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DDT

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para a banda soviética, veja DDT (banda). Para o movimento da luta profissional, veja DDT (luta profissional).
DDT
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC 4,4'-(2,2,2-trichloroethane-
1,1-diyl)bis(chlorobenzene)
Identificadores
Número CAS 50-29-3
ChemSpider 2928
SMILES
Propriedades
Fórmula molecular C14H9Cl5
Massa molar 354.49 g/mol
Densidade 0.99 g/cm³ [1]
Ponto de fusão

109 °C [1]

Ponto de ebulição

decomp.[1]

Riscos associados
Classificação UE sim
Principais riscos
associados
T,N
NFPA 704
2
2
0
 
Frases R R25 R40 R48/25 R35
Frases S S1/2 S22 S36/37 S45 S60 S61
LD50 113 mg/kg (rat)
Compostos relacionados
Outros aniões/ânions Metoxiclor (4,4'-(2,2,2-tricloroetano-1,1-diil)bis(metoxibenzeno))
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

O DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) é o primeiro pesticida moderno, tendo sido largamente usado durante e após a Segunda Guerra Mundial para o combate aos mosquitos vetores de doenças como malária e dengue. Os primeiros usos em grande escala foram na região da Birmânia pelos ingleses em 1941 para o combate da malária durante a invasão japonesa. Sintetizado em 1874, suas propriedades inseticidas contra vários tipos de artrópodes só foram descobertas em 1939 pelo químico suíço Paul Hermann Müller, que, por essa descoberta, recebeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1948.[2]

O pesticida é sintetizado pela reação entre o cloral e o clorobenzeno, usando-se o ácido sulfúrico como catalisador. O estado químico do DDT é sólido em condições de temperatura entre 0° a 40 °C. É insolúvel em água, mas solúvel em compostos orgânicos como a gordura e o óleo e tem um odor suave.

Trata-se de inseticida barato e altamente eficiente a curto prazo, mas a longo prazo teria efeitos prejudiciais à saúde humana, como demonstrou a bióloga norte-americana Rachel Carson, em seu livro Primavera Silenciosa (ou Silent Spring, no original). De acordo com Carson, o DDT poderia ocasionar câncer em seres humanos e interferia com a vida animal, causando, por exemplo, o aumento de mortalidade entre os pássaros. O DDT foi diversas vezes relacionado com a incidência de câncer,[3] especialmente o câncer de mama[4][3] e problemas relacionados a gestação,[5][6] e é considerado uma das substâncias mais perigosas não somente pelo que causa, mas também por sua extrema longevidade química, uma vez que populações que foram introduzidas ao pesticida possuem concentrações da mesma em seus corpos por mais de 50 anos, e é passado de mãe para filho(a) durante a gestação e amamentação.

Por este e outros estudos, o DDT foi banido de vários países na década de 1970 e tem seu uso controlado pela Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes. No Brasil, só em 2009 o DDT teve sua fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso proibidos pela Lei nº. 11.936 de 14 de maio de 2009.[7]

Como o DDT é facilmente transportado pelo ar e pela chuva, pode ser encontrado em lagos, por exemplo, mas quase sempre em níveis aceitáveis. A substância tem uma meia vida de vários dias em lagos e rios e se acumula na cadeia alimentar, pois os animais são contaminados por ele e depois ingeridos por seus predadores, que absorvem o DDT. O acúmulo de DDT na cadeia alimentar causa uma mortalidade maior do que o habitual nos predadores naturais das pragas, tornando questionável a utilidade do inseticida a longo prazo, uma vez que pode levar ao descontrole dos insetos. Além disso, o acúmulo da substância em peixes pode contaminar os seres humanos.

Em artigo na Gazeta do Povo em 12/01/2023, a Organização Mundial da Saúde afirma que "extensas pesquisas e testes” demonstraram a segurança desse uso do produto, tanto para a vida selvagem quanto para humanos. “Evidências programáticas mostram que o uso correto e oportuno da pulverização residual interna pode reduzir a transmissão da malária em até 90 por cento."

Referências
  1. a b c «Toxicological Profile: for DDT, DDE, and DDE.» (em inglês). Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Setembro de 2002 
  2. D'AMATO, Claudio; TORRES, João P. M.; MALM, Olaf. DDT (dichlorodiphenyltrichloroethane): toxicity and environmental contamnation - a review. Quím. Nova, São Paulo , v. 25, n. 6a, p. 995-1002, Nov. 2002 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422002000600017&lng=en&nrm=iso>. access on 06 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422002000600017.
  3. a b Snedeker, S M (março de 2001). «Pesticides and breast cancer risk: a review of DDT, DDE, and dieldrin.». Environmental Health Perspectives. 109 (Suppl 1): 35–47. ISSN 0091-6765. PMC 1240541Acessível livremente. PMID 11250804 
  4. Cohn, Barbara A.; Wolff, Mary S.; Cirillo, Piera M.; Sholtz, Robert I. (outubro de 2007). «DDT and Breast Cancer in Young Women: New Data on the Significance of Age at Exposure». Environmental Health Perspectives. 115 (10): 1406–1414. ISSN 0091-6765. PMC 2022666Acessível livremente. PMID 17938728. doi:10.1289/ehp.10260 
  5. «Association between maternal serum concentration of the DDT metabolite DDE and preterm and small-for-gestational-age babies at birth». The Lancet (em inglês). 358 (9276): 110–114. 14 de julho de 2001. ISSN 0140-6736. doi:10.1016/S0140-6736(01)05329-6 
  6. Bornman, Riana; De Jager, Christiaan; Worku, Zeleke; Farias, Paulina; Reif, Simon (22 de outubro de 2009). «DDT and urogenital malformations in newborn boys in a malarial area». BJU International (em inglês). 106 (3): 405–411. ISSN 1464-4096. doi:10.1111/j.1464-410x.2009.09003.x 
  7. «LEI Nº 11.936, DE 14 DE MAIO DE 2009». www.planalto.gov.br