O processo de colonização da América portuguesa se relaciona diretamente com o ideário de construção de um reino global católico. Instituído o padroado, Portugal possuía a atribuição de arrecadar o...
moreO processo de colonização da América portuguesa se relaciona diretamente com o ideário de construção de um reino global católico. Instituído o padroado, Portugal possuía a atribuição de arrecadar o imposto eclesiástico chamado de dízimo responsabilizando-se por financiar todo o projeto catequético no além-mar. O clero regular constituiu o principal baluarte da cristianização possuindo dentre as suas atribuições a conversão dos indígenas e manutenção da fé católica no território português. Os carmelitas turônicos, que se estabeleceram nos conventos do Recife, Goiana e Cidade da Paraíba, eram instrumentos ativos do processo de formação de uma identidade católica do além-mar com Portugal. Analisando a documentação do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, percebe-se que o labor espiritual demandava encargos financeiros maiores do que o dinheiro arrecadado através do repasse do dízimo à Ordem. Para sanar esse déficit, os carmelitas turônicos recorreram ao peditório de esmolas, que poderia ser direcionado ao rei e/ ou a particulares. O presente artigo pretende analisar como funcionava esse peditório no século XVIII, quais a contrapartidas oferecidas para a concessão e o papel das esmolas na economia da salvação.