Resumo: O mito de Deméter, na maioria de suas variadas versões, apresenta um episódio em que a de... more Resumo: O mito de Deméter, na maioria de suas variadas versões, apresenta um episódio em que a deusa, enlutada pelo rapto de sua filha, ri. Em geral, duas personagens são alternadamente citadas como responsáveis por esse ato que integra a deusa temporariamente no mundo humano: Iambe e Baubo. Seja por palavras, seja por gestos, ambas apelam para o obsceno que choca e deleita a deusa. Assim, o artigo se divide em duas seções. A primeira se dedica a analisar as duas personagens a partir dos principais documentos que as apresentam, o Hino Homérico a Deméter e o fragmento órfico 52 Kern [= 395 F Bernabé]. Em seguida, na segunda seção, será considerada a forma como esse riso mítico se traduziu em diversos festivais dedicados a Deméter na forma do riso ritual.
Aristóteles é o autor da famosa afirmação de que o ser humano é o único animal que ri. Entretanto... more Aristóteles é o autor da famosa afirmação de que o ser humano é o único animal que ri. Entretanto, ao menos em sua obra supérstite, ele não oferece nenhuma explicação para o porquê disso, limitando-se a usar o riso a título de exemplo para outras funções fisiológicas. Desse modo, o objetivo deste artigo é, a partir dessas asserções esparsas sobre o riso, propor uma hipótese explicativa deste fenômeno segundo o modo de pensar aristotélico.
O presente artigo visa a investigar a hipótese de que a imagem usada por Aristótele... more O presente artigo visa a investigar a hipótese de que a imagem usada por Aristóteles em Poética, XXI.1457b16-22, como exemplo da metáfora por analogia – a de que a taça (phialē) está para Dioniso assim como o escudo (aspis) está para Ares, – é, na verdade, a cristalização de um rico imaginário pregresso, e não simplesmente a articulação casual entre duas divindades quaisquer por artefatos característicos antonomásticos. Partindo dessa hipótese, analisamos instâncias do emprego privilegiado desta metáfora nas manifesta-ções poéticas atreladas a dois contextos mar-cadamente dionisíacos, a saber, o simpósio e a festa: ambos estão ligados ao consumo de vinho, e ambos são possibilitados pela ausência de guerra. Assim sendo, na primeira seção do artigo, investigamos a contraposição entre vinho e guerra na elegia arcaica metasimpótica. Na segunda, nos interessa o vinho como símbolo de trégua militar no drama ático apresentado nas festividades dionisíacas, sobretudo na comédia aristofânica.
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This paper aims to investigate the hypothesis that the image used by Aristotle in Poetics, XXI.1457b16-22, as an example of metaphor by analogy – that the cup (phialē) is in re-lation to Dionysus as the shield (aspis) is to Ares, – is, in fact, the crystallization of a pre-ceding rich system of images, and not simply a casual articulation between any two divini-ties by antonomastic characteristic artifacts. By following this hypothesis, we analyze in-stances of the privileged employment of this metaphor in poetic manifestations linked to two markedly Dionysian contexts, name-ly, the symposium and the festival: both are linked to the consumption of wine, and both are made possible by the absence of war. Therefore, in the first section of this paper, we investigate the opposition between wine and war in Archaic metasympotic elegy. In the second, we are interested in wine as a symbol of military truce in the Attic drama presented in Dionysian festivities, especially in Aristophanic comedy.
Entrevista realizada na Casa Cavé, centro do Rio de Janeiro, em 13/06/2019, por Felipe Ramos Gall... more Entrevista realizada na Casa Cavé, centro do Rio de Janeiro, em 13/06/2019, por Felipe Ramos Gall e Irlim Corrêa Lima Junior. Marcia optou por se sentar na mesa ao lado da placa dedicada a Oswald de Andrade.
Resumo: O mito de Deméter, na maioria de suas variadas versões, apresenta um episódio em que a de... more Resumo: O mito de Deméter, na maioria de suas variadas versões, apresenta um episódio em que a deusa, enlutada pelo rapto de sua filha, ri. Em geral, duas personagens são alternadamente citadas como responsáveis por esse ato que integra a deusa temporariamente no mundo humano: Iambe e Baubo. Seja por palavras, seja por gestos, ambas apelam para o obsceno que choca e deleita a deusa. Assim, o artigo se divide em duas seções. A primeira se dedica a analisar as duas personagens a partir dos principais documentos que as apresentam, o Hino Homérico a Deméter e o fragmento órfico 52 Kern [= 395 F Bernabé]. Em seguida, na segunda seção, será considerada a forma como esse riso mítico se traduziu em diversos festivais dedicados a Deméter na forma do riso ritual.
Aristóteles é o autor da famosa afirmação de que o ser humano é o único animal que ri. Entretanto... more Aristóteles é o autor da famosa afirmação de que o ser humano é o único animal que ri. Entretanto, ao menos em sua obra supérstite, ele não oferece nenhuma explicação para o porquê disso, limitando-se a usar o riso a título de exemplo para outras funções fisiológicas. Desse modo, o objetivo deste artigo é, a partir dessas asserções esparsas sobre o riso, propor uma hipótese explicativa deste fenômeno segundo o modo de pensar aristotélico.
O presente artigo visa a investigar a hipótese de que a imagem usada por Aristótele... more O presente artigo visa a investigar a hipótese de que a imagem usada por Aristóteles em Poética, XXI.1457b16-22, como exemplo da metáfora por analogia – a de que a taça (phialē) está para Dioniso assim como o escudo (aspis) está para Ares, – é, na verdade, a cristalização de um rico imaginário pregresso, e não simplesmente a articulação casual entre duas divindades quaisquer por artefatos característicos antonomásticos. Partindo dessa hipótese, analisamos instâncias do emprego privilegiado desta metáfora nas manifesta-ções poéticas atreladas a dois contextos mar-cadamente dionisíacos, a saber, o simpósio e a festa: ambos estão ligados ao consumo de vinho, e ambos são possibilitados pela ausência de guerra. Assim sendo, na primeira seção do artigo, investigamos a contraposição entre vinho e guerra na elegia arcaica metasimpótica. Na segunda, nos interessa o vinho como símbolo de trégua militar no drama ático apresentado nas festividades dionisíacas, sobretudo na comédia aristofânica.
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This paper aims to investigate the hypothesis that the image used by Aristotle in Poetics, XXI.1457b16-22, as an example of metaphor by analogy – that the cup (phialē) is in re-lation to Dionysus as the shield (aspis) is to Ares, – is, in fact, the crystallization of a pre-ceding rich system of images, and not simply a casual articulation between any two divini-ties by antonomastic characteristic artifacts. By following this hypothesis, we analyze in-stances of the privileged employment of this metaphor in poetic manifestations linked to two markedly Dionysian contexts, name-ly, the symposium and the festival: both are linked to the consumption of wine, and both are made possible by the absence of war. Therefore, in the first section of this paper, we investigate the opposition between wine and war in Archaic metasympotic elegy. In the second, we are interested in wine as a symbol of military truce in the Attic drama presented in Dionysian festivities, especially in Aristophanic comedy.
Entrevista realizada na Casa Cavé, centro do Rio de Janeiro, em 13/06/2019, por Felipe Ramos Gall... more Entrevista realizada na Casa Cavé, centro do Rio de Janeiro, em 13/06/2019, por Felipe Ramos Gall e Irlim Corrêa Lima Junior. Marcia optou por se sentar na mesa ao lado da placa dedicada a Oswald de Andrade.
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This paper aims to investigate the hypothesis that the image used by Aristotle in Poetics, XXI.1457b16-22, as an example of metaphor by analogy – that the cup (phialē) is in re-lation to Dionysus as the shield (aspis) is to Ares, – is, in fact, the crystallization of a pre-ceding rich system of images, and not simply a casual articulation between any two divini-ties by antonomastic characteristic artifacts. By following this hypothesis, we analyze in-stances of the privileged employment of this metaphor in poetic manifestations linked to two markedly Dionysian contexts, name-ly, the symposium and the festival: both are linked to the consumption of wine, and both are made possible by the absence of war. Therefore, in the first section of this paper, we investigate the opposition between wine and war in Archaic metasympotic elegy. In the second, we are interested in wine as a symbol of military truce in the Attic drama presented in Dionysian festivities, especially in Aristophanic comedy.
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This paper aims to investigate the hypothesis that the image used by Aristotle in Poetics, XXI.1457b16-22, as an example of metaphor by analogy – that the cup (phialē) is in re-lation to Dionysus as the shield (aspis) is to Ares, – is, in fact, the crystallization of a pre-ceding rich system of images, and not simply a casual articulation between any two divini-ties by antonomastic characteristic artifacts. By following this hypothesis, we analyze in-stances of the privileged employment of this metaphor in poetic manifestations linked to two markedly Dionysian contexts, name-ly, the symposium and the festival: both are linked to the consumption of wine, and both are made possible by the absence of war. Therefore, in the first section of this paper, we investigate the opposition between wine and war in Archaic metasympotic elegy. In the second, we are interested in wine as a symbol of military truce in the Attic drama presented in Dionysian festivities, especially in Aristophanic comedy.