Em 1940, o Palácio Foz foi adquirido pelo Estado Português e, logo em Abril desse ano, realizou‑se uma avaliação dos móveis existentes no Club‑Maxim’s (anteriormente instalado no edifício), para verificar a viabilidade de estes poderem...
moreEm 1940, o Palácio Foz foi adquirido pelo Estado Português e, logo em Abril desse ano, realizou‑se
uma avaliação dos móveis existentes no Club‑Maxim’s
(anteriormente instalado no edifício), para
verificar a viabilidade de estes poderem ser utilizados na nova decoração do espaço. O inventário
das peças que interessava manter foi feito pelo arquiteto Raul Lino (1879‑1974),
que era, desde
1939, Superintendente Artístico para os Palácios Nacionais. Decidiu‑se,
então, que o espaço seria
ocupado pelo Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) e pela Inspecção‑Geral
dos Espectáculos.
Em 1941, iniciou‑se
a recuperação do edifício, conforme projeto do arquiteto Luís Benavente
(1902‑1993),
que estava, desde 1938, ao serviço da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais (DGEMN). No ano de 1947, o Secretariado Nacional da Informação e Cultura Popular
(ou SNI, a nova designação do SPN, desde 1945) ficava instalado no Palácio, mas os trabalhos
de fornecimento de mobiliário e objetos decorativos só então tiveram início. Em 1950, fizeram‑se
novas obras, designadamente com a criação da Sala de Conferências, Concertos e Cinema. O
trabalho de Luís Benavente consistiu na reelaboração do espaço exterior e interior, que não só
procurava restituir ao edifício a sua feição original do século xviii, como também criar espaços
adaptados às funções da instituição estatal que ali iria ficar instalada. A recuperação do Palácio
fez‑se
dentro do espírito historicista e revivalista, próprio das intervenções em monumentos,
realizadas durante do Estado Novo e nomeadamente pela DGEMN. A este ideal se aliou a própria
personalidade de Luís Benavente, que aqui, como em outros edifícios em que teve intervenção,
desejou fazer um trabalho global, que incluía não só o exterior do edifício, mas também os seus
interiores, abrangendo o mobiliário e a decoração. Em 1947, a Comissão para a Aquisição de Mobiliário
(CAM), criada em 1940 no seio da DGEMN, esteve envolvida, juntamente com o SNI, no
planeamento de mobiliário e decoração do Palácio. Luís Benavente, que era vogal dessa Comissão,
empenhou‑se
em seleccionar objetos artísticos e decorativos, mas interviu igualmente no projeto
de mobiliário. Os objetos que iriam preencher o espaço, agora renovado, foram escolhidos em
antiquários, mas também se desenharam móveis de inspiração historicista – alguns concebidos
pelo pintor Carlos Botelho (1889‑1992)
‑,
que eram considerados como os mais ajustados ao estilo
do Palácio, bem como a uma ideia de luxo e de representação que era desejada pelo SNI. Assim
se conseguia recriar um espaço palaciano tardo‑setecentista,
adaptado às necessidades de um
tempo que era já do século xx.