Joana Rato

A intervenção específica aos primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem tem sido destacada como uma das principais medidas no combate ao insucesso escolar (Conselho Nacional de Educação, 2015). Este estudo tem como objetivo testar se o Método Sentido de Número – Imagens Numéricas (MSN), aplicado em contexto de sala de aula, melhora o desempenho aritmético e cognitivo no final do 1.º ano de escolaridade. As crianças participantes no estudo (n = 130), com uma média de idades de 6,51 anos (DP = 0,84), foram rastreadas com uma bateria de sentido de número para identificar baixas, médias e altas competências numéricas; pré e pós-testadas com uma bateria neuropsicológica para avaliar o desempenho cognitivo, como a capacidade de memória e funcionamento executivo e, por fim, pós-testadas com um teste de conhecimento numérico para avaliar o desempenho aritmético. Foram analisados grupos experimentais (GE) com aplicação do MSN e grupos de controlo (GC) sem aplicação do MSN e os resultados demonstram que as crianças dos GE apresentaram melhores resultados no desempenho aritmético em comparação com as crianças dos GC, mas apenas as crianças com baixas competências numéricas apresentam melhorias significativas em comparação com as crianças do GC. Os resultados obtidos permitem concluir que o MSN apresenta-se como uma forte ferramenta no combate das primeiras dificuldades em matemática.

Apoiado na literatura que destaca a necessidade de instrumentos de avaliação específicos das competências mnésicas para despiste de problemas de aprendizagem, o presente estudo tem como objetivo analisar o desempenho na memória auditiva-verbal de alunos portugueses com diferentes rendimentos escolares. A amostra é composta por 153 estudantes do 7 º ano de escolaridade com idades entre 12 e 14 anos (M=12,43; DP= 0,63). O desempenho da memória foi avaliado pelo teste de memória de histórias pertencente à Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC; Simões et al., 2008). O rendimento académico das crianças foi obtido através das pautas de avaliação lançadas pelos Professores. Os principais resultados deste estudo mostraram que: (i) bons desempenhos na memória auditiva verbal estão significativamente associados ao sucesso escolar; (ii) melhores desempenhos na evocação imediata de histórias do que na diferida. As conclusões evidenciam a importancia da avaliação neuropsicológica em contexto escolar por forma a superar a falta de ferramentas de diagnóstico.

Mourão-Carvalhal, I., Afonso, D., Rato, J. & Costa, C. (2016). Competência motora e funções executivas em crianças. In João Serrano & João Petrica (Eds). Estudos em Desenvolvimento Motor da Criança IX (pp.156-161). Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco. ISBN: 978-989-8196-64-4.

O objetivo do presente estudo foi verificar a relação entre desempenho motor e a gnósia digital de crianças em idade pré-escolar. A amostra englobou 38 crianças (16 rapazes e 22 raparigas) com média de idades de 56,97 meses (±10,04), de um jardim-de-infância de Vila Real. Foi utilizada a Peabody Developmental Motor Scales 2 (PDMS-2) (1) para avaliar o desenvolvimento motor e a tarefa “Quantos dedos?” da Bateria de Avaliação Neuropsicológica Pré-escolar de Lisboa (BANPEL) (2) para avaliar a gnósia digital. Os resultados da regressão linear demonstram que 48,4% da variância da competência do reconhecimento dos dedos é explicada pelas tarefas que integram a PDMS-2, mas apenas os testes de locomoção (β =0,52; p=0,02) e de integração vísuo-motora (β =0,46;p=0,008) foram significativos. Estes resultados demonstram a contribuição da componente motora no desenvolvimento e aprendizagem de tarefas cognitivas das crianças da educação pré-escolar, pelo que devem ser componentes a integrar na avaliação e intervenção precoce.

Afonso, D., Costa, C., Rato, J., & Mourão-Carvalhal, I. (2015). Variáveis motoras preditoras da gnósia digital de crianças em idade pré-escolar. In Lopes, Vítor P.; Gonçalves, Celina (Eds.). Estudos em desenvolvimento motor da criança VIII. Bragança: Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior de Educação, Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano. ISBN 978-972-745-196-8

The use of neuroscience to improve education has been considered by researchers and practitioners alike. However, workable solutions that lead to improvements in research and practice are yet to emerge. As newly qualified educational neuroscientists, our experiences dictate that the progress in this field relies upon ‘Educational Neuroscience’ being recognised as a distinct discipline. We therefore present a four-stage practical approach that concretely describes the role of the educational neuroscientist and details how neuroscientific knowledge can be practically assessed in the classroom. Using this approach, junior scientists will become empowered to replace the ‘bridge’ between education and neuroscience with a stronger, distinct Educational Neuroscience highway that is built in parallel to the existing paths.

Background: Educational Neuroscience is a relatively new discipline. However, many obstacles persist in delaying the success of an interface between Neuroscience and Education. One such major obstacle has been the spread of neuromyths (Geake 2008).
Purpose: The main aim of this study was to verify if Portuguese teachers are susceptible to misinterpreting neuroscientific findings and believe in neuromyths that might ultimately impair their teaching - or simply waste time investing in techniques that will not aid their students.
Sample: A sample of 583 Portuguese teachers from different areas of expertise participated in this study. The participants were aged between 25 and 61 years (M=41; SD=9) and taught at Preschool to High School levels.
Design and methods: We designed a questionnaire to assess if teachers believed in the neuromyths. Non-myth / myth statements were presented, alongside an open-ended question concerning the links between brain and education. Together, these queries afforded a database of the teachers’ knowledge concerning neuroscientific facts and neuromyths. 
Results: Our results suggest that teachers fail to distinguish myths from facts, irrespective of the area taught and level of teaching. However, our findings also indicate that, although teachers have difficulties in untangling myths from facts, Portuguese teachers are interested in the workings of the brain and recognise the potential of neuroscientific information in education.
Conclusions: Results from this study suggest that communication between neuroscientists and teachers must be improved through an open, interdisciplinary dialogue. This research raises questions that should help to develop Educational Neuroscience as a discipline. Namely, we highlight the need for a translation of the educational neuroscience facts into a language shared by teachers; and the need for specific training so that teachers might make adequate use of education-related neuroscientific findings in the classroom.

Educational Neuroscience is currently raising high attention by the educational and neuroscientific community. However, society has created too many expectations concerning what Neuroscience can bring to Education. With this study, we aim to identify eventual distorted expectations of the teachers and propose ways to overcome these. This study was carried out in Portugal with 30 participating schools, where 627 questionnaires were answered by teachers from Preschool to High School. Our results show that there are still misunderstandings concerning the Portuguese teachers‟ views about the links between Neuroscience and Education. More collaborative efforts between professionals of both fields are needed for the field of Educational Neuroscience to succeed.

Este livro pretende abordar a influência da Neuropsi-cologia no estudo da ação humana. Atualmente, as questões centrais da Psicologia do Desporto não contemplam as novas tecnologias e os novos indícios que estas tecnologias nos trazem. Aqui, pretendemos trazer para a mesa, dados relativos às modernas tecnologias de investigação em Psicologia do Desporto (e.g. o contributo das Neurociências e importância dos estudos hormonais), relativos às temáticas de preocupação dos tempos modernos (e.g. Adição ao Desporto e Populações Especiais); e, por fim, relativos às questões pertinentes dos nossos tempos, sustentadas por estudos neurocientíficos (e.g. os benefícios cognitivos para além do bem-estar físico). Estes são alguns dos temas que não aparecem nos manuais atuais e que, numa linguagem informal, pretendemos debater neste espaço.

" O que o corpo consegue fazer no desporto é sabido desde a antiguidade dos Jogos Olímpicos. Hoje começamos compreender como é que o consegue fazer sob o comando dos mecanismos cerebrais. Neste livro dá-se notícia destes avanços, abrindo a porta para um domínio científico que interessa desenvolver. " ALEXANDRE CASTRO CALDAS

" Este livro reveste-se de uma grande inovação no âmbito da literatura existente em Educação Física e Desporto. De fato, nas últimas décadas, a influência das Neurociências vieram dar um contributo fundamental na compreensão do estudo do movimento humano e a sua influência no desenvolvimento de competências cognitivas, emocionais e sociais. A complexidade do fenómeno abre novas portas para o ensino e investigação científica. Recomendo a leitura obrigatória desta nova publicação a todos os estudantes, professores, investigadores universitários, bem como todos os profissionais de Educação Física e Desporto. " CARLOS NETO

Entrevista sobre o livro - Quando o cérebro do seu filho vai à escola - no programa Faz Sentido da SIC Mulher de 14 de Novembro de 2017.

http://sicmulher.sapo.pt/programas/faz-sentido/videos/2017-11-14--Quando-o-cerebro-do-seu-filho-vai-a-escola