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Morgana Moura
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  • Graduada em Psicologia pela UFMT, Campus Universitário de Rondonópolis. Mestre em Psicologia Social pela PUC São Paul... moreedit
Este artigo consiste num relato de experiências grupais efetuadas na articulação entre Psicologia e Arte, mais especificamente Artes Visuais, que vínhamos desenvolvendo ao longo dos últimos dez anos, no contexto formativo em Psicologia de... more
Este artigo consiste num relato de experiências grupais efetuadas na articulação entre Psicologia e Arte, mais especificamente Artes Visuais, que vínhamos desenvolvendo ao longo dos últimos dez anos, no contexto formativo em Psicologia de uma disciplina de Teorias e Técnicas Grupais. Argumentamos que poéticas grupais podem atuar como estratégias de visibilidade daquilo que pulsa em linhas de força, rompendo com especialismos, teoricismos e profissionalismos instituídos. Para tal, tecemos considerações sobre os imperativos instrumentalistas nos trabalhos com grupos, em seguida, o que entendemos por poéticas grupais, passando dos conceitos ao relato de uma das experiências grupais que ocorrem na interface entre Psicologia e Arte.
A partir de reflexões sobre objetividade nos estudos feministas, argumentamos, neste ensaio, para a importância de se reativar práticas de atenção e políticas de afeto que se abrem para o maravilhamento, o espanto e outros tipos de... more
A partir de reflexões sobre objetividade nos estudos feministas, argumentamos, neste ensaio, para a importância de se reativar práticas de atenção e políticas de afeto que se abrem para o maravilhamento, o espanto e outros tipos de afetações acionados na produção do conhecimento científico. Nos referimos às amadoras e amantes para aludir a um certo modo de cientistas se colocarem em relação com o mundo e as ciências. Os interesses das amantes das ciências são diferentes daqueles que produzem a objetividade moderna, voltam-se a saberes localizados e para o maravilhamento, abrem-se para a multiplicidade e para a construção de outros afetos, corpos, agenciamentos e subjetividades nos encontros com humanos e não-humanos; e na constituição de saberes situados.
Este ensaio problematiza as politicas de enclausuramento e docilizacao que orientam as comunidades terapeuticas voltadas ao pretenso tratamento de pessoas que usam substâncias psicoativas consideradas drogas pelo Estado. Adota como... more
Este ensaio problematiza as politicas de enclausuramento e docilizacao que orientam as comunidades terapeuticas voltadas ao pretenso tratamento de pessoas que usam substâncias psicoativas consideradas drogas pelo Estado. Adota como analisador o modelo terapeutico utilizado pela maior rede de comunidades terapeuticas do Brasil, a Fazenda da Esperanca. As reflexoes sao tecidas em uma conversa com aportes teoricos antimanicomiais e da analise institucional. Argumenta-se pela importância de terapeuticas que potencializam, em contraposicao as praticas de confinamento e docilizacao, as quais cada vez mais se fortalecem como modelos norteadores das politicas sobre drogas, no Brasil.
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi mapear alguns dos efeitos de estrategias higienistico-urbanisticas da politica de guerra as drogas na cidade de Cuiaba, Mato Grosso. Para tanto, utiliza-se das... more
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi mapear alguns dos efeitos de estrategias higienistico-urbanisticas da politica de guerra as drogas na cidade de Cuiaba, Mato Grosso. Para tanto, utiliza-se das cronicas como narrativa de pesquisa para evidenciar como as politicas de guerra as drogas produzem praticas de mortificacao social, num processo de seletividade penal. Em analise, argumentamos que o uso de drogas nos leva a uma problematica central que diz respeito ao modo como coabitamos nas cidades. Cidades fragmentadas, separadas por guetos e por marcadores sociais, muradas material e simbolicamente. As ruas se tornam um territorio em disputa desigual, onde urge uma etica, em vez de praticas de moralizacao e mortificacao.
Este artigo problematiza o processo terapêutico voltado às pessoas que fazem uso de drogas defendido por uma das maiores redes de comunidades terapêuticas do Brasil. Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, as comunidades terapêuticas... more
Este artigo problematiza o processo terapêutico voltado às pessoas que fazem uso de drogas defendido por uma das maiores redes de comunidades terapêuticas do Brasil. Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, as comunidades terapêuticas (CTs) emergem e se expandem como equipamentos que criminalizam, patologizam e cristianizam pessoas que fazem uso de drogas. As CTs se caracterizam por práticas de manipulação de corpos e mortificação da vida, pela obrigatoriedade do trabalho, por uma ortopedia no conviver comunitário e pela imposição da espiritualidade como modo de vida. No contexto mais amplo das políticas de saúde mental e atenção psicossocial, as CTs representam um retrocesso nas práticas derivadas das lutas antimanicomiais e antiproibicionistas.
Resumo Este estudo problematiza o processo terapêutico voltado às pessoas que fazem uso de drogas defendido por uma das maiores redes de comunidades terapêuticas do Brasil. Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, as Comunidades... more
Resumo Este estudo problematiza o processo terapêutico voltado às pessoas que fazem uso de drogas defendido por uma das maiores redes de comunidades terapêuticas do Brasil. Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, as Comunidades Terapêuticas emergem e se expandem como equipamentos que criminalizam, patologizam e cristianizam pessoas que fazem uso de drogas. As Comunidades terapêuticas se caracterizam por práticas de manipulação de corpos e mortificação da vida, pela obrigatoriedade do trabalho, por uma ortopedia no conviver comunitário e pela imposição da espiritualidade como modo de vida. No contexto mais amplo das políticas de saúde mental e atenção psicossocial, as comunidades terapêuticas representam um retrocesso nas práticas derivadas das lutas antimanicomiais e antiproibicionistas. Palavras-chave: Comunidades Terapêuticas; Políticas Sobre Drogas; Promoção da Saúde. Introdução As políticas governamentais sobre drogas, no Brasil, foram sistematicamente construídas sob a perspectiva de "guerra às drogas" que desenhou um modo de intervenção que atravessou a produção, a distribuição e o consumo, com disciplinamento, vigilância e confinamento, principalmente dedicados ao controle de grupos sociais considerados desviantes. Essa proposta contribuiu para solidificar uma perspectiva proibicionista de atenção e cuidado em linha repressiva, na qual o consumo de drogas passa a ser patologizado (o uso é permitido, desde que prescrito por médicos e qualquer uso fora da norma médica é classificada como da ordem de um pretenso transtorno a ser identificado) e penalizado (quem usa drogas consideradas ilícitas é submetido a medidas penais, as quais incluem a obrigatoriedade de frequência e, cada vez mais, 226
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi mapear alguns dos efeitos de estratégias higienístico-urbanísticas da política de guerra às drogas na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. Para... more
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi  mapear alguns dos efeitos de
estratégias  higienístico-urbanísticas  da  política  de  guerra  às  drogas  na  cidade  de  Cuiabá,  Mato  Grosso.  Para
tanto, utiliza-se das crônicas como narrativa de pesquisa para evidenciar como as políticas de guerra às drogas
produzem práticas de mortificação social, num processo de seletividade penal. Em análise, argumentamos que o
uso de drogas  nos leva a  uma problemática central que diz respeito ao  modo como coabitamos  nas cidades.
Cidades fragmentadas, separadas por guetos e por marcadores sociais, muradas material e simbolicamente. As
ruas se tornam um território em disputa desigual, onde urge uma ética, em vez de práticas de moralização e
mortificação.

This paper presents part of the results of a research whose objective was to map some of the effects of hygienic-
urban strategies of the War on Drugs policy in the city of Cuiabá, Mato Grosso. For that, chronicles are used as
a research narrative to show how drug war policies produce practices of social mortification, in a process of
criminal selectivity. In analysis, we argue that the use of drugs leads us to a central problem that concerns the
way  we  cohabit  in  the  cities.  Fragmented  cities,  separated  by  ghettos  and  social  markers,  materially  and
symbolically  walled.  The  streets  become  a  territory  in  unequal  dispute,  where  an  ethics  is  urged,  instead  of
practices of moralization and mortification.
Resumo: Este texto apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi mapear as estratégias de cuidado às pessoas que fazem uso de drogas na cidade de Cuiabá (MT). Para isso, utiliza-se de crônicas como narrativa de... more
Resumo:
Este texto apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi mapear as estratégias de cuidado às pessoas que fazem uso de drogas na cidade de Cuiabá (MT). Para isso, utiliza-se de crônicas como narrativa de pesquisa para evidenciar os arranjos da política de guerra às drogas, bem como seus atravessamentos nos processos de construção de uma rede de atenção e cuidado. Como recurso literário as crônicas ampliam as possibilidades de resistência aos processos de mortificação das pessoas alvo dessa guerra e ao desmonte dos aparatos de atenção como estratégia de legitimação de dispositivos que não se configuram como serviços de atenção, como as comunidades terapêuticas. Nos processos de construção de estratégias voltadas para pessoas que fazem uso de drogas, dois aspectos são problemáticos: a noção de atenção ao usuário que, muitas vezes, é usada como sinônimo de cuidado; o foco no quantitativo de ações e serviços em detrimentos da qualidade do que se faz como tratamento. Estas e outras práticas se coadunam com a atual política de saúde mental e com as estratégias de aniquilação de práticas que podem propiciar rupturas aos controles engendrados no modelo de Guerra às Drogas. Argumentamos que, no processo de desmonte das políticas públicas e serviços, a noção de funcionalidade atua como argumento para aniquilação não somente dos serviços, mas principalmente dos usuários destes.
Drogas; Cuidado em Saúde; Crônicas; Redes Públicas de Saúde.

Abstract:
This text presents part of the results of a research whose objective was to map the care strategies for people who use drugs in the city of Cuiabá (MT). For this, chronicles are used as a research narrative to highlight the arrangements of the war on drugs policy, as well as their crossings in the processes of building a network of attention and care. As a literary resource, the chronicles expand the possibilities of resistance to the processes of mortification of the people targeted by this war and the dismantling of the care apparatus as a strategy to legitimize devices that are not configured as care services, such as therapeutic communities. In the process of building strategies aimed at people who use drugs, two aspects are problematic: the notion of attention to the user, which is often used as a synonym for care; the focus on the quantity of actions and services at the expense of the quality of what is done as treatment. These and other practices are in line with the current mental health policy and strategies for the annihilation of practices that can lead to disruptions to the controls engendered in the War on Drugs model. We argue that, in the process of dismantling public policies and services, the notion of functionality acts as an argument for annihilation not only of services, but mainly of their users.
Drugs; Health Care; Chronicles; Public Health Networks.
RESUMO: Este ensaio problematiza as políticas de enclausuramento e docilização que orientam as comunidades terapêuticas voltadas ao pretenso tratamento de pessoas que usam substâncias psicoativas consideradas drogas pelo Estado. Adota... more
RESUMO: Este ensaio problematiza as políticas de enclausuramento e docilização que orientam as comunidades terapêuticas voltadas ao pretenso tratamento de pessoas que usam substâncias psicoativas consideradas drogas pelo Estado. Adota como analisador o modelo terapêutico utilizado pela maior rede de comunidades terapêuticas do Brasil, a Fazenda da Esperança. As reflexões são tecidas em uma conversa com aportes teóricos antimanicomiais e da análise institucional. Argumenta-se pela importância de terapêuticas que potencializam, em contraposição às práticas de confinamento e docilização, as quais cada vez mais se fortalecem como modelos norteadores das políticas sobre drogas, no Brasil. ABSTRACT: This essay problematizes the enclosure and docilization policies that guide the therapeutic communities involved in the alleged treatment of people who use psychoactive substances considered drugs by the State. It adopts as analyzer the therapeutic model used by the largest network of therapeutic communities in Brazil, Fazenda da Esperança. The reflections are woven into a conversation with contributions from the expanded clinic and institutional analysis. We argue for the importance of therapies for desirable bodies that potentiate in opposition to the practices of confinement and docilization that are increasingly being strengthened as models for the drug policy in Brazil.
Research Interests: