Império Russo
O Império Russo (em russo Росси́йская импе́рия, translit. Rossíyskaya Impériya, na grafia pré-reforma Pоссiйская Имперiя), conhecido também coloquialmente como Rússia, foi um estado que existiu de 1721, quando o czar Pedro I, oriundo da Casa Romanov, proclamou o império e iniciou o processo de expansão territorial, até a Revolução Russa, de 1917, que depôs o czar Nicolau II. Sucedeu o chamado domínio tsarista, e antecedeu a União Soviética. Por toda a sua existência esteve sob a soberania da Casa Romanov.
Foi o segundo maior império contíguo e o terceiro maior império da história; a certo ponto, em 1866, se estendia da Europa do Leste, percorria toda a Ásia e chegava à América do Norte: no início do século XIX passou a ser o maior país do mundo, com um território que ia do oceano Ártico, no norte, ao mar Negro, no sul, e do mar Báltico, no oeste, ao oceano Pacífico, no leste.
Por todo este vasto império estavam distribuídos os 176,4 milhões de súditos do imperador russo, a maior população do mundo na época. Esta população apresentava grandes disparidades econômicas, étnicas e religiosas. Em 1913 a riqueza do império era calculada em 257,7 bilhões de dólares, e seu governo era uma das últimas monarquias absolutistas existentes na Europa. Até a Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Rússia costumava ser considerada uma das cinco chamadas "Grandes Potências" do continente europeu, com um exército de mais de 5 milhões de homens, o maior do mundo à época.
Território
A capital do império era São Petersburgo, que em 1914 foi rebatizada de Petrogrado (traduzindo: Cidade de Pedro, remontando aos imperadores russos de nome Pedro). Ao final do século XIX o tamanho do império era de cerca de 22.400.000 quilômetros quadrados, abrangendo vastas áreas da Europa oriental e do norte e centro da Ásia. Seus limites eram o Oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coreia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegou a contar com um território na América, o Alasca, que foi em 1867 vendido aos Estados Unidos.
Em seu apogeu, o Império Russo incluía, além do território russo atual, os estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorrússia, boa parte da Polônia (antigo reino da Polônia), Moldávia (Bessarábia) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China.
Em 1914 o Império Russo estava dividido em 81 províncias (guberniias) e vinte regiões (oblasts). Vassalos e protetorados do Império incluíam os canatos de Khiva e Bukhara e, depois de 1914, Tuva.
População
De acordo com o censo de 1897 sua população era próxima dos 128.200.000 de habitantes, sendo que a maioria deles (93,4 milhões) vivia na Rússia Européia. Como não poderia deixar de ser, havia grande diversidade étnica no Império Russo. Mais de 100 diferentes grupos étnicos viviam ao longo do território russo, sendo que a etnia russa compreendia cerca de 45% da população.
Organização política
O Império Russo era uma monarquia hereditária liderada por um imperador autocrático (czar) da dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, representado pela Igreja Ortodoxa Russa. Os sujeitos do Império foram separados em estratos (classes) conhecidas como "dvoryanstvo" (nobreza) , clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central foram oficialmente registrados em uma classe chamada "inorodsty" (estrangeiros).
Geografia
A Rússia Imperial, tendo sido o terceiro maior império do mundo em território (depois do britânico e do mongol) continha muitos estados e territórios. Na sua maior expansão se estendia pela maior parte do norte da Eurásia. Continha quase todos os tipos de ecossistemas e uma grande variedade de paisagens e climas. A maior parte da paisagem era uma vasta planície, tanto na parte europeia quanto no lado asiático que são amplamente conhecidos como Sibéria e Turquestão. Estes são predominantemente planícies estepe no sul e densa floresta ao norte, a tundra, ao longo da costa norte. Há cadeias de montanhas ao longo da fronteira sul, tais como o Cáucaso, o Tian Shan (o ponto mais alto de todo o império com um tamanho médio de 7100 metros) no Altai, e na parte oriental, como a Cordilheira Verjoyansk ou vulcões em Kamchatka, Alaska e cadeias de montanhas com os grandes gigantes Monte McKinley. Notáveis são os Urais na parte central que é a principal divisão entre a Europa e a Ásia.
Dados estatísticos
( Clique nos gráficos para ampliar )
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Evolução da população russa (em milhões)
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Distribuição das terras russas no século XVII
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Trabalhadores Rurais e Urbanos da Rússia Imperial antes de Catarina II (%)
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Crescimento das escolas populares em 10 anos de governo de Catarina II
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Aumento de professores e alunos no governo de Catarina II
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Nobres assassinados e revoltas camponesas, no Império russo do século XVIII.
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Crescimento do Comércio exterior russo (em milhões de rublos). Século XVIII.
Veja abaixo dados do referentes ao ano de 1900:
População (milhões) | Área nacional (milhões de km²) | Exército regular (mil) | Produção de ferro e aço/ano (milhões de toneladas) | Comércio internacional (milhões de libras) |
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132,9 | 13 934,5 | 860 | 5 | 141,7 |
- Em 1722, 90% eram camponeses, 7% eram nobres e menos de 3% eram citadinos; em 1780, Moscou possuía mais de 280 mil habitantes, com cerca de 100 palácios e 484 igrejas.[1]
Governo e Administração
Em 18 de Outubro de 1805, foi criado um conselho de ministros, dirigido por um primeiro ministro. O conselho era formado pelos seguintes ministérios:
- Ministério da Guerra
- Ministério da Marinha
- Ministério da Justiça
- Ministério das Finanças
- Ministério da Economia
- Ministério da Corte Imperial
- Ministério dos Negócios Estrangeiros
- Ministério da Administração Interna
- Ministério do Comércio e da Indústria
- Ministério da Agricultura
- Ministério dos Transportes e das Vias de Comunicação
- Ministério do Iluminismo Nacional
- Ministério da Saúde, Segurança e Estatística
Os Imperadores da Rússia
Pedro I (1689-1725)
Pedro I foi o primeiro imperador da Rússia, tendo sido importante no processo de modernização e ocidentalização da Rússia.
Breve cronologia Militar
- 1695 - falha a tentativa conquista de Azov aos Turcos
- 1696 - conquista Azov com forças terresboitres e marítimas, o que demonstrou a importância da armada
- 1697 - grande embaixada, em busca de apoio político contra os turcos e conhecimentos militares
- 1698 - criação da primeira base naval russa em Taganrog
- 1700 - derrota na batalha de Narva, na Estónia contra Carlos XII da Suécia
- 1708 - Carlos XII da Suécia invade a Rússia e derrota novamente Pedro na batalha de Lesnaya
- 1709 - Carlos avança para a Ucrânia, onde se dá a Batalha de Poltava, terminando com a derrota definitiva de Carlos
- 1718 - Carlos morre em batalha em Halden, Noruega
- 1721 - Tratado de Nystad termina a Grande Guerra do Norte com a Suécia, apoderando-se de territórios que deram à Rússia o acesso ao mar Báltico
Catarina I (1725-1727)
Foi esposa de Pedro I, o grande. Permaneceu no poder de 1725 até 1727 quando morreu.
Em 1711 acompanhou o czar na Campanha de Prut, contra a Turquia, e conta-se que salvou a vida de Pedro quando estava rodeado por um exército muito superior, sugerindo-lhe que se rendesse e utilizando as suas joias e as das suas damas para subornar o Grão-Vizir.
Pedro I premiou-a casando-se com ela, desta vez oficialmente, na Catedral de Santo Isaac, apesar de ele estar casado com Eudóxia Lopukhina, a quem havia encerrado num convento e com quem tinha um filho, Alexis Petrovich, que executou (diz-se que com as próprias mãos).
Deu a Catarina o título de Imperatriz, sendo a primeira mulher a ter este título: até então as esposas do czares era conhecidas como suas consortes. Em 1724, foi nomeada co-regente.
Durante o reinado de Pedro I foi efetuada uma profunda reforma do Exército, que permitiu a pessoas sem título nobiliárquico a possibilidade de aceder ao corpo de oficiais, acabando assim com o monopólio da nobreza nesses cargos, e nomeando-os também para cargos públicos, baseando-se na competência. Assim, ao morrer o rei em 1725 designado-a sucessora, teve que fazer frente à oposição do clero e dos boiardos, que estavam contra as reformas realizadas, e à do povo que apoiava os direitos do príncipe Pedro, filho do já falecido Alexei Petrovich. A nobreza nova do círculo de Pedro I, com Menshikov à cabeça, e os seus colaboradores burgueses apoiaram-na, e a guarda proclamou-a Imperatriz.
Foi o início de uma época da História da Rússia caracterizada por contínuos golpes de Estado e pelo governo de favoritos.
Pedro II (1727-1730)
Pedro II foi o sucessor de Catarina I.
Durante o reinado de Catarina I, Pedro era muito ignorado, mas logo após a morte de Catarina, ficou claro para muitos que Pedro deveria subir ao trono o mais rápido possível . A maior parte da nação e três quartos da nobreza estavam do seu lado.
Outra pessoa também ambicionava o trono, o seu tio, Imperador Carlos VI. Após um acordo entre Alexandre Danilovich Menshikov e o conde Andrei Osterman, em 18 de maio de 1727, Pedro II, de acordo com o desejo de Catarina I, foi proclamado soberano autocrata.
Com a morte de Pedro II, findaram-se os homens da dinastia Romanov. Com isso foi sucedido por Ana, filha de Pedro, o grande e meia irmã de Ivan V.
Ana (1730-1740)
Ana foi a sucessora de Pedro II.
Com a morte de Pedro II da Rússia, o Conselho Privado Russo sob o comando do príncipe Dmitri Mikhailovitch Golitzin sagrou Anna imperatriz em 1730. O conselho acreditava que Anna seria grata aos nobres por terem feito a sua fortuna, acatando todas as decisões importantes e servindo como fantoche no trono. Tentando estabelecer uma monarquia constitucional na Rússia, os nobres convenceram-na a assinar vários papéis limitando os poderes do Czar.
Mesmo assim, essas limitações mostraram-se muito pouco eficazes quando Ana estabeleceu-se como uma Czarina autoritária, usando sua popularidade com os guardas imperiais e com a nobreza de segundo escalão.
Ivan VI (1740-1741)
Ivan VI sucedeu Ana no período de 1740-1741. Devido a sua pouca idade na época, Ernst Johann von Biron, duque da Curlândia, tornou-se regente. Com a queda de Biron (8 Novembro), a regência passou para a sua mãe, embora tenha sido o vice-chanceler Andrei Osterman que conduzia o governo.
Elizabeth I (1741-1761)
Elizabeth I sucedeu Ivan VI no período de 1740 até 1761. Subiu ao trono depois de uma revolta militar que derrubou Ivan VI.
Dentre os principais pontos de seu governo, podemos citar:
- Abolição da pena de morte
- Estabelecimento do senado
- Ampliação do comércio interior
Pedro III (1761-1762)
Pedro III foi o sucessor de Elizabeth I, de 1761 a 1762. Era neto de Pedro I, o grande. Foi obrigado a abdicar seis meses após subir ao trono devido a uma conspiração tramada pelo amante de sua esposa, Catarina II.
Catarina II (1762-1796)
Catarina II foi a sucessora de Pedro III. Foi imperatriz da Rússia de 1762 a 1796.
Durante seu governo realizou uma ampla reforma na sociedade russa, modernizando-a. É considerada um exemplo de monarca do despotismo esclarecido. Graças a esta modernização a Rússia logrou obter grande desenvolvimento e a imperatriz, ainda que sendo da origem estrangeira, tornou-se muito popular.
Paulo I (1796-1801)
Paulo I sucedeu Catarina II (1762-1796) sua mãe. Seus atos enquanto governante eram conhecidos como obstinados e despóticos.
Sua condução independente dos assuntos externos da Rússia mergulhou o país primeiramente na segunda coalizão contra a França revolucionária quando em 1799 se alia com a Inglaterra e com a Áustria. Em 1801, a neutralidade armada contra a Inglaterra.
Durante o período em que esteve no poder, grande foi a insatisfação, incluindo os militares que estavam muito próximos dele no contato diário e na tomada de decisões. Por fim acabou morto numa conspiração planejada contra ele sob a liderança do general Bennigsen.
"Ele deriva acima de tudo o mais de seu desejo de desfazer o trabalho de Catarina, e de afirmar sua vontade mudando tudo, reformando tudo que ela estabelecera durante seu governo."
Nos últimos anos de sua administração foi acunhado de "O imperador demente".[2]
Dentre as suas principais medidas podemos destacar o direito a progenitura e a exclusão do direito de sucessão ao trono por parte de mulheres. Caracteriza-se pois, como extremamente despótico e machista.
Alexandre I (1801-1825)
Sucessor de Paulo I. Com Alexandre I a Rússia ocupou na Europa uma tal posição que o Czar atingira a função de chefe das guerras contra a Revolução Francesa e contra Napoleão Todavia, dificilmente se poderá dizer que a luta exercida contra a hegemonia francesa fez efetivamente de Alexandre o primeiro dirigente da Europa.
Em aliança com a Áustria e a Prússia, declarou guerra a Napoleão. Napoleão por sua vez derrotou os russos e os austríacos, em Austerlitz, em 1805. Os conflitos porém duraram até 1807 quando os russos foram destroçados em Friedland. No mesmo ano pela paz de Tilsit, Alexandre abandonou a Prússia.
De 1808 a 1812 a França e o Império Russo permaneceram em paz. Em junho de 1812 os conflitos tiveram um novo inicio, sendo que em 14 de setembro de 1812, à cavalaria de Napoleão Bonaparte invade a o império Russo e chega ao Kremlin.
O último Czar Romanov foi o Grão-duque Miguel Alexandrovich Romanov (Miguel II), irmão de Nicolau II, que foi escolhido a 17 de março de 1917. Com a abdicação de Nicolau II, Miguel II abdicou imediatamente.
Nicolau I (1825-1855)
Nicolau I foi o sucessor de Alexandre I no período de 1825 a 1855.
Durante seu governo tentou eliminar os movimentos nacionalistas, perpetuar os privilégios da aristocracia e impedir o avanço do liberalismo. Também reprimiu a insurreição decembrista em 1825 e apoiou a Áustria no controle da revolta húngara de 1848, o que lhe valeu o epíteto de o guarda da Europa.
Alexandre II (1855-1881)
Alexandre II foi o sucessor de Nicolau I, no período de 1855 a 1881
É conhecido por suas reformas liberais e modernizantes, através das quais procurou renovar a cristalizada sociedade russa.
Podemos destacar também a decisão de em 19 de Fevereiro de 1861, de decretar o fim da servidão na Rússia. Foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos - preservando-se, todavia, a propriedade dos latifúndios.
Alexandre III (1881-1894)
Alexandre III foi o sucessor de Alexandre II no período de 1881 a 1894.
Após o assassinato de Alexandre II da Rússia, que tinha introduzido reformas sociais e tinha tentado aproximar a Rússia das nações ocidentais, com parlamentos e constituições, Alexandre III e seu filho Nicolau II levaram o Império Russo num sentido diferente, mais autocrático, como que tentando regressar ao despotismo, desprezando o aparelho burocrático que em sua opinião os separava do povo.
Nicolau II
Nicolau II foi o sucessor de Alexandre III no período de 1894 a 1917. Foi praticamente o último Czar da Rússia, não sendo último de fato devido ao curto período em que seu irmão Miguel II ocupou esta posição antes de ser finalmente derrubado pela Revolução de Fevereiro de 1917.
Queda do Império
Devido ao autoritarismo do sistema Czarista, a insatisfação popular tanto de burgueses (com a falta de autonomia política), quanto do restante da população (por estar em um estado de grande pobreza) foi criado no Império o primeiro partido político de baseado em ideais Marxistas, em 1898: O Partido Social-Democrata Russo (POSDR). Já antes de 1905, o Império Russo passava por uma grave crise política. Desde a emancipação dos servos (1861), o país vivia uma rápida transição do feudalismo para o capitalismo. Os servos haviam sido libertados, mas permaneciam na mesma situação de miséria. A construção da Ferrovia Transiberiana e as mudanças econômicas atraíram o capital estrangeiro e estimularam uma rápida industrialização em Moscou, São Petersburgo, Baku, bem como na Ucrânia, suscitando a formação de um operariado urbano e o crescimento da classe média. Essas classes eram favoráveis a reformas democráticas no sistema político. Entretanto, a nobreza feudal e o próprio czar procuraram manter o absolutismo russo e sua autocracia intactos a qualquer custo.
O desempenho desastroso das forças armadas russas na guerra russo-japonesa (1904 - 1905) intensificou essas contradições, sendo essa derrota considerada como causa imediata da Revolução de 1905.[3]
Em 1905, houve o chamado "ensaio-geral" da revolução, onde um milhão e meio de pessoas, liderados pelo padre ortodoxo e membro da Okhrana, Gregori Gapone, marcharam em direção ao Palácio de Inverno do Czar Nicolau II, reivindicando reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura , a presença de representantes do povo no governo e melhores condições de vida.[4] O Czar, em resposta, ordenou à morte de todos os participantes com os tiros de soldados. Esse episódio ficou conhecido como o Domingo Sangrento. Em resposta a esta ação repressiva contra operários desarmados, em toda a Rússia rebentaram greves políticas de massas e manifestações sob a palavra de ordem de "Abaixo a autocracia!". Os acontecimentos de 9 de janeiro deram início à revolução de 1905-1907.[5]
Com a entrada na Primeira Guerra Mundial o Império passou à sofrer de forma intensa os problemas econômicos e sociais, havendo um aumento das manifestações contra o governo, que continuava à reprimir seus opositores. Integrantes do POSDR ao participarem das manifestações convenciam soldados e camponeses dos ideais revolucionários. Até que no dia 27 de fevereiro de 1917, soldados, operários e camponeses tomam as ruas e invadem o Palácio do Czar Nicolau II. Inicia-se aí um processo revolucionário que levará à Revolução de Outubro de 1917, o primeiro regime socialista da História.
Religião
A religião do Estado Imperial Russo era o Cristianismo Ortodoxo. Porém assim como em todas as sociedades havia significativas parcelas da população que não seguiam a religião oficial, sendo desse modo adeptas de outras doutrinas. De modo geral todas as religiões podiam ser exercidas livremente, com exceção dos judeus que sofreram algumas restrições. Veja abaixo a tabela com o número de fiéis em cada religião:
Religião | Quantidade de fiéis[6] |
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Cristianismo Ortodoxo[7] | 87 123 604 |
Islã | 13 906 972 |
Católicos romanos | 11 467 994 |
Judeus | 5 215 805 |
Luteranos[8] | 3 572 653 |
Crentes antigos | 2 204 596 |
Apostólicos Armênios | 1 179 241 |
Budistas e lamaísmo | 433 863 |
Outras religiões não cristãs | 285 321 |
Reformados | 85 400 |
Menonitas | 66 564 |
Católicos Armênios | 38 840 |
Batistas | 38 139 |
Caraísmo | 12 894 |
Anglicanos | 4 183 |
Outras religiões cristãs | 3 952 |
Os Clérigos paroquiais podiam se casar, porém, se eles morressem suas esposas não eram autorizadas a casar novamente.
Literatura
Era de Pedro
A "Ocidentalização" da Rússia, comumente associada a Pedro I da Rússia, e Catarina II da Rússia, coincide com uma reforma do alfabeto russo e o incremento da tolerância da ideia de usar linguagem popular para propósitos literários. Autores como Antioj Kantemir, Vasili Trediakovski, e Mijail Lomonosov no século XVIII prepararam o terreno para poetas como Derzhavin, autores como Sumarókov e Fonvizin, e escritores de prosa como Karamzín e Radíshchev.
Era de Ouro
O século XIX é tradicionalmente referido como a "Idade de Ouro" da literatura russa. O Romantismo permitiu o florescimento especialmente de um talento poético: Os nomes de Vasily Zhukovsky e Aleksandr Pushkin, seguidos de Mijaíl Lérmontov e Fiódor Tiútchev.
O século XIX incluiu Iván Krylov o fabulista; escritores como Visarión Belinski e Aleksandr Gertsen; autores como Aleksandr Griboyédov e Aleksandr Ostrovski; poetas como Yevgeni Baratynski, Konstantín Bátiushkov, Nikolai Nekrásov, Alekséi Konstantínovich Tolstói, Fiódor Tiutchev, e Afanasi Fet; Kozmá Prutkov o satirista; e um grupo de reconhecidos novelistas como Nikolái Gógol, Lev Tolstói, Fiódor Dostoiévski, Nikolai Leskov, Iván Turgénev, Mijaíl Saltykov-Shchedrín e Ivan Goncharov.
Idade de prata
Outros gêneros entraram em discussão com o início do século XX. Antón Chéjov foi excelente em escrever curtas histórias de drama, e Anna Ajmátova representou líricas inovadoras.
O principio do século XX marca o principio da era de prata da poesia russa. Escritores bem conhecidos deste período incluem: Anna Ajmátova, Inokenti Anenski, Andréi Beli, Valeri Briúsov, Marina Tsvetáyeva, Sergéi Yesenin, Nikolái Gumiliov, Danil Jarms, Velimir Jlébnikov, Ósip Mandelshtam, Vladímir Mayakovski, Fiódor Sologub e Maksimilián Voloshin.
Gastronomia
A cozinha do Império Russo, é derivada de um rico e variado caráter, fruto da grande extensão multicultural do Império. As suas origens foram estabelecidas pelo hábito alimentar camponês, muitas vezes áspero, com uma combinação em abundância de peixes, aves, caça, cogumelos, trigo, cevada, milho e uma infinidade de ingredientes. Destaque em especial para a cerveja e a vodca. A gastronomia russa também recebeu significativa influência das regiões do Cáucaso, da Pérsia e do Império Otomano devido a proximidade com essas regiões.
Pelo menos para as zonas urbanas e aristocráticas provinciais, foram abertas as portas para a integração de novos hábitos criadores a partir da expansão do Império que se deu entre os séculos XVI e XVIII, havendo assim uma junção de novas técnicas com os tradicionais pratos russos. O resultado foi extremamente variado, abrindo assim novas perspectivas para a culinária secular.
Na Primeira Guerra Mundial
Na Primeira Guerra Mundial, o Império Russo se uniu à Tríplice Entente, junto com França e Inglaterra, contra a Tríplice Aliança, formada por Alemanha,Imperio Áustria-Hungria e Imperio Otomano . A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao Mar Mediterrâneo e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a península balcânica e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do Império Otomano.
O prolongamento da guerra causou sérios problemas para o país: a perda de imensos territórios, a morte de metade dos efetivos militares e a paralisação da indústria. Diante da impossibilidade de adquirir produtos industrializados, os camponeses diminuíram a produção agrícola. Os gêneros alimentícios subiram de preço e as greves aumentaram. O sistema econômico emperrou em todos os setores.
A divisão existente entre os social-democratas (socialistas), desde 1903, acentuou-se com a guerra. Alguns mencheviques (como Plekhanov, fundador do partido) apoiavam a guerra, juntamente com políticos aparentemente progressistas como Kerensky, membro do partido trabalhista. Os mencheviques de esquerda, os bolcheviques e os anarquistas eram radicalmente contrários à guerra, que só favorecia os grandes capitalistas dos países imperialistas. Lenin, Trotski, Martov e outros lideraram essa posição.
A participação desastrosa na 1º guerra mundial foi suspensa em 1917 com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk.
Símbolos do Império Russo
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Brasão completo do Império Russo, adoptado em 1883-1917
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Brasão pequeno do Império Russo 1883-1917
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Bandeira do Império Russo 1858-1883
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Bandeira do Império Russo 1914-1917
- ↑ VICENTINO, Cláudio. Rússia Antes e depois da URSS. Editora Scipione. p. 39
- ↑ Lamare, de Tite. Eterna Rússia. Ed. Expressão e Cultura. p. 129
- ↑ A revolução de 1905 surgiu diretamente da guerra russo-japonesa, assim como a revolução de 1917 foi a conseqüência direta do grande massacre imperialista.Leon Trotsky, A Revolução de 1905:http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1907/rev_1905/prefacio.htm
- ↑ As camadas menos preparadas e mais atrasadas da classe operária, que acreditavam ingenuamente no tsar e desejavam com sinceridade entregar pacificamente «ao próprio tsar» as reivindicações do martirizado povo, todas elas receberam uma lição da força militar dirigida pelo tsar ou pelo tio do tsar, o grão-duque Vladímir. V. I. Lenin:O Começo da Revolução na Rússia http://www.marxists.org/portugues/lenin/1905/01/25.htm,
- ↑ Lenine, Oeuvres, tomo 23, pp. 259-277. Éditions du Progrès, Moscovo, 1974. (Tradução para o português: José André Lôpez Gonçâlez)
- ↑ Results of the Russian Empire Census of 1897, Table XII (Religions)
- ↑ The census did not differentiate between different branches of Orthodoxy.
- ↑ The Lutheran Church was the dominant faith of the Baltic Provinces, of Ingria, and of the Grand Duchy of Finland
Sociedade
Bibliografia recomendada
Eugene Schuyler Turkistan (London) 1876 2 Vols.
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