Este artigo tem por objetivo discutir estratégias de luta política desenvolvidas por movimentos sociais que atuam na sociedade brasileira, tendo como problema: quais as possibilidades de democratização social frente ao descentramento do... more
Este artigo tem por objetivo discutir estratégias de luta política desenvolvidas por movimentos sociais que atuam na sociedade brasileira, tendo como problema: quais as possibilidades de democratização social frente ao descentramento do espaço político e a pluralidade de sujeitos políticos que caracterizam as últimas décadas das sociedades ocidentais contemporâneas? Foram entrevistados representantes de grupos do movimento feminista (Marcha Mundial das Mulheres - MMM), do movimento negro (Negras Ativas - NA), do movimento camponês (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST), do movimento sindical (Central Única dos Trabalhadores - CUT), do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e da Brigadas Populares (BP). Além disso, foram entrevistadas a secretária da Assembleia Popular Metropolitana de Belo Horizonte (AP-MBH) e a vice-presidente "Trans" da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), entidades que, na pesquisa, denominamos de espaços de vínculos entre sujeitos políticos. Também coletamos, junto aos grupos, materiais referentes a ações desenvolvidas por eles, à história dos grupos, às suas bandeiras políticas. Para a análise dos dados, nos concentramos teoricamente em uma teoria democrática específica, denominada Teoria Democrática Radical e Plural, desenvolvida por Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, desde meados da década de 1980. A partir da leitura das entrevistas, dos documentos coletados junto aos grupos e das considerações da Teoria Democrática Radical e Plural, construímos categorias analíticas referentes ao problema proposto na pesquisa. Discutimos, neste artigo, duas estratégias de luta política, denominadas estratégia de articulação e estratégia de aliança. A estratégia de articulação é concebida como a construção de uma relação de equivalência ("nós") entre diferentes sujeitos políticos, de modo a se construir um projeto contra-hegemônico. Já estratégia de aliança é definida como a construção de vínculo, em torno de demandas especificas, entre sujeitos políticos na construção de ações conjuntas, sem que isso implique, necessariamente, na promoção de uma relação de equivalência entre os grupos. Entendemos essas duas formas de estratégia política não como opostas, a priori, mas como modos complementares de se construir a mudança social. As estratégias debatidas podem ser úteis para pesquisas no campo dos movimentos sociais, sobretudo, na análise dos modos de construção da luta política.
Palavras-chave: estratégia de articulação, estratégia de aliança, lógica da equivalência, lógica da diferença, democracia.
Palavras-chave: estratégia de articulação, estratégia de aliança, lógica da equivalência, lógica da diferença, democracia.
Research Interests:
Concebendo a psicologia política como um campo de fronteiras disciplinares propomos debater a noção de mudança social a partir das contribuições teóricas de Ernesto Laclau, Chantal Mouffe e Slavoj Zizek. Compreendemos que as condições... more
Concebendo a psicologia política como um campo de fronteiras
disciplinares propomos debater a noção de mudança social a
partir das contribuições teóricas de Ernesto Laclau, Chantal
Mouffe e Slavoj Zizek. Compreendemos que as condições
histórico-políticas contemporâneas, caracterizadas pela crítica
a teorias totalizantes, pela politização de diferentes formas de
hierarquias sociais e emergência de uma pluralidade de sujeitos
políticos têm acarretado na necessidade das ciências humanas
repensarem conceitos importantes para análise da mudança
social como emancipação, direitos, sujeito, político, política;
bem como (re)construção de estratégias políticas capazes de
promover sociedades democráticas comprometidas com a
promoção de justiça social. Deste modo, discutimos neste
trabalho como pensar a mudança social, na busca de se
construir sociedades mais justas e igualitárias, num contexto
histórico contemporâneo marcado pela pluralidade de sujeitos
políticos.
Palavras-chave
Teoria democrática, Mudança social, Emancipação, Hegemonia,
Pluralidade de sujeitos políticos.
disciplinares propomos debater a noção de mudança social a
partir das contribuições teóricas de Ernesto Laclau, Chantal
Mouffe e Slavoj Zizek. Compreendemos que as condições
histórico-políticas contemporâneas, caracterizadas pela crítica
a teorias totalizantes, pela politização de diferentes formas de
hierarquias sociais e emergência de uma pluralidade de sujeitos
políticos têm acarretado na necessidade das ciências humanas
repensarem conceitos importantes para análise da mudança
social como emancipação, direitos, sujeito, político, política;
bem como (re)construção de estratégias políticas capazes de
promover sociedades democráticas comprometidas com a
promoção de justiça social. Deste modo, discutimos neste
trabalho como pensar a mudança social, na busca de se
construir sociedades mais justas e igualitárias, num contexto
histórico contemporâneo marcado pela pluralidade de sujeitos
políticos.
Palavras-chave
Teoria democrática, Mudança social, Emancipação, Hegemonia,
Pluralidade de sujeitos políticos.
Research Interests:
Resumo O objetivo da tese é analisar o conceito do político em um recorte da produção da psicologia social brasileira, publicada em periódicos científicos, desde a crise da psicologia social, mais especificamente, entre os anos de 1986 e... more
Resumo
O objetivo da tese é analisar o conceito do político em um recorte da produção da psicologia social brasileira, publicada em periódicos científicos, desde a crise da psicologia social, mais especificamente, entre os anos de 1986 e 2011. A crise da psicologia social, advinda da crítica à perspectiva dominante na psicologia social na época, produziu um importante debate sobre o caráter político da produção do conhecimento, atrelando-a ao enfrentamento de desigualdades presentes no País e, assim, a possibilidades de mudança social. Nesta medida, concebe-se que a crise da psicologia social, juntamente com a retomada da discussão sobre o conceito do político em outros campos do conhecimento das ciências humanas colocam em evidência a importância de se perguntar sobre o modo como o conceito do político tem sido debatido na produção da psicologia social brasileira. Ao se conceber o antagonismo como elemento definidor do político, afirma-se a localização deste debate em torno de uma perspectiva que entende o político no terreno da divisão, da distinção entre amigo-inimigo, considerando a hostilidade e a violência como inerentes à sociabilidade humana. Nesta perspectiva também se critica a compreensão da politização das relações sociais a partir de uma mediação racional, bem como se concebe a ausência de qualquer fundamento último da realidade como condição essencial ao político na modernidade, sendo a unidade política contingente e decorrente de uma construção hegemônica. A democracia é entendida como um por vir, sendo impossível o alcance de uma sociedade reconciliada ou ainda uma junção entre ética e política. A partir do objetivo da tese e desta concepção do político, a análise centra-se na discussão sobre as formas de politização das relações sociais (emergência do sujeito político) e suas implicações para a democracia (utopia de sociedade), tendo como referência teórica a Teoria Democrática Radical e Plural desenvolvida por Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. A produção da psicologia social foi categorizada em torno de quatro vertentes analíticas, a saber: fundamento último da realidade, sujeito racional, sujeito éticopolítico, antagonismo. Ao final da tese apresenta-se uma proposta para a pesquisa e intervenção em psicologia social, de modo a contribuir para que a psicologia social continue em crise, no sentido de manter presente a crítica ao que já foi produzido e de construir uma psicologia social que não negue o político.
Abstract
The aim of this dissertation is to analyze the concept of political in a sample of the Brazilian social psychology production published in scientific journals from the 1986 to 2011. The crisis of social psychology, criticizing the dominant perspective in social psychology at the time, produced an important debate on the political character of knowledge production, linking it to the struggle against the social problems and the possibility of social change in Brazil. To that extent, it conceives that the crisis of social psychology, along with the awakening of the discussion about the concept of political in other fields of the human sciences, give relevance to questioning the way the concept of political has been discussed in the Brazilian social psychology production. Conceiving antagonism as the defining element of political, this dissertation focuses the debate in a perspective that understands political in the field of division, of distinction between friendenemy, considering hostility and violence as inherent to human sociability. In that perspective, this research also criticizes the comprehension of social relations politicization as a rational mediation, and we conceive the absence of any last foundation of reality as an relevant condition to the political in modern times, defining political unity as contingency that results from a hegemonic construction. Democracy is understood as something to come, been impossible to reach a reconciled society or even the junction between ethics and politics. From the goal of this dissertation and this conception of political our analysis focuses on the different forms of social relations politicization (the emerging of a political subject) and its consequences to democracy (societys utopia), having as a theoretical reference the Plural and Radical Democratic Theory developed by Ernesto Laclau and Chantal Mouffe. Social psychology production was categorized into the following analytical strands: last foundation of reality, rational subject, ethical-political subject, antagonism. By the end of this dissertation we present a research and intervention proposal in social psychology, as to contribute to the continuing crisis of the field, keeping present a critical review of what has been produced and building a social psychology that does not deny the political.
O objetivo da tese é analisar o conceito do político em um recorte da produção da psicologia social brasileira, publicada em periódicos científicos, desde a crise da psicologia social, mais especificamente, entre os anos de 1986 e 2011. A crise da psicologia social, advinda da crítica à perspectiva dominante na psicologia social na época, produziu um importante debate sobre o caráter político da produção do conhecimento, atrelando-a ao enfrentamento de desigualdades presentes no País e, assim, a possibilidades de mudança social. Nesta medida, concebe-se que a crise da psicologia social, juntamente com a retomada da discussão sobre o conceito do político em outros campos do conhecimento das ciências humanas colocam em evidência a importância de se perguntar sobre o modo como o conceito do político tem sido debatido na produção da psicologia social brasileira. Ao se conceber o antagonismo como elemento definidor do político, afirma-se a localização deste debate em torno de uma perspectiva que entende o político no terreno da divisão, da distinção entre amigo-inimigo, considerando a hostilidade e a violência como inerentes à sociabilidade humana. Nesta perspectiva também se critica a compreensão da politização das relações sociais a partir de uma mediação racional, bem como se concebe a ausência de qualquer fundamento último da realidade como condição essencial ao político na modernidade, sendo a unidade política contingente e decorrente de uma construção hegemônica. A democracia é entendida como um por vir, sendo impossível o alcance de uma sociedade reconciliada ou ainda uma junção entre ética e política. A partir do objetivo da tese e desta concepção do político, a análise centra-se na discussão sobre as formas de politização das relações sociais (emergência do sujeito político) e suas implicações para a democracia (utopia de sociedade), tendo como referência teórica a Teoria Democrática Radical e Plural desenvolvida por Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. A produção da psicologia social foi categorizada em torno de quatro vertentes analíticas, a saber: fundamento último da realidade, sujeito racional, sujeito éticopolítico, antagonismo. Ao final da tese apresenta-se uma proposta para a pesquisa e intervenção em psicologia social, de modo a contribuir para que a psicologia social continue em crise, no sentido de manter presente a crítica ao que já foi produzido e de construir uma psicologia social que não negue o político.
Abstract
The aim of this dissertation is to analyze the concept of political in a sample of the Brazilian social psychology production published in scientific journals from the 1986 to 2011. The crisis of social psychology, criticizing the dominant perspective in social psychology at the time, produced an important debate on the political character of knowledge production, linking it to the struggle against the social problems and the possibility of social change in Brazil. To that extent, it conceives that the crisis of social psychology, along with the awakening of the discussion about the concept of political in other fields of the human sciences, give relevance to questioning the way the concept of political has been discussed in the Brazilian social psychology production. Conceiving antagonism as the defining element of political, this dissertation focuses the debate in a perspective that understands political in the field of division, of distinction between friendenemy, considering hostility and violence as inherent to human sociability. In that perspective, this research also criticizes the comprehension of social relations politicization as a rational mediation, and we conceive the absence of any last foundation of reality as an relevant condition to the political in modern times, defining political unity as contingency that results from a hegemonic construction. Democracy is understood as something to come, been impossible to reach a reconciled society or even the junction between ethics and politics. From the goal of this dissertation and this conception of political our analysis focuses on the different forms of social relations politicization (the emerging of a political subject) and its consequences to democracy (societys utopia), having as a theoretical reference the Plural and Radical Democratic Theory developed by Ernesto Laclau and Chantal Mouffe. Social psychology production was categorized into the following analytical strands: last foundation of reality, rational subject, ethical-political subject, antagonism. By the end of this dissertation we present a research and intervention proposal in social psychology, as to contribute to the continuing crisis of the field, keeping present a critical review of what has been produced and building a social psychology that does not deny the political.