estabelece uma visão relativamente positiva do seu próprio exílio, buscando confortar a dor de sua mãe, Hélvia. Seguindo tais considerações, serão abordados, primeiramente, alguns aspectos essenciais das circunstâncias do exílio de Sêneca, sua relação com a família imperial romana e as justificações apresentadas para seu banimento. Em segundo lugar, serão elencados e discutidos os argumentos do filósofo a respeito do tema, já que, para ele, o exílio pode ser definido como uma " mudança de lugar " (loci commutatio). Tal mudança, porém, não precisa vir acompanhada do desprezo ou da vergonha, pois mesmo em condições de penúria material (também positiva de certo modo, visto que ela é compatível com a vida frugal desejada pelo filósofo) é possível ao homem exilado manter sua dignitas, a exemplo de outros romanos ilustres do passado que também enfrentaram tal condição. Assim, pode-se concluir que o exílio não é algo que apresenta apenas inconveniências, podendo ser, ao mesmo tempo, um caminho frutífero para uma vida em concordância com os preceitos do estoicismo.
O presente trabalho tem por meta realizar uma investigação acerca das relações político-militares estabelecidas entre romanos e bretões no primeiro século da Era Cristã tomando como objeto de estudo o texto Agrícola, de Cornélio Tácito.... more
O presente trabalho tem por meta realizar uma investigação acerca das relações político-militares estabelecidas entre romanos e bretões no primeiro século da Era Cristã tomando como objeto de estudo o texto Agrícola, de Cornélio Tácito. Em um primeiro momento, serão retomados alguns aspectos historiográficos relevantes no estudo do tema proposto, principalmente o conceito de
romanização, as críticas feitas a ele recentemente pelos estudiosos do campo e novas possibilidades de seu emprego (interação ou hibridização cultural). Em seguida, analisaremos o texto de Tácito, destacando movimentos políticos, estratégias e relações de poder que se constituíram entre os romanos e as realezas locais após a invasão do imperador Cláudio ao território bretão, no ano de 43 d.C.. Por fim, destacamos a necessidade de se reavaliar a leitura dos textos antigos em questão a partir de uma perspectiva mais aberta à diversidade de interações políticas e culturais, em contraposição à noção de aculturação unilateral.
O presente trabalho aborda a concepção de deus construída por Sêneca em tratado De providentia, redigido pelo filósofo com a finalidade de demonstrar a necessidade de haver de um deus que rege o universo e, por consequência, que participa... more
O presente trabalho aborda a concepção de deus construída por Sêneca em tratado De providentia, redigido pelo filósofo com a finalidade de demonstrar a necessidade de haver de um deus que rege o universo e, por consequência, que participa na formação ética do próprio homem. Para isso, além do De providentia, utilizaremos brevemente em nossa análise outros textos do filósofo para mostrar a articulação existente entre os conceitos de deus, natureza, Fortuna e virtude, assim como os desdobramentos possíveis da teologia senequiana.
O presente trabalho tem por objetivo tecer algumas considerações sobre o conceito de virtude ou excelência (areté) e sua relação com a cultura aristocrática e heróica apresentada na Ilíada de Homero. A ética dos heróis homéricos se... more
O presente trabalho tem por objetivo tecer algumas considerações sobre o conceito de virtude ou excelência (areté) e sua relação com a cultura aristocrática e heróica apresentada na Ilíada de Homero. A ética dos heróis homéricos se constitui e consagra no combate e na vida guerreira, características intrínsecas apenas aos aristoi, os “melhores” e aos deuses do Olimpo. A
rígida moral homérica torna-se, assim, um meio que identifica e consolida a posição de uma classe nobre frente aos soldados comuns, geralmente retratados como personagens medíocres, a exemplo de Térsites. Aquiles, Odisseu e Heitor representam, entre outros, os heróis aristocráticos por excelência do mundo
homérico e o modelo de virtude guerreira que eleva o herói à honra e à glória.