Francisco Topa
FRANCISCO TOPA (b. Porto, 1966) is Associate Professor with “Agregação” at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Porto and an integrated member of CITCEM. He teaches in the areas of Brazilian Literature and Culture, Textual Criticism, African Literatures and Folk Literatures. Since 2019, he has been responsible for the Agostinho Neto Chair at FLUP and, since 2023, he is head of the Department of Portuguese and Romance Studies. He was a visiting professor at several Brazilian universities and also at the Università Roma Tre (Italy) and the University of Zagreb (Croatia).
His research has been directed towards Brazilian and Portuguese literature, African literature and some areas of folk and marginal literature. Among the approximately 260 works he published, 29 of which are books, it is possible to highlight the following volumes, all from 2023: Mal-amados ou sequestrados? (Autores e textos brasileiros de seis e setecentos); “Nesta turbulenta terra” (Estudos de literatura angolana); África nossa, Áfricas deles (leituras de Marrocos, Cabo Verde e Moçambique); “Coisas que não levam a nada” (leituras portuguesas de literatura brasileira).
Phone: +351965579120
Address: Rua da Texugueira, 128
His research has been directed towards Brazilian and Portuguese literature, African literature and some areas of folk and marginal literature. Among the approximately 260 works he published, 29 of which are books, it is possible to highlight the following volumes, all from 2023: Mal-amados ou sequestrados? (Autores e textos brasileiros de seis e setecentos); “Nesta turbulenta terra” (Estudos de literatura angolana); África nossa, Áfricas deles (leituras de Marrocos, Cabo Verde e Moçambique); “Coisas que não levam a nada” (leituras portuguesas de literatura brasileira).
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Embora não se trate de um autor desconhecido (boa parte do seu trabalho está recolhido em livro e mereceu algum estudo de enquadramento por parte de estudiosos qualificados), Guilherme Dantas não foi ainda verdadeiramente descoberto nem valorizado. É um pequeno contributo nesse sentido que este volume procura dar. Por um lado, revemos e sistematizamos a informação biográfica disponível sobre o autor, acrescentando elementos documentais inéditos, designadamente os provenientes da consulta do seu processo escolar em Mafra e dos movimentos na administração pública sinalizados pelo Boletim official de Cabo Verde. Por outro lado, reeditamos cuidadosamente, corrigindo uma série de lapsos os textos em prosa mais curtos de Dantas: os contos, as crónicas e uma narrativa de viagens. Esta edição é acompanhada de uma série de notas que, facilitando o entendimento do texto, ajudam também a esclarecer as referências literárias e culturais do autor, corroborando assim a tentativa de enquadramento e contextualização que previamente fazemos do autor e dos textos.
Foi nosso propósito sugerir – e parcialmente demonstrar – que estamos perante um escritor e uma obra de algum modo excecionais: estreando, demasiado jovem, dois anos depois do início da chamada Questão Coimbrã, Guilherme da Cunha Dantas acusa contudo grande afinidade – pelos temas e motivos, pela linguagem e pelo estilo – com a segunda geração do romantismo português; apesar disso, com base na leitura de autores da primeira geração, como o Garrett das Viagens ou um clássico do século anterior como Laurence Sterne, consegue nas suas melhores obras superar, pelo humor e pela ironia, alguns dos clichés românticos, ao mesmo tempo que põe em causa as fronteiras entre géneros e subgéneros, designadamente o conto e a crónica.
São muitos, pois, os caminhos sugeridos pela figura e pela obra de Agostinho Neto, que continua viva e a interpelar-nos. Os sete ensaios reunidos neste livro são disso uma prova clara.
Os oito ensaios que a seguir se apresentam são alguns dos trabalhos que foram discutidos no colóquio, que reuniu investigadores provenientes de Portugal, de Moçambique, do Brasil e de Espanha.
O volume que agora se dá a conhecer reúne alguns dos trabalhos apresentados num colóquio realizado na Faculdade de Letras do Porto em novembro de 2022.
Cumpriam-se então 40 anos da morte do poeta e estadista a quem coube desempenhar as funções de primeiro Presidente de Angola. Com esse pretex-to, visava o colóquio dois grandes objetivos: por um lado, celebrar Agosti-nho Neto como figura maior das literaturas africanas – e não apenas das de língua portuguesa, como aliás a circulação e a receção da sua poesia facil-mente o comprovam; por outro, discutir a sua eventual ligação com os Pré-mio Camões africanos. Relativamente a esta última parte, tratava-se de res-ponder a perguntas como: Que disse ou diz a obra de Neto a esses autores? Que portas terá ela ajudado a abrir? Além disso, pretendia-se questionar, não tanto o prémio, mas a sua mecânica, avaliando a razoabilidade de, em 31 edições, ter contemplado apenas seis escritores africanos : dois moçambica-nos (José Craveirinha, em 1991, e Mia Couto, em 2013); dois angolanos (Pepetela, em 1997, e Luandino Vieira, em 2006); e dois cabo-verdianos (Arménio Vieira, em 2009, e Germano Almeida, em 2018). Por último, era intenção da organização pensar sobre a crescente invisibilização da literatura africana (particularmente a de língua portuguesa) no nosso país, tanto mais estranha quanto vai na contramão do discurso oficial e de programas como o Plano Nacional de Leitura.
Os textos agora reunidos não satisfazem totalmente esses objetivos. Não obstante, creio que assinalam condignamente a passagem do 40.º aniversário da morte de Agostinho Neto, levando também em conta a dimensão da figura histórica e do estadista. Alguns deles discutem com argúcia o Prémio Camões e analisam a sua repercussão, ao passo que outros estudam com finura e ino-vação aspetos das obras de alguns dos seus premiados africanos.
Apesar dessas limitações, creio que o volume tem relevância, no seu con-junto e nos textos críticos que o constituem. Mas a sua maior importância decorre da circunstância de ele assinalar a fundação, na FLUP, da Cátedra Agostinho Neto, a segunda criada pela Fundação Dr. António Agostinho Neto. Símbolo de um tempo novo que certamente ajudará a normalizar e a aprofundar as relações entre Portugal e Angola, esta iniciativa constitui, tanto quanto julgo saber, o primeiro exemplo de uma cátedra instituída por uma antiga colónia numa antiga metrópole. Poderíamos certamente dizer que The empires fights back. Mas, mais do que isso, trata-se de um sinal de que A voz igual deixou de ser apenas uma referência literária.
Por este motivo, a sua contribuição decisiva para esta área de estudos foi comemorada através de um colóquio que decorreu de 9 a 11 de novembro de 2021, nas Faculdades de Letras do Porto e de Coimbra. Mais que homenagem, esse encontro foi um colóquio no sentido etimológico da palavra, funcionando como um espaço de conversa e de partilha. Partilha de saberes sobre literaturas africanas, e em particular sobre literatura angolana. Mas partilha também de experiências pedagógicas de ensino da literatura e de gosto pela palavra e pela poesia. E partilha de afetos entre gente que, presencialmente ou à distância, vinha de espaços diversos de Portugal, de Angola, do Brasil – os lugares onde são mais fortes as marcas do legado de Pires Laranjeira – mas também da Croácia, da França e da Itália.
Em busca de todas as áfricas do mundo reúne a quase totalidade das comunicações apresentadas no colóquio de 2021. Abre com um texto do novel jubilado, seguindo-se uma série de depoimentos e ensaios e ainda um catálogo bibliográfico acompanhado de alguns desenhos. Fica, assim, o retrato possível de uma figura maior de professor, investigador, crítico, pensador, poeta, artista plástico e fotógrafo.
Os primeiros são dedicados a temas mais antigos, como o primeiro poema de temática angolana, cujo autor identifico como sendo Luís Félix Cruz e de cujo texto apresento uma edição crítica devidamente anotada. Abordo depois duas questões em torno do primeiro livro de poemas publicado por um autor nascido em Angola – Espontaneidades da minha alma, de José da Silva Maia Ferreira. Dois outros escritores do século XIX são ainda objeto de estudo: Ernesto Marecos, autor de um poema narrativo que constitui uma das mais antigas manifestações literárias do motivo do zombie, e Alfredo Troni, cuja biobliografia tento reconstituir a partir da documentação existente em Portugal.
A parte maior do livro é dedicada à literatura mais recente, abrindo com um capítulo dedicado a Guilhermina de Azeredo, uma autora da literatura colonial que viveu alguns anos em Angola no primeiro quartel do século XX. Abordo depois o primeiro número da Mensagem de Luanda, diversos aspetos da obra de Agostinho Neto, apresento um conjunto de elementos novos sobre Alda Lara a partir da pesquisa em jornais e detenho-me em alguns pontos da obra multiforme de Luandino Vieira.
No caso de Marrocos, trata-se de rastrear e avaliar o modo como os autores portugueses têm visto o território, desde o último quartel do século XIX até aos nossos dias.
Relativamente a Cabo Verde, são focados sobretudo dois autores, de épocas distintas: o português José Evaristo d’Almeida, autor do romance O escravo e de alguns poemas dispersos, e o Prémio Camões cabo-verdiano Germano Almeida.
Quanto a Moçambique, os ensaios contemplam duas figuras maiores – o poeta José Craveirinha e o contista Luís Bernardo Honwana – e ainda o luso-moçambicano Guilherme de Melo, que haveria de renascer em Portugal, depois da independência, sob a forma de autor de literatura homoerótica.
No seu conjunto, os ensaios compilados no livro mostram como a literatura acompanhou a evolução social e política dos espaços em causa, refletindo as reivindicações e os avanços, mas também as hesitações e as ambiguidades de autores e de grupos. Também por isso, não deixa de ser surpreendente que, em 1974, ainda anda[sse] tanto português/ a dizer talvez, como cantava Sérgio Godinho no tema “Independência".
Os ensaios reunidos neste volume constituem quase sempre exercícios de leitura de textos e autores brasileiros (ensaístas, poetas e, sobretudo, ficcionistas), mais antigos ou mais recentes, mais conhecidos ou menos conhecidos, encarados isoladamente ou em chave comparativa. Resultaram na maioria dos casos de aulas, o que explicará algum do seu eventual didatismo, e foram quase todos apresentados como comunicações a colóquios, o que justifica a sua brevidade. Cada um deles procura, modestamente, responder de forma afirmativa à pergunta de Carlos Drummond de Andrade no poema “Procura da poesia”: “Trouxeste a chave?”
colóquio internacional que, sob o mesmo título, se realizou nos dias 10 e 11 de outubro de 2019, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Como na primeira iniciativa, o objetivo da publicação consiste em abordar, numa perspetiva multilateral, a questão da «velhice», não tanto enquanto problema negativo, mas antes como questão aberta.
Relativamente à obra, ela tem a particularidade rara de ser um volume orgânico e não uma mera reunião de peças mais ou menos soltas. Contando, de algum modo, uma história sentimental e de vida, ela alterna entre o verso e a prosa, entre uma lírica amorosa marcada pela subtileza requintada e uma outra caracterizada por um registo mais sensual e mais popular, passando ainda pela sátira bem-humorada em torno do motivo do corno.
Parodiando, de modo mais explícito ou mais difuso, a Sílvia de Lisardo de Frei Bernardo de Brito, esta nova voz da literatura luso-brasileira destaca-se pela diversidade e pelo humor.
Olhando para o material no seu todo, espanta talvez que, quatro anos depois da independência de Angola, o tema tenha assumido tão grande repercussão: muitos dos jornais fazem da notícia tema de capa durante vários dias; é grande o espaço dispensado às reações de personalidades, partidos, organizações sindicais e de outro tipo; são muitos os editoriais e as colunas de opinião que se pronunciam sobre o acontecimento; e são significativos – pelo conteúdo e pelos seus autores – os textos que homenageiam o defunto presidente. Além disso, surpreende um certo equilíbrio na avaliação da figura de Neto. Por outro lado, nota-se a preocupação com o futuro, considerado numa tripla dimensão: ao nível de Angola, no espaço da África setentrional e nas relações com Portugal.
Marruecos es uno de los espacios de una África tan diversa que, a pesar de su proximidad geográfica, siguen siendo desconocidos para la mayoría de la población ibérica o entonces objeto de prejuicios. Por lo tanto se justifica que esté en el centro de este volumen que reúne algunos de los trabajos presentados en un congreso internacional organizado por el CEAUP en Porto durante enero de 2020.