Skip to main content
  • Doutorando em Letras, PPGLet/UFPR. Mestre em Letras (2021) e Licenciatura Plena em Letras/Português (2018) pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Fez estágio não obrigatório como revisor de textos na Editora da Universidade Estadual de Londrina (Eduel) (2015-2016). Como pesquisador, tem ex... moreedit
O objetivo aqui foi analisar o conto “O defunto”, uma dentre as narrativas escritas e apresentadas ao público entre 1874 e 1898, por Eça de Queirós, que compõem a coletânea intitulada Contos, organizada e publicada, postumamente, por Luís... more
O objetivo aqui foi analisar o conto “O defunto”, uma dentre as narrativas escritas e apresentadas ao público entre 1874 e 1898, por Eça de Queirós, que compõem a coletânea intitulada Contos, organizada e publicada, postumamente, por Luís de Magalhães, em 1902. Nesses textos, existe um manifesto e um permanente deslizamento entre o sobrenatural e o real, o que configura uma dinâmica de afastamento e aproximação relativamente aos pressupostos positivistas do século XIX. Portanto, a nossa análise se dará a partir da concepção de fantástico como “impureza escorregadia”, sustentada por Maria do Carmo Castelo Branco de Siqueira (2002), em A Dimensão Fantástica na Obra de Eça de Queiroz.
Dia 29 de agosto de 1869 são divulgados ao público lisboeta, por meio de um folhetim publicado na Revolução de Setembro, quatro poemas da autoria de um certo Carlos Fradique Mendes, a saber: “Sonetos”, “Serenata de satã às estrelas”, “A... more
Dia 29 de agosto de 1869 são divulgados ao público lisboeta, por meio de um folhetim publicado na Revolução de Setembro, quatro poemas da autoria de um certo Carlos Fradique Mendes, a saber: “Sonetos”, “Serenata de satã às estrelas”, “A velhinha” e “Fragmento da guitarra de satã”. Em 05 de dezembro do mesmo ano, n’O Primeiro de Janeiro, compondo a coleção “Poemas de macadam”, são publicados outros quatro poemas: “A Carlos Baudelaire”, “Intimidade”, “As flores do asfalto” e “Noite de primavera no boulevard”. Como se tratava de uma personalidade completamente desconhecida do grande público, ambos os folhetins trazem, junto aos versos, uma nota de apresentação com breves informações, como menções biográficas, influências sociais e tendências estético-literárias predominantes. Dentre os poemas citados, destaca-se o último, “Noite de primavera no boulevard”, que melhor representa o conjunto de elementos e imagens sugestivas recorrentes na poesia de Fradique...
Resumo: No romance A Cidade e As Serras, de Eça de Queirós, postumamente publicado em 1901, temos a história de Jacinto, o "Príncipe da Grã-Ventura", um abastado homem de origem portuguesa que, residindo na moderna Paris finissecular, à... more
Resumo: No romance A Cidade e As Serras, de Eça de Queirós, postumamente publicado em 1901, temos a história de Jacinto, o "Príncipe da Grã-Ventura", um abastado homem de origem portuguesa que, residindo na moderna Paris finissecular, à beira dos Campos Elísios, bem aparamentado e servido pelas coisas da civilização, encontra-se em meio a uma grande e opressiva "maçada". Sob a perspectiva do amigo Zé Fernandes, vemos, então, a progressiva derrocada de uma existência fundada na ciência e no luxo, que se estende em aborrecimentos e em recorrentes bocejos e que encontra em Tormes, no bucolismo dos ares serranos, uma nova fonte de ânimo e uma nova maneira de dar sentido às suas ações e, assim, "superar" o tédio finissecular, exacerbado pela monotonia e pela banalidade que subjazem às relações sociais, correlato do sentimento de vazio, da falta de objetivos e da ideia de decadência resultantes do niilismo após a consciência da "morte de Deus".
Research Interests:
Em análise do último Eça, o crítico Miguel Real (2006) aponta, como característica estilística dominante, a opção pelo ensaísmo e pelo comparativismo, dizendo ser um autor que, na tematização das grandes questões morais e filosóficas que... more
Em análise do último Eça, o crítico Miguel Real (2006) aponta, como característica estilística dominante, a opção pelo ensaísmo e pelo comparativismo, dizendo ser um autor que, na tematização das grandes questões morais e filosóficas que marcaram o paradigma cultural europeu finissecular, tendeu a oferecer apenas sínteses inconclusivas. O procedimento discursivo de construir e derrubar teses, que chamamos de antifilosofia, é notável n’A Cidade e as Serras (1901) e n’A Correspondência de Fradique Mendes (1900), obras semipóstumas e por anos desvalorizadas pela crítica, até que recebessem abordagens mais atentas à sua riqueza. Trabalhando sobre a intersecção entre literatura e filosofia, procuramos reler esses romances e os contos “José Matias” (1897) e “Civilização” (1892) a fim de romper com interpretações reducionistas do último Eça e propor análises que valorizam o seu substrato filosófico, o qual identificamos como sendo sumamente cético e característico de uma mundividência particular. Na tradição filosófica pirrônica, se toda verdade encontra outra igualmente válida, o sábio deve decidir pela suspensão do juízo, eximindo-se de emitir uma opinião categórica sobre qualquer assunto que seja. Partimos do pressuposto de que Eça de Queirós sempre manteve a dúvida como procedimento metódico (ALVES, 2018). Mesmo duvidando da possibilidade de acessar uma verdade última, nunca deixou de a buscar. Jacinto e Zé Fernandes representam dois valores de uma equação insolúvel; Fradique Mendes, pela sua heterogeneidade contraditória, é o paroxismo e a ironia levada à última consequência. No concernente aos contos, “Civilização” questiona o progresso científico; “José Matias”, pela apropriação poética do discurso filosófico, assume a insuficiência do pensamento sistemático. Chegamos, assim, pela valorização da filosofia no último Eça, à constatação de que a ciência não oferece verdades incontestáveis e de que a fé irrestrita na razão pode ser gravemente prejudicial para a humanidade. A literatura, nesse sentido, desempenha uma importante função social, na medida em que provoca dúvidas e gera inquietações, sendo um instrumento legítimo de reflexão filosófica.